Flesh without Blood

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[spoiler=OFF] Knock Off e Carbos.[/speoiler]

Era bem claro que Meloetta não estava se controlando, e eu pensei que todos haviam compreendido isso, mas Hati aparentemente não. Não a culpava contudo, eu também faria de tudo para defender os meus, então de certa forma a entendia. Quando ela começou a brilhar juntamente ao piercing de Winnie, eu simplesmente fiquei boquiaberto: era lindo. A energia que emanava da canídea era quase palpável, e eu me sentia pressionado só por estar na presença dela; aquilo passou a ser contemplativo pra mim, e eu não pude disfarçar meu rosto de admiração por tudo aquilo. Hati era incrível, Winnie era incrível, se algum dia eu duvidei da forma que ela criava seus Pokémon, aquela Mega Houndoom era a prova de que funcionava, de um jeito ou de outro.

Tão atônito que fiquei nem consegui ordenar corretamente meus monstrinhos, mas depois de uma aventura como essas eu confiava piamente a seu julgamento para derrotar Meloetta. Eles lutavam lado a lado com a canina de Winnie, majestosos contra a boneca do mal, e eu não pude evitar de ficar orgulhoso de meus bebês; tenho que admitir que eu babava meu próprio ovo, mas isso vocês já perceberam. A ígnea disparou uma rajada de energia noturna concentrada de sua boca que simplesmente me tirou de meus pensamentos e me fez pronunciar um palavrão. Tudo ao redor ficou mais escuro só por olhar para o golpe dela, e eu, mais uma vez, a encarei maravilhado.

Será que algum dia eu teria tal poder? Seria eu capaz de controlar uma fera como essa? Dúvidas para outra hora, agora tínhamos de lidar com uma briga entre Vio e Hati. Meu Nidoking queria a impedir de continuar, de dar o golpe de misericórdia contra Meloetta que nada mais era além de uma marionete literal em toda aquela história. Se tem alguém que não merece isso, é ela, e Violate pensava do mesmo jeito: se colocou a frente da Mega Houndoom com os braços abertos, protegendo a pequenina. Eu não sabia daquele lado altruísta e "protetor dos fracos" dele, mas certamente me agradava. Lealdade era algo importante. Mantive um pequeno sorriso em meus lábios ao ver tudo aquilo e, pela primeira vez, deixei a situação se resolver por si só.

Felizmente, tudo terminou bem, com Ran entrando na frente de sua companheira e a impedindo de atacar um membro de seu próprio lado; sendo bem sincero, se fosse antes eu provavelmente faria um escarcéu pela maneira que ela tratou meu monstrinho (tal qual o começo da rota, com Kouman), mas agora eu só queria aplaudir o roedor roxo por sua atitude. - Fique calmo, Vio. O que você fez foi muito digno, estou realmente orgulhoso. - Disse depois de me aproximar de toda a treta e fazer um carinho na cabeça dele, que mantinha a mandíbula cerrada, em sinal de preparação para uma batalha que não aconteceria. - Vamos acalmar os ânimos, pelo jeito teremos outro desafio a frente.

Nessa hora eu apontei para o Ventríloquo que, magicamente, resolveu reaparecer ali e nos desafiar. Era bem claro, desde o início, que ele estava por trás disso tudo, e eu só estava esperando o momento que ele reaparecesse; agora, era hora de enfrentar a verdadeira anomalia do mundo dos sonhos. - To contigo. - Proferi para a garota, alcançando o passo dela e me aproximando do boneco. Era realmente hora de acabar com aquilo logo, e finalmente poder voltar a realidade.

Mesmo que eu não estivesse pronto para encarar a vida que deixei para trás mais uma vez...

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Tensão. Hati e Violate não estavam na mesma página, mas depois que a energia da megaevolução dissipou da canina, sua razão retornou aos poucos, e quando passou ao lado de Meloetta e a percebeu completamente desacordada, percebeu que teria atravessado uma linha perigosa demais se não fosse pela intervenção do gigante venenoso. Do outro lado, o Nidoking se sentia acolhido no toque de Luke, tendo um reforço positivo em sua iniciativa altruísta, e isso definitivamente impactaria seu caráter. Assim como em seu sonho, Violate deseja batalhas gloriosas, oponentes dignos que o levem a superar seus próprios limites. Mas por outro lado, não é nada fã daqueles que abusam daqueles que usam de poder para reprimir os mais fracos. Não que esse fosse o caso de Hati. Ele compreendia que a canina estava furiosa com o risco que sua treinadora e seus companheiros passavam e apenas agia com a violência que julgava necessária. Porém, ele tinha que pará-la, e por sorte teve auxílio de Ran, talvez o mais sensato dos Pokémon de Winnie naquele momento.

Falando na pequena anfíbia, ela lançou um olhar inquisitivo para sua treinadora enquanto ela dizia algumas palavras. Talvez Kouman quisesse tirar algumas satisfações com algumas atitudes vindas do time de Luke, mas tanto por Ran quanto talvez Hati não tivesse um sentimento de rivalidade. A verdade é que, para a anfíbia, a presença deles ali não fazia diferença. - Não gosto dele! Cara metido! - Kouman resmungava, em voz baixa, talvez tentando buscar algo de Hati, uma fofoca que seja. - É mesmo, Kouman? Será pelo fato de que ele é tudo o que você gostaria de ser? - Ran não conteve a grande língua dentro da boca, recebendo um olhar de surpresa por parte de Hati e outro de desagrado e birra por parte de Kouman - Para de fazer birra e observe-o. Talvez consiga aprender algo… - mais palavras sairiam de lá, se não fosse - Chega. - Hati decreta, parando de andar. - Violate. - sem se virar para trás, ela chama pelo Nidoking - Obrigada. - e seguiu sua marcha ao lado de Winnie. Ran permanecia de braços cruzados, sem dizer mais nada. Já Kouman, este permanecia imerso em seu silêncio.

E então, alguns passos depois, estavam diante do Ventríloquo - HYAHYAHYAAA! Sim, oh doce discórdia! Vamos, briguem, briguem! Ao chegar a hora, não haverá misericórdia! - o boneco gargalhava, se divertindo com a tensão que brotava no meio dos treinadores, amigos, parceiros de sociedade e comparsas de crime, mesmo que ainda não soubessem disso. - Meloetta é uma inútil, mas fez sua parte! Agora com o poder que acumulei, ninguém impedirá minha obra de arte! - e, puxando as cordas, ele revela uma criatura grotesca, grande, emanando uma aura ameaçadora e maledicente. - HYAHYAHYAAAA! Não há ninguém que faz minha movimentação! E essa é a minha voz, não é voz de outro não! - e em seguida ele abre os braços rapidamente. A forma sombria que se formava à sua frente se funde com sua forma de boneco. Todas as cordas que o prendiam se rompem! - HYAHYAHYAAA! Ei! não há cordões em mim! - e urrando de forma ameaçadora, deixa claro o que era a fonte daquela anomalia!

                                     

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A tensão crescia entre nós, mas era realmente estranho a forma que os Pokémon de Winnie agiam. Eu não sabia que todos eram daquela forma, impetuosos e teimosos, mas os meus monstrinhos também estavam estranhos. Era como se os sentimentos deles, aqui, tivessem sido amplificados, eles sentiam muito mais e agiam muito mais por impulso. Talvez tivesse a ver com estarmos no mundo dentro da cabeça deles, ou talvez fosse influência do Ventríloquo. A última foi o que me surpreendeu, porque ele praticamente confessou que era culpa dele estarmos brigando.

A atitude de Hati, contudo, me surpreendeu bastante. Só me fez ter ainda mais admiração pela canina, além de ter toda aquela força ela era madura e sabia exatamente o que falar; agora eu entendia porque Winnie confiava tanto nela. Antes de nos aproximarmos do monstrengo, ainda durante a cena tocante, Violate se sentiu completamente realizado. Ele havia conseguido o respeito de uma Pokémon extremamente poderosa, e eu estava bastante feliz também. - Obrigado, Hati. - Proferi num tom que ela ouvisse, mesmo ainda um pouco longe. O clima estava bem melhor agora, mas não duraria muito tempo.

Thetis, ainda quieta, andava mais próxima de mim como durante toda a aventura, mas quando tudo aconteceu, ela estava brava. O Ventríloquo se transformou em uma espécie de gênio maligno dos sonhos, que claramente era o motivo da anomalia que Fennel descobrira antes; era o momento de enfrenta-lo, e eu sabia exatamente quem usar na batalha. - Me ajuda nessa, filha? - Me ajoelhei ao lado da carapaça da aquática, e ela parecia surpresa em eu chama-la para batalhar, dentre os outros dois. Mas eu sabia que ela precisava disso para aumentar sua confiança, e lutar sozinha seria o boost que ela estava necessitando. - Scald e Baneful Bunker! - Optei por uma estratégia um pouco mais ofensiva do que o normal.

Geralmente só meteria Toxic e Baneful Bunker, mas algo me dizia que essa acabaria logo.

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As reações foram mistas àquela altura. Luke se diria a Thetis, que até então ficou na retaguarda o tempo todo. A venenosa olhou para a monstruosidade onírica e cerrou os olhos. - É ele? Ele tá fazendo isso? - ela, então, respira fundo, e se coloca à frente de seus parceiros - Vou te mostrar o que acontece com quem mexe com meus sonhos, BABACA! - ela era irada! - Da na cara dele, The! - com Muk na torcida, como não se empolgar? Violate apenas observava, preocupado. Ainda mais depois de ouvir que Winnie enviaria Kouman para a batalha.

Este, inclusive, não gostou nada da ideia. Mas não havia saída, já que foi uma ordem direta! Ran não se manifestou, mas Hati tentou incentivá-lo. Depois de alguma birra, o tirano se posicionou ao lado de Thetis. O Ventríloquo gargalha - HYAHYAHYAAA! Um medroso e uma alienada? É isso que tenho diante de mim, uma perfeita palhaçada! - e urra, formando em torno de todos um tipo de aura mística em torno de todos. (Misty Terrain on) A reação de Kouman foi urrar também, só que de susto. O resultado disso foi a formação de uma forte tempestade de areia no campo. (Sanstream on)

Thetis solta um grito agudo de dor. A tempestade de areia a machucava. Kouman olha para baixo, confuso. Violate cerrou os olhos e tentou dar um passo à frente, mas foi impedido por Miyan. - Dá uma chance pro garoto… - sussurrou o venenoso. Kouman estava sem palavras, mas se surpreendeu com a reação de Thetis. - Tá tudo bem Kouman… - ela sorria, olhando para seu parceiro de batalha - N-não precisa se preocupar… eu sou forte também! E não tenho medo de você, grandão! - as palavras poderiam ser interpretadas de várias maneiras, mas no coração de Kouman, elas atingiram um ponto preciso. Seu pesadelo, o de ser um gigante poderoso em meio a um mundo frágil, era desfeito pelas palavras da aquática. Ela não o temia porque sabia que ele não a faria mal. Agora, livre de todo o receio, o tirano urrava, como toda a confiança. - Cuida dela, Kou… - Violate tentou gritar algo, mas foi interrompido por Kouman. - ELA NÃO PRECISA DE PROTEÇÃO! - o grito dele fez Violate arregalar os olhos, e arrancou um sorriso de Miyan. - É isso ai! Vamo nessa, grandão! - Thetis também parecia livre de seus receios, e agora era hora de lutar!

O monstro gasoso era mais ágil. Erguendo as mãos para o alto, ele começa a cantar algo, um tipo de marcha fúnebre desafinada. (Perish Song on) Kouman e Thetis sentem aquela música indo fundo em suas mentes, mas não recuam. O gigante tirano corre na direção do monstro e o agarra com sua mandíbula, fazendo questão de morder várias e várias vezes antes de soltar! (Ventríloquo -78) Isso por si só já o deixou muito debilitado, mas não parou por ai. Logo em seguida veio o disparo de água fervente, liquidando de vez a ameaça! (Ventríloquo -22, faint)


Campo: Igual ao anterior.
Misty Terrain ON
Sandstorm eterna

- NÃO! NÃÃÃÃÃOOOOO! -  a criatura urra de agonia, sentindo seu corpo todo se desintegrar e volta ao buraco sombrio de onde veio. Toda a distorção caótica e maledicente em torno do Dream World começava a se reverter, trazendo de volta o aspecto clássico do mundo dos sonhos. Estavam, novamente, diante do castelo com o jardim vivo, orquídeas voadoras e cores vibrantes. Meloetta também retornava a consciência, agora não apresentando mais nenhum traço de controle mental.

- Pe… pessoal?! - a voz da Dra. Fennel se faz ouvir na mente de todos eles - Vocês conseguiram! A anomalia se dissipou! - pelo visto a missão tinha sido um sucesso! A grande ponte de arco-íris estava à vista, com esta sendo a porta de saída para todos ali. - Obrigada por me salvar! - Meloetta agradece, se colocando de pé e indo na direção da ponte. Agora, restava o retorno a realidade, mas… era realmente isso que Luke queria?                                        

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Toda a cena me tocou bastante, vou admitir. Thetis se sentia renovada em questão de coragem e junto de Kouman ela facilmente derrotaria o monstrengo. Se tinha uma coisa que eu havia aprendido hoje era sempre repensar meus achismos, não ficar apenas com a primeira impressão e, mais importante: confiar em mim. Cada um dos meus monstrinhos me ensinou isso hoje, de maneiras diferentes, a coragem de Violate, a inteligência de Miyan e a segurança de Thetis. Essa aventura com certeza ficaria para sempre em meu coração, por me ajudar não só com isso, mas esquecer completamente os problemas do mundo exterior; realmente precisava vir para cá e passar por tudo isso para superar.

Mas não posso esquecer da minha companheira, quem dividiu comigo tudo isso e todas essas emoções; afinal, quando voltarmos para o mundo real, só eu e ela poderemos falar sobre o que aconteceu aqui. Winnie era a única com quem eu poderia conversar sabendo que entenderia meus sentimentos, e apesar de nossas desavenças no começo, eu aprendi a respeitar ainda mais ela. A maneira que ela trata os Pokémon dela é certamente diferente da minha, mas não significa que seja errada; afinal, se fosse assim, Hati não teria a força e autoridade que tinha, assim como Kouman não teria aprendido nada hoje e Ran não seria tão inteligente e astuta quanto era. Acho que eu aprendi mais com ela do que realmente queria admitir, mas isso era um papo para outra hora.

Por agora, apenas observei enquanto Kou e The arrasavam com a cara do Ventríloquo e nos traziam a vitória. O ambiente ao nosso redor começou a se dissolver da mesma maneira que se formou, e em poucos segundo estávamos ouvindo a voz de Fennel através de nossa mente; Winnie parecia determinada a voltar para lá logo, eu suspirei bastante e aceitei ir também. O que eu tinha de aprender ali já estava concluído, e eu estava preparado para enfrentar o mundo real uma vez mais, confiante e determinado. - Obrigado por tudo, amiga. - Segurei na mão da rosada e lhe dei um abraço apertado antes de sentir que finalmente iriamos ser puxados para fora.

Hora de voltar pra realidade.

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A voz de Fennel era um acalanto para Winnie, que não aguentava mais estar ali, naquele ambiente maluco, com Pokémon falantes e cheios de personalidade! Luke também almejava retornar, de alguma forma aquela experiência trouxe novos ares para o especialista. Um a um, os Pokémon atravessavam, até que os treinadores os seguiram. O Dream World era deixado para trás, assim como as experiências.

Dra. Fennel já os aguardava após seus respectivos despertares. Nenhum Pokémon falava, e também não havia sinal de Meloetta. A cientista entrega para ambos barras de chocolate que, segundo ela, ajudaria na recuperação pós-viagem para a terra dos sonhos. Agora, cada um deles segue seu respectivo caminho, mas com as lembranças daquela aventura viva dentro deles. Ou melhor, havia uma música que não parava de tocar dentro da cabeça deles. Uma música cantarolada por uma Pokémon…

ROTA
ENCERRADA