A primeira vez a gente nunca esquece

Considerando o arrastar violento recém-sofrido por Magneton, admiro a coragem e ousadia - ou será ingenuidade? - do ruivo de lançar Pawniard para fora de sua pokébola mais uma vez pois, querendo ou não, há um fator em comum que poderia muito bem causar ainda mais confusão do que as que já estavam metidos naquele momento. Inclusive, esse fator se mostrou assim que a noturna laminada foi materializada no chão: Mesmo que nem de longe com todo o poder que havia sido imposto em Magneton, seu corpo foi arrastado por alguns metros na direção há pouco trilhada pelo elétrico; Felizmente, porém, pelo menos ela não saiu voando como o pobre coitado, também.

... ...estranho, não?

Mas, sim. Vamos nos dividir; Esse é o plano e não há nada melhor do que separar e conquistar!... Ou algo do tipo. Primeiro vamos seguir por onde já estávamos, ou seja, manter o foco em Rafael; Agora não havia uma aranha elétrica tomando a dianteira, mas isso certamente não era um problema se fosse considerar que a trilha já estava bem demarcada por si só. A única que sofreu durante todo o trajeto foi Pawniard, que vez ou outra dava um "tropeço" atordoado para frente, como se estivesse sendo puxada frequentemente e tivesse de lutar para se sustentar.

Há um motivo para isso e, cá entre nós, extremamente visível assim que chegaram ao final daquela trilha. Não foi preciso muito mais tempo de caminhada antes que chegassem à encosta das cordilheiras e lá, com um dos ímãs bem cravados e os outros se movimentando com certa violência em um "vai-e-vem" (afinal, não eram capazes de se alinhar junto ao primeiro), All Might se prendia no eletroímã gigante (e tombado lateralmente) de uma máquina bem parecida com aquelas de ferro-velho. Não vou te dizer que ela devia estar ali, principalmente se considerar que suas cores haviam sido claramente montadas pensando em camuflagem - marrom e preto -, isso sem nem levar em consideração algumas folhas e galhos que ajudavam a fazer com que passasse despercebido...

A grande questão é que parecia ligada, e bem potente, considerando a brutalidade com a qual havia sido capaz de simplesmente puxar sem nenhum carinho o Magneton, que agora lidava com grandes espirais no lugar dos olhinhos - quase um K.O, mas quem poderia culpá-lo?


Quanto à Rayssa, a coisa era um pouco mais simples. Seguir a trilha de sangue talvez fosse uma conclusão óbvia, principalmente quando um de seus pokémons estava perdido (?) no meio daquelas árvores, então Charlote tomou a passada para seguir as gotas que, de certa maneira, se distanciavam umas das outras. Não poderia sair correndo, afinal, precisaria prestar atenção para não perder o rastro que já não era muito evidente, então certamente se tratou de um caminho bem mais tranquilo do que o anterior.

Em certo ponto, um choro foi ouvido. Baixo, meio afilhotado - seria ideal para um Emolga? -, que era possível de se ouvir graças ao silêncio em geral que dominava, de um jeito bem estranho, a região. A aracnídea parou por alguns instantes quando se deu conta de seu ecoar suave, a cabeça virando de um lado para o outro antes de optar por uma das direções e segui-la sem pressa. O som findava em um pequenino buraco no chão, bem parecido com uma toca, mas a aranha não se aproximou mais que isso. Ficou olhando com seus... mil olhinhos, desconfiaaaaaaaaaaada...

Mas, bem, era ali.
E aí?

Como já mencionado, era uma máquina de construção. Sabe, aquelas escavadeiras bonitinhas, amarelas, grandonas - só que com um eletroímã na ponta e muito bem camuflada (até inofensiva, parando pra pensar um pouquinho)... Isso, é claro, se você não fosse um pobre Magneton passeando pelo meio do caminho. O que certamente não deveria acontecer em circunstâncias comuns mas, naquele momento, provavelmente era destino cármico.

Então... Não era tão difícil de encontrar, pra falar a verdade. Um rápido pulo na cabine e uma girada de chave (aliás, considerando que estava ativa E com a chave, talvez o responsável não estivesse tão longe dali? Era algo a se pensar) seria suficiente para desligar a máquina - mas, ao mesmo tempo... Considerando a missão que pretendiam realizar, seria uma boa ideia? Sabe-se lá quem estaria por trás disso mas, sei lá, aí é decisão sua. De qualquer jeito, a situação com Magneton estava resolvida, visto que ele foi simplesmente retornado para a pokéball. Mas e aí?




Por outro lado, posso dizer facilmente que se seu próprio pokémon não mete a cara na frente de uma toca a qual vinha rastreando, talvez não seja muito interessante fazê-lo por si só. Charlotte não se opôs, ainda que com certa hesitação, mas a consequência veio rápida assim que a luz da lanterna iluminou aquele pequeno buraco na terra: De uma vez só, uma figura baixinha e estressada saltou contra o rosto da ruivinha, marcando com violência três cortes fundos na bochecha direita - não era mais a única vítima sangrando, no fim da história - e fugindo pelo canto para se esquivar daquele beco sem saida no qual, acidentalmente, havia se metido.

Não fugiu, porém. Não correu riscos de dar as costas; Apenas se afastou alguns metros e voltou-se na direção da recruta (e da aracnídea elétrica que, por sinal, não gostou NADINHA da situação, emitindo um guincho frustradíssimo e ameaçando avançar no animal), os soluços curtos sendo contidos para dar lugar à raiva e o sangue escorrendo vagarosamente em trilha irregular de uma de suas orelhas que, naquele momento, faltava um pedaço. Talvez tenha sim tido uma vítima consciente do avanço de All Might...

Muita confusão para uma simples decoração de cenário (digo, talvez não tanto assim), mas é o que temos pra hoje. Vasculhar a máquina não era muito difícil, considerando que não havia muito a ser vasculhado; Logo em cima do painel, havia uma pasta com algumas folhas: Dois mapas topográficos de Power Plant e da Rota 9 (sem nenhuma marcação em especial, porém, mas que provavelmente poderia ser útil para chegarem lá mais rápido, sabendo que caminho tomar) e algumas informações vagas a respeito de um carregamento de tonéis - o que poderia justificar o eletroímã, mas não existia nada mais que pudesse ser utilizado.

Aos arredores, não te digo que existia alguém. Pelo menos, não que fosse possível de identificar.



Sobre Teddiursa... Não digo que foi um final agradável, pois realmente não o foi. Assim que a ruiva fez menção de se aproximar, o animal se tornou ainda mais arisco - e, nos primeiros três passos, atacou. Ou pelo menos planejou fazê-lo, levando em consideração que assim que saltou na direção da menina, foi imediatamente interceptado por uma rede de teias grudentas que se amarraram em torno de seu corpo e o fizeram sentar a cara no chão, sem mais nem menos. Não que isso tenha melhorado algo: O animal se tornou ainda mais agressivo no processo, tentando rasgar (sem muito sucesso) a armadilha que o envolvia.

Não parece que você vai levar esse aí no papo, não...