[Meghan Castellano] Cineasta

Como de costume, câmera em mãos. Capturando todo o horizonte que se estendia na rota 25. Paris com seu bom humor sorria para a treinadora, demonstrando estar bem feliz. Acenava para a câmera e fazia suas bobagens.

– Do nada estamos em outra região, o que acha disso? – dizia a garota enquanto gravava a companheira, que respondia com um gesto circular apontando o dedo em sua própria cabeça. Querendo dizer algo como: "é muita loucura mesmo". – Com certeza, saiba que cê é a responsável por isso.

– Paris, agora uma questão muito importante. Por que diabos correu daquela forma? Eu vi que cê cheirou aquela coisa! Era isso que cê fazia no passado? E esse relógio, de quem é? – em meio a uma chuva de questionamentos, o coelho só soube erguer os ombros e balançar a cabeça, como se estivesse alheio aos acontecimentos. De fato, poderia não ter conhecimento.

– Você é um mistério, amiga. – disse respirando profundamente. – Lembro como se fosse ontem, te encontrar naquele bote. Coincidentemente partimos em um bote, ambos à deriva na imensidão desse mar...  

Meghan, que até então segurava a câmera firmemente, deixou o apoio baixar. Interrompendo a gravação e iniciando uma reflexão acerca de todos os acontecimentos recentes.  

– O que faremos agora? - Questionou, visando o céu. – Tudo bem que eu queira visitar várias regiões, podemos fazer isso agora. E não me entenda mal, estou muito feliz. Muito mesmo! Mas estamos longe de casa, e tudo aconteceu muito rápido.

Uma nova região, um novo lugar. Tudo era desconhecido, e a responsabilidade de se virar em meio a essa nova forma de viver era sua maior apreensão.

– Paris, independente, precisamos continuar. Não temos um rumo certo, mas vamos rodar esse mundão e procurar cada vez mais novos lugares. É uma ideia e tanto. Então, dale!

Olá, narrador! Tudo bem?

Essa é minha secundária. Eu quero história, então pode ser mirabolante o quanto quiser.

Por gentileza, adicionar a "personalidade" da Spinda:

Paris:

Agradeço!

Muitas fazendas ao horizonte, por que me parece familiar? Várias criaturas que talvez não tenham tanto tempo de vida e um vasto campo com cercas. Estou diante do que um dia serão apenas produtos. Tudo bem que ranchos não são as propriedades mais inusitadas do mundo, mas possuem suas peculiaridades, certo? Com certeza deve ser muito bom descansar embaixo de uma árvore roendo um trigo, só os fortes sabem apreciar.  

– O senhor que me livre de algum dia morar no canto do mundo. Nada contra, mas não. – disse a garota ao observar os campos. Paris não entendia nada, expressava uma face confusa. – O que? Pensei alto.

Não seria a praia da garota, um campo aberto com um monte de criatura que aguarda o abate. Se pensar direito parece um pouco triste e monótono. Mas mesmo assim, os campos podem garantir boas fotos. Ou mesmo filmagens exóticas. Tudo proporcional ao que se pode esperar. A próxima filmagem será “O segredo dos pokémons”. Todo mundo sabe que a festa na madrugada dura enquanto não amanhecer.

De qualquer modo, perdida em pensamentos, quase acabou com a carreira novamente. Que coisa, não? Faz apenas três ou quatro dias agora, não querem que continuem. Um veículo passa berrando e um homem afundando a mão naquele som que machuca a mente de qualquer ser vivo, a buzina.

– TÁ CARENTE, MEU AMIGO? ARRUDEA CARALHO, OLHA O TAMANHO DA PISTA BARBEIRO! – berrou para o velho da picape que aparentemente sumiu na velocidade da covardia. – Povo mal educado, eu em!

A garota mexia em sua mochila, guardando a câmera um pouco. Não podia ficar cem por cento do tempo como ‘o cara da câmera’. Se bem que em filmes de terror o cara da câmera sempre acaba bem. Tipo, é ‘o cara da câmera’, ele precisa filmar para ter registro, certo? Os fantasmas também querem fama, por isso eles fazem vista dura. Mas a questão não é essa, vamos continuar.

Meghan avistou uma parte da lã que caiu da picape do rabugento. Será que conseguem vender? Num momento como esse, sem rumo, dinheiro uma hora vai faltar.

– Quanto será que a gente consegue num pedaço desse? – o coelho respondia com um gesto meio que ‘sei lá’. – Se ele voltar vai ter que pagar por isso, perdeu, perdeu. É pá pum.

– Será que isso cabe na mochila? Poxa, vamos andando. – apontou para as cercas ao além.

Paris correu na frente e pulou a cerca em astronômico mortal, se exibindo muito.

– Pô, podia ter avisado. Eu ia filmar. Sairia um registro massa demais! – a mente funcionava só em registros. – As terras não são privadas não? Devem ser, mas qualquer coisa sou uma garota perdida e com dificuldades. – um plano de fuga ao menos ela tem, não dos melhores, mas tem. – Vamos aventurar, Paris!

E pulou a cerca ao horizonte...

Opa! Vamos mandar ver!

– Eita como brinca! – disse a garota, enquanto o coelho se aprontava com sua nova aquisição. – Poderosa agora, né? – prosseguiu, sorrindo.

Do outro lado das cercas, os campos eram irregulares se comparar com as estradas. Porém, não era nada demais. Só dificultava um pouco o senso de direção, mas no fim das contas chegaria em algum lugar.

Ao redor, apenas as ovelhas. Muitas brincando ou simplesmente existindo naquele extenso campo. Uma ou outra se movia de forma estranha com o passar da treinadora, que demorou muito para perceber o que estava para acontecer. As ovelhas se amontoaram como insetos seguindo a luz, e nesse caso Meghan era a iluminada.

– Todo esse ambiente vai fuder meu tênis. Não é nada fácil ser uma aventureira. – disse, despretensiosamente.

Paris exclamava por atenção, logo depois que percebeu o movimento de uma ovelha em específico, que olhou no fundo de sua alma, berrando. Meghan, que não tinha percebido o amontoado ainda, viu a cena inusitada.

– Oxe, que que cê fez? – questionou o coelho, que apontou para sua capa. – Hummm, faz sentido. Mas elas são lentas, né?

Meghan retirou de sua mochila novamente a câmera indestrutível. Rapidamente apontando para a manada de lã que se aproximava, lentamente.

– Que cena exótica em! – disse enquanto guiava o dispositivo entre o coelho e a manada. Deixando perceptível o motivo de tudo acontecer.

Nessa de filmar, a garota caminhava lentamente para trás. Essa cena durou pouco, visto que era melhor correr. Não que fossem alcançar a dupla, mas é bom não chamar muita atenção em um ambiente alheio.

– Take de ouro! – guardou a câmera em sua mochila outra vez. – Vamos embora antes que aumentem a velocidade. Naquelas árvores, se esconder por lá! – apontava para as árvores, que estavam ao lado de uma pequena cabana de madeira.

– Se ficarmos por aqui só vamos chamar atenção indesejada. Isso significa problemas, e estou sem saco para problemas!

Meghan poderia de fato ganhar uma certa notoriedade com essas cenas, visto que tudo pode ser conteúdo. É uma coisa importante para ter em mente, que tudo pode ser conteúdo. Não passou em nenhum momento na cabeça da garota a ideia de compartilhar esses vídeos e fotos com seus seguidores. O fato de não ter nenhum seguidor contribuiu muito para isso. Será que a garota deveria criar uma conta no Instagram e um canal no Youtube para compartilhar suas vivências? Que ideia de gênio. Narrador, Meghan vai virar blogueira e você faz parte disso.

– Mas e se eu criasse uma página ou algo assim para compartilhar essas loucuras, em Paris? – questionou o coelho – Seria interessante, certo?

Seria uma coisa a mais para manter os registro das aventuras, e as vivências dos inconsequentes. Mas enfim, precisam correr e despistar a manada de produtos.

Fuga realizada com sucesso. Deram perdido nas ovelhas, e agora se encontravam próximo a cabana de madeira. Paris comemorou fazendo uma pose, e parecia mais agitada que o normal. O que seria? Abstinência ou apenas efeito da lã? Não dá para saber agora.

Então, a cabana estava protegida com arames e cadeados. Provavelmente guardava alguma coisa importante, mas que não vem ao caso agora. Curiosidade não fala alto. Não queremos esse trabalho, ao certo isso é chamar mais problemas. Essa cabana simplesmente não existe.  

– E esse projeto de floresta? – apontou para as árvores, ignorando totalmente a cabana – Será que encontramos alguma fruta? Isso é território de fazendeiro, deve ter alguma, não é possível! Estou com uma fome daquelas...

Paris saiu correndo sem mesmo esperar a treinadora, hiperatividade que fala. O coelho está doido, repito, o coelho está doido.

– Calma, amiga. E isso é fome é?

Tudo bem que um curta com diversas ovelhas loucas perseguindo uma pessoa faria muito sucesso para uma conta random, mas quem acompanharia a garota em suas demais aventuras? Será que em algum outro momento coisas loucas vão acontecer novamente com nossa protagonista? Se sim, como não ficar com medo sabendo que o improvável é possível? Muito a se pensar, mas é algo para pensar.

De qualquer forma, Meghan adentrava na floresta, e o coelho corria na frente com muita felicidade estampada em seu rosto. A floresta por sua vez não era muito extensa e suas árvores eram relativamente altas. A folhagem impedia a luz solar de transitar em certos pontos, o que deixava o ambiente mais escuro. Porém, ainda era bem visível aos olhos dos visitantes.

Pin! Pin! O que é isso que está alertando? Pin! O celular da garota alertava o recebimento de mensagens. Não era nada realmente alarmante. Digo, sobre o som das notificações. Mas então, Emma estava mandando mensagens. O que ela queria?



Enquanto entretida com as mensagens, o coelho fazia suas brincadeiras, ainda marchando à frente. Tentou fazer seu truque novamente, mas falhou. Nessa mesma queda, assustou a treinadora, que deixou seu dispositivo de lado por enquanto.

– Paris, o que foi isso? – questionou, preocupada – Cê tá bem agitada em.

Antes mesmo de poder entender o que estava acontecendo, uma coruja apareceu em meio às árvores. Parecia incomodada, e assim se iniciou uma.. briga? Não sei se era isso mesmo. Mas Meghan não tentou pensar muito, viu aquela ave importunando o coelho e simplesmente pulou em cima tentando afastar.

– Saiiiiiii! XÔ! XÔ! – exclamava tentando empurrar a criatura – Saaai mal educado!