[Missão Rocket] Mega Sigiloso

Missão de Inteligência — Matte

Quando Matte começou com aquele lenga-lenga, o guardinha já estava pronto para ser mais incisivo. Já estava até pensando no discurso! Ele ouvia aquilo tudo e esperava o momento certo de atacar, já com a boca e garganta salivada; evitando a secura que viria com o decorrer do esporro. O problema é que o Rocket aqui em questão foi mais esperto; ele reconheceu o quão tosco era sua desculpa e usara um artifício extra, que deu mais que certo.

O nosso guarda era até um bom profissional, mas não era lá tão honesto assim. Quando Matte lhe tocou com a maldita nota de 100 Pk$, ele simplesmente engoliu todo o seu discurso e quase se engasgou; dando tossidinhas leves. Após o vexame, tocou com os dedos a cédula, virou um pouco o corpo para a direita e puxou-a para o seu lado.

Levou dois ou três segundos para entender "o que ele fez" e "o que eu fiz", ma quando finalmente assimilou que - a partir de agora - era um corrupto, o homem abaixou-se um pouquinho e sussurrou:
- Preciso ao menos fingir - E começou a tocar Matte.

Ok, tocar é um termo meio estranho, mas fora exatamente isso que o policial fez. Eu não posso dizer "revistar", simplesmente porque o guarda não estava atrás de nada que o Rocket tinha! Ele simplesmente tocou-o em vários lugares, sem se preocupar exatamente com onde e nem o que achara. Fizera esse "apalpo" de duas mãos umas cinco vezes: uma no pescoço-nuca, outras duas no torço, uma de baixo do braço e outra nas coxas. Ao fim, liberou o rapaz e apertou o ponto no ouvido, falando em tom alto e claro:
- Capitão, na escuta? - Perguntou em voz alta, sendo respondido pelo ponto no ouvido - O cidadão está livre, sir! Pachirisu não tem Pick Up e o garoto foi revistado - Uma segunda resposta fora dada e Buck voltou-se a Matte para finalizar - Pode subir, senhor... desculpe o incômodo. Só seguir pelas escadas, mas você vai ter que atravessar um andar de cada vez., já que as escadas não são contínuas. A empresa ta tentando mudar isso...

Missão de Inteligência — Matte

Bleh... "nada de roubar". Pediu para que Azula não fizesse o que nasceu para fazer! A pokémon, tentando se mostrar muito mais forte do que é, ajeitou o cachecol, encaixou bem a máquina entre o lenço e seu corpo, prendeu-a bem com o atrito e mostrou as duas mãos livres, como quem dizia "Viu!! Eu conseguiria se precisasse!!". Balançou um pouco as mãos livres, indicando que conseguiria levar aquilo "sem as mãos" e, segundos depois, o objeto escorregara por debaixo do cachecol e alcançara o seu pé.

No desespero, Azul moveu rapidamente seus braços para baixo e segurou-o com precisão, evitando que ele caísse no chão e/ou fosse parcialmente revelado. "Ufa", pensou a esquilo, enquanto suspirava aliviado. Ali ela se tocara: mal conseguiria segurar um Hold Item que Matte lhe mandasse, quem dirá roubar algo do cenário.

Fora (ainda mais) frustrada que Pachirisu continuou a caminhada. O colo lhe incomodava? Certamente, mas era pequena demais para subir aqueles degraus com aquele peso, então ela apenas aceitou. Chegaram então no primeiro andar e FINALMENTE deram de cara com as primeiras covas. Nenhum funeral, nenhuma alma viva; apenas mortas. Nenhum pokémon, nenhum barulho e nenhum incômodo. Câmeras? Sim, estas existiam, mas ficavam estrategicamente localizadas nas entradas e saídas das escadas, vendo muito pouco dos "cadáveres" em si.

Nada demais. Um cemitério bem normal, bem vazio e bem "fantasma". Nenhum luto, nenhum choro... nada. A única coisa que destoava era uma cova ao fundo, que provavelmente fora de uma criança recém enterrada. Ela era decorada com cata vento e brinquedos; sendo muito mais colorida do que as demais. Se Matte nada quisesse interagir, poderia seguir para a próxima escada, que ficava no polo extremo oposto do andar. Havia um caminho entre-covas que lhe permitia transitar bem.

Missão de Inteligência — Matte

Pois com pragmatismo e objetivo, Matte seguiu para o segundo andar. Pachirisu subira com suas próprias pernas; apesar de atrasar um bocado seu treinador. Fazer o quê? Ela não queria ser carregada; muito menos ter que admitir que seria melhor que fosse. Subiram então até a entrada do segundo andar e ali não viram nada de muito novo, salvo uma pequena diferença.

Nesse andar, havia uma lanchonete. Dali da porta, não era possível ver muito bem, mas quando Matte fosse andando através do andar, ele repararia uma coisa MUITO peculiar.

Aquela era uma lanchonete-bar; extremamente peculiar. Tão estranhamente localizada que poderíamos comparar com os bares aleatórios no meio do campus da UFRJ da Urca. Afinal de contas, o que diabos um BAR está fazendo dentro de um CEMITÉRIO?! Pois é, meu rapaz; coisa estranha. A questão que deveria ficar era: por que não?

Simples: por que não?

O velhinho do boteco fundara aquilo a ANOS atrás e ganhara a melhor clientela possível para um barzinho fuleiro: homens de luto. Era padrão; aqueles que não superavam, choravam suas mágoas e marcavam presença no seu bar favorito. O mais engraçado é que a pergunta que fica é "ok, mas como Matte reparou isso?". Bem, havia uma placa enorme, em letras garrafas: LITRÃO DA PROMOSSÃO: CRYSTAGONAL 7,00 Pk$.

Além disso, haviam duas almas penadas (e bem vivas) sentadas em cadeiras de plástico, encostadas em uma mesa de plástico e bebendo em um bendito copo americano. Quantas almas penadas mortas estavam sentadas ali com eles? Não da para saber.

Missão de Inteligência — Matte

BORING! Mais um andar ultrapassado e nenhum tipo de interação; começo a achar que Matte realmente só quer se livrar de mim. Fazer o quê? Não houve mais dilemas, o menino apenas passou o andar seguinte (e o próximo) sem nenhum tipo de empecilho. Já estavam no quarto andar (e último) quando alguma coisa interessante FINALMENTE aconteceu. Com Azula indo devagar-demais, demoraram mais do que apenas "alguns posts" para subir. Claro que não houve intervenção; mas houve sim uma lerdeza. Coisa que algumas outras pessoas não tiveram.

... Coisa que fez Matte & Azula serem alcançados.

Uma pequena caravana havia chegado no Monte Pyre pouco depois de Matte ser abordado - e disso ele não sabia - e começara a subir as escadas para o enterro de... 'algo'. Não direi o quê e nem quem; não importa por hora. Esse grupo, subindo as escadas em um ritmo normal, ultrapassou a cova das crianças e depois os bêbados; chegando ali, exatamente onde a dupla estava.

O problema é que não eram dois ou três; eram vinte ou trinta, cavalando em direção ao andar mais algo. Passaram em tropa! Ultrapassando Azula e quase pisoteando-a; alcançando Matte que ficava logo na frente, esperando sua esquilinha. A caravana ocupou o espaço vago entre Pachirisu e Matte; deixando-os completamente perdidos. O Rocket não conseguia ver sua pokémon; e nem ela senti-lo por perto.

Missão de Inteligência — Matte

Deixa sua mãe saber que você ta chamando ela de "senhora de idade", meu jovem! Você vai tomar boas palmadas em casa, viu?! Mas agora, Matte, peço perdão por te levarem ao Cemitério em missão; mesmo sendo tão delicado para você. O que posso lhe dizer é que... bem, quem não tem problemas paternos, vai ter. Quem não vai ter, já teve. E quem não teve, tem. E quem tem, teve e terá... onde eu tava? Ah, você entendeu.

Ah, que seja, vamos ao que interessa. Primeiro que Matte começou a falar com uma velhinha; uma pessoa potencialmente aberta. De fato, a velhinha escolhida estava aberta à conversa, o erro-de-calculo da vez era apenas um: o luto. O tal do luto deixou a velhinha mais conversadeira do que de costume, passando uma das mãos no ombro de Matte, abrindo um sorriso-terno e falando:
- Aceito sim meu jovem, vem cá, vem cá... Benettite, traz a sopa! - Gritou. Seu grito invocou uma Banette de quase dois metros; extremamente gorda. Em sua mão um caldeirão de Sopa - Você pode levar isso aqui pra mim? Vô pro último andar.

Só que para além do panelão-de-sopa que a velha deu pra Matte segurar, ela fez uma maldita cara de cachorrinho-pidão; com o beiço flexionado e a íris completamente dilatada. Ela ia começar com uma ladainha qualquer, mas antes de eu começá-la aqui, devo dizer que Azula ouviu seu bate-papo e correu em sua direção; ainda não lhe achou, mas pelo menos sabia que estava por perto.