Já não era com muito interesse que os olhos dourados cumprimentavam a arquitetura vazia da estrutura do ginásio, ou tampouco com graça que os passos seguiam pesados pela gigantesca escadaria caracol de rocha polida. Ora, e como poderia, quando a competitividade que pulsava pelas veias daquele outrora derrotado se encarregava de fazer arder o espírito que, naquele momento, nada mais buscava além de uma satisfação ao próprio orgulho que, irônica ou não, se encontrava ferido?
— Se eu precisasse apostar, — Disse o líder de ginásio, que pacientemente aguardava em seu respectivo lado da arena pela chegada do desafiante de madeixas alaranjadas. — diria que o crepúsculo é sua hora da sorte. Ou será que ele é só o que te concentra mais, em situações como essa? — Ponderou, os dedos afagando com gentileza os panos de tecido claro da gravata que pendia de seu pescoço, o olho único vagando pela imagem do lutador que o adversava. Sem pressa, então, o rapaz soltou a peça para enfiar uma das mãos no bolso frontal da calça, pendendo a cabeça com discrição para o lado enquanto analisava o ruivo à frente. — Não imaginei que fosse voltar tão rápido. A maioria das pessoas demora pelo menos uma semana antes de uma revanche. — Comentou, utilizando a mão livre para retirar uma esfera do bolso, revirando-a entre os dedos em um movimento relaxado. — Deve estar bem confiante. Agora, isso é bom ou ruim? — Perguntou para ninguém em especial, um dar de ombros tranquilo enquanto, enfim, apontava o centro da tecnologia esférica em direção à arena diante de seus pés. Para lá, um feixe de luz ofuscante se redirecionou e criou forma, moldando pacientemente a imagem de um dos tantos voadores que assombravam, momentaneamente, as lembranças de Fernandez.
— Enfim, sei que deve querer resolver isso de uma vez. Quer fazer as honras? — Convidou o líder, tamborilando com discrição as pontas dos dedos sobre o tecido da calça. — Tenho certeza que, se voltou com tanta pressa assim, deve ter algo interessante para mostrar. — Disse, com certa simpatia - embora, inevitável seriedade. — Espero que seja uma boa batalha, Daisuke. Não temos nada a perder, não é?
off :
Oi, Zé mané. Tá pronto pra perder a sanidade de novo?
Mentira, nem vai.
Ou será que vai?
Ou será que vai?