#Cinnabar - Pleiteando um estágio!

– Bom dia. Tudo bem, sim, obrigado. Espero que esteja contigo também.. Há dias que Luna não esquece o encontro de vocês e insiste em querer te ver pra te entregar algo. Como hoje eu tinha um tempo livre pela manhã, viemos antes dela ir pra escola. – explicou, dando alguns passos para se afastar e dar alguma privacidade à pequena que se portava com um pouco de timidez.

– Eu vou bem, obrigada. Prometi que ia te ajudar a encontrar o Pokémon especial, e eu vou. – dizia com convicção, daquele seu jeito ingênuo e ao mesmo tempo sábio; remexendo na mochila – Deve encontrar a minha mãe. Ela vive no Ice Path, é a sacerdotisa de lá. – Henrique estava li pra agitar a cabeça positivamente e confirmar o que fosse preciso – Entregue isso a ela e fale da gente. Ela vai te mostrar o caminho pra encontrar o Pokémon especial.

Luna estendia dois itens para Ayzen, ou melhor, três. O primeiro era aquele pingente grande, esférico, azul e brilhante; a orb que outrora fez parte do corpo de um Dragonair, mas ela não ia confessar isso, ele teria que descobrir sozinho. Ela estava embrulhada em um tecido bem fino, sedoso, cheio de estampas solares e lunares. Seria a suposta Relíquia da Sorte que ela possuía, ou somente um tecido bonito, de fato. E o terceiro era um presente para o próprio loiro, o desenho que Luna tinha feito lá naquele segundo dia, com Ayzen, Swampert e o próprio Dragonair na mesma página, bem coloridos agora.

– Você é muito bom. Por favor, aceite e busque. – sorria largamente, e seu pai também, só que com ternura ao vê-la.

Ayzen – De Capitão à Estagiário – Cinnabar

Luna sorria largamente quando Ayzen aceitava seus presentes e sua proposta, que apesar de todo um contexto místico tinha sim um propósito real, concreto, e que ela gostaria de se ver cumprir. Não falo dessa história de encontrar com a mãe dela e, possivelmente, dar-lhe notícias ou até convencê-la a voltar pra casa. Não. Me refiro ao encontro de um amigo especial com uma criatura especial que ela tanto gostava, afinal carregou aquela esfera azul o tempo inteiro e, realmente, era um bem íntimo seu.

– Obrigada! E boa sorte. Ainda vamos nos encontrar e você vai me dizer como foi. – estava empolgada, óbvio, por isso era toda sorrisos.

– Então, mocinha, tudo certo? Vamos deixar o seu amigo trabalhar? – ela concordou; esticou os braços pra um abraço tímido de adeus (ou seria até logo?) e começou a se encaminhar até a porta, no que seu pai aproveitou o caminhar lento para uma última palavra rápida e particular com o loiro – Bem, vejo que você é praticamente tão cético quanto eu sobre a parte mística disso tudo. Eu mesmo demorei a compreender como Luara, uma mulher da ciência, decidiu abraçar as tradições familiares sem nem contestar mas... Enfim, aconteceu. Agora, ela de fato conhece Pokémon raros até mesmo pro radar de um especialista. Se tem alguém que pode lhe ajudar a encontrar este, é ela. – seguiu seu caminho pra porta – Você é muito sortudo por isso. Nem eu tive a honra, e olha que fui casado com a própria sacerdotisa! – riu bastante disso, antes de partir com um aceno também.

Ayzen – De Capitão à Estagiário – Cinnabar

Em meio à realidades e misticismo Ayzen aceitava mais uma missão. Sim, para ele que vivia entre idas e vindas pelo mundo, era muito mais fácil tentar encontrar uma mulher num lugar distante. Mais fácil do que pra família dela em Cinnabar, que se resumiam a uma criança ingênua e sonhadora e um homem parcialmente limitado para cuidá-la. Inclusive, há de se pontuar e admirar como Henrique tem criado a filha apesar de tudo, sem deixar que ela perca sua inocência mesmo diante de tantas adversidades. Enfim...

É tarde, é tarde, tão tarde até que arde! Tá, talvez nem seja tanto, mas com certeza era uma alteração na pontualidade matinal do Ranger em chegar ao laboratório. Não encontraria Roger em sua sala se fosse até lá, pois o preceptor já tinha descido à sua procura no laboratório em si. Ali, conversava com os poucos que tinham chegado bem cedo e o secretário excêntrico que cuidava das papeladas - bebendo chá, é claro.

– Ayzen, olha você aí! Bom dia. – Roger diria ao vê-lo, pela primeira vez em dias o chamando pelo primeiro nome, sem muitas formalidades; tinha acontecido algo? – Sim, sim. Se sentindo sortudo hoje? Se não, deveria. O senhor Hatter acaba de me informar que conseguimos uma bolsa pra você! – Cirilo e Rômulo, os que estavam lá, deram os parabéns de imediato – Eu nem sabia que você tinha demonstrado interesse! Ora pois... Agora, mais do que nunca, é oficialmente um membro desse laboratório e podemos até cogitar uma pesquisa extra e... – empolgado, traçaria vários planos.

Os outros garotos logo diriam da tradição daquele laboratório: novos bolsistas deviam pagar uma rodada de pizza pra pra todos! Nada grave, eles não eram muitos e tampouco comilões. Quanto ao trabalho? Bem... Ora, mais artigos pra ler vieram, mais dados pra colher também, assim como mais subsídios, o que incluía um apoio da própria instituição à publicação científica. O que isso significa? Que Ayzen não precisaria esperar tanto por um trabalho final e maior do preceptor, podendo publicar algo de sua própria autoria - com supervisão do orientador, é claro.

E... O que isso significa? Mais artigos pra ler, claro, pois tinha que estudar melhor o famoso Método Científico pra saber como proceder. Estudar mais metodologias pra correr suas próprias análises. Sinto muito, mais aqui estamos falando de números e um pouco de estatística. Softwares fazem isso depressa, de fato, mas era preciso saber onde vai cada valor e porque... Bem, boa sorte! Mas, relaxe, há mais semanas pela frente, sem Jirachi, sem Festival e sem solicitações dos amigos pra te tirar da cidade.

Ayzen – De Capitão à Estagiário – Cinnabar

Tanto esforço e tanto estudo resultaria no famigerado artigo científico. Nada ainda digno de uma Nature da vida, infelizmente, mas era o primeiro registro dos passos de Kitshomo naquela profissão. Deixaria a si próprio, seus pais e preceptor muito satisfeitos!

Seu trabalho apareceria numa boa revista da área de Mega Evoluções e trataria do resultado de todo seu esforço com Swampert e a Mega. Ênfase na Happiness do monstrão! Destaque para as fotos do fofíssimo aquático tomando algumas páginas em diversos ângulos. Quase um ensaio completo de modelo, tanto na sua forma normal quanto na Mega. Tava lindo! Foram os Pk$ 1.000,00 mais bem recebidos e investidos!

Kitshomo tinha mesmo uma veia para a ciência tanto quanto para lidar com Pokémon, por isso a profissão escolhida não podia se encaixar melhor em ambas as coisas! Seus pais ficarão bem orgulhosos, sem dúvida. Mas o que importa é que um futuro brilhante o aguarda nessa longa jornada.

E espero que saia deste laboratório levando e perpetuando um legado de conhecimento. Sobretudo, que nunca se esqueça que talvez seja quase tarde. Mas dificilmente será tarde demais pra encontrar maravilhas. Não se preocupe, você é tão são quanto eu e, sendo assim, malfeito feito!

Ayzen – De Capitão à Estagiário – Cinnabar