(018) — liability

Bom, não tinha jeito, né? A mulher sabia de tudo e viu tudo e estava preparada para responder qualquer coisa que eu falasse. Era quase como se ela não aceitasse não sair por cima. Revirei os olhos e ignorei tudo que ela dizia pra mim; sim, eu escutava, mas acariciei Ivy e continuei na fila para ser atendida sem dar qualquer atenção. Se não tinha outro jeito além desse de esperar a minha vez, brigar ou discutir era inútil, huh.

— Espero que a gente consiga resolver isso em breve, né? — comentei com a dragoa, acariciando sua cabeça com uma mão e enrolando as madeixas no indicador da outra — Sua tia Natalie disse que demorou um pouquinho, mas espero que a gente dê sorte. Ouvi dizer que tem bons restaurantes por aqui, você e seus irmãos iam se acabar. — a fila andando lentamente ou não, tínhamos que ficar ali, então, paciência — Você não tava, mas quando encontrei isso, mamãe quase morreu. — Ivy me olhava intrigada — É, imagina aquilo que aconteceu em Dragon's Den, mas com perigo de verdade e muita areia. Tinha até um Pokémon gigante. — busquei a Pokédex, mostrando a entrada de Regirock para ela — Tá vendo aqui? Ele era muito, muito grande. Maior que esse Museu.

Era difícil falar sobre as memórias do deserto. O porquê de ter ido até lá, o encontro com Natalie, tudo que passamos naquele lugar... Simplesmente porque não conseguíamos parar. Curiosidade, ganância, a vontade de explorar, tudo para ter minha vida quase ceifada duas vezes seguidas, uma pelas memórias do povo antigo e outra pela minha própria Organização. O melhor de tudo era ver os olhos de Dragonair brilhando... A pequena era uma exploradora nata e, bom, eu prometi mostrar o mundo a ela. E é exatamente o que pretendo fazer depois de descobrir esse negócio.

— Um dia você vai ver um Pokémon assim, só não sei quando. Mas eles tem ficado cada vez mais comuns. — sorri para ela, dando um beijinho em seu focinho — Mas antes vamos te deixar ainda mais forte, o que acha?

Deixando o conflito completamente de lado, fiquei mais alguns minutos comentando sobre a vida de treinadora com Ivy, que observava tudo com os olhinhos brilhando. Engraçado como sou uma especialista em psíquicos e tenho passado bastante tempo com Dragonair, muito provavelmente por toda história da minha mãe, mas ainda assim... Ela é muito engraçada. Dei mais um afago na sua cabeça e percebi o rapaz vindo na minha direção de novo, mas sua expressão não era de raiva igual da mulher:

— Me desculpa também... Você não tem culpa de nada. — dei um meio sorriso, consentindo com a cabeça — Poxa, tudo bem. E sim, não vim para isso. — Ivy olhava curiosa — Vim para ver o especialista em Mega Stones. Me disseram que ele fica aqui, é verdade? — busquei um pacote de balas na bolsa, pegando uma e comendo — Aceita uma?

O pobre do homem não tinha culpa de nada e até mesmo me ajudou em meio todo fingimento. Esperava que ele pudesse me ajudar nem que fosse um pouquinho.

Day Care escreveu:

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Sim, sim... Eu ofereço um risco pro chefe. Sou uma Rocket, criminosa, assassina, ladra, etc. Mas com ele só quero descobrir sobre minha pedrinha misteriosa mesmo. Faz tempo, inclusive, que faço alguma maldade ou algo ruim para com outra pessoa. Ultimamente só tenho querido paz mesmo. Pra mim, meus monstrinhos. Ouvi até mesmo falar de uma pirâmide voadora por aí e, huh, nem tchum. Não quero desafios, estresses, dor de cabeça. Só ficar em paz um tempinho.

— Poxa, mas me falaram que vocês poderiam ajudar... Olha. — demorei um tempinho pra achar dentro da bolsa, mas encontrei a pedra — Aqui. Queria que alguém me ajudasse a desvendar o que é isso. Minha irmã disse que parece uma Mega Stone, mas não sabe dizer de qual Pokémon. — dei uma leve risada, ajeitando o cabelo — Eu tenho cinquenta e cinco quilos e ando com minha Dragonair por aí, que risco posso criar pra vocês? Só quero descobrir isso, juro.

Espero que ele acredite porque talvez essa seja uma das pouquíssimas vezes que estou falando a verdade.

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— Ah, ela? Ivy é boazinha. — dei uma risada, buscando a carteira de identificação e entregando-a para o rapaz — Aqui, pode levar. Me chamo Karinna Bley.

Aparentemente esse senhor é, de fato, muito importante. Se parar para pensar, só o porquê dele ser super ocupado e não estar presente é um fator que mostra que provavelmente é diretor ou um dos cientistas mais importantes de Tohjo. Triste saber que é necessário passar por toda essa burocracia, mas se fosse adiantar as coisas, menos mal, né?

Day Care escreveu:

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— Obrigada, Rick.

Enquanto aguardava o rapaz voltar, me direcionei com Ivy até um dos banquinhos que havia separado da fila, encostando as costas que se machucaram um pouco na encenação que fiz mais cedo. A dragoa até se preocupava um pouco com a onomatopeia que soltei, mas no fim acabou somente se enrolando em volta de mim, super protetora.

— Tá tudo bem. Não me machuquei, filha. — acariciei-a mais uma vez — Será que ele vai demorar muito?

Day Care escreveu:

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