RPG - The Dungeon

Com as apresentações em andamento, os sentimentos que pairavam sobre as mentes de cada homem ou mulher presentes ali eram, em sua maioria, os mesmos: dúvida e insegurança, ambas alimentadas pelas suspeitas que cresciam em seus interiores com o surgimento de Inacius Squire. O escudeiro, porém, não cultivava segundas intenções, ou pelo menos não até o momento. Lutava pela sua própria sobrevivência após a queda de seus companheiros, e com sua determinação se manteve vivo durante diversas noites naquela tão tenebrosa “masmorra”.

Após discutirem os seus planos, fora decidido que Inacius, o mais novo participante da Campanha, iria tomar a liderança, com o único objetivo de proteger a frente e evitar que a linha de combate traseira fosse alvo dos violentos demônios cuja presença serpenteava pelo solo de pedras granulosas. Antes de prosseguirem para a fenda provocada pela fuga do Portador da Chama Negra, Chloe fez uma pergunta à Doctor, pergunta esta que interessava a todos que estavam ali. Com a confirmação do sacerdote, todos determinaram a inutilidade do caçador. Afinal, o que era um arqueiro sem suporte corporal, incapaz de escapar ou mesmo se mover sem o auxílio de outro? Não iria durar muito – foi o que pensaram.

Não tardaram em avançar, mesmo que um tanto hesitantes, para o interior da caverna. A temperatura ficava cada vez mais quente conforme desciam e a umidade em abundância que antes se encontrava pelo local já não estava mais lá. Enquanto todos suavam aos montes e viam-se ofegantes, o xamã de gelo era o que mais sofria, mal conseguindo manter o equilíbrio de seus pés.

As rochas das paredes não eram tão devastadas quanto às do primeiro andar, talvez por causa de uma possível menor circulação de demônios.

O tilintar das placas de suas armaduras de aço e seus ornamentos metálicos, junto à melodia da marcha, quebravam o silêncio do corredor de pedras pelo qual passavam naquele momento. Até que uma risada estridente de uma voz perturbadora percorreu por toda a caverna, ecoando à frente. O que quer que os esperasse no final da trilha não parecia ser amigável. O escudeiro, que gerava o rumo da fila, empunhou sua maça em resposta à demonstração de felicidade de um provável demônio.

Assim que o corredor terminou, se depararam com um extenso salão cheio de estalagmites e estalactites que em alguns casos se conectavam como pilares de um palácio. Espalhados pelo local estavam alguns pequenos poços de lava – e, os rodeando, viam-se vários diabretes, pequenos trasgos avermelhados de orelhas pontudas e enormes e narizes maiores ainda. Ao perceberem o grupo que se organizava para a batalha, começaram a canalizar bolas de fogo – as mesmas que quicavam como bolas e ameaçaram Inacius quando este apareceu.

Karrk sofria para comer o pão que o próprio Diabo amassou e cuspiu para que o xamã sobrevive. Ofegando mais do que qualquer um do grupo, só conseguia manter-se de pé, usando seu cajado como um apoio. O demônio caminhava muito mais lentamente que os demais e sequer conseguia acompanhar o passo da maioria, o que muitas vezes ocasionava no fato de ter que acelerar para alcança-los, o desgastando ainda mais conforme adentrava ao lugar, a qual para ele, era o pior ambiente possível.

Quando viu os diabretes já dançando e pulando como as criaturas danadas que eram, só o fato de serem vermelhas, já fazia lhe o suor ficar frio. '' - Fogo, deuses, fogo. Óh, mãe, por que esses demônios sempre gostam de fogo e coisas vermelhas - '', pensou irritado. Quando os ataques se iniciavam, a criatura dava alguns passos para trás, ficando na retaguarda, provavelmente um pouco vulnerável.

Mantendo-se atrás do grupo, finalmente tomou seu papel como o suporte deles, usando-lhe as formas que restava, resfriava seu corpo com magia para que pudesse começar seu encantamento. Balançando os chocalhos de seu cajado e os lenços com escrituras mágicas que residiam nos chifres de sua cabeça, começava a focar sua energia em uma área circular, partindo de onde o grupo estava. Assim como muita de suas magias, ele não recitava tantras ou canções, apenas seus movimentos poderiam dizer a seus parceiros que ele usaria uma magia.

Eis que quando conseguisse completa-la, um enorme pilar de gelo, com o formato do rosto de sua ''Deusa-Mãe'' venerada por sua tribo, aparecia em meio ao grupo, emitindo uma espécie de onda gelada em um raio de 12m, ou menos dependendo do quanto tivesse que apreciar seu ritual na batalha, para todos os lados. A onda deveria servir como um refresco para o campo de batalha, não potencializando danos e muito menos defesas, porém aumentando resistência ao calor do ambiente, podendo restaurar o vigor de seus aliados e permitindo-os que lutassem com maior agilidade naquela área de efeito. No caso da maga, magias de gelo poderiam ser potencializadas quando utilizadas por perto, porém teriam o efeito contrário em magias que envolvem-se calor.