[GYM BATTLE] - Vs. Roxanne #48

Chegava a ser engraçado, de certa forma: Não as atitudes tomadas pela líder, óbvio, e tampouco o poderio irritante demonstrado por seu peixe que tinha sabe-se lá quantos anos de idade. Se referia, em realidade, à maneira como seu amável gramíneo parecia tão mais capaz de impor resistência diante aos avanços contínuos de Relicanth - quer dizer, pelo menos se tratando da estrutura física, era bem mais fácil afirmar que uma flor lisa cederia mais rápido diante de um peixe abobalhado do que um imponente dinossauro de armadura espinhosa e, de qualquer jeito, lá estava o oposto acontecendo bem diante de seus cinzentos orbes enevoados (ou tudo aquilo seria apenas um genuíno golpe de má sorte de seu dócil terrestre? Também seria uma possibilidade extremamente plausível, se parasse para pensar.).

— Não que eu vá reclamar, óbvio. — A moça retrucou, finalmente relaxando os braços tensos que se apertavam em frente ao peito, largando-os de qualquer jeito nas laterais do corpo enquanto observava em silêncio o restante do desenrolar da rodada à frente. — Na verdade, poderia dizer que seria até um pequeno golpe de sorte, se não for presunçoso da minha parte. — Murmurou, balançando com discrição a cabeça e permitindo que as pupilas passeassem por sobre a imagem da professora adversária, distraídas. — ...Às vezes isso também é necessário. — Acrescentou, sem motivo algum. — Vile, duplo Solar Beam. Finalize o quanto antes, se possível. — Instruiu, o peito subindo e descendo em resposta à agitada, embora suave, respiração.

...Voltando…
Talvez o fluxo estivesse voltando pros eixos, sim.

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Foi com certa... Tranquilidade, se é que podia dizer assim, que a ruiva observou o nocaute praticamente instantâneo do fóssil vivo que balançava-se suavemente para lá e para cá, num ritmo gentil de ondas tão delicadamente copiado. Quer dizer, ora, era bem óbvio para si que, pelo menos dentre os dois espécimes arremessados em campo até então pela líder de ginásio, o aquático era o que mais daria (e tinha dado!) trabalho; Então, sim, era com certo alívio que as células nervosas processavam a informação de sua queda e incapacidade de dar prosseguimento ao combate ao qual havia sido invocado, considerando que a pretensão da moça se resumia a finalizá-lo o mais rápido possível e se retirar daquele museu de memórias desconfortáveis.

— ...Somos uma equipe. — Comentou, sem muita emoção - um dar de ombros quieto foi a reação que escapou do corpo além das palavras passivas que bailavam pela garganta, antes de serem libertas em sopro fino à atmosfera que as circundava. — Se só um funcionasse, tenho certeza de que eu seria uma treinadora patética. — Emendou, os orbes acinzentados se desviando brevemente na direção no teto cimentado que barrava a visão de um céu e, nesse instante, Chase deu-se ao luxo de se questionar a respeito de seu estado: Estaria limpo, ou seu manto teria se manchado com nuvens tempestuosas das quais tão íntima relação vinha desenvolvendo nos últimos tempos? — ...Vile, mais uma vez. Toxic e Solar Beam. — Instruiu, sem volver a atenção para a arena simplória montada diante de si.

Por um instante ínfimo, as pálpebras caíram, cerrando-se sem que existisse quaisquer protestos por parte da moça - e a respiração veio e foi, profunda, o peito subindo e descendo em ritmo regular, as pontas dos dígitos se apertando com delicadeza sobre as palmas em uma tentativa discreta de ancorar-se em si própria; Não se permitiu levar por muito tempo naquela maresia de inércia, porém, pois a consciência de estar em meio à um confronto débil em busca de uma insígnia pífia ainda azucrinava-lhe a mente. Com a mesma mansidão, então, o queixo tombou para frente, a cabeça balançando devagar antes que as pupilas saboreassem novamente a liberdade do abraço da derme que as acobertava: Silenciosas, ambos os negrumes admiraram a troca de golpes que já começava a ser interpretada pelos companheiros à frente, cada um em seu respectivo lado de campo, cada qual trabalhando para um lado oposto da mesma moeda.

...Suspirou.
Era sempre assim, não?
Sempre assim.

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— ...Posso garantir que sim. — Chase emendou, balançando os ombros tanto com discrição, quanto displicência. — Se só um funcionasse, implicaria também que os outros não fariam absolutamente nada. Ou melhor, poderiam até tentar, mas sem um único resultado positivo. — Disse, observando com atenção difusa a rodada protagonizada pelos dois gramíneos, limitando-se a um torcer desgostoso do canto dos lábios ao se dar conta do infortúnio trazido pela bolota atordoante arremessada pelo fóssil. Ora, parecia que aquele movimento a perseguia por onde quer que fosse, desde que retornara de Oirar't. Tsc. — ...O que faria deles mais inexperientes que selvagens. Uma regressão após captura... Isso não é patético? — Perguntou, sem realmente esperar resposta. Tinha bem consciência de que proclamar aquele tipo de coisa era, no mínimo, meio desanimador - mas uma única vez não faz mal a ninguém, considerando que não tinha motivo para bater na mesma tecla por nem mais um instante sequer.

Quanto ao questionamento feito pela professora, porém, não respondeu; E era difícil saber se por ignorância ou se por se reservar a oportunidade de triturar suas palavras no consciente, analisando e ponderando-as enquanto o embate se seguia à ritmo lento - pelo menos por uma única rodada. A impassibilidade da treinadora poderia ser dita como invejável; Mas Arceus sabe de tudo que havia passado até que fosse capaz de cristalizar a pose impassível que agora se adornava confortavelmente em suas feições.

Existem características que só se anseiam no papel.

— ...De novo, Vile. Solar Beam. — Comandou, mais uma vez retirando do bolso um par de esferas bicolores. Os orbes bailaram por sobre a imagem de seu companheiro primaveril, estudando seus passos e expressão corporal em uma tentativa silenciosa de decifrar a duração do raio atordoante utilizado por Lileep; Querendo ou não, ele era uma maldita pedrinha no seu sapato, e disso entendia bem. — Se errar, mude para Giga Drain. — Instruiu, por mera precaução - mas, do contrário, se preparou para imediatamente substituir o venenoso pelo parceiro psíquico anteriormente utilizado.

— ...Diga. — Disse, de repente, como se uma informação esquecida resolvesse planar pelo cérebro atormentado. — ...O que vê de tão especial em fósseis e rochas? Por que quis se responsabilizar por eles, ao ponto de virar líder? — Perguntou, então, abrindo possibilidade para um diálogo um pouco menos superficial - as razões, porém, não posso dizer; Arrisco pontuar que isso, nem a jovem é capaz de responder.

Mas, isso importa, afinal?

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Um sorriso simples se pintou no rosto, enquanto utilizava as esferas para a troca de pokémons, diante da desenvoltura quase invejável de Vileplume contra não só um, mas dois dos espécimes que Tsutsuji havia optado por arremessar para adversá-la. Felicitava-se ao observar que seus companheiros mais e mais eram capazes de resolver conflitos, ou pelo menos os mais básicos, num rápido golpe violento e com precisão e tempo praticamente implacáveis; Bem, sim, não havia sido nenhum hit-kill instantâneo, mas qual seria a graça se todo o confronto houvesse seguido de tal maneira?

— ...E, só por um acaso... — Disse, arrastado, enquanto os orbes passeavam pela imagem praticamente adolescente da professora. — ...Alguma vez a história delas chegou a te amaldiçoar? — Perguntou, os ombros se movendo com discrição antes que os braços cruzassem mais uma vez em frente ao peito, frouxos, os dedos brincando com a esfera do monstrinho gelatinoso entre si, conscientes de que logo teriam de retorná-lo, dada a iminência gritante do fim do combate. Particularmente, não esperava verdadeiramente alguma resposta para sua questão - era só um transbordar momentâneo dos tantos demônios que se engarrafavam em sua garganta, suas células, su'alma. — Kaleo, duplo Psychic. Pode acabar com isso. — Instruiu. Não estava confiante demais, oh, longe disso; Se o psíquico não fosse capaz de fazê-lo, tinha certeza que as toxinas corroendo Lileep pelo interior dariam conta do recado, considerando o bailar fraco que o gramíneo movimentava o pescoço, para lá e para cá.

— Acho que... — Murmurou, sem nenhum objetivo em específico - ou mesmo assunto. Só... Palavras perdidas, sussurradas nas entranhas do museu que casualmente resguardava a presença de um campo de batalha. — O problema não é tanto a vida, não. — Comentou, num sussurro perdido que sequer tinha consciência de se a líder era ou não capaz de ouvir e, particularmente, não se importava tanto com afirmativa ou negativa naquela ocasião. — É mais de saber com quem Arceus encrenca, mesmo... — Respirou fundo, devagar, os orbes se perdendo mais uma vez na troca de ofensivas inevitável do primeiro turno.

— ...Ou o por quê.

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Foi com um discreto sorriso afetado, olhar oculto pelos fios escuros da franja, que a moça recepcionou as palavras (não tão) soltas de Roxanne que tiravam os malditos contos de escavações como estórias vazias. Os dentes se arrastaram dentro da boca e ali a língua também dançou, inquieta, os braços trêmulos no instante que teve de movê-los para recuar o jovem espécime gelatinoso para dentro da esfera aprisionada entre os próprios dígitos - e precisou de um tempo em silêncio, segundos esses que se arrastaram até que a própria líder os interrompeu, com elogios clichês à términos de batalha; Era um pouco incômodo, até, se parasse para pensar a respeito.

— ...Acho que sim. — Murmurou, sem desejo algum de estender a conversa acerca das maldições que havia encontrado nas vísceras desconhecidas de Shimmer. — Foi uma boa batalha, obrigada. — Comentou, um encolher singelo de ombros, e um balançar de cabeça tentou a arremessar de volta à realidade. — ...Aliás! — Chamou, antes que perdesse a oportunidade de falar com a líder de ginásio. — Eu queria perguntar uma coisa, na verdade, se você tiver tempo. — Pediu. A ruiva então agitou-se, tratando de tirar uma das esferas coloridas que trazia consigo como lembrança não só de certo rei destronado, mas também do furioso golem de pedra que as havia recepcionado na segunda sala do trono. — ...Na verdade, quero mais uma confirmação. — Emendou, num sorriso torto, respirando profundamente antes de revelar o objeto para Tsutsuji. — Me falaram que isso aqui é uma Mega Stone, faz um tempo. Ouvi dizer que o Presidente da Devon, aqui mesmo em Rustboro, sabia definir melhor qual era... — Explicou, mordendo com discrição a parte interna das bochechas. — Enfim, eu só queria saber se você acha que é, ou se saberia dizer qual, pra economizar viagem e tudo o mais. Se não tiver problema.

Feito isso, preparou-se para ir embora.
Não precisava de nada mais, afinal.

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