[Sansa and Natsumi] Um Encontro Amigável

A cidade grande pode ser uma monstruosidade sem igual para uma pessoa portadora de deficiência. No caso de Natsumi, a perda de sua visão foi completa, logo estava cega. E perceber o mundo pelos olhos escurecidos é intimidador e amedrontador. Os sons se tornam mais altos, os toques mais sensíveis, os aromas mais intensos, os sabores mais requintados. Bom, isso é o que dizem, em uma forma romantizada de se colocar, talvez. No caso de Natsumi, a verdade era que ela estava no colo de uma carinhosa Pokémon normal. Vigoroth estava dando seu melhor, mas não possuía muito experiência com esse tipo de cuidado. Na saída do Centro Pokémon, ela se certificou de proteger a cabeça de sua treinadora, porém os tornozelos da pequena acabaram por bater na porta automática! Nada que gerasse um hematoma mais sério, mas o barulho chamou a atenção! Mesmo assim, elas decidiram seguir assim pelas ruas da grande Mauville.

Diferente de uma cidade interiorana, a metrópole possuía um sistema eficiente de adaptabilidade. As calçadas das vias mais movimentadas eram largas, sendo seguras para o tráfego de cadeirantes. Além disso, era impossível andar mais de 100 metros sem perceber uma rampa de acesso para a calçada. Ainda falando dela, todos os grandes comércios possuem piso tátil em sua entrada, facilitando a caminhada de cegos e portadores de deficiência visual. As placas, letreiros, entradas, semáforos. Todos tinham instruções em Braille ou, em casos mais sofisticados, um tipo de tecnologia Bluetooth que transmitia instruções por áudio direto para Rotom Phones. Uma metrópole acessível, de fato.

Mas ainda assim, com suas dificuldades. A maior delas com certeza era ser carregada por um Pokémon, que por mais sintonia e boa vontade que possuíssem, não possuíam a mesma interpretação das coisas que um humano. Falo isso pois Vigoroth apresentava uma nova característica: o cuidado exagerado! Ela olhava atravessado para todos que passassem próximos demais delas, até aqueles que tinham boas intenções. Natsumi poderia perceber isso pelas pequenas modulações de voz que a símia produziu, até um audível rosnado! Mas a sequência desse rosnado era uma surpresa a mais. - Que fofa! Protegendo sua treinadora! Precisa de algo, querida? - a origem da voz parecia estar à frente da dupla. Pelo tom e forma de falar, se tratava de uma mulher de mais idade, e uma certa bondade era perceptível. Uma estranha abordando uma garota sendo carregada por um Pokémon na rua. Que inusitado!


Um belo cappuccino cremoso, alguns croissants e um “crème brûlée” para finalizar o café da manhã reforçado e requintado da recém chegada à metrópole da tecnologia!.Torchic estava curioso quanto ao seu novo nome, mas percebeu que sua mestra queria passar um tempo com ele antes de escolhê-lo. O local onde estavam era um grande centro comercial, com muitas pessoas, muitos carros, muito barulho… a cacofonia das grandes cidades! Isso intimidou um pouco o pequeno galináceo, que correu para subir no ombro de sua treinadora. Esta, por sinal, não se incomodava tanto. Era uma mulher já madura, decidida a tomar as rédeas de sua vida e começar a viver segundo seus próprios passos. E o primeiro deles? Conseguir um par de asas!

Para ir até seu objetivo, Sansa tinha um leque de opções: pegar um metrô, um ônibus ou chamar um táxi ou carro de aplicativo. O que fosse mais rápido e conveniente. De certo haviam muitos Pokémon habituados com o ritmo da metrópole humana, especialmente bandos de Rattata se esgueirando e Magnemites flutuando pelo alto, fazendo uma “boquinha” nos fios de eletricidade. Mas o que o destino teria reservado para ela e seu pequeno parceiro ígneo? Bom, o centro da cidade não teria muito o que apresentar para ela, então restava os subúrbios. Dizem que é lá que a vida acontece. Será mesmo?                                              

Vigoroth atendia ao pedido de Natsumi, mas ficava à frente dela ainda assim. Era um cuidado que a normal julgava necessário, e enquanto não recebesse um comando direto para mudar sua forma de agir, ela continuaria a ser assim! Não era de todo mal, de fato, mas talvez pudesse vir a ser. De todo o modo, Natsumi respondia à abordagem da pessoa, buscando também algum tipo de informação sobre as regiões da cidade.  - Hohoho, entendo querida! -  a mulher parecia se divertir com o modo “fofo agressivo” da Vigoroth - Claro, posso fazer ainda melhor! O bairro onde moro é mais afastado, e os voadores adoram nossas árvores! Se quiser, posso te levar até lá! - era um convite extremamente generoso, e talvez a mulher tenha percebido a condição de Natsumi. Ou talvez fosse apenas uma mulher muito generosa. De todo o modo, o convite era feito, restava a Natsumi a decisão de aceitar ou não.


Entrando no táxi, o pedido era um tanto vago. Veja bem, havia muitos lugares suburbanos na cidade, já que se tratava de uma metrópole. Porém o taxista notou o Torchic no ombro da garota. - É treinadora? Então sei onde te levar… - sem falar mais nada, ele partiu com seu carro pelas ruas de Mauville. O tempo ia passando e o cara ai mais e mais se afastando do grande centro comercial verticalizado, com seus prédios imponentes, e seguia por outras ruas com predominância maior de casas e até mesmo condomínios. Enfim, depois de algum tempo de viagem, quase uma hora na verdade, ele anuncia. - Chegamos! - e declara o valor corrida. Claro, como um bom taxista que precisa ganhar a sua vida, obviamente ele tomou um caminho mais longo e mais afastado, mas não desobedecendo o pedido do passageiro! Foi uma corrida cara, mas valores não são necessariamente a preocupação de Sansa no momento.

A garota era deixada em uma praça muito bem cuidada e bem arborizada. Haviam crianças passeando, famílias caminhando e, claro, Pokémon voadores! Agora era só uma questão de começar uma busca mais aplicada atrás de alguma captura ou batalha, que seja. Também havia um fluxo constante de carros, motos, bicicletas, obras acontecendo em uma casa, Pokémon brincando, outros batalhando. A vida acontecia no subúrbio, mesmo que infinitamente menos barulhento que o centro da cidade…

- AAAAAAAAAAAAAHHHH!

Os ouvidos de Sansa captam um grito desesperador vindo de um ponto da praça. Era uma garotinha, de pouco mais de seis anos de idade, trajando um vestido florido muito bonito, botinhas de cano alto e um lacinho de Bellossom do cabelo. A garota parecia desorientada, correndo de um lado para o outro, com as duas mãozinhas na cabeça, como se estivesse sentindo muitas dores. De vez em quando, ela dá tapas na própria cabeça e coça com certa frequência a lateral do crânio. Aparentemente, a criança estava sozinha.                                                  

Uma terra antiga.

Natsuki

Aquela senhora pareceu cair do céu quando Natsuki precisava de alguém para guiá-la naquela cidade, principalmente que aquela mulher poderia ajudá-la a chegar em seu local de destino... mesmo sem saber ainda que local de destino seria aquele. Era distante, como ela mesma disse, mas nada que uma carona não ajudasse.

-Meu nome? Eu me chamo Edna. Agora, gostaria que eu a levasse? Estou prestes a retornar para casa e meu motorista não vai se importar em levar mais uma passageira.

Era mesmo um anjo, não é?

-Mas eu suponho que o seu pokémon vai precisar ir na pokébola. Ele não gosta muito de achar pelo espalhado no estofado.

Nem tudo é do jeito que queremos, a propósito... mas já era uma ajuda. Só uma corrida e já poderiam estar juntos novamente. Só precisaria aceitar a ajuda ou ser carregada por Vigoroth até lá(e ter a sorte de achar o lugar).

Sansa

Um bairro bem nobre, diga-se de passagem. Era exatamente onde encontraria pokémons voadores, mas não foi com isso que se deparou logo de cara. Uma garotinha em prantos correndo de um lado pro outro. às vezes se estapeava, outras vezes coçava a lateral direita da cabeça. Sansa de imediato foi verificar se estava tudo bem com ela.

O primeiro passo foi tentar acalmá-la. Quando ouviu falar do pokémon de planta, a menininha pareceu ficar um pouco mais relaxada, mas ainda assim algumas lágrimas caíram. Com um pouco de alívio, ela conseguiu finalmente responder à pergunta da ruiva.

"Oi você está perdida?"

Balançou a cabeça para os lados vez ou outra soluçando por causa do choro. Deu uns três passos para trás e com a cara triste. Olhou para a mesma direção aonde recuou, então voltou a olhar para Sansa ainda com a mesma expressão no rosto. Balançou os braços para cima e para baixo rapidamente. Ela estava tentando simular algo, talvez fossem asas? Não dava certeza, pois ela não falava, só fez o movimento e depois apontou para trás. Talvez o problema aconteceu lá.

O que fazer? Enquanto decidia, a garota voltava a coçar a lateral da cabeça.

Depois de afastar meu rosto do ombro da Vigoroth, ajeito minha postura deixando o corpo mais ereto. Ainda com pensamentos em dúvida sobre seguir ou não caminho com a mulher ecoava na minha cabeça, mas estava disposta a arriscar.

- Muito obrigada Edna e eu aceito sua oferta é muito gentil da sua parte. – terminei de falar sorrindo de forma gentil para a mesma. “Meu motorista!? Ela deve ser uma pessoa que possuí dinheiro o bastante pra isso.”

Porém eu não poderia pagar pela aspiração do carro por conta dos pelos da Vigoroth. – Sem problemas ela precisa descansar, provavelmente foi estressante a nossa caminhada até aqui por tentar me ajudar, não é mesmo Vigh? – falei sorrindo pra minha parceira pegando a esfera bicolor no meu bolso. – Toque aqui e retorne, chamarei você quando eu precisar de sua ajuda. – disse ouvindo um grunhido baixo e sentindo minha mão esticada que estava ser empurrada levemente para trás fazendo com que Vigoroth fosse puxada para dentro da esfera bicolor.
Agora estava nas mãos da desconhecida, me sentia vulnerável por não conseguir enxergar e lidar com uma ação tão fácil como me locomover e me localizar. – Eu já falei o quanto é gentil Edna? – falei sorrindo tentando puxar assunto embora tudo que estava sentindo.



Sansa estava tentando se comunicar com a menina, mas era em vão, a mesma não a respondia apenas fazia sinais, talvez ela fosse muda. A ideia de como falar da Bellossom deu certo aparentemente, a menina parecia estar mais calma e mais aberta a se comunicar comigo. A menina balançava a cabeça era meio confuso de início, mas a jovem percebeu que era por conta do nervosismo da mesma. Ela se afastou, olhou em uma direção e começou novamente fazer gestos.
Alguma coisa havia acontecido e ela estava tentando me explicar. – Certo pra lá, aconteceu alguma coisa, você foi atacada por algo que voa? Ou aconteceu algo com um pokémon que voa? – terminou de perguntar se levantando. – Quer me mostrar? Não precisa ter medo eu e a Torchic iremos protege-la. – falou tentando mostrar ser gentil sorrindo. – Eu não posso  deixa-la sozinha aqui, e pra saber o que aconteceu preciso que me acompanhe – Sansa terminou de falar esticando um pouco a costa.

Uma terra antiga.

Natsuki

-As crianças perto de casa costumam dizer o mesmo. Muito bem. Muito bem. Aguarde enquanto eu o aviso.

Edna pegou seu telefone e começou a falar com quem supostamente seria seu motorista. Conversa vai, conversa vem e logo desligou seu telefone.

-Ele está a caminho. Não deve demorar muito.

Foram poucos minutos após suas palavras e o som de um veículo estacionando próximo a Natsuki poderia ser ouvido. Ouviu a porta abrir.

-Ele está aqui. Deixe-me te ajudar a entrar.

Com todo o cuidado, deu suporte à garota para sentar no banco de trás e a ajudou a colocar o sinto, já que Vigoroth não conseguiria por causa da restrição imposta. Partiram. Rodou por um momento sem poder apreciar a viagem, uma pena para uma garota jovem como ela.

O carro parou após algum tempo e aporta foi aberta.

-Chegamos - a moça informar, então a ajudou a sair do carro -Prontinho. Pode chamar seu pokémon para te ajudar agora.

Sansa

"Não precisa ter medo eu e a Torchic iremos protege-la."

Falar isso deixou a garota um pouco mais calma. Os soluços de choro se acalmaram e ela agora só respirava fundo.

-Uhum. Uhum.

Ela estava concordando em seguir ao lado e Sansa, já que poderia protegê-la, mas até que...

Uaaahhhh!

Ao ver o Torchic, deu um salto para trás e caiu sentada no chão, então se escondeu atrás de um poste de iluminação da praça, lá de trás ficou observando a treinadora e o pokémon até que teve coragem para sair. De passos lentos e desengonçados, chegou perto da ruiva, então a puxou pela roupa apontando para a mesma direção de longe, mas fazendo questão de ficar do lado oposto ao pokémon de fogo. Não se sabia o motivo, mas estava tentando evitar o pokémon.

De qualquer modo, parece que sua "missão" começaria seguindo por aquele caminho.

- Se recebe mais elogios, então aceitar sua ajuda foi uma escolha boa que fiz. – disse sorrindo logo pude a ouvir ela falando no telefone, porém não prestei atenção, eu sentia a brisa no meu rosto o cheiro da cidade grande como o asfalto, fumaça de escapamentos dos veículos, a barulho em si das pessoas dos carros, me perdia em casa som, cheiro até que ouço a mesma dizer que o mesmo logo chegaria – Certo.

Não demorou muito para o carro chegar pude ouvi-lo assim como o abrir de sua porta. Ao ouvir Edna estendo minha mão para frente a qual pude sentia-la ser pega e ter me ajudar até mesmo colocar o sinto. – Obrigada pela ajuda – ajeitando minhas mãos sobre minhas coxas.

Podia sentir o carro se movimentando, não demorou muito para que chegássemos ao destino, a mesma me ajudou a descer e me orientou chamar minha parceira de novo. – Certo muito obrigada pela carona Sra Edna, não sei como agradece-la que Arceus te recompense. – terminei de falar fazendo uma pequena reverência e sorrindo para a mesma.

Não demorou para que eu chamasse Vigoroth de volta com a ajuda do Rotom Phone, era incrível como a tecnologia me ajudava a acertar os pokémons que eu queria chamar – Vamos continuar nosso passeio? – Disse sorrindo sendo pega ficando na costa de Vigoroth. – Vamos atrás de um pokémon voador, para que nos ajude a voar entre as cidades. Procure por pássaros nos céus e os siga. – logo então percebi minha parceira começar a andar.



Sansa aparentemente conseguiu fazer a pequena ficar mais calma e parar de chorar o que era bom, até sons ela emitiu concordando. Porém ao ver Torchic a mesma ficou apavorada e com isso gritou e caiu sentada no chão antes de se esconder atrás de um poste. – Está tudo bem, ela não vai te machucar. – Disse Sansa sorrindo.

A pequena então calmamente veio até mim ficando do lado oposto da minha parceira me apontando a direção novamente. – Certo, vamos lá! – Peguei na mão da mesma e prossegui para o caminho que a mesma indicava. - A Torchic vai ficar onde está. Ela sabe o que é o mal, mas não o faz, não é mesmo parceira!? – a mesma confirmou permanecendo no lugar – Ela vai nos proteger seja lá qual for esse problema que aconteceu com você. Estamos pensando em um nome pra ela, porque não nos diz o seu? – A jovem de cabelos vermelhos terminou de falar continuando no caminho que a mesma havia indicado.

Uma terra antiga.

Natsuki

Com a chegada, era hora de ir procurar por alguns pokémons voadores.

-Disponha. Se me permite, temos um lugar por aqui próximo a uma praça onde voadores costumam aparecer de vez em quando. Não sei se você vai encontrá-los d imediato, mas pode ser a sua melhor chance. Só seguir as placas verde nos postes de identificação das ruas que você vai chegar lá.

Vigoroth conseguia ver um desses na esquina da rua, lá estava a primeira placa verde com a seta indicando para que lado partir. O motorista partiu, já Edna...

Estarei entrando para casa agora. Boa sorte na sua procura.

Ela se foi, agora era só seguir seu caminho.

Sansa

A garotinha estava mais calma e se abrindo para Sansa. Depois de tentar convencê-la de que Torchic era segura, perguntou seu nome. A garotinha colocou os braços para trás, olhei para um lado, para o outro e se encolheu, mas respondeu à pergunta da ruiva.

-Ma... Mana. Mana!

Balançou a cabeça para cima e para baixo uma vez cada, então apontou para a direção de antes.

-Por ali!

E começou a andar por lá. Se tinha alguma preocupação antes, agora parece que já era passado. Mas o que Sansa faria? Seguiria ela ou a faria tomar outra decisão?