VII
Caos. Dada à largada, todos no recinto se descontrolaram e instaurou-se a desordem, Froste, atordoado, foi carregado pela onda de insanidade que movia todos os corpos. Recobrando o senso de direção e noção da realidade olhou ao redor, estava sozinho, pela primeira vez sentiu-se bem ao abraçar a solidão, sorveu a quietude num hausto longo e permitiu a seu peito aproveitar a calmaria.
“Sou lento, fumante e já andei muito, estou cansado...”, coçou a bochecha direita, como se houvessem pelos em sua derme imberbe, abaixou a cabeça em seu olhar corriqueiro para Houndour, este permanecia sentado aguardando pacientemente pelas ordens de seu treinador.
- E agora? – disse Froste. Recebeu como resposta um grunhido. – Vamos andando, no percurso a gente vê como faz.
Pôs-se a andar pela cidade, provavelmente os demais estariam alvoroçados atrás dos Slowpokes. Puxou a pokedex e pesquisou a respeito. O aparelho informou a respeito do pequeno hipopótamo róseo reforçando a lentidão para absolutamente tudo, desde raciocínio e estímulos dolorosos. “Pela velocidade com que eles saíram, o mestre é provavelmente um gênio.”, conjecturou silente. Abaixou-se, ficando de cócoras, e disse a Houndour.
- Eu ainda não sei se ele disse pegar no sentido literal ou capturar numa pokebola... de qualquer forma o trabalho sujo vai ser seu garoto, aparentemente esses pokemons são tão retardados que não sentem ou demoram sentir dor na cauda... acho que você já entendeu.
Na maioria das vezes sentia-se idiota ou lunático ao conversar com seu pokémon, entretanto sabia da necessidade de se construir uma relação amistosa entre treinador e pokémon e, verdade seja dita, não tinha ninguém além de Houndour. Julgou que a forma canina concedesse um faro aguçado a seu companheiro e o instruiu a procurar de imediato. Froste era, agora, guiado por seu pokemon.