O primeiro passo é perder, o segundo é negar

A batalha estava se desenrolando ao meu favor até então, apresentando a fraqueza de Quilava em relação aos golpes que envolvam rochas. A partir deste conhecimento, a estratégia tomada por mim no turno seguinte baseou-se na pura ofensiva, semelhante ao teste de forças da primeira rodada do combate. Logo, orientei meu companheiro:

-Lairon, não perca tempo tentando esquivar-se, apenas receba os golpes e concentre-se no padrão de movimento do seu oponente. Isso irá o acostumar aos reflexos de Quilava e consequentemente irá aperfeiçoar sua mira. Utilize então Rock Tomb e busque aprisionar Quilava em um túmulo de pedras, levando consigo a fumaça a partir da velocidade de disparo das rochas. Feito isso, finalize com outro Rock Tomb.

Bastaram algumas poucas imposições de desvantagem sobre Quilava para que ele enfim caísse por terra. Enterrado pela tumba de rochas, o Pokémon flamejante guinchou de dor, clamando pelo seu salvamento. Paula, ao seu resgate, correu para as pedras amontoadas sobre seu companheiro, movendo estas um tanto para que o feixe de luz escarlate de sua Pokébola pudesse recolher o nocauteado Quilava. Ela então me agradeceu pela batalha, e eu apenas respondi, enquanto a jovem treinadora dirigia-se às pressas para o Centro Pokémon:

-Foi uma honra poder batalhar com você.

Logo que respondi ao agradecimento de Paula, senti que algo chacoalhava dentro de minha mochila. Quando a repousei sobre o chão da arena e abri seu zíper, percebi que a fonte de todo aquele intenso movimento era o ovo de Lucario que havia recebido de uma troca passada. Quando o envolvi em meus braços, pude sentir a rachadura em sua superfície no instante em que ela se abriu. De dentro da fenda, um braço coberto por pelos azuis saiu, lutando para quebrar a casca que restringia seus movimentos. Resolvi ajuda-lo, removendo os pedaços que a cria de Lucario, o Riolu recém-nascido, quebrava. Finalmente o Pokémon se livrou de seu ovo e, em todo seu esplendor, sacudiu seu corpo para livrar-se de resíduos do interior da casca. Então, a criaturinha deu seus primeiros passos sobre a arena do Centro, em seguida voltando-se para mim, encarando-me em meus olhos.

-Olá. Eu sou o Roderick, mas pode me chamar de Rick se quiser. – apresentei-me em uma brincadeira com o Pokémon, levando em conta a incapacidade de Riolu de falar algo que não fosse o nome de sua espécie. -Você é um Riolu. Um Pokémon. Eu sou seu treinador, a pessoa que irá fazer você ficar forte e vencer outros Pokémon em qualquer luta! – anunciei.

Riolu olhou para mim, olhou para o céu e olhou para mim novamente. Estava um pouco confuso, mas esta confusão não deixou que sua felicidade falasse mais alto. Abriu um grande sorriso e deu um enorme salto que representou toda a alegria que sentiu em seu nascimento. Após conversar com ele durante um tempo, explicando quem eu era, apresentando meus outros Pokémon a ele e lhe dizendo o básico das batalhas, Riolu prontificou-se para ser designado a uma de minhas Pokébolas. Então, saquei uma de minhas esferas de lados vermelho e branco e encostei seu botão na testa de Riolu, que foi sugado numa luz escarlate para dentro da cápsula. Logo depois, libertei meu novo companheiro para que ele me seguisse e se acostumasse a andar e interagir comigo.

Então, vi a batalha dos dois treinadores de antes que estava em curso naquele momento. Dei um rápido aviso dizendo que não possuía mais tempo para observar o treinamento dos dois, vistos os meus planos de estudar meu próximo oponente da Battle Factory. Acenei enquanto encaminhava-me para o Centro Pokémon com o intuito de restaurar a vitalidade de Lairon.