001 - {Evento} -Lies are like Sour Candy

Lies are like Sour Candy

Medidas desesperadoras exigem saídas humilhantes. Aflito por não saber se apenas os bebês dariam conta de abrir aquele portão enorme e motivado pela fala de Rosemary, taquei o meu corpo com tudo usando o meu braço de apoio. Dois sedentários e dois Pokémon bonitinhos tentando fazer um milagre. Não bastasse isso, senti o meu braço começar a doer por causa do impacto e do atrito. Então era assim que Arceus puniria todos os meus pecados?

Ignorei a sensação e forcei o portão ainda mais, senti que Nougat também estava empurrando mais forte. Em questão de alguns segundos e, provavelmente movidos pela adrenalina liberada pela experiência de perigo e quase morte, o obstáculo era aberto pela força combinada do quarteto. Engraçado como o caos e o medo faziam qualquer humano usar todo o limite do corpo.

Assim que atravessamos pela passagem, quase caí ao chão implorando por misericórdia. Não bastasse isso, também estava hiperventilando. Cara eu tinha que encontrar uma forma de me exercitar, porque se eu sobrevivesse a essa maluquice o frio de Snowpoint acabaria com os meus restos mortais.

Os pensamentos foram interrompidos, junto do descanso, pela aparição de dois cultistas. Eca! Eles estavam com um cheiro horrível!!! Será que ainda dava tempo de deixar o outro monstro acabar com o serviço?

- Aceito ouvir a palavra dele quando vocês aceitarem escovar os dentes e tomarem um banho, puta que pariu. – Escondi o meu nariz atrás do meu braço, esperando que o cheiro da roupa e do body splash amenizassem o fedor da dupla. – Cópias? – Indaguei, confuso. – Que seja... Nougat, Body Slam no Oshawott deles!!! Ataque com uma sequência! Só mude de alvo se ele desmaiar!

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24 (Flame Body Ativo)

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Fiquei indignado com a audácia que aquela duplinha tinha de copiar a nossa equipe daquele jeito tão descarado. Isso sem contar que as criaturinhas deveriam ser alguma obra de Gilatina, o que não me deixava nem um pouco à vontade de ver a imagem dos nossos tchutchucos replicadas por um ser tão perverso. Será que eram Pokémon de verdade? Ou eram apenas uma ramificação daquele ser abominável? Várias perguntas pipocavam e nenhuma delas parecia ajudar com a situação que estávamos enfrentando.

Os nossos adversários eram tão atrapalhados quanto nós. Eu ainda tinha uma desculpa: tinha começado hoje! E ser desajeitado fazia parte da minha essência. Rosemary, por outro lado, já devia estar sendo afetada como consequência de ter fumado mais cedo. Do lado oposto, os cultistas não tinham nem alma mais, quem dirá neurônios para realizar tarefas muito complexas.

Pensando nisso, lutar contra eles com Pokémon mais fortes deve ser ainda mais chato. Além de copiarem os nossos parceiros, a versão deles carregavam umas frutinhas esquisitas que com certeza tinham utilidade nas lutas. E se, de quebra, ainda fossem mais preparados para batalha com atributos maiores concedidos pelo capeta em questão?

- Rose, presta atenção naquilo ali. – Apontei pras berries. – Elas costumam ativar efeitos quando equipadas em batalha, não é? Tome cuidado. – Usei um pouco do meu conhecimento de botânica, uma das poucas áreas que eu dominava com maestria na escola de treinadores em Jubilife.

Enquanto eu passava o aviso para a minha amiga de infância caloteira e possivelmente criminosa, a porrada comia solta na luta. Com as forças combinadas, Oshawott e Nougat conseguiram derrotar o aquático impostor. Todavia, o ursinho era nocauteado pela sua cópia. O retornei para a Pokébola na mesma hora, depositando um beijo na esfera e o agradecendo pela ajuda. Um ódio me subiu à cabeça: como eles OUSAM???!!! Arregacei as mangas, pronto para dar uns socos na boca dos cultistas. No sentido figurado, claro. Nem pensar que eu ia tocar neles. Eles estavam cheirando muito mal e deviam estar impregnados com alguma maldição do embuste que adoravam.

- Agora é com você. Tenta usar o campo ao seu favor também. A vantagem de nível é sua, mas o Snowscape e essa berry podem dificultar pra você. – Disse para a treinadora, tentando ser útil diante da situação já prevista anteriormente. – Eles bloquearam os nossos itens e Pokébolas com aquele treco de anteninha, só deve passar depois dessa luta. Ou nós vamos ter que quebrar aquilo. – Avisei a ultima sentença em um sussurro, para não criar alardes.

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A sensação de não poder fazer mais nada para ajudar naquele confronto era terrível. Torci para que o conselho fosse o suficiente, porque era o máximo que eu tinha ao meu alcance para oferecer. Apesar do Night Slash ser um dos golpes mais poderosos do pequeno Oshawott, ainda se tratava de um golpe físico e ele seria enfraquecido até o chão com o efeito do Snowscape que logo aumentaria a defesa do Cubchoo clone.

Minhas mãos estavam inquietas, eu estava aflito e levemente aterrorizado com o cenário após a chegada da neve. Normalmente aquele movimento estava relacionado ao sentimento de alegria e paz para mim... Mais uma coisa que Gilatina foi capaz de distorcer... Estávamos parados em uma verdadeira ambientação apocalíptica e isso só deixava tudo ainda mais tenso.

- Vocês dois conseguem!!! – Incentivei Oshawott e Rosemary. Percebendo que o ursinho inimigo já apresentava sinais de que faltava pouco para a batalha encerrar. – A defesa especial dele agora está menor, foi uma ótima ideia mudar para o Water Gun pra contornar o Snowscape. – Abri um meio sorriso ao elogiar a treinadora.

Claro que isso me distraiu o bastante para não perceber que o cultista de voz masculina estava se esgueirando e correndo em minha direção. Senti a descarga de adrenalina, mas ela só foi o suficiente para que eu conseguisse esquivar por um passo. O que me salvou foi uma lata de lixo que caiu em cima do cultista. Com força! Foi muito satisfatório. Olhei de onde ela veio e uma mistura de sentimentos tomou conta do meu estado emocional. Era o homem de antes, todo fudido. Ensanguentado.

Eu era a donzela em perigo dos dois... Já estava claro.

- Obrigado. – Ignorei a sensação de impotência e a minha voz interna me chamando de inútil para agradecer o feito do rapaz. – Esse sangue é seu? Você está bem? – O tom de preocupação era evidente.

Abri a minha mochila. As poucas coisas que não foram afetadas pelo dispositivo injusto daquela dupla eram meus objetos pessoais. Inúteis para a luta, mas poderiam ajudar o moreno. Peguei uma das minhas toalhas de rosto e minha garrafinha de água, molhando o tecido e me aproximei para limpar o rosto do meu suposto salvador.

- Não é muita coisa, mas pode ajudar. – Ofereci a ajuda, esperando ele aceitar ou pegar os objetos da minha mão.

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