Hope estava preocupado que a Electrike que ele tinha capturado recentemente se tornasse uma mini versão de sua parceira de viagem. Oras, na cabeça do rapaz ele tinha toda a razão! O fato é que ele cometeu um grande erro ao dizer que libertaria-os depois que Lyris se cansasse de viajar. Quando ele estava prestes a grudar os olhos, sentiu duas patinhas encostando em seu ombro e uma pequena corrente elétrica. Sabe aquele arrepio de leve causado por eletricidade estática em objetos que tenham alguma carga? Era mais ou menos isso. A verdinha olhava pro não-aspirante a treinador com um ar meio irritado. Ela não falava, mas seu rosto era tão expressivo que era como se ela estivesse falando. "Você vai o que?! Repete!"

Além disso, a Electrike estava pressionando de leve as patas contra o ombro do garoto, como se tivesse ficado realmente incomodada com a ideia de um dia ser solta na natureza. Os motivos? Só ela sabe.

Enquanto isso, o Wailmer continuava sendo animado por Lyris. No momento que ela perguntou se ele estava pra baixo porque queria evoluir, ele assentiu com a cabeça. Mas negou com a cabeça quando ela perguntou se ele tinha medo de evoluir. Então, ele voltou a olhar pros outros Wailmers que pulavam, por um breve momento, como se ele quisesse estar no meio deles. Depois, voltou a olhar para Lyris. O rosto dele agora estava neutro, nem triste, nem feliz. O baleio começou a mover suas barbatanas de leve, fazendo um pouco de splash na água ao redor dele, mas bem contido. Parecia que ele estava começando a se empolgar de novo com a ideia de que, um dia, ele irá evoluir. Ambos os Mudkips estavam também tentando animar o grandão e entraram na água junto com ele, começando a brincar com a água, espirrando no Wailmer enquanto ele batia com as barbatanas na água e jogava uma quantidade meio desproporcional nos Mudkips, que eram bem pequenos se comparados a ele. Mas não tinha maldade no que ele fazia, estava brincando com eles, mas ainda meio relutante.

Enquanto o Wailmer se divertia com os Muds e Kips, Lyris fazia uma proposta inusitada: Ele se juntaria à sua equipe e a menina o ajudaria a evoluir, como ele realmente gostaria. O baleio olhou pro grupo de novo, mas Lyris conseguiu ver que havia um olhar de determinação e talvez até um pouquinho de raiva para com eles. A hipótese de que o aquático fosse apegado ao grupo era derrubada quando o Wailmer olhava para a loira e assentia com a cabeça. Se isso fosse uma cena de anime e ele tivesse mãos, essa era a hora que ele teria cerrado o punho apontado pra cima, próximo do peito. No caso, ele apenas sorriu e te observou, concordando com aquilo. Ele nem precisou pensar!

Os Mudkips estavam animados com o possível mais novo integrante daquele grupo, que não parava de aumentar. Espirraram mais água no Wailmer, que devolveu batendo as barbatanas na superfície do mar, espirrando água pra todo lado. Era uma festa só. Até mesmo Lyris saiu molhada dessa vez. Não muito, os splashes apenas espirraram um pouco na região da coxa direita. Uma mancha de molhado pequena, que não era muito intensa. A não ser que a garota resolvesse entrar na água pra brincar também....

Enquanto isso, debaixo de uma palmeira, Hope estava morrendo de medo de ser eletrocutado. Aquela verdinha estava praticamente ameaçando o rapaz, já que não havia gostado da ideia de um dia ser libertada. Novamente, apenas ela sabe o motivo. Os dois se encararam por um tempo, enquanto o garoto tentava se mostrar forte pra ela. No fim, aquele formigamento passou e a Electrike não estava mais preparando energia pra descarregar. Ela tirou as patas de cima do ombro do jovem e voltou a fitar o grupo de Wailmers ao longe. Diferentemente de antes, não estava completamente parada e sentada. Estava sentada, sim, mas agora seu rabo balançava e dava umas porradas no chão, como se estivesse batendo o pé. Novamente, a verdinha estava de costas pro garoto, como se estivesse ignorando ele. Mas, volta e meia, ela o olhava de rabo de olho.

Wailmer parecia ter ficado feliz com a oportunidade de se tornar mais forte e evoluir, jogando na cara de todos os outros Wailmers do bando, mesmo que eles nunca mais o vejam, ao menos o sentimento de conquista será satisfeito. A Pokébola envolvia-o com o feixe avermelhado, desmaterializando e sugando aquele grande monstrinho pra dentro. Como um dispositivo de apenas alguns centímetros de diâmetro podia conter criaturas tão imensas? Como diz aquele gordinho nas cidades iniciais... "Maravilhas da tecnologia!"

A Pokébola nem tremeu e um brilho imediatamente iluminou brevemente os arredores do dispositivo, sinalizando a captura. Como o grandalhão ainda estava no mar, a Pokébola caiu na água depois de capturá-lo e, logo após, Kip foi atrás do dispositivo, pegando-o com a boca e trazendo até sua treinadora. Já o Mudkip de Hope apenas o acompanhava, brincando um pouco no meio do processo, nadando pelas águas de forma brincalhona e jogando água na cara de Kip, que retribuía a brincadeira. Logo estavam em terra firme novamente, sequer se incomodavam em sacudir o corpo pra tirar o excesso de água. Estavam pingando e nem ligavam. Kip devolve a Pokébola pra sua treinadora e agora estão todos prontos pra retornar até Hope...

Por falar nele... O garoto estava descobrindo como era lidar com tantas garotas "tsundere" de uma vez só. Não apenas Lyris - que o garoto considera ser assim - mas agora descobriu que sua Electrike também tem uma personalidade bem forte. Ele já começa a traçar um plano de contingência pra lidar com as "fêmeas descontroladas", enquanto ainda tira um pouco de onda com a elétrica ao falar no telefone com sua companheira. A verdinha, no entanto, parecia estar dando um pouco de gelo no rapaz, mesmo sendo um Pokémon do tipo elétrico. Ela continuava sentada, observando os Wailmers pulando na água (sim, eles estão fazendo esse show até agora), enquanto seu treinador aparecia ao seu lado, de pé. Ela não reagia de forma alguma, nem tentando se afastar, nem demonstrando carinho. Apenas estava ali... A Electrike e seu treinador, enquanto a loira não chegava.

A garota tentava fazer com que todos os Pokémon se enturmassem, formando algo que parecia ser uma enorme família. Pela natureza brincalhona dos Mudkips e a natureza assertiva do Wailmer, não era difícil pra que os aquáticos se enturmassem entre si. Já os elétricos pareciam se dar melhor apenas entre si, mas se esforçavam pra se enturmar com os aquáticos também. A menina não foi respondida com palavras, mas a Electrike de Hope deu a entender que estava tudo bem, que Hope não havia feito nada com ela que tivesse deixado chateada. Já Wailmer tentava acenar para Hope com sua barbatana, mas ela era meio curtinha e o baleio teve dificuldades pra isso. Foi uma cena engraçada, até.

Em seguida, uma cena bastante peculiar, que o narrador não esperava. Lyris ficou completamente enciumada com as palavras de Hope ao telefone. O casal parecia mesmo casados, sendo os Pokémon os filhos bastante peculiares deles. Duas duplas de gêmeos e um adotado. Eles ficavam brincando enquanto a moça discutia com o rapaz, dando um belo de um ultimato nele, enquanto as crianças sequer sabiam o que tava rolando, por estarem ocupados demais se divertindo.

É, senhor Nightingale... Não tá nada fácil com essas "fêmeas descontroladas". Ao menos, o cabelo de Lyris que estapeou seu nariz deveria estar cheiroso... Ou só com cheiro de puro sal do mar, mesmo.

Por fim, o casal ficava um jogando a bola pro outro pra decidir em que direção seguiriam a partir dali. No fim, não decidiam nada. Hope dava uma sugestão de ir pra Rota 122. No entanto, era uma opção parcialmente inviável. Teriam que cruzar as águas, passar pelo Mt. Pyre pra depois cruzar mais águas pra chegar na rota 122. Isso, ou dar toda a volta pela Rota 109, depois 123 pra então chegar na 122. Era possível? Era possível. Restava o casal decidir o que fazer...