Capitulo 16 - Agora te Pegamos, Phillipe Swirller! - "Um Mar de Justiça / Parte 3"

Diferente de seu sobrinho Blade estava acostumado a dormir pouco e em praticamente qualquer lugar. Uma, duas horas era o suficiente para mantê-lo de pé por um bom tempo tirando alguns cochilos se o dia permitisse. Agora, ele estava completamente acordado depois de ter tomado um banho gelado, que para ele era o melhor despertador de todos.

Ele estava no saguão do Centro Pokémon muito antes de Will chegar e realizar uma troca com um treinador desconhecido. Depois do rapaz ter se retirado, aproximou-se do outro Allstar. – As notícias não falam de outra coisa, mas felizmente parece que “a sujeira não bateu no ventilador” – Comentou em um murmúrio enquanto via a expressão consternada do mais novo se formar. Will era fácil de se ler, seu maxilar firme, seus olhos estreitos e seu punho cerrado já diziam tudo. Blade deu um tapinha no ombro do seu amigo e se afastou – Tome seu tempo, mas não se prenda a isso. Vingança é um caminho sujo e demorado... – O negro se seguiu até a Enfermeira Joy para curar os seus Pokémon e depois pegou uma mesa isolada para tomar café, esperando que os outros se juntassem a ele.

A felicidade do Carateca durou pouco, seu sono ruim não apagou a lembrança da madrugada, mas essa permaneceu em sua mente como um pesadelo ou a história de outra pessoa. Então veio o pequeno presente que conquistou fazendo-o esquecer tudo por um instante, ele conseguira um Sawk... Entretanto, sua felicidade fora breve, pois logo seu tio chegou com as más notícias. Demorou um tempo para conseguir mastigar aquilo e engolir, as duas duplas tinham sido feitas de tolas. Seja lá quem fosse Chloe, ela pagaria um preço que Will pretendia cobrar.

Will levou os seus Pokémon até a Enfermeira Joy e pediu que ela cuidasse deles, uma vez que o dia de hoje poderia ser tão turbulento quanto o anterior. Depois, antes de se juntar ao tio ficou no saguão estudando as informações do Sawk até que foi surpreendido por Allan e Nagisa.

Ele acenou com a cabeça, um gesto de cumprimento, mas que parecia tomado de pesar, como alguém em um velório. – Bom dia, parece que dançamos conforme a música dela desde que chegamos nessa cidade. Mas não vamos deixar as coisas assim... Deixe ela pensar que venceu, um dia voltaremos atrás de justiça. – Ele não explicou o significado de suas palavras, muito menos o poder de fogo da organização da mulher, mas os dois saberiam só de ver as notícias. – Vamos nos juntar ao Blade, ele já pegou uma mesa... Vamos comer e resolver nosso problema com Phillipe o quanto antes.

Depois de se reunir com o quarto integrante da equipe na mesa, Will fez uma refeição nutritiva, mas sem extravagância, assim como Danniel. Ambos sabiam que precisavam se alimentar bem sem comer demais. – Aqui! – Blade mostrou aos dois a posição do GPS no seu Pokénav. – Ele está lá. Uma cadeia de rochas marítimas... Suspeito que montaram uma base em cavernas naturais.

- A garota não disse como entrar, disseram que ela não sabia, mas que existia armadilha por todo canto. – Completou Will depois de terminar de mastigar o último pedaço de seu sanduiche. – Vamos sobrevoar a área, ver o que tem por ali. Manteremos uma altura em que mesmo que sejamos vistos, não sejamos reconhecidos.

- Se não conseguirmos nada, teremos que procurar a entrada pelo chão, na tentativa e erro. Vamos precisar tomar o máximo de cuidado para não cairmos em uma armadilha. – Terminou o negro, guardando o seu pokénav e se levantando. – Façam o que tiverem que fazer e vamos em frente.

Will e Blade foram ao banheiro para evitar problemas futuros, depois seguiram para fora do Centro Pokémon. Quando os outros dois se juntaram a ele, levantaram voo com seus Pokémon em direção ao local marcado pelo GPS.

Will, sentado sobre a sela de seu Charizard, aproveitou o tempo da viagem para refletir sobre as palavras de Allan quanto as armadilhas. Ficou um bom tempo imaginando que tipo de armadilhas Phillipe usaria para impedir invasores.

Quando alcançaram o local o Carateca levantou o indicador e girou a mão, dando o sinal para que o grupo circulasse a área procurando por qualquer informação visual interessante. Blade, carregado por seu Swellow, foi o que mais se aproximou das rochas fingindo ser um esportista de Wingsuit.

Depois de um período de reconhecimento, Blade foi o primeiro a pousar em uma área mais isolada, afastada dos turistas. Will vendo seu tio descer e não achando nada confirmador, voou perto de Spartos para gritar aos amigos. – Vamos descer! – seguindo logo atrás do negro.

Quando se reuniram eles não perderam tempo em discutir o plano de ação. – Se eu fosse o Phillipe não deixaria a entrada da minha base em um lugar em que qualquer turista possa achar...

- Ele pode ter os “funcionários” da área na mão dele e esconder a entrada a vista de todos – Blade plantou a dúvida.

- Sim, não duvido que ele tenha uma entrada próxima a área comum as pessoas. Mas essa deve ser bem vigiada e protegida... Caso ele não tenha tanta influência assim, ela vai ser mais isolada. – O treinador coçou o queixo pensativo tentando defender seu ponto de vista - Se quisermos pegá-lo com as calças arriadas, temos que achar a “entrada dos fundos”. – Ele se virou para Allan e Nagisa buscando a opinião deles. – O que vocês acham? Temos muitas possibilidades...

Quatro mentes trabalhavam muito melhor do que uma. Will concordou com os dois e achou brilhante a ideia de pegar um mapa, aquilo nem tinha passado por sua cabeça. – É um primeiro passo... Vamos fazer um pouco de turismo então, procurar locais suspeitos. Se não acharmos nada relevante, procuramos nas áreas isoladas.

Danniel, por outro lado, olhou para o céu e depois para os pequenos trechos de areia entre as rochas, preferindo uma abordagem direta e talvez infrutífera. – Vou continuar rodando a área e verificar aqueles pequenos trechos de terra entre as rochas. Se descobrir alguma coisa, aviso. – Ele colocou dois dedos na boca e assobiou alto, um som semelhante a um produzido por um apito, no entanto, com um toque animal, algo próximo ao canto de uma ave. O seu Swellow que estava descansando em uma rocha voou a até ele e o suspendeu com as garras pelas alças de sua roupa especial. Logo os dois voltaram a sobrevoar a área para mais um reconhecimento.

Will se aproximou de seu Charizard e acariciou o seu pescoço, retornando-o para a Pokébola. – Vamos lá – Disse já se movendo para a trilha mais próxima que o levaria ao caminho comum aos turistas. Agora precisariam encontrar um guia ou um ponto de atendimento que pudesse lhes fornecer um mapa da área.

Will e Nagisa não se opuseram quando Allan quis dar um pulinho no Correiro, mas fizeram questão de esperar pelo amigo próximo a área turística. Enquanto esperavam, Blade fazia progresso...

A princípio ele rodou a área mais algumas vezes chegando a pensar em desistir, mas como prometera, olharia cada faixa de areia isolada antes de retornar para os outros. Diminuindo a altura em uma de suas investigações o negro viu algo estranho, optando por descer naquele novo trecho.

Quando Allan retornou, o trio se aproximou de um dos guias, um homem pardo com a pele em tom de mogno. Quando ele mencionou que as grutas mais afastadas já tinham sido usadas por contrabandistas, Will olhou de relance para os seus dois amigos, revelando claramente seus pensamentos – “O que fora inativo deveria ter sido reativado”.

- Obrigado, quando soubemos desse lugar em Mossdeep, tínhamos que vir visitá-lo! – Passando-se por turista, o Carateca agradeceu uma última vez ao guia, deixando Allan fazer um novo questionamento e seguindo Nagisa para ver o mapa. Depois da foto, uma mensagem do seu tio chegou.

Poderia não ser nada, só um turista que gosta de emoção explorando a área, mas Blade precisava investigar, a coceira atrás da orelha lhe dizia isso. Afinal, deixar todo o equipamento de mergulho ali tornava o ato bem suspeito. Ele tirou seu Pokénav do bolso e enviou uma mensagem ao seu sobrinho dando a sua posição no GPS (latitude e longitude) e dizendo que encontrara algo suspeito. – Whisky, fique aqui circulando a área. Se Will e os outros vierem, mostre o caminho a eles, depois os siga até mim. – Blade tirou sua roupa de voo e colocou na mochila. Depois, cautelosamente, seguiu o rastro deixado, criando ele próprio um novo rastro para ser seguido pelo sobrinho e os outros. Era arriscado ir sozinho, mas ele preferia ter certeza de sua suspeita do que esperar os outros e ter encontrado um beco sem saída.

- Blade encontrou algo suspeito – Disse assim que reuniu Allan e Nagisa em um local longe de ouvidos alheios. - A mensagem diz que ele encontrou um equipamento de mergulho abandonado próximo a uma gruta. Eu vou lá verificar... Pelo que o guia nos disse é mais fácil o nosso alvo estar em uma dessas áreas isoladas. – Will não sabia se eles iriam com ele ou continuariam procurando informações, deixou que decidissem, mas ele estava indo até Danniel. Pulou para sela de seu Charizard e partiu até as coordenadas que seu tio lhe passou.