[Battle Pyramid] ???5 - Mais um desafio.

O gato gargalhava quando Robin se decidia. Ele voltava a cantar e então sumir em seu buraco, enquanto a garota seguia por onde escolheu ir. O corredor à direita era exatamente igual ao outro, de modo que até o padrão de arranjo dos tijolos começava a parecer falso, como um papel de parede realista demais.

Seria preciso uma caminhada razoavelmente longa, de quase dez minutos, para que as coisas finalmente mudassem diante dos olhos e ouvidos da criadora. Sua trilha se abria num salão mais largo e igualmente comprido. No fim dele, uma porta de madeira branca, idêntica a outra que se encontrava na parede esquerda, quase no fim do salão. Dessa segunda porta vinha o chiar agudo de uma chaleira. Mas, todas as duas estariam fortemente trancadas.

Tudo bem, não eram elas que chamavam atenção, realmente, mas sim a mesa comprida bem no meio. Cheia de cadeiras e poltronas aleatórias, sem nenhum padrão estético ou arrumação. Sobre a mesa, um banquete farto até demais para o chá da tarde. Sim, preparavam um chá, a julgar pela imensa quantidade de bules e xícaras [imagem ilustrativa]. Curioso também é que cada comida e bebida tinha escrito em alguma parte, ou numa etiqueta, as frases: "Me coma" ou "me beba".


Fora tanta informação visual, não havia nenhum homem de chapéu por ali. Na verdade, não havia ninguém, exceto por uma "coisa" estranha, sem roupa e sem olhos, de cabeça baixa, que se sentava lá longe, na ponta da mesa e em frente a porta. Ainda assim, nada nem ninguém reagia de imediato à presença de Robin. Talvez ela precisasse se anunciar, ou sentar e tomar um chá...

Battle Pyramid – Noite | 17ºC – Bedendo

Quando Robin se anunciou, chamando por alguém, houve uma agitação detrás da porta à esquerda. Alguém se assustou e acabou deixando cair algo pesado e metálico, provavelmente um bule. Em instantes a maçaneta da porta girou e o autor foi então revelado:


– Oh, olá, jovem. – disse Mr. Rime, o Chapeleiro.

É, ele "falava" também. Fazia muitos gestos com as mãos e a face, pois não perdeu a essência mímica de suas evoluções passadas. Claro que a voz não era dele em si, mas sim de um discreto dispositivo que trazia preso ao pescoço. O gélido de Galar caminhava devagar, feito um idoso, apoiado em sua bengala. Soltou um suspiro de surpresa ao ver o "corpo" estático no fim da mesa.

– Ah, não, não, não... Eles fizeram de novo! Ainda vou morrer de arrependimentos por ter convidado os Sinistea pro chá. Uhm, uhm! – pelo jeito que Mr. Rime apertava os olhos, para olhar pela mesa, devia ter algum grau de miopia também; no fundo, era só um excelente ator! – Seria muita gentileza se o... A... Você pudesse ajudar este pobre e velho Rime a encontrar os Sinistea, uhm?! São três. Um é brilhante, então deve se destacar. São muito malandros e ficam aí escondidos no meio da louça. Só me aponte onde estão se os vir, não toque, a não ser que queira ficar igual seu colega ali. – apontou para o corpo no fim da mesa. Então, Mr. Rime se pôs a procurar, o que era realmente uma tarefa complicada já que a mesa estava atulhada de coisas!

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– Sim, sim. Esse pobre coitado deve ter se confundido e bebido um dos Sinestea. Eles roubam a energia vital, sabia?! – complementava o Chapeleiro enquanto Robin o ajudava na busca – Mas com você não vai acontecer, não é?! Veja só. Acho que são eles mesmos, você os achou! – Rime dava uma sapateada de leve, apoiado na bengala.

O gélido e velho Chapeleiro então inspirou fundo, enchendo os pulmões de ar. Quando soltou pela boca, veio um vento um frio repleto de partículas de gelo que varreram boa parte da mesa. Onde o Icy Wind tocou, congelou. Chás, biscoitos, bolos, Sinistea... Todos paralisados, congelados.

– Hehe. Pode deixar que daqui em diante eu cuido deles, não escaparão mais... – de repente o simpático Mr. Rime soou meio sádico.

Ele foi até a mesa e lá botou a mão numa chave antiga, que estava próxima do segundo Sinistea encontrado por Robin. Depois, também apanhou um potinho de porcelana que tradicionalmente continha cubos de açúcar. Mas, dessa vez, dentro dele estaria um punhado de shards vermelhas.

– Tome, criança. Leve isso como presente por ter me ajudado aqui. – entregou as shards – E isso, para abrir aquela porta e seguir seu caminho. – entregou a chave – Que a sorte esteja sempre a seu favor. – se despediu com um aceno, antes de voltar para a salinha de onde tinha surgido. Ali, deveria cuidar de uma forma de aprisionar os Sinistea. Mas Robin não tinha mais que se preocupar com isso, pois tinha o que precisava pra seguir em frente no labirinto.

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A chave daria a Robin o direito de prosseguir. Era um corredor idêntico ao anterior que a levou até aquela tea party bizarra. A única e maior diferença eram os vários caminhos alternativos que o cruzavam, ora para a esquerda, ora para a direita. Olhando de longe era até difícil determinar quantas alternativas ela tinha, além de só seguir em frente.

Mas, tudo isso era só parte da fantasia para entreter a audiência que assistia aos participantes no labirinto da pirâmide. Digo isso porque, no fim, só um caminho era realmente útil. Se fosse por tentativas e erros, Robin descobriria que todas as primeiras rotas levavam a um caminho sem saída, ou simplesmente a faziam andar em círculos até voltar para o caminho reto e principal mais uma vez.

Foi só depois de muito andar que ela encontraria um sinal de fumaça. Literalmente! Havia fumaça vindo de um dos caminhos à esquerda, bem lá adiante. Eram nuvens esparsas, coloridas, e pareciam formar as vogais do alfabeto antes de sumirem no ar. Mas só quando se aproximasse daquela esquina é que a garota escutaria a canção [música e imagem ilustrativa aqui].

– Aaa-E-I-O-Uuuu, A-E-I-O-Uuu, A-E-I-O-Uuu. – ouviria, em sincronia com as vogais lançadas na fumaça – Uuu, U-E-I-O-U-Aaa, U-E-Iii-Aaa, A-E-I-O-Uuu... – quem cantava era uma lagarta azul, que repousava sobre um imenso cogumelo amarelo, bem ao lado da fonte da fumaça, um alto narguilé.


– Quem. És. Tu? – diria a lagarta, pausadamente, quando notasse a presença de Robin.

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– Robin?! Não conheço nenhuma Robin. – concluiu como se aquilo fizesse algum sentido. Na hora de se apresentar, a lagarta deu uma voltinha sobre o cogumelo, para se mostrar – Sou Absolem, o absoluto. Se és quem diz ser e eu sou quem sou. Quem. É. Ele?

Absolem apontou os olhos e o corpo para a parede mais próxima, que era também o fim do corredor. Os "tijolos" dela, dava pra ver agora, eram todos falsos, quadrados; acenderam e apagaram repetidas vezes em sequência até ficarem inteiramente brancos. Números apareceram de repente, acima de colunas e ao lado de linhas de quadrados.


– Cinquenta e quatro espíritos caíram à esquerda. E cinquenta e quatro à direita. Ele não é nenhum deles, tampouco é todos. Muito menos a armadilha que carrega em sua pedra. – Blipbug contava em enigmas naquela voz mística – Toda maldição que o cerca converge para o mesmo número. Um que nem budistas em busca do Nirnava conseguiram alcançar. Quem. É. Ele? – repetia uma vez mais – Se sabe, basta desenhá-lo na parede. Apenas os quadrados certos nos revelarão. Prove que você é você, Robin que não conheço. – com displicência o inseto voltou para perto de seu narguilé, onde fingia fumar – Dar-lhe-ei três chances para me convencer.

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