Nyender City, 28 ºC - Fim de Verão
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O tanto que Liu se comportava para não parecer um Snorlax faminto, Bira não se continha. Pegava uma, duas, até um punhado de batatas fritas meladas no ketchup de Kinga e enfiava na boca, tomando sua coca logo em seguida, como se o líquido empurrasse o conteúdo. Inevitavelmente, a boca do homem ficava suja de gordura, sendo percebida pelo brilho da luz de algum poste aceso. E continuava falando, ainda mais agora que o delegado captou a atenção de Liu, a única médica que ele andou paparicando o último mês.
- Sabe como é, tem que ter pulso firme com esses trombadinhas. VÃO TUDO PRESO! - alterou a voz sem querer, chamando a atenção das pessoas sentadas ao redor do trailer. Kinga até ficou olhando assustado para fora do trailer. E a noite seguiu com o rapaz só falando alguma coisa ou outra, de missões “perigosas” que ele participava. Falava da vez que um bandido, segundo ele, colocou um Skitty na árvore e não conseguiu descer, fazendo o “bandidinho” pegar cadeia até hoje. Às veze, Bira se comportava como júri, juiz e algoz naquela grande cidade.
Já era 21 horas. Noite fresca, papo chato. Kinga se aproximava enquanto Bira, empolgado, continuava, perto demais de Liu, mão repousando as costas da cadeira da menina, já em movimento de proteção, e intimo. - Pois é, depois que este pirralho que colocou fogo na loja acordar, ele vai ter um papo com a divisão de inteligência dos cadetes. Parece que ele tem um cargo mais avançado no posto de Gangster, e por conta disso, tem mais informações, que os gangsteres de baixo não possui. Sim! Parece que eles possuem uma hierarquia tal qual os cadetes... Tudo é bom, eles copiam.
Foi só agora que Bira notou que Kinga estava ouvindo tudo. Mas Liu notou algo bem diferente: notou o interesse de Kinga pelo o que era dito. Sobretudo, talvez, pela fofoca? Quem não gosta, né? Para quebrar o gelo e aquela cena constrangedora de silêncio, o Chef do trailer ria. - Senhores, estamos encerrando a cozinha. Vão pedir mais algo? Temos que seguir o toque de recolher, né? hehehe- sorriu no tom de brincadeira, até porque, quem dava o toque era os cadetes.
- Pode ficar despreocupado, Kinga. Não vou te multar hoje. Hoje não !- abria a carteira recheada, tirava algumas notas e jogava na mesa. - Vou levar a doutora pra casa. - o pior foi o sorriso na cara de Bira. Com certeza, ele pensava que conseguiria não só levar, mas ficar no apartamento de Liu.