[Villain] – Lilycove City –

A ruiva se manteve parada por alguns instantes, o olhar percorrendo a expressão do homem enquanto ponderava se deveria ou não ir "na dele" - quer dizer, tudo bem que ele tecnicamente sabia sua identidade e isso por si só deveria ser prova o suficiente de que estava no lugar certo mas, é, não tinha como saber se a informação tinha vazado de algum jeito, sabe?

— Uh... — Demorou-se alguns segundos; Entretanto, visto que uma viatura ja estava se aproximando, optou por adentrar a residência - não por confiar em seu interlocutor, mas pelo simples fato de que poderia decidir melhor o que fazer se não fosse cercada por policiais e seguranças que pareciam estar circulando simplesmente por toda parte, né? — ...A única coisa que eles fizeram foi discutir. De qualquer jeito... Você tem alguma identificação que possa mostrar? — Perguntou, a expressão séria vigiando atentamente os movimentos do senhor. — Tenho certeza que entende. — Acrescentou. Afinal, a partir do momento que não havia recebido todas as informações...

Pois é.

— Tenho certeza que existem identificações melhores que uma carteirinha mencionando a organização. — Retrucou, assim que o homem mencionou a "reprovação". — Ou vocês saem entregando tudo pra qualquer pessoa que olha pra vocês e sorri? É surpreendente, levando em consideração todo o rolê pra entrar nesse circo. — Acrescentou, revirando os olhos com discrição. Era fato que talvez devesse ter um pouquinho mais de cautela e segurar um pouco a língua ao se dirigir aos servidores que estavam ali bem antes de si mas, ora, como poderia evitar com uma situação daquelas se parecia que a cada momento extra à serviço dos Rockets acabava perdendo um ou outro neurônio dos tão poucos que já tinha?

...Uff.

— ...Enfim, está ótimo. — Suspirou, pegando o GPS oferecido pelo outro e revirando-o nos dedos por alguns instantes, encarando a tela do eletrônico agora em suas mãos. — Cinco minutos não é lá muita coisa. Deve dar pra resolver rápido, tá tranquilo. — Comentou, um encolher de ombros, os orbes acinzentados percorrendo o caminho que deveria seguir antes de enfiar o objeto no bolso. — ...Se é só isso, estou indo embora. Precisa de mais alguma coisa? — Quis saber. Caso não, pretendia dar o fora - provavelmente teria que ficar rodando as ruas por algum tempo antes de enfim se dirigir ao galpão mas, é...

Acontece.

Apos alguns minutos de espera a jovem, verificava que o caminho estava livre e pegando o GPS seguia para o local indicado, estava pronta, estava confiante, estava decidida, estava perdida no meio de um matagal gigantesco em uma estrada de terra e havia conseguido sair da cidade o nível de explicações era quase nulo, o caminho era escuro sombrio e tenebroso e o galpão parecia surgir do nada realmente eles não brincaram quando disseram que seria um local semiabandonado na periferia da cidade, fazendo a batida e falando o código "entrega de doces", a parta lateral era aberta.

Ta atrasada, garota entra logo e coloca a mobilete para dentro.

Eram 5 homens três jogando cartas numa mesa um fazendo flexões e o quinto atendendo a porta ao fundo um chorinho baixo podia ser ouvido, uma garota mais o menos da mesma idade que Natalie estava amarrada amordaçada e com os olhos vendados vestindo apenas calcinha e sutiã, dentro de uma gaiola que estava sendo usada como cela.

Spoiler :

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Cinco minutos não era muito tempo - e, como não era, não foi muito difícil fazer algumas simples voltas ao longo dos quarteirões antes que a ruiva por fim virasse a mobilete e optasse por dirigir pelo trajeto indicado pelo GPS. Digo também que não foi com alegria que a moça o fez, levando em consideração que tinha que atravessar um matagal enorme (lugar que particularmente não a deixava muito confiante, vamos combinar) para alcançar o galpão: E a única parte boa de toda aquela circunstância era que simplesmente não havia sido abordada por ninguém que interrompesse seu trabalho pelo meio do caminho.

Os orbes acinzentados passearam com curiosidade pela gigantesca estrutura de aspecto sombrio e situação de abandono; O freio da mobilete veio como uma necessidade, e a treinadora tocou com sutileza a aba do boné para erguê-la um pouco mais, observando o primeiro e "segundo" andar do grande depósito enquanto ponderava se realmente não existia ninguém que sequer considerasse a utilização de um ambiente como aqueles como um "ninho de ratos", por assim dizer. Ora, se fosse policial, a primeira coisa que faria seria fuçar aquele tipo de lugar em busca de algum vestígio criminoso...

Será que pensar nisso era algo tão esquisito assim?

— Bem, não me deram nenhum horário fixo. — Murmurou, balançando a cabeça em negativa enquanto encarava o piso acimentado, arrastando o ciclomotor para o interior do galpão de maneira quase preguiçosa - ora, agora que havia chegado, não precisava ter pressa nenhuma, né? Os próprios caras lá dentro não demonstravam nenhuma urgência em seu comportamento, considerando que estavam ocupados jogando cartas e...

...e...

...

— ...Que merda é essa? — Perguntou, erguendo a voz de repente e apontando na direção da garota enclausurada. Tá, não era como se devesse se espantar com aquele tipo de coisa, mas... Sabe como é, né? Não era como se esperasse dar de cara com uma cena daquelas, sabe como é...

...e não gostava daquilo.
Não.

— Eu ferrando com tudo? Ah, claro, entendi. — Riu, debochada, revirando os olhos e segurando a respiração por dois segundos para controlar as próprias emoções. — Deve ser, sim. — Murmurou, largando a guia da mobilete e se encaminhando para próximo da jaula, os orbes passeando pela imagem da jovem por alguns instantes, inquietos. Ignorando momentaneamente a presença dos homens, abaixou-se em sua altura, correndo as pupilas atentamente por seu corpo enquanto tentava descobrir se havia algum ferimento exagerado feito pelos homens.

— ...Que ridículo. O que são vocês, uns bandidinhos meia boca? — Perguntou, estreitando as pálpebras com delicadeza e se erguendo mais uma vez, batendo a ponta do pé em uma das barras de metal. — Isso é patético. Abram essa porcaria. — Exigiu, movendo o pescoço de um lado para o outro. — É só uma entregadora local. O que acham que vão conseguir com ela? Não é como se fosse filha de algum empresário grande ou algo do tipo. — Pontuou - afinal, impor um argumento era bem melhor que simplesmente chegar e mandar "isso e aquilo" por motivos de sim, sabe?

Além disso, a ruiva também enfiou a mão por debaixo da blusa, correndo os dedos pelo interior do tecido do sutiã e retirando os pacotes que por ali espalhara, largando-os sem pressa alguma na parte de cima da gaiola onde a menina estava aprisionada, as mãos se enfiando no bolso da calça logo após ajeitar a aba do boné, puxando-a um pouco para baixo para evitar o olhar dos homens.

— Aí as coisas de vocês. Agora, como eu dizia... — Pausa. — Larguem a garota e eu vou embora. Ela não vale nada pra vocês.

Ora, até que havia sido mais fácil do que tinha imaginado que seria!

Um erguer de sobrancelhas foi contido diante da simples concordância do homem em entregar-lhe a entregadora (que jogo de palavras bonito, não?), os dedos agarrando a chave lançada por um dos capangas e rapidamente a enfiando na fechadura, girando o objeto e destrancando a jaula. Com uma paciência quase invejável, se dignou em apoiar o braço sobre os ombros da menina, a mão livre se cerrando em seu punho e os passos tranquilamente a guiando na direção da saída.

— Bom proveito com sua encomenda, rapazes. Divirtam-se. — Disse, espiando para trás uma última vez antes de acenar com as pontas dos dedos, girando a maçaneta e se retirando dali com a trabalhadora das Entregas Rapidash antes de puxar a porta e fechá-la novamente, quase entediada, após puxar a guia da mobilete e a jogar para fora do galpão. — Que aventura a sua por aqui, huh. — Comentou, balançando a cabeça em negativa, utilizando uma das mãos para puxar a sequestrada e a outra para arrastar o ciclomotor pela estrada de terra. — Relaxa. A gente já vai embora.

Quando se aproximou e adentrou os primeiros metros do matagal, então, deu uma última olhada para trás, espiando na direção do depósito e largando o braço da outra, levando as mãos para as próprias roupas e despindo o macacão com paciência, logo antes de arremessá-lo aos braços da vítima que, de certa forma, protegia.

— Vista. — Instruiu, abrindo enfim a própria mochila para retirar as roupas que anteriormente trajava, enfiando-as no corpo para não ficar, sabe como é, de calcinha e sutiã. O boné, porém, não devolveu; Não achou que precisava e, particularmente, acreditava que era uma boa mantê-lo consigo, nem que fosse só para disfarçar parcialmente sua identidade. — Veste e sobe. — Acrescentou, ajeitando as roupas sobre o corpo e sentando na mobilete, deixando escapar um bocejo preguiçoso. — Vou te largar na cidade e você se resolve, de lá.