[EVENTO] Nightmare

OFF: Meu casal <3 Mudei o nome da rota pra ter [EVENTO] no final dela se vcs querem mudar dnv pra ficar do jeito de vcs fiquem a vontade.

Talvez o som do rasante de Togepic tenha afastado os Wingulls da região, ou talvez, a imponência de Ambipom, Togekiss e Nidoking tenham sido fortes o suficiente para que o instinto de fuga batesse em todo o ecossistema local. Talvez, apenas talvez, não era fim de tarde, por isso não era hora ainda dos pokémons se recolherem.

Seja qual motivo você escolher, fato era que não tinha uma ave - salvo as de Kiki - livre naquele céu. Não havia um "objeto voador não identificado", e esta falta de OVNIs significava também calmaria. Com um óculos de sol, nossa encarnação de Iemanjá poderia olhar para cima e ver que o azul era acompanhado de pouquíssimas nuvens, mas apesar do céu limpo, o sol não castigava.

Nessa época do ano, o sol começa a ter preguiça de esquentar as águas de Lilycove, fazendo com que um dia na praia seja um pouquinho frio. O verão já estava abrindo mão do clima, dando véspera ao outono. Talvez fosse por isso que Teddiursa tremia igual uma vara bamba - ou isso, ou o fato das acrobacias de Ambipom terem lhe feito levar um caldo. No mais, tudo parecia ocorrer bem... tudo... tudo menos uma mísera coisa.

Lá no fundo, duas almas. Sem pokémons, sem crianças, sem vínculos e sem... roupa?! É, sem roupa. Talvez precisassem apertar os olhos para ter certeza, mas um casal de transeuntes - que vinha se aproximando cada vez mais - caminhavam por aquele litoral, botando os pés na areia e os "membros" ao sol.

Ayzen e Kiki não sabiam, mas já estavam caminhando por ali desde cedo, praticando o exercício matinal. Talvez se os dois mocinhos voltassem um pouco a restinga e vissem as placas indicativas, reparariam uma pequena placa, que estava atrás de outra placa média - que por sua vez estava atrás de uma placa grande -, que aquela era uma maldita praia de nudismo.

... putz, que situação.

Sabe quando um joga a bola pro outro, que joga a bola pro outro, que joga de volta pro outro e ai este outro rebate?! Foi um pouco isso que senti em Ayzen e Kiki nesse exato momento. Não que eles não tivessem pensado em "como sair dali", ou "como ficar aqui"; ou ainda, que não tivessem falado sobre.

Apesar de ter pairado um consenso geral de que Ayzen queria ir embora e Kiki lhe seguiria, não houve um direcionamento inicial ou uma ação concreta: os pokémons retornaram para a esfera, mas para onde iriam? Sem dúvidas, era fácil sair daquela praia e ir até outra, só precisavam passar por uma rocha bem na ponta da Nude's Beach. A ponta era visível ao olhar para o norte, tanto ela quanto a pedra em tom escuro; definitivamente não estavam longe do "fim".

Não sei ao certo se fariam isso; podiam muito bem meter-se na restinga e voltar para a estrada de asfalto e pedir um uber. Podiam também voar em locais sem nenhuma área para pouso, apenas para desrespeitar regras, enfrentar limites e correr riscos. Podiam também - por inércia - ficar ali; Kiki pareceu até gostar dessa ideia, inclusive.

No mais, o tempo de discussão foi suficiente para o casal se aproximar um bocado e - se estivessem prestando atenção - se tornar mais visível. Quer dizer, eles já eram visíveis, né?! Mas se tornaram mais... nítidos? Em suma, era possível ver que o homem carregava consigo uma única veste que atravessava seu abdômen: uma espécie de "Wrap" cor de pele, que funcionava como um "porta-bebê". Parecia cheio, mas era tanto pano que a bebê se aconchegava ao mesmo tempo que se escondia dos olhos curiosos.

Já perto o suficiente, a moça - que não tinha absolutamente nada grudado no corpo - acenava e dava um belo sorriso:
- Tarrrde - Entregava o sotaque interiorano, o que não combinava nem um pouco com Lilycove, mas quem liga?!

Outra curiosidade é que ainda não era tarde, ainda assim a moça falou com bastante concretude a saudação. Provável que isso se dava pelo fato de estarem caminhando a horas e ela não tinha um acessório para olhar as horas. Apesar disso, seu estômago roncava de fome, a iludindo sobre a hora do almoço. "Deve estar perto da hora de comer, não é?!", pensava na sua cabecinha fofa.

Fofa mesmo. Tinha os olhos brilhantes e um rostinho repleto de sarda. Era pequena, mas madura, com um corte de cabelo no pescoço e madeixas loiras e lisas, além de um brinco enorme com conchas brancas, apenas na orelha direita. Tinha a tez levemente queimada de sol, dando uma mistura de vermelho ao branco original. Seu corpo não tinha muitas curvas, salvo o peito, que provavelmente estava repleto de leite. O bico dilatado e um pouco machucado denunciava o período de amamentação.

Já o homem era retinto e alto, além de forte. Estava mais próximo dos dois metros do que dos um e noventa. Suas feições eram grossas e contrastavam com a da moçoila ao seu lado, deixando claro que os opostos se atraem. A única peculiaridade notável era o fato dele não ter uma orelha. Era curioso porque ele tinha cabelos com dread e poderia muito bem tampar a "deficiência", mas não o fez; na verdade, a expôs. Raspou os lados do cabelo e prendeu seus dreads para trás, usando uma borracha lilás.

Cumprimentos e despedidas. Depois de um boa tarde caloroso, Kiki e Ayzen continuaram presos um no outro, sem deixar que muita coisa entrasse nesse bom convívio. A conversa pairou sobre mega evoluções e comandantes, mas nada disso encheu os olhos dos nossos NPCs, que ouviram de canto de orelha. Os dois se cruzaram e o casal nu foi andando em direção a pedra, enquanto os vestidos seguiram marchando em direção a praia.

Talvez Ayzen - ainda que bronzeado de sol - não reparasse, mas sair seguindo pela faixa de areia não lhe faria sair de lá propriamente dizendo. Na verdade, ele iria explorar mais um bocado do cenário antes de finalmente sair da praia de nudismo, mas isso é assunto para outra hora. A medida que fossem caminhando, perceberiam que mais pessoas peladas surgiriam a vista e se tocariam que, talvez (e apenas talvez) devessem ter saído por onde entraram, ou ainda contornado a esfera.

O que importa de fato aqui é outra coisa...

... eu não sei nem se Ayzen e Kiki continuaram andando pela praia depois de processarem aquilo que viram, porque foi algo meio... estranho?!

Ao esticar a cabeça para desvendar o bebê envolto de lençóis, perceberam que aquilo estava "embalado demais". Sim, embalado demais! Sua cabeça não era completamente visível, mas algo "fugia" dela. Era como se fosse uma antena malemolente, porém amarela em tom "pikachu". Essa antena se enrolava ao redor de si mesma, formando um coque esquisito e bem grosso. Além disso, sob onde deveria estar o rosto, uma nadadeira relativamente grossa e no mesmo tom de amarelo-vivo, deixando claro que aquilo não era só um humano icterício: era, muito provavelmente, um monstrinho.

Não que isso seja muito relevante, né?! Quem aqui nunca tratou um pokémon como um neném que atire a primeira pedra. Só era curioso como a única coisa que vestia roupas naquele casal era o bebê. Normalmente é o contrário, né?! Pais vestidos e criança de frauda... irônico.