[Ranger - 1] Gostoso e "Inocente"

Heh. O que eles esperavam? Ele não poderia simplesmente largar tudo pra vir. Existem coisas mais importantes... Mas isso, pra mim, não importa agora. O que realmente importava é que CARALHO como dói. Desgraçada, é gostosa e do mal ainda. Não esperava que ela fosse usar o funcionário como se ele não valesse nada. Se duvidar o cara morreu e ela não tá nem aí. Mas ainda temos mais problemas... Aparentemente o choque elétrico pegou em meu braço, mas consegui fazer o mais importante, que era arrumar um jeito de sair.

A doutora lindinha fazia um pequeno discurso de vilã, que eu apenas respondia de forma debochada, ao mesmo tempo que escondia as chaves nas roupas. -- Você vai ser minha ultima refeição? Eu comeria bem feliz. Hahaha, ai porra... -- Não conseguia manter a pose e rir, pois com os movimentos de risada o corpo doía fortemente. Então ela começava a se afastar, na verdade todos eles. O isolamento retornava. Mas agora eu já tinha minha escapatória dali. Resolvi esperar um pouco, por dois motivos: Para me recuperar fisica e psicologicamente daquela descarga elétrica e também para dar tempo de se distanciarem o suficiente pra não me deparar com ninguém logo na primeira esquina. Isso ainda estava muito longe de acabar, ainda tinha que achar Peach e Nanna, e recuperar a escuta. Por falar nisso... Assim que perderam meu sinal, já deviam ter começado uma força tarefa, não? Tô valendo tão pouco assim? Ah, que se foda, minhas garotas são mais importantes agora.

Por fim, depois de esperar, iria sorrateiramente abrir a cela e começar a vagar pelos corredores do local, já que eu não conhecia nada dali, explorando e tentando descobrir onde elas poderiam estar presas.


Deu, certo! Deu certo! Loirinho, eu vou te salvar! Vamos, Nanna, vamos! Eu começo a voar pelos corredores, mas sempre esperando minha companheira. Estou visivelmente feliz, nem consigo esconder. Acabei me esquecendo de dar tchau pros amigos mas acho que eles estão felizes suficiente depois do que fizemos. Vamos, Nanna, vamos!

As coisas pareciam estar dando certo. Agora faltava a gente não ser pega no meio do caminho. Eu estou com esperanças, mas com medo... E se, no final, realmente ele nos deixou aqui? E se não conseguirmos sair? Não, não, não vou pensar nisso. Vou apenas seguir a Peach e seja o que for pra ser. Isso... Sem pessimismo agora... Apesar que não fazemos ideia de onde ele poderia estar, mas ao menos vamos tentar procurar... Lembro de ter visto umas coisas enquanto a gente era levada pra arena. Talvez seja um lugar pra começar a procurar.

Estava sentindo tudo e sabia que podia ser um problema. Os espasmos certamente me atrapalhariam se eu precisasse brigar, e se eu precisasse correr esses batimentos acelerados não me deixariam ir longe antes de desmaiar ou pior. Mas eventualmente teria de sair. Eu precisava encontrar elas duas... Ou foi o que pensei.

No fim, elas me encontraram. Nanna parecia desesperada pra me tirar dessa cela, chutava a porta, e até ameaçava utilizar fogo pra derreter tudo, mas logo a impeço. -- Ei, ei, calmou. Toma, tenta abrir pelo lado de fora, sabe como fazer? -- Disse, enquanto passava a chave pelo buraco onde a comida passava. Então Nanna pegou as chaves e abriu a porta, como se já tivesse feito isso antes. Comecei a me questionar sobre o que elas tiveram de passar pra chegar até aqui mas a linha de pensamento foi interrompida.

A galinha correu até mim e me abraçou de um jeito que até me derrubou no chão. Ela parecia realmente desesperada em dar esse abraço, como se tivesse achado que eu morri ou algo do tipo. Esperneava e apertava forte e também se mexia muito. Sem entender muito, apenas abracei de volta. -- Opa, tá tudo bem agora. Eu não sei o que fizeram, mas mandaram bem. Cadê a Peach? -- Dizia. Então eu via um Vibrava se aproximar. Talvez ele saberia onde ela está... Era o que eu pensava, até esse vibrava voar até o topo da minha cabeça e morder meus cabelos. -- Peach?! Você evoluiu e nem me falou nada! -- Disse, ainda na euforia de ter encontrado-as. Ou melhor, delas terem me encontrado. Mas agora precisava voltar a um estado de mente mais calmo. Queria muito aproveitar esse momento, mas não teríamos tempo. Ainda tinha coisa pra fazer.

Tirei Nanna de cima de mim, que estava vestindo minha mochila, o que já era um belo de um adianto. Se estivessem ali, iria vestir as roupas que faltavam e seguir com elas duas. Não pra saída desse local. -- Ainda temos que fazer umas coisas. -- Dizia pras duas, com um olhar sério e até um pouco irritado. -- Sei que querem ir embora, mas é necessário. -- Então começava a rumar na mesma direção que a doutora tinha aparecido da outra vez. Iria tentar achar seu "escritório" ou seja lá onde ela estivesse no momento. Ela ainda tem que pagar. Não apenas isso, mas desmantelar tudo o que tiver por aqui e prender quem eu conseguir prender. Os espertos que fujam, pois estou chegando.

-- Atacar pra matar, é? -- Soltava um sorriso quando ouvia aquilo. -- Então pelo visto eu terei que me defender, não é? -- Então, com a chance de arrebentar vagabundo sem sofrer muitas consequências por isso, afinal agora é legítima defesa, eu começava a avançar pelos corredores até me deparar com aqueles vários Pikachus.

Olhava para Nanna e ela simplesmente se abraçou em uma das minhas pernas e não queria soltar mais. Também escondia o rosto e apertava a calça com certa força. Talvez estivesse com medo, eu não poderia forçá-la agora... Não quando Peach já estava tomando a frente e estava pronta pra lutar. A agora vibrava batia suas asas com velocidade e planava de um lado pro outro, como se estivesse se aquecendo.

Um novo sorriso, agora não mais um sádico que antecipava o prazer em esbagaçar esses arrombados, mas um que ficava genuinamente feliz pelo comprometimento da pequena pêssego. Então ficava numa distância suficiente pra uma batalha Pokémon com os Pikachu. -- Bem, se vocês vão guardar essa porta com tudo o que tem, nós vamos arrombar com tudo o que temos. Peach, você ainda sabe aquele Bulldoze? -- Ela respondia com um acenar positivo de cabeça. -- Então começa usando dois deles, vamos ver o quanto eles aguentam.

Com o terremoto, Nanna se apertava ainda mais em mim, e recebia um afago na cabeça. Por sorte estávamos relativamente longe da área de efeito, suficiente para sentir o tremor mas não para causar algum dano. E Peach ficaria bem, considerando que voa. A ajuda havia chegado em boa hora, apesar de provavelmente não ter sido muito necessária. Os Pikachus não representavam tanto perigo assim. Mas não iria reclamar, afinal isso acelerava meu objetivo.

A patrulheira me pede por informações e então a entrego todas as anotações mentais que havia feito. — Tem uma ala de prisioneiros. — Então indicava pra ela o caminho reverso que eu havia feito desde minha cela. — Vou dar prioridade em prender os criminosos, mas tem um prisioneiro lá. Ele tá desacordado. Também falou de salvar um irmão. Nesse caso, no mínimo, mais duas vítimas. Mas pode haver bem mais. — Por fim, acenava positivamente com a cabeça pra ela. — Conto com você.

Iria, então, continuar meu caminho, agora liberado pelo terremoto daquele Gliscor. A intenção era chegar no âmago dessa operação o quanto antes, derrotar todos que ficassem no caminho e lidar com as cabeças desse lugar. Estava, talvez, um pouco confiante demais. Mas era assim que eu sempre fiz, e é como vou continuar fazendo.