Os Caçadores do Mausoléu Perdido!

Tauros estava se divertindo muito, não só com a escovação mas também com a neve espalhada pelo rancho todo! E é muito bom ver uma criatura tão feliz e a vontade assim. Ainda mais uma que foi abandonada pela sua condição. É gratificante vê-lo bem e alegre neste rancho, um lugar onde recebe carinho e atenção. E era muito gratificante contribuir mesmo que um pouco nessa história!

Bom, com todos limpos e escovados, era hora que resolver o problema com a neve. E por falar em problema, eis que surge Sr. Fugo de dentro da casa, obviamente espantado com tudo aquilo. Não consigo conter o constrangimento em ter gerado esse tipo de situação, levando a mão até a nuca e olhando para Kinney. - Então Sr. Fugo, me perdoe. - comecei com o pedido de desculpas, inclinando o corpo para frente - Travei uma batalha com o Tauros e a habilidade de minha parceira Ciri provocou uma alteração no clima. Mas iria começar a limpeza agora mesmo! - então, sem mais demora, devolvi Ciri para sua pokébola, já que o tempo fechado iria atrasar o nosso processo, e me dirigi a Kinney - Vamos começar a remover essa neve, garota! - e então, voltamos ao trabalho!            

Me pegando completamente de surpresa, Sr. Fugo libera uma Ninetales kantoniana, que logo que aparece faz as nuvens recuar e trás novamente o sol para o gramado! Com toda a certeza aquilo ajudaria, e muito, o derretimento da neve. E sim, a água faria muito bem para as plantas e para os Pokémon - Olha Ciri, sua prima de Kanto! - minha Ninetales alolana parecia curiosa e surpresa tanto quanto eu com aquela presença. Retribuindo a saudação, ela se senta sobre a neve em derretimento, observando o sol. - Bom, vamos ao menos espalhar a neve para não formar poças. Kinney, ajude-me aqui, sim? - minha Weavile poderia ajudar com suas garras ou mesmo tentar usar uma vassoura ou aqueles garfos grandes de jardinagem. Mas então me lembrei de algo importante. - Ah, Sr. Fugo, tudo certo com o ritual? - não poderia perder de vista meu objetivo naquela cidade, que era descobrir se aqueles boatos que ouvi eram reais, sobre o tal local perigoso.

De todo o modo, me ofereci para fazer trabalhos naquele lugar e assim o faria, passaria a tarde fazendo o que a necessidade pedisse para fazer, e então aguardar o anoitecer.              

Pronto! Com a neve derretida e devidamente espalhada, era hora de retomar o que viemos fazer. Bom, na verdade, ainda não anoiteceu, então não havia, de fato, muito mais o que ser feito. Fiquei ali, então, fazendo qualquer outra atividade que Sr. Fugo teria por me dar enquanto estivesse me voluntariado e aproveitei pra aprender uma ou duas coisas com ele e os demais voluntários. Coisas básicas, dicas de cozinha Pokémon, pontos de trato de meus próprios Pokémon que ainda não havia prestado a devida atenção antes. Foi durante um desses momentos que recebi uma mensagem em meu Rotom Phone: “Príncipe, estou chegando em Lavander! Onde você está?” Cindy?? Ela realmente veio para Johto! Enviei as coordenadas para ela, e já que iria esperar o anoitecer por ali mesmo, a ONG era o melhor local.

E assim, depois de algum tempo, eis que recebo a mensagem de que ela estava na porta. Logo ela correu para me abraçar, e também me dar uns cutucões nas costelas! - Como você ousa ficar tanto tempo assim sem me ver, senhorito??? - não tinha como me justificar, apenas… - Ai, ai! Desculpa! - pedir desculpas. Kinney pulou nos braços de Cindy, como boa amiga e cúmplice que era. Já Cindy parecia querer algo diferente. Com o focinho, cutucava uma das esferas na cintura de Cindy. - Ah, só um minuto Ciri! - entendendo o que a minha raposa queria, Cindy liberou da esfera Olaf, o Ninetales Alolano que resgatei do acidente do zoológico! E ambos estavam felizes em se ver!

- Bom, agora que estou aqui, o que temos para fazer?
- Temos? Como assim?
- Ora, você me disse que tinha algo importante para fazer na cidade, vim te ajudar e matar a saudades!
- Ah, não sei amor… sabe, é perigoso.
- Eu tô com você, o que pode dar errado?
- Heh… bem, estou investigando um boato sobre um lugar perigoso na cidade. Com fantasmas e Pokémon poderosos.
- F-fantasmas?
- É. Tá com medo?
- C-claro que não! Hunf!
- Haha! Mas antes disso estou ajudando essa ONG aqui. Aliás, acho que você vai adorar!

E então levei Cindy para dentro. Ela ficou maravilhada com o trabalho daquelas pessoas, até chorou com o carinho recebido do pequeno Growlithe. Já estava quase anoitecendo, e iríamos para o cemitério em breve. Agora era aguardar Sr. Fugo.                

É, ainda não tinha me atentado para essa questão. Mesmo que tenha medicado minha Ninetales, a batalha foi bem acirrada e ela merece cuidados mais específicos. Quanto à pergunta que Sr. Fugo lançou para nós… - Sim, eu vou junto! - Cindy prontamente respondeu, mesmo não se importando com a palavra “cemitério” junto ao destino. Bem, se foi proposital ou não, logo ela iria descobrir. Por hora, era melhor seguirmos até o Centro Pokémon mais próximo.

No caminho, Cindy foi me colocando a par do que estava acontecendo na sociedade. - Tivemos novos recrutas, você viu? - ela me dirigia aquele olhar de muleca, ansiosa para contar uma novidade - É, eu vi uma movimentação maior no grupo de mensagens, mas só entro lá para fazer reportes mesmo… - desviei o olhar um pouco ao falar essas palavras, já que há muito tenho me sentido mais… deslocado dos lobos. Passo muito tempo na estrada e é raro dar as caras em alguma das bases. Mal tenho visto os mais velhos, quiçá os líderes. Francamente, é um milagre que ainda não tenha recebido nenhuma notificação. Cindy claramente percebeu, tanto que se aproximou e entrelaçou seus braços ao meu - Sabe que todos gostam de ter você por perto né? Deveria aparecer mais… eu senti sua falta. - argh! O sentimento de ser um péssimo namorado atacando novamente! - Desculpa. Acho que não sei mais me fazer presente… - o lamento era verdadeiro. Tanto para meus companheiros de sociedade, quanto para minha namorada, até mesmo minha família. Eles sempre mandam mensagens e tento responder sempre que posso, mas a presença mesmo, a física? Tenho deixado a desejar. - Não, não! - Cindy balança a cabeça, apoiando-a em meu ombro em seguida - Não tem que se desculpar, amor. Você tem suas obrigações, e todos somos gratos pelo seu serviço e pela sua amizade. Não se cobre tanto, tá? - e então, um beijo no rosto - Você é o melhor namorado que pode ser, e o melhor que poderia pedir! - como não ficar derretido com essas palavras? Me permiti uma demonstração de afeto em público e beijei Cindy.

Estamos, então, diante do Centro Pokémon. Hora de dar um tratamento adequado a Ciri e rever minhas provisões. Espero que os fantasmas estejam tranquilos hoje.                  

Ciri teve o tratamento médico que merecia depois da batalha, enquanto eu recebia outro tipo de tratamento, um mais emocional. Ter Cindy comigo era um respiro, um momento de paz e de apreciação. Quando foi a última vez que realmente me senti à vontade e disposto a fazer algo? Esta “investigação”, por assim dizer, foi que decidi depois de me sentir desafiado a isso, a desvendar o segredo ou o mistério por trás do boato. Ou talvez, eu esteja só indo em busca de uma nova forma de conseguir poder. É. Ali, sentado junto de Cindy, me peguei olhando para o nada e pensando. - Cindy. - disse em um tom mais baixo do que imaginava - Eu realmente preciso ficar forte? - essa pergunta veio de um local dentro de mim que desconhecia. Até Kinney me olhou de uma forma estranha.

- Gal? - claramente confusa, ela me olhava - Por que tá perguntando isso? - o olhar de Cindy era um misto de espanto e confusão. Como se… ela não reconhecesse mais a pessoa ali diante dela. Mas eu ainda não conseguia olhar para minha amada. - Por que eu quero tanto ser forte? - olhei para minhas mãos. Mãos que protegeram pessoas. E que já condenaram outras. Levantei a cabeça, respirando ainda mais fundo. O ar estava mais… pesado. Difícil. Meu coração começou a disparar. Os sentidos de Kinney captaram a alteração, de alguma forma. Minha felina se colocou de pé, apoiando as garras sobre meus ombros. Cindy foi um pouco mais incisiva. Segurando meu rosto com suas duas mão, ela forçou minha cabeça para seu lado, para que meu olhar encontrasse o dela - Gal! Você não tem que ficar forte sozinho! - seus olhos estavam marejados, muito preocupada. Ela nunca tinha me visto naquele estado. Bem, eu nunca tinha me visto nesse estado. Tive que abrir minha boca para conseguir respirar melhor. O coração ainda mais disparado. Minha mente estava uma confusão completa. Coisas que não fiz, que poderia ter feito diferente, que poderia ter trabalhado mais para conseguir… a garota na floresta Ilex sendo morta na minha frente, o monstro de Lilycove destruindo o corpo do recruta ranger na praia, os olhos da Rocket colorida sendo tragada pelo espaço. Inúmeros outros momentos em que poderia ter feito diferente sendo envolvidos por um único pensamento: “Se eu fosse mais forte…”

Quando dei por mim, estava com a cabeça repousada sobre o colo de Cindy. Kinney abraçou meu torso. Desde quando controlar a respiração era tão complicado? Desde quando esses pensamentos são tão… perturbadores? Nem ao menos conseguia controlar o foco da visão, estava toda embaçada e tão confusa quanto meus pensamentos. Um dos enfermeiros do Centro Pokémon veio ao meu auxílio, com um tipo de calmante. Me recusei a tomar, não teria como ficar dopado. Ao menos ainda não. Ela e Cindy conversaram sobre algo. Alguma coisa relacionada a ansiedade. Cindy estava ansiosa para a ida ao cemitério? Não consegui entender muito bem. Apenas me levantei, sendo amparado por ela e o enfermeiro, e me coloquei a andar.

Quando as coisas clarearam, já estava fora do Centro Pokémon. - Ei! Como vim parar aqui? - pelo visto tínhamos andado alguns bons metros para além do prédio. E… Ciri? Desde quando ela saiu da pokébola? E por que ela estava tão próxima de mim? - Você… não se lembra? - Cindy perguntou. Por que seus olhos estavam vermelhos? - Lembrar do que? Tá… a gente estava no Centro Pokémon, e começamos a conversar sobre… algo. - por que tudo estava tão nublado dentro da minha cabeça? - Ah, nem era nada importante, amor! - com aquele jeitinho Cindy de ser, desconversou e deixou a coisa mais leve. Afinal, se ela disse que não era importante, muito provável que realmente não fosse.

Continuamos a conversar sobre assuntos mais corriqueiros até voltar para a ONG, e Sr. Fugo já estava nos esperando. Mas espere, roupas tradicionais? - Ah… claro! - recebi o colar das mãos do homem e coloquei em meu pescoço. Cindy fez o mesmo. - Bom, então acho que é hora de… hein? - antes que pudesse terminar de falar, senti algo se movendo dentro da minha mochila. Era uma das incubadoras que trazia comigo! Um dos eggs estava chocando! Ali, no meio da rua mesmo, retirei a incubadora e esperei a magia acontecer. E depois de algum tempo, uma pequena criaturinha quadrúpede surgiu. A crina alongada parecia pesar, já que o equilíbrio não parecia ser a melhor das aptidões da pequena equina feérica! Uma linda e fofíssima Ponyta galariana surgia! - Aii, que fofinha! - Cindy logo de abaixava para brincar com a pequena. Segui o gesto. Ela estava animada, saltitando para todos os lados, feliz por ter nascido! - Bem vinda ao mundo, pequena! - acariciei a fadinha equina, que decidi chamar de Scadufax, em homenagem a senhora dos cavalos que li em um livro de fantasia. Com mais um membro da equipe devidamente nomeado e apresentado ao time, era hora de seguir para o cemitério.