Um Magnemite defeituoso, um meteoro e um ruivo

Tem gente que não nasceu pra planejar e sim para agir. O mundo precisa de mais gente assim; em geral eles são homens e morrem muito rápido, mas podemos dizer que são necessários mesmo assim. Nesse caso, Lilith via na cara de Nicholas que o plano não existia e que ele estava só andando a passeio e isso lhe fazia questionar o motivo de estar se esforçando TANTO para ajudar alguém que não estava se ajudando. Enquanto entrava em reflexão profunda, deixava seu treinador ir na frente, caminhando até mais perto do batente da porta.

O burburinho ficou mais claro, a ponto dele conseguir compreender uma mísera frase vinda da mulher na porta:
- Eu tentei atrair ele, mas aparentemente era um CAGÃO - Exprimiou a moça, com uma voz aveludada.

Logo ao fim da fala, uma voz mais ao fundo respondeu, mas a distância a transformou em algo inaudível. Nicholas não havia sido percebido até que de ALGUM LUGAR soara um alarme robótico:

O som robótico só soou uma vez, junto de uma sirene curta e não era necessário que soasse mais: a doida desalmada que estava no batente logo se virou por completo e viu Nicholas ali e... bem... quando isso aconteceu, Nicholas também viu ela.

Sua cavidade ocular esquerda era metálica e o orbe uma esclera branca arregalada com um mísero ponto preto no centro, que rodopiava para um lado e para o outro seguindo a imagem dinâmica de Nicholas. A propriedade metálica pegava parte da sua bochecha, atravessava o topo do nariz e parava na voltinha na narina. Para cima, não era possível ver muito mais, já que seu cabelo comprido e franja volumosa escondiam o restante de sua tez alva. A boca era carnuda e o olho esquerdo tinha a Íris enegrecida.

Era com essas características que ela olhava para o ruivo boquiaberta e puxava rapidamente uma esfera do bolso da capa de chuva. Sua roupa lhe tampava o corpo todo e era muito difícil dizer se ela era de fato um cyborg original, mas ela DEFINITIVAMENTE não era normal.

Apontava a esfera para Nicholas e lhe ameaçava apenas com sua postura. Logo atrás dela surgiu outros três rapazes: um humano aparentemente normal e dois outros seres meio metálicos e mutantes, um deles não tinha nenhuma parte do rosto humana, salvo a boca (e as orelhas, apesar de eu não ter certeza se orelha faz parte da face). Os quatro pegaram esferas, mas não liberaram.

"Onde é o banheiro". Dificilmente alguém saberia como reagir a isso; os olhares perplexos de cyborgs nem piscavam. A moça que primeiro lhe abordou ficou tão descrente que guardou a esfera que estava na sua mão e saiu da frente da porta, apontando para dentro do salão e dizendo:
- É por ali - e lhe liberou para entrar.

Nesse momento, o alarme também parou de tocar; algum dos homens foi útil e o desativou. A passagem para o cômodo estava livre e Nicholas poderia ver que lá não havia nada além de três cadeiras e uma mesinha de estudos. No fundo, uma porta com uma plaquinha indicativa de banheiro inclusivo.

Apesar de inclusivo, não tinha vaso. Era uma fossa e fedia bastante.

A segunda coisa que tinha dentro da sala era uma segunda porta, que levava a uma sala que estava escura, diferente do restante do ambiente. No mais, um dos garotos se arriscou em dizer:
- O que ta fazendo aqui?