Trainwreck

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Por mais que eu estivesse de fato estressado, e claramente sem paciência para lidar com aquilo, Krishna fazia questão de piorar tudo, de literalmente me atacar, me mandando para longe com uma rajada de bolhas, e até mesmo me ignorando completamente, deixando-me ainda mais irritado. Quem ela pensava que era? Eu poderia ter capturado qualquer um daqueles três, mas escolhi ela para ter comida sempre, um bom trato, amor e carinho, e é assim que ela me trata? A única coisa que estou pedindo em troca de tudo isso é que ela me ajude a encontrar alguns Mareanie, nada demais.

Quer dizer, eles estavam invadindo o habitat deles e... é isso! Eu posso usar essa situação como argumento para ela me ajudar, tenho certeza que alguns de sua espécie já devem ter sido afetados pela mudança repentina em diversas coisas no recife, por conta da presença dos alolan. Se eu tivesse como chegar perto o suficiente para conseguir falar com ela... Ok, com espinhos de veneno pra todo lado, certamente tudo ficaria ainda mais difícil. - Bem, se eu não vou até você, você vem até mim. - Disse, sacando a esfera da Pokémon, como pude, dentro daquele uniforme estranho. Quando finalmente consegui, apontei para a Tentacool, a retornando.

Enfim, tratei de traze-la de volta a água novamente, dessa vez com um pouco mais de calma, e com uma expressão serena. - Você pode me ouvir antes de me atacar? - Questionei, erguendo uma sobrancelha. - Olha, eu sei que vocês, moradores do Pacific Reef, tem tido problemas com a invasão das Mareanie... Eu estou aqui pra ajudar! Por isso preciso que colabore comigo, sem sua filtragem de ar, eu não consigo estudar o problema, e sem estudar, ninguém conseguirá resolver. Você não quer um bando de coral intruso na sua casa, né? - Dessa vez eu perguntei retoricamente, já que era óbvio que eu não esperava uma resposta sonora de um Pokémon; mas uma mudança de atitude, com certeza. Era hora de saber como andava minha lábia com esses monstrinhos.

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Era óbvio que eu estava com medo, quem não teria receio de tomar um Poison Jab bem na cara? Seria suficiente para me envenenar também, o que de certo não seria algo bom. Mas, para minha surpresa, Krishna reagiu bem a minha fala, ela realmente se deixou levar pela questão das Mareanie, e para mim, isso era ótimo; por mais que ela fosse uma Tentacool preguiçosa, eu tinha certeza que ela não iria querer sua família passando fome por conta dos corais malvados de Alola, e talvez isso tenha sim mexido com ela.

Outro fato curioso, foi a maneira com que ela saiu nadando para longe, ao mesmo tempo que dançava na água e levantava os espinhos venenosos, depositados ali anteriormente, de um jeito estranho. Só se... Sim! As Mareanie também são Pokémon venenosos, e com certeza sabiam esse movimento; talvez Krishna estivesse querendo me ensinar como me movimentar nessa situação, para me livrar dos espinhos e conseguir nadar bem o suficiente para não encostar em nenhum. Era curioso ela ser tão inteligente assim, mas provavelmente a mesma já teve de fazer isso outras vezes, e por isso tinha tanta noção.

A voz de Matias ecoou, e eu me perguntava o porquê dele estar tão apressado, não iriamos entrar na água só amanhã? Ele mesmo disse que por hoje eu deveria treinar e descansar, a chuva atrapalharia os planos, e não conseguiríamos encontrar as Mareanie... Talvez ele tenha mudado de ideia, não sei. O que sei, é que eu seguiria minha Pokémon, para dentro d'água, imitando seus movimentos e passando pelos espinhos, confiando nela para me guiar e não deixar nenhum encostar em mim. Talvez estivesse confiando demais num monstrinho que a pouco queria me atacar, mas tomar decisões boas nunca foi meu forte; agir sem pensar sim, fazia sentido pra mim.

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Exatamente como esperado, a maneira que Krishna nadava me permitia passar pelos espinhos, mesmo que de maneira desengonçada; eu não era nenhum expert em natação, muito menos com uma roupa dessas, então fazia o meu máximo para não encostar em nenhum, e a lula também os lançava longe quando se aproximavam demais. Era uma proteção já conhecida por mim, com outros Pokémon, Wimber costumava ser assim, protetor demais, então não estava incomodado com suas atitudes; muito pelo contrário.

Quando finalmente entendi, ela já estava em minhas costas, me conduzindo ao mesmo passo que me protegia, e passando pelos espinhos sem problema algum até finalmente chegarmos do outro lado da piscina, ela me largar e parar em minha frente. Com seu Bubblebeam, Krishna afastou todos os outros Toxic Spikes para o lado em que estávamos antes, onde agora eu não poderia ser ferido, assim me libertando do "pisar em ovos" que estava enfrentando. Depois, ela começou a evoluir. Exatamente como eu queria, e esperava, seus tentáculos começaram a aumentar de comprimento, se dividindo em vários e crescendo junto com seu dorso; seus olhos foram pra baixo da grande cabeça-alien, e um belo nariz cresceu na parte inferior de seu corpo. Era uma belíssima Tentacruel.

- Obrigado meNIiiiinAAAaa. - O final foi interrompido pelo abraço dela. Foi imediato e surpreendente, eu realmente não estava preparado, e minha voz falhou completamente enquanto ela me puxava pra perto, me apertando e segurando firme. Até demais. Ao fundo, eu ouvia a voz de Matías, bem baixa, mas ainda audível; aparentemente, eu poderia ir mergulhar hoje, mesmo com o tempo apertado. Era arriscado, mas eu queria aproveitar todo esse clima com Krish, e não desperdiçar uma boa chance de ir ao mar no por do sol. - Vem, vamos caçar umas Mareanies. - Sorri para a aquática, saindo da piscina pela escadinha lateral, e a retornando logo em seguida.

Uma vez do lado de fora, o pesquisador e seu companheiro aguardavam uma resposta, e eu tratei de dizer que iriamos logo hoje. Seria perfeito, meus Pokémon são bem mais ativos a noite, e o crepúsculo deveria ser muito mais agradável para eles, principalmente meu fiel companheiro, Wimber. Segui então para o vestiário, tirando o uniforme, mas trazendo-o comigo, junto com o Scuba Gear (que eu comprei), e caminhando para a sala onde estava o PC que usei antes. Uma vez lá, fiz uma pequena troca, pegando o ovo de Salandit fêmea que havia sido posto no Day Care, e junto, trouxe Ikki para a equipe, o Larvesta; deixei Kardia e Amor no Storage, não pretendia usa-los mais, e precisava desse espaço na BOX.

Com as trocas feitas, me dirigi ao lado de fora, onde o doutor e seu colega me aguardavam. - Podemos, então?

Salandit Egg - 02 Posts (Flame Body)

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Depois da pequena troca, assim que me aproximei do Pesquisador, notei a presença de um mapa em suas mãos; ele parecia preparado para uma aventura, devo confessar, mesmo que de seu jeito estranho. A pergunta dele era completamente pertinente, e pra ser sincero, eu não sabia a resposta. Não sabia se confiava de fato em Tentacruel, depois das primeiras reações dela eu fiquei com um pé atrás, mas os movimentos seguintes me fizeram ter um pouco mais de crença nela; o problema aqui, seria que, ela não teria como me proteger embaixo d'água, já que ela estaria ocupada com meu ar. Se ela parasse de me produzir o oxigênio necessário para me manter embaixo do nível do mar, eu afogaria.

Eu deveria ter capturado dois Tentacool, droga.

De qualquer forma, não esperava encontrar resistência, eu não tinha objetivo algum em atrapalhar as Mareanie, apenas queria observa-las e entender como e porque elas faziam o que faziam, e quem sabe ajudar a resolver o problema de sua invasão; era arriscado, já que eu não sabia que tipo de resistência encontraria da parte delas, mas era algo que eu tinha de arriscar. Se eu quisesse ser um bom aprendiz, eu precisava superar meus medos, bem como Janine disse.

- Acho que não teremos problemas com Krish. - Respondi, depois de certo tempo. Mal tive tempo de pensar, e em poucos minutos estávamos dentro de outra lancha, no por do sol, seguindo mar adentro para encontrar o objetivo de minha missão: o habitat das Mareanie. Pouco antes de iniciarmos a viagem, Matias me fez outra pergunta, também bastante necessária, e que eu tratei de responder quase que instantaneamente. - Bem, elas são invasoras do Pacific Reef, vindo de Alola. Elas predam Corsolas, que são espécies nativas, e destroem parte do habitat com suas toxinas, mesmo que sem querer. São bastante agressivas quando ameaçadas, e... Acho que é isso. - Pensava em mais alguma característica que pudesse citar, mas não me vinha mais nada em mente.

Não sabia até que ponto iriamos no mar, então, já iria me preparando, colocando o uniforme lentamente e me equipando como poderia, para estar pronto no momento em que chegássemos no ponto que o professor queria. Tentacruel era grande demais para disfarçar nossa presença nos corais, então, teria que contar com as boas-vindas das Mareanie? Ok, eu não tinha um plano. Ainda estava com aquele frio na barriga de encarar isso sozinho, mas meu receio não me impediria. Não dessa vez.

Salandit Egg - 04/40 Posts (Flame Body)

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Era eufemismo dizer que o céu estava bonito. Ele estava realmente de tirar o fôlego, poucas vezes na vida eu tive a oportunidade de testemunhar tamanha conjunção entre céu e mar, e isso me lembrava de minhas raízes: meu pai, é claro. Meu pai sempre foi a pessoa que adorava o sol como fonte de vida, e a lua como sabedoria, era quase um bruxo, eu mesmo duvidava de sua religião quando pequeno; depois de grande, tive certeza. Nunca foi algo que eu quis seguir, pessoalmente, mas sempre admirei e considerei aquilo como o meu "certo e errado". Afinal, a natureza era o inicio de tudo, e o final também, né?

De qualquer forma, meu outro devaneio foi interrompido mais uma vez pela voz de meu companheiro de passeio, que complementava minhas informações, dizendo algo que não sabia, mas que imaginava: as Mareanie eram extremamente territorialistas. Era característico de Pokémon invasores esse tipo de comportamento, mas algo me dizia que eu descobriria o porquê de tal adjetivo ser atribuído a elas em breve; por agora, parece que chegamos e... Não. Meu corpo foi levado para frente e para trás com o impacto, e eu juro que quase caí na água (males de gostar de sentar nas pontas dos lugares, não é a primeira vez que isso quase acontece); algo estava nos prendendo, e parecia vir do local onde atracamos.

Quando corri para observar com Matias o que havia acontecido, descobri a causa de nossa parada: dois Krabby, nos impedindo de parar, e segurando os ganchos que serviriam como âncoras para nossa lancha. A ordem do pesquisador foi clara, e eu não pensaria duas vezes, lançaria a esfera de meu morcego ao ar, e esperaria que ele tomasse forma no ar, para então, começar mais um embate. - Wimbie, você gosta de carne de caranguejo? - Questionei, rindo e encarando os dois monstrinhos com deboche. - Duplo Acrobatics, foque apenas um deles! - Com os comandos dados, a batalha se iniciaria, e com toda certeza nós sairíamos vencedores; sem cantar vitória antes da hora, mas eram só dois pequenos Krabby, né?

Salandit Egg - 06/40 Posts (Flame Body)