[Missão de Resgate] Waves

Revenge! Vendetta! Venganza! Vingança! A mesma palavra para aquele sentimento que do nada surgia no coração no nosso herói, ou melhor, vingador! Ele poderia negar o quanto quisesse, mas ainda não tinha superado o luto e culpar a organização pelas milhares de mortes naquela incessante busca pelo controle do lendário Kyogre parecia justificável e viável caso encontrasse o esconderijo da Team Aqua durante a missão de resgate. Entretanto, quanto o julgamento pessoal pode atrapalhar o profissional? Com Daisuke era complicado dizer uma vez que o rapaz já não tinha mais nada a perder, além das amizades que fez.

Antes de desvendar que iluminação era aquela que vinha to que deveria ser o topo da caverna, Daisuke ia mais fundo no ambiente vendo que haviam pontinhos brilhantes no topo de algumas rochas. Era uma espécie de musgo luminoso que poderia ser utilizado em batalha ou vendido na superfície, a depender dos interesses do rapaz.


Mais a frente ele encontrava os limites da caverna. Nada mais que uma espessa parede de pedra.

Subindo para o posto de antes, Milotic magicamente emergia num espaço sem água, mas que não era a superfície do mar. Eles ainda estavam na caverna, pois era possível ver o teto de pedra. De alguma forma aquele lugar armazenava ar e ele poderia respirar normalmente, mas antes de tirar o equipamento, Daisuke pôde fazer uma rápida visualização do terreno. O espaço não tinha nada de glamuroso, pelo contrário, estava todo trabalhado na pedra natural. Poderia ser uma câmara vazia comum, até que ele ouvia vozes mais adiante e via duas pessoas montando guarda logo na saída da água que dava acesso ao restante daquela parte da caverna. Eram duas meninas vestindo trajes branco e azul, como marinheiras, mas tinham detalhes na cabeça e nos shorts que faziam elas mais parecerem piratas do mar. Elas ainda não tinham notado a presença do treinador e do Pokémon, então era difícil saber se eram um problema na missão do jovem. Tão pouco ele conseguia ouvir a conversa delas naquela distância, mas algo ele tinha que fazer, caso contrário sua posição colocaria o elemento surpresa no lixo.

Com a troca dos Pokémon e ações planejadas, Tachikawa dava o sinal para que fosse colocado em movimento. A pedra batia numa parede de rochas, deixando as meninas confusas, permitindo que Daisuke se escondesse antes que elas viessem a procurar por ele, dando espaço para prosseguir. Às suas costas, ele ouvia a água borbulhar, provavelmente sinal do Scald e em instantes Vaporeon se reorganizavam em transparência ao lado do treinador e logo assumia sua forma normal.

Daisuke prosseguia, mas logo se deparava com outra pessoa usando o mesmo uniforme, mas dessa vez um rapaz. Ele contornava uma rocha grande e demorava cerca de 12 segundos para dar a volta na pedra, parava um pouco para averiguar o espaço, e continuava para contornar a pedra novamente. Que tarefa inútil, não? Trabalho de peão. Enfim, o que importava era que atrás dele tinha uma passagem que daria em outra câmara e era a única aparente. Para prosseguir, Daisuke teria de certo mais que rápido, mas também inteligente.

Aparentemente Daisuke confiava no Fantasma como segunda opção para resolver quaisquer problema que surgisse. Se daria certo eram outros 500. No momento ele deveria focar no plano menos complicado que conseguia bolar. Então, com Slowking ao seu lado e sabendo o instante exato que o guardinha de plantão passaria ao redor da pedra, esperou até que fosse o momento de usar o movimento de sonolência do Pokémon sem rabo. Quando era hora, Slowking bocejava e manifestava uma bolha que flutuava lentamente até a direta, onde surgia o pirata. Ele tomou, um susto, claro! Mas depois que viu que se tratava apenas de uma bolha riu, olhou para os lados, pensando se tratar de uma brincadeira e estourou o Yawn.

Nada acontecia de imediato, mas o rapaz bocejava e esfregava os olhos nas quatro passadas seguintes. Antes de virar a curva ele cambaleou e Daisuke escutou quando o guri foi ao chão por detrás da rocha. Fora um bom plano e tinha dado certo. O melhor: sem fazer barulho.

Tachikawa colocava o restante da estratégia em ação, trocando de roupa, guardando a de mergulho na mochila e aparentando ser um agente Aqua com a blusa listrada em azul claro e branco, a calça marinha, galochas e a bandana na cabeça. Estava pronto, só não tinha um espelho, mas poderia prosseguir antes que o guardinha acordasse e fizesse um alarde.

Emocionado com o feito, Daisuke, já bonitinho de Team Aqua costume (será que podia virar fantasia contesteira?) chamava alguns dos seus Pokémon para fora das esfera e os alimentava com guloseimas que tinham propriedades curativas. Blastoise aos poucos já não apresentava mais sinais do envenenamento causado pelas presas do Sharpedo. Já Floatzel e Slowking comiam um biscoito em formato de coração que regenerava parte da vitalidade deles (+20 cada). Rabo? Nada ainda.

Deixando o white people problem de Slowking de lado, Daisuke avançava para o próximo espaço e dava de cara com um salão ABARROTADO de agentes Aqua. Parecia uma convenção, mas o esconderijo devia estar abrigando só uns 20 piratas naquela sala. Eles caminhavam de um lado ao outro carregando pilhas de placa de metal. Um trabalho pesado, de fato, mas aparentemente eles ligavam bastante para os corpos, porque a maioria tinha braços musculosos e definidos.

- EI VOCÊ! - um pretinho barbudo gritou na direção de Tachikawa, fixando os olhos amarelados nele. - NÃO FIQUE PARADO, TEMOS MUITO O QUE FAZER SE QUISERMOS NOSSO PRÓPRIO MEGA-SUBMARINO! VAMBORA BRANQUELO, PEGA UMA PLACA E SEGUE O BONDE!

Ele era uma espécie de chefe ou algo do tipo? Bem, ele estava suado demais e só tinha parado o serviço - igual o de todos os outros - para chamar a atenção do mais novo integrante Aqua, pois logo voltou ao trabalho. Ao menos o disfarce estava em dia.

Ainda tinham muitas placas pra carregar e estavam todos se direcionando para o extremo leste, onde uma "piscina" ainda maior que a de onde o natural de Cerulean havia emergido. O caminho até lá era repleto de divisórias mal montadas, mas que formavam espécies de paredes para alguma privacidade. Será que Maycon Seawaters estaria realmente em algum lugar ali?

Não que fosse algo importante a se preocupar, mas Daisuke era um dos poucos homens brancos com o uniforme de grunt. Os piratas quase sempre ou eram bronzeados ou homens e mulheres de cor. No entanto, se aquele grosseiro não tinha se tocado desse detalhe e só gritado com Tachikawa ele não teria problemas com o disfarce, certo? Ao menos com os grunts parecia que não, pois ele carregava, com esforço, a placa metálica até o outro lado, próximo da piscina natural. No percurso Daisuke pode visualizar melhor o espaço e como se dividia. Eram 4 salas de portas fechadas, duas à esquerda e duas à direita com cerca de 6m² cada módulo. De resto, nada mais que o óbvio acontecia.

Enquanto o jovem trabalhava, seu tempo corria.