008 - PATIENTIA

 

Confesso que o treinamento estava meio puxado, eu diria. No final daquela sequencia de exercícios, me sentia incrivelmente... Cansada. É, acho que não dá pra exigir muito neste sentido, já que comecei faz pouco tempo.

— Ufa... Muito obrigada, Malin.  — Comentei, enxugando o suor da testa. Mei se aproximou de mim em seguida. Ela parecia estar bastante energética, mesmo depois de todo aquele show. Fiquei relativamente surpresa, mas nem tanto... Afinal de contas, acho que era a principal característica positiva da jovem.

— Hehehe, você parece bem, Mei! Bom trabalho!  — Comentei, colocando a mão em seu ombro.  — Ahn... Comer? Eu não estou tão afim, mas se você quer, acho que... Acho que podemos.

Bem, não me surpreende que depois de todo esse treino ela fique faminta. Me recordo de ouvir algo do gênero do Senhor Brawly, sobre fazer muito exercício e ficar com fome.

Tá bem, talvez eu esteja começando a sentir minha barriga meio vazia... Acho que não tem outro jeito... Mas, será que este treino vai ser suficiente para amanhã...? Talvez eu precise enfrentar mais alguns selvagens? Eu não sei... Mas me sinto bastante incerta agora...

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om o treinamento encerrado, só restou agradecer a Malin, mas o que fazer a seguir? Ela não estava com fome, talvez um pouco, mas não a ponto de querer fazer uma refeição agora, entretanto não deixou de acompanhar Mei em sua ida para comer alguma coisa -Tchau, tchau! - Mei se despedia enquanto saía da academia acompanhado de alguns risos de seu público.

-Quando quiser voltar, sinta-se bem-vinda - disse Malin se despedindo das garotas.

Elas saíram, Mei parecia estar se lembrando do lugar -Eu sei que tem uma lanchonete por aqui - ela pensou e rapidamente já estava pronta para mostrar o caminho. Não demorou e chegaram numa lanchonete -Eu quero esse aqui - disse a garota apontando para um salgado grande -Tem certeza que não quer nada? - perguntou para Karen.

Enquanto decidiam, viram uma notícia na TV do estabelecimento.


-Que estranho... Espero que não seja nada - e ela começava a comer.

What is reflected in my eyes? Not the moonlight in a starless midnight that showers on the people passing by. One's so small and the world's so wide, every step forward echoes a sigh. I reach out for the halo far up high. Deeply engraved, my memory is silent but not forgotten indeed, someone has gone but a voice within me. Once I remember all the tales written inside this corp no more frail I'll follow what my heart used to believe.

 

Nos despedimos do pessoal daquela... Eu não sei bem como categorizar aquilo, mas é tipo uma... Uma academia? Acho que é a melhor forma, é. Enfim, após dar tchau para o pessoal, eu e Mei começamos a andar em busca da tal lanchonete.

Chegamos e Mei obviamente já sabia o que escolher. Apenas fiquei observando todas aquelas opções, pensativa. Não estava com taaanta forme quanto a menina (provavelmente nunca chegarei em seu nível), mas seria bom comer alguma coisa.

— Eu gostaria de um pequeno café e uma empadinha de queijo, por favor.  — Me recordei de uma história que ouvi sobre um casal que comeu empadinhas de gente, urgh. — P-pensando bem, um pão de queijo e um cafezinho.

Enquanto éramos servidas, começou a ser mostrado na televisão sobre um aumento no ataque de selvagens pela cidade... Deveria ser algo com que eu iria me preocupar mais tarde, provavelmente, do jeito que minha sorte anda...

— Eu preciso curar o Lancelot da batalha que tivemos agora a pouco.  — Disse para a menina, começando a comer meu salgado.  — Ainda temos algum tempo para treinar, né?

Bem, ficar pensando no amanha realmente estava cortando meu apetite... Eu deveria relaxar um pouco por enquanto.

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s pedidos foram feitos e a pessoa que as atendeu logo pegou para elas o que queriam comer. Não foi muita coisa, nem mesmo Mei e sua fome descomunal foram motivo para se encherem, afinal estava perto do almoço. O que deixou Karen preocupada foi a notícia sobre selvagens atacando pessoas na cidade, não era seguro e talvez atrapalhasse a missão delas no dia de amanhã. Enquanto comiam, conversavam.

-Acho que dá pra treinar sim, principalmente com esses pokémons aí na cidade. Se eles vierem atacar, é só dar um sacode neles pra deixar nossos pokémons mais fortes.

Terminaram de comer. Mei foi para o caixa pagar e voltou com alguns doces -Hehehe. Eu mereço, ok? - então era hora de voltarem -Vamos pro Centro Pokémon aqui perto pra recuperar seu Heracross - e assim partiram. Passaram por algumas ruas até avistarem o ponto de destino. Mei apressou-se correndo na frente, aquela típica cena onde seu Vulpix corre atrás dela após balançar a cabeça em desaprovação.

Estava quase na porta quando... -Que foi isso? - um ser pequenino pulou e puxou sua bola, então um outro parecido apareceu correndo até seu lado. Eram seres amarelos, um com detalhes azul e outros com detalhes vermelho. Estavam rindo da situação, Mei incomodada foi tirar satisfação com os roedores -Hey! Vocês não podem roubar a bolsa de uma garota assim! Fala pra eles, Karen! - então cutucou a bochecha do que furtou sua bolsa, então...

-Aaaaa...aaa....aaa...aaa...a... - tomou um choque longo, era possível a fumaça saindo de seu chapéu. Mei então caiu para trás de braços abertos, seus olhos pareciam que a qualquer momento virariam espirais como se tivesse perdido uma batalha. Parece que a garota havia sido nocauteada. Vulpix ficava ao seu lado tentando reanimá-la enquanto os baixinhos riam da cara dela.

What is reflected in my eyes? Not the moonlight in a starless midnight that showers on the people passing by. One's so small and the world's so wide, every step forward echoes a sigh. I reach out for the halo far up high. Deeply engraved, my memory is silent but not forgotten indeed, someone has gone but a voice within me. Once I remember all the tales written inside this corp no more frail I'll follow what my heart used to believe.

 

Tudo havia sido muito rápido, eu confesso. Estávamos indo até o Centro Pokémon, quando dois pequenos fofinhos decidiram tentar furtar a bolsa de Mei. A garota reagiu com uma bronca nos bichinhos, que não pareceram tão felizes assim com o feito. Um deles deu uma... C-carga elétrica?! NA MEI?!

— M-MEI! VOCÊ TÁ VIVA, NÉ?!  — Eu não entendo muito de eletricidade, mas aquele golpe... Com certeza eu acho que talvez tivesse muita voltagem! — MEI!

Olhei para os dois pequenos bichinhos fofinhos. Já havia visto alguns deles por Hoenn, mas não me recordo de seus nomes. Soltei Arthur de sua Pokebola, para que o Passimian desse uma dura naqueles dois.

— Arthur, eles atacaram a Mei!  — Exclamei para o símio.

O bicho deu de ombros, como se perguntasse "e daí?". Ele provavelmente deveria achar a Mei meio chata ou muito trabalhosa de se lidar, pois o Arthur é um Pokémon bem prático e tudo... Nossa, que feio! É isso que eu tô criando?!

— Tch, você é muito maldoso!  — Disse para o símio. — E vocês dois! Não podem sair por ai atacando civis que não fizeram nada com vocês! Além do mais, não ficaram sabendo dos aumentos de ataques de Pokémon?! São selvagens que...  — De repente eu estava dando um esporro em três Pokémon, sendo um deles Arthur. Até que liguei os pontos. — Ah!  — Eles eram alguns dos selvagens violentes?

Me virei de costas e bati de leve na bochecha de Mei algumas vezes, tentando acordar a menina. Coloquei o ouvido no seu peito para ver se seu coração batia. Eu sei que dá pra ver a pulsação pelo pescoço, já vi pessoas fazendo isso em filmes, mas eu nunca consegui...

— Acho que ela está viva! Espera, isso é o seu coração ou seu estômago roncando...?  — Ah meu Arceus, não tire minha amiga de mim!

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ra fácil de se desesperar quando uma amiga sua recebia um choque longe de alta voltagem bem à sua frente, principalmente quando ela caía imóvel e sem qualquer tipo de reação durante alguns segundos. Karen tentava dar um castigo físico naqueles dois roedores com o auxílio de Arthur, mas ele não se importava nem um pouco. Talvez por não gostar tanto assim da vítima.

Já que ele não iria mover um dedo para ajudar, pelo menos ela poderia ver se a garota ainda estava viva, verificou os batimentos em seu peito e viu que eles ainda existiam, mas o som estava estranho, será que era seu estômago roncando? Ela não sabia, tanto que suplicou para Arceus não levá-la embora.

Uma pena, mas talvez depois de tantas confusões e encrencas fosse a hora de ela partir dessa para a melhor. Os roedores riam da tentativa falha de Karen e se reuniram cochichando enquanto olhavam para o grupo,então com um ataque surpresa pularam em Arthur e Vulpix dando uma descarga elétrica em cada. As faíscas saíam dela ponta dos pelos dos alvos. Deu para ouvir até a garota caída murmurando.

-Karen... A luz... Eu posso ver a luz...

E voltou a ficar em silêncio. Assim como ela, a raposa e o macaco foram para o chão, então os malfeitores olharam para Karen e começaram a se aproximar lentamente com uma cara travessa. Era melhor fazer alguma coisa o quanto antes.

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De repente, tanto Vulpix quanto Arthur tinham sofrido danos de alta voltagem também! Me vi encurralada ali. Os pequenos roedores estavam prontos para me destruir; sabe se lá o que iriam fazer comigo! Meio assustada, dei alguns passos para trás.

— E-ei, Arthur... Arthur?! Mei?! Luz no final do túnel?! S-socorro!  — Comecei a olhar para os lados. Durou apenas uma fração de segundos, mas me vi sendo morta com uma carga absurda de eletricidade. E PIOR! ELES IAM ACABAR COM MEU CABELO!

Instintivamente lancei duas Pokebolas no solo. De um clarão surgiram Kay e Caliburn. A Meditite olhou para seus oponentes e escondeu seu rostinho atrás das mãos, tímida como sempre. Já Kay apenas me olhou, surpreso. Ele deu um pequeno sorriso e em seguida desviou o olhar, como se menosprezasse minha figura como treinadora.

— E-ei! O que foi isso?  

Como se estalasse a língua em descontentamento, revirou os olhos e olhou para os dois roedores, avançando na direção deles com socos que pareciam bastante potentes. Cali apenas ficou olhando, boquiaberta.

— U-uh... Duplo Brick Break no azulzinho, Kay! Faça o mesmo no vermelho, Cali!  — Ordenei para os Pokémon, fingindo que tinha controle sobre a situação. Em seguida, olhei para os três patetas desmaiados; Mei, Vulpix e Arthur...

— Que dó...

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aren parecia estar sem saída. Após ficar encurralada, não conseguiu ver uma outra saída a não ser contar com a ajuda de seus pokémons para se defender. A dupla da vez foi Kay e Caliburn, apesar do primeiro parecer não se importar nem um pouco com sua treinadora. Ele mesmo tomava suas próprias decisões e decidiu partir para o soco contra os roedores.

O problema era que a velocidade do time de Karen não era superior à dos selvagens, por isso as ratinhos se aproveitaram para pular neles também e dar uma nova descarga elétrica que os deixou paralisados... Mas agora... Agora era diferente. Não era mais o fator narrativo que contava, mas o sistema de batalha, por isso ainda estavam disponíveis para lutar. Os oponentes ficaram surpresos, era a primeira vez em algum tempo que encontraram uma dupla digna para enfrentá-los de frente.

O que fazer agora? Primeiramente, Caliburn ficava paralisada. É a Lei de Murphy agindo, mas não com Kay que aproveitou para dar um golpe lutador no rato de detalhes azuis. Eles eram resistente, prosseguiram na ofensiva e com um ataque rápido atacaram cada um dos pokémons da especialista. O dano era baixo, mas existente. Nova oportunidade para Cliburn atacar... E conseguiu. O pokémon sofreu bons danos enquanto Kay quase finalizou o outro. Dava para sentir a ira no olhar do ursinho. Enquanto isso, os ratinhos corriam para cima do corpo de Mei usando sua barriga de cadeira.

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A batalha estava acirrada...

...Espera, estava?

Quer dizer, não me leve a mal, mas isso é algo que eu nem sei constatar. Com apenas poucos golpes, os elétricos quase foram derrotados. Mas não, Cali acabou ficando paralizada e não conseguiu finalizar os oponentes. É, acho que o azar, como sempre, estava do meu lado naquela situação. Suspirei, para tentar manter a calma, e fitei os dois pequenos com fúria (que estavam em cima de Mei).

— P-parem com isso! Cali, Kay, tentem repetir os movimentos; duplo Brick Break no vermelhinho, e depois do azulzinho!  

A Meditite parecia levemente desesperada por não conseguir se mover e realizar suas ordens. Sua natureza tímida e meio desengonçada parecia fazer com que ela ficasse mais nervosa ainda nessa situação, possivelmente com medo de mim. Tentou esconder o rosto com as mãos, mas não conseguiu se mover. Que dó...

Kay apenas estalou a língua novamente e desviou o olhar, como se não estivesse ouvindo a mim para realizar a luta, mas sim seus próprios instintos de ursinho rosa. Bem, desde que funcionasse, eu não iria reclamar, por enquanto...

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s ratinhos começaram a rir da cara dos pokémons de Karen, estavam provocando os dois. Já que eles ficariam lá parados, a equipe da garota aproveitou a oportunidade para ir em direção a eles, só que mais lentos por conta da paralisia, infelizmente foi a oportunidade que os elétricos acharam para saírem da frente no último segundo fazendo os lutadores caírem em cima da garota nocauteada.

-Uuuh... É isso... Que se sente ao entrar no paraíso?

Mei continuava a delirar enquanto a luta acontecia. Antes que conseguissem sair de cima dela, foram surpreendidos por outras duas investidas rápidas de seus oponentes. Mei sentia os impactos, apesar de amortecidos e dava uns gemidos de dor. Não pararam por aí, pois ocorreu uma sequência desses golpes causando mais dano nos monstrinhos da especialista. Caliburn aproveitou para revidar um golpe no rosto do roedor dos detalhes vermelhos que caiu nocauteado. Vendo seu companheiro derrotado, o outro deu alguns passos para trás apenas para ser pego de surpresa pelo golpe do irritado Kay. Foi um golpe forte que quase o fez ter o mesmo fim de seu colega.

Provavelmente estava para acabar, era só não vacilar.

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