005 - ADIRE AD ALTER

Adire ad Alter

Deixar toda a responsabilidade de encontrar a chave em cima de Karen foi uma escolha... diferente. Por incrível que pareça, era notável a diferença da especialista de agora para a de meses atrás em Saffron, que foi quando o casal se viu pela última vez. Talvez algumas experiências nesse período tenham ajudado-a amadurecer, já que teve que aprender a se virar e funcionar sob pressão sozinha. A Karen de meses atrás, nessa situação, muito provavelmente estaria congelada pelo medo.

... Dizem que há males que vem para o bem, né?

Procurando pela chave na cabana, Karen revirava tudo o mais rápido que podia. Dentro das caixas de ferramentas que ficavam na poltrona, encontrou duas chaves diferentes, uma de menor tamanho feita de cristal, que muito provavelmente serviria para a fechadura que Tyrant encontrou e outra de... er, madeira? Por enquanto não parecia ter funcionalidade, mas seria uma boa guardá-la também.

Karen tinha que ser rápida. As sombras começavam a bater cada vez mais rápido sob o gelo, que começava a rachar aos poucos; sem sombra de dúvidas, não faltava muito para ceder e o-que-quer-que-seja se libertar de sua prisão aquática. As meninas, ao lado do Ranger, gritavam para a especialista se apressar, preocupadas:

— Vamos, Karen!

— Vem correndo de uma vez só!

Se assim a especialista de lutadores fizesse, não encontraria muitos problemas, já que não demorou o suficiente para que o gelo quebrasse — por conta do protagonismo, claro. Bastou Karen colocar os pés em "terra firme" que um barulho do gelo quebrando para cima poderia ser ouvido atrás dela. Uma única sombra, completamente amorfa, se esgueirava pela água e pelo gelo, emitindo um som que só poderia ser descrito como almas queimando no inferno; sério, não existe outra maneira de descrever o barulho agoniante que ecoava por todo o local.

Focada em pegar Karen que estava mais próxima da beirada, a sombra projetou parte de seu espectro para frente, pronta para buscá-la. A surpresa agradável era Finn, que em mais um ato súbito de coragem, abriu sua boca e emitiu uma pequenina Shadow Ball, pequena talvez por conta do nervosismo, mas que foi efetiva em repelir a sombra, que caía amorfa no chão como se estivesse desmaiada.

— Vamos sair logo da-

Como se fosse ser fácil desse jeito, né? E foi com um efeito sonoro dramático e a câmera do anime voltada em surpresa para o tornozelo de Yui que nossos heróis descobriam que a sombra havia envolto o pé da tímida garota quase que por completo. Com somente um puxão, ela foi arrastada em milésimos de segundos para dentro da água.

Entrar para ajudá-la talvez até fosse uma boa ideia, mas não depois do viram acontecer logo em seguida: impedida de nadar para a superfície, eventualmente, sangue começou a colorir a água cristalina do lago e um barulho abafado como de ossos quebrando ecoava lá debaixo. Galahad observava tudo com os olhos arregalados e Finn, bom, o pequeno até tentava jogar outras Shadow Ball na água, mas não servia de nada.

Completamente estática, Himari se tremia dos pés à cabeça. Não conseguia falar nada. O barulho, tanto de luta quanto de o que-quer-que-acontecia lá embaixo cessou. Com a água turva desde o momento que a pobre Yui caiu, não dava para ter a menor ideia do que havia acontecido. Mas, se Tyrant e Karen presumissem, a sombra havia se alimentado e, bom, muito provavelmente voltaria para buscar mais um. Com a porta para a sala dois aberta — que dava para outro lugar sem qualquer iluminação — era melhor se arriscar do que permanecer por ali. O problema era Himari... Teriam que ajudar a carregá-la já que estava em estado de choque.

Casa do Terror, de fato.

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Após verem a pobre Yui ser levada e, bom, dizimada pouquíssimos segundos embaixo d'água, não sobrava outra saída a não ser fugir para a próxima sala. Tyrant buscava Himari que ainda estava em estado de choque, trazendo-a consigo ali para dentro. Certos para que o monstro, sombra ou seja-lá-o-que-for não os siga, a porta era fechada logo atrás deles.

Lembra do que aconteceu quando nossos heróis entraram na primeira sala? Tudo se repetia. Um breu permaneceu por diversos segundos, sendo a única coisa diferente e notável por ali o chão que estava... hm, quente? não o suficiente para, sei lá, derreter seus calçados, mas dava para reparar a diferença gritante de temperatura, principalmente abaixo dos pés. Um minuto se passava e nada das luzes se ligarem, até que uma única lâmpada redonda começou a piscar no centro do local.

Essa sala era diferente, limpa, com paredes e chão metálicos, pequena, apertada, onde mal cabiam os três direito. No centro da sala, à dois passos de distância, estava um único botão em cima de uma mesa de metal. Do lado oposto de onde estavam, quatro caixões também metálicos estavam em pé, encostados um do lado do outro. Todos com uma cruz invertida desenhada na frente de forma completamente torta e, em cima, também entalhado no metal, a palavra "patientia", com uma seta apontada para os caixões.

— E-eu... — Himari estava com as mãos diante do rosto, de onde lágrimas e mais lágrimas escorriam — EU SÓ QUERO SAIR DAQUI! SOCORRO! — desesperada, ela começava a bater na porta de onde haviam vindo, mas logo percebia a presença do botão vermelho e corria para apertá-lo — ME DEIXA SAIR DAQUI!

Assim que a morena apertava o botão, as portas do caixões se abriam. De repente, os metais começavam a aquecer e como havia metal em todo lugar, a temperatura começava a aumentar absurdamente a cada segundo que se passava. Desesperada, Himari começava a correr de um lado para o outro, até que tropeçou e caiu sobre o chão. Gritou de dor e, quando levantou, seus joelhos estavam queimados, quase que em carne viva. Por mais que Karen ou Tyrant tentassem falar com ela, seus olhos estavam arregalados, com sua mente muito provavelmente já em surto psicótico pelo que aconteceu na sala anterior.

Que situação, não é?

Quem será o maluco que deixou uma atração como essas aberta em um parque de diversões?

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O calor começava a ficar cada vez mais insustentável dentro da pequena sala, com a maioria dos metais que a construíam já mudando sua coloração para um leve vermelho. Com Himari cada vez mais próxima do espectro do Pikpek biruta, Karen tentava buscar alguma fechadura dentre toda aquela maluquice enquanto Tyrant indicava que talvez a única saída fosse o local indicado pela própria sala.

Apesar de ignorar a escritura e já conseguir sentir sua pele queimar aos poucos, a especialista continuou procurando uma fechadura naquele lugar. Por ser completamente feita de metal, era bem improvável que houvesse alguma coisa do tipo, mas na floresta tinha, né? Procurou, procurou e... Nada. Galahad, calmo e sereno, sentia o suor descendo pelo seu rosto e simplesmente o limpava: com a uma expressão de impaciência, muito provavelmente porque sabia, de fato, o que estava acontecendo, cutucou Karen e apontou para o Ranger e logo depois para os caixões.

— ME TIRA DAQUI! — Himari dava socos e mais socos sobre as placas de metais, que eram seguidos de gritos e mais gritos por conta das queimaduras — AAAAAAAAAA!

E foi, então, que das frestas de uma placa metálica para a outra começava a sair uma espécie de... líquido vermelho? Parecia sangue, mas o contato com o calor não o queimava, somente exalando um odor que não era nada agradável, bem de sangue queimado mesmo. Irritada, Himari começava a pisar na substância, que parecia ter vida própria: se espalhou pela sala inteira, segurando nos pés de todos ali e... só isso mesmo. Não parecia que queria engoli-los ou nada do tipo, somente mantê-los no lugar, muito provavelmente para não alcançar os caixões e ficarem expostos ao calor.

Com a ajuda quase que instantânea de Eevee e Riolu, Karen e Tyrant conseguiam se livrar momentaneamente da imobilidade, mas e a pobre da Himari? Será que ajudariam ela? Havia cada vez mais líquido na sala, que por algum motivo era repelido pelos caixões. Para melhorar, a luz do centro começava a piscar, apagando vez ou outra, como um aviso de que em breve desligaria de vez.