Re: #01 - O primeiro murmúrio dos ventos

por **Ryousuke** Qua Dez 27 2017, 10:18

Não a respondi até que fosse levado para dentro do automóvel. Estava nervoso, portanto pensar em uma solução para aquilo seria algo realmente complicado. No entanto, estava ciente de que a única coisa que tinha que fazer era de executar a verdade de uma maneira convincente.

— E-Eu não fui roubado por uma pessoa. Era um Pokémon selvagem! — Tentava explicar-me claramente. Uma de minhas mãos coçava a outra de leve pelo nervosismo, e eu sentia as algemas pressionarem o meu pulso enquanto fazia aquilo. — Na verdade, o tal ladrão está aí contigo! N-Na sacola. Eu o capturei e fui ao Centro Pokémon depois. — Procurava apontar à ela, mas essa tarefa se tornava difícil por conta das algemas. Um gesto praticamente inútil, já que a oficial provavelmente teria de prestar atenção na estrada, mas eu o realizava de qualquer maneira.

Off:

por **Sckar** Qua Dez 27 2017, 16:36

Ryousuke tentava se explicar para a oficial Jenny e esta o ouvia atentamente. Assim que ele terminou de falar, ela o questionou:

- Dizendo que não chamou a polícia e ainda invadiu uma casa e uma fazenda, para perseguir um pokémon selvagem ladrão? Que prova tem disso?

Ela continuava dirigindo com as sirenes ligadas, ouvindo o que o rapaz tinha à dizer.

- Não parece muito inteligente o que fez. Tanto porque agora seus pokémons podem mentir por você, então não posso acreditar neles ou mesmo em sua própria palavra. Será que você tem alguma forma de provar isso?

por **Ryousuke** Qui Dez 28 2017, 12:09

Apoiando minha nuca no encosto do assento da viatura, soltei um breve suspiro. Procurava pensar em algo que me inocentasse, para responder definitivamente a pergunta de Jenny.

— Na verdade, não... Eu só posso te provar que capturei o Pokémon recentemente, porque virei treinador hoje. — A partir daquele ponto, já tinha quase desistido. Mas a minha moral ainda não tinha se esgotado por completo.

— A única coisa que pode provar que eu não roubei nada é o depoimento do proprietário da fazenda, e-eu acho. A oficial chegou a falar com ele? — Questionei-a, parecendo divagar nos pensamentos. Como sair definitivamente daquela situação..?

por **Sckar** Qui Dez 28 2017, 15:41

- Sim, eu falei com ele. Ele disse que realmente não deu falta de nada. Mas você invadiu o terreno dele e ele ficou assustado. A senhora que você invadiu a casa primeiro e seus vizinhos disseram que você logo fugiu pelos fundos quando viu que eles estavam chamando a polícia.

Respondia Jenny. A situação era mesmo bem complicada. Como o garoto poderia limpar seu nome?

por **Ryousuke** Sex Dez 29 2017, 05:05

— E-E nenhuma das testemunhas viu o Pokémon fugindo?! — Exclamei. Meu olhar demonstrava claramente que eu estava desesperado. Na verdade, aquilo era algo até que provável, já que Minun era um roedor de pequeno porte, e portanto seria difícil terem o avistado. Passado um tempo tentando acalmar-me, suspirei novamente. Olhava para baixo.

— ...O que vai acontecer comigo, agora? — Voltava à olhar Jenny. Estava preocupado, com medo, e muitos pensamentos rondavam minha cabeça. Iria realmente ser preso? No primeiro dia como treinador Pokémon?! Realmente uma bela falta de sorte.

por **Sckar** Sex Dez 29 2017, 17:37

- Não, ninguém relatou nenhum pokémon fugitivo.

Respondia a oficial Jenny para a primeira pergunta enquanto continuava dirigindo seu carro em alta velocidade com a sirene ligada.

- Simples, você ficará detido e poderá fazer uma ligação. Se alguém vier buscá-lo e pagar sua fiança, você poderá responder em liberdade. Mas não poderá sair da cidade, até ser julga...

KABOOOOWWW!!!!!

Um estrondo altíssimo interrompeu Jenny, ela gritou. Seria por susto ou dor? O som do metal se retorcendo e vidros rachando era o que mais incomodava os ouvidos. O carro havia sofrido uma óbvia colisão, sendo jogado para o lado esquerdo, capotando... girando como uma bola de futebol. A oficial estava de cinto de segurança, mas o garoto não. Contudo o espaço onde ficavam os passageiros detidos era pequeno e ele não era arremessado muito de um lado ao outro. Porém, caía contra o teto quando o veículo estava de ponta cabeça e caía novamente contra o assento e o chão quando ficava em posição normal.

Quantas vezes haviam capotado? Não deu para contar, mas sabia que sentia um forte enjoo e talvez não conseguisse impedir o vômito. Quando tudo parou, estavam de ponta cabeça, demorou alguns segundos para entender tudo, pois havia sido muito rápido. Via a face da oficial Jenny levemente ensanguentada e que suas algemas haviam quebrado com os impactos sucessivos durante o capotamento e agora pareciam duas pulseiras bregas com um pedaço de corrente partida em cada uma. Assim como a janela de seu lado, arrebentada. Poderia escapar por ali se quisesse.

Jenny parecia inconsciente, o rapaz sentia um leve cheiro de queimado e nem fazia ideia do que havia colidido com a viatura. O que Ryousuke faria?

por **Ryousuke** Sex Dez 29 2017, 18:27

Apesar de desapontado por ninguém ter avistado o ladrão, ouvia atentamente às palavras da oficial, chegando a sentir-me levemente aliviado após ouvir o termo "liberdade".

Mas quaisquer tentativas de continuar a ouvi-la eram interrompidas com a colisão brusca do veículo, juntamente dos ruídos extremamente incomodantes de metal que cravavam na minha mente por alguns segundos. Instintivamente, a única coisa que o meu cérebro foi capaz de me fazer processar era o ato de encolher-me e de proteger a face com os braços. Sentia cada impacto do meu corpo contra as extremidades do automóvel, e fazia o possível para não me deixar sair daquela posição.

Tonteado, agora eu me encontrava finalmente parado. Estava prestes a começar a grunhir de dor, mas fui parado por uma náusea brusca que me obrigou a jogar um café da manhã inexistente para fora. Recobrava o raciocínio pouco a pouco, e a primeira coisa que fiz foi olhar para onde supostamente estariam os bancos da frente, apenas para encontrar a policial, desmaiada e sangrando. Apesar de realmente não ser muito sangue, a minha mente se perturbava com a possibilidade de que ela estivesse... Morta.

Notava que o acidente teria libertado o movimento de minhas mãos, além de ter deixado uma saída aberta. Com o corpo trêmulo, fiz os esforços possíveis para conseguir rastejar para fora do veículo. Ainda tonto, levantei-me e fui imediatamente à porta da frente, onde Jenny estava. Batia o mais forte o possível no vidro para tentar chamar a sua atenção.

— Oficial! Oficial?! — Gritava. — Socorro! Alguém?! S-Socorro!!! — Estava claramente desesperado. E o cheiro de queimado no ar que começava a perceber somente piorava o meu estado.

OFF:

por **Sckar** Sáb Dez 30 2017, 01:38

Ironicamente Ryousuke que não estava de cinto de segurança, feriu-se apenas levemente. Uma escoriação aqui, um pedaço rasgado da roupa acolá, um hematoma ali e uma leve dor generalizada, eram seus únicos problemas. Nada muito sério. Era como se ele tivesse caído de bicicleta em velocidade mediana e não tivesse tido nenhuma fratura. Talvez por estar apenas algemado e sem cinto, ele balançou de um lado ao outro, sofrendo danos leves e evitando os mais graves.

Já Jenny não teve tanta sorte, talvez por estar de cinto e atrás da direção, seu corpo foi um pouco mais para o lado esquerdo do que deveria e então bateu a cabeça contra a janela, rachando-a e fazendo um corte na têmpora. Sabia disso pois agora que ele estava do lado de fora do veículo (após vomitar), pôde ver a janela rachada, manchada de sangue e um filete deste mesmo líquido rubro, escorrendo pela lateral da cabeça da moça.

O garoto gritou por ela, mas ela não respondia. No entanto, ela não estava pálida, era possível vê-la mover a barriga, sinalizando a respiração. Parecia estar relativamente bem, apesar de que sempre era um mau sinal perder a consciência após um golpe na cabeça.

Ele olhou ao redor e viu que estava numa parte muito afastada da cidade, pois só via matagal e nenhuma pessoa. Porém, ele foi detido após sair do Centro Pokémon na parte central da cidade e estava sendo levado para a delegacia, que provavelmente deveria ser próximo. Contudo, estavam num lugar muito afastado e ermo. Por que? Talvez tivesse ter exercido seu direito de manter silêncio e ter prestado mais atenção no caminho. Ou talvez perguntado para ela aonde ficava esta delegacia que ela estava levando-o.

Só que na verdade, olhando um pouco mais atentamente na direção oposta à observada primeiro pelo rapaz, ele avistou uma única pessoa parada em pé e observando o acidente. Era um outro rapaz, alto, cabelos negros lisos e compridos. Um pouco barrigudo, mas com braços grandes e fortes. Usava roupas meio velhas, surradas e até um pouco sujas. Tinha uma feição agressiva, com o cenho franzido e os dentes cerrados. E havia um estranho pokémon flutuando ao seu lado, parecia um pequeno míssil com um olho no centro de seu corpo. O rapaz então falou:

- Sinto muito te envolver nisso, cara.
Mas acho que você não está muito ferido e poderá tirar uma boa vantagem disso fugindo. Então podemos fazer um acordo?
Você vai embora e esquece tudo isso, que eu também esquecerei que te vi aqui. Que tal?
Afinal tenho contas à acertar é com essa v@61@ que prendeu meu pai meses atrás, não com você.
Pode ir... você está livre!

O garoto com olhar irritado começou à caminhar lentamente em direção ao carro. Ryousuke estava do lado de fora, ao lado do banco da motorista e o outro rapaz, vinha caminhando do lado oposto. O que o novato faria?

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Imagens meramente ilustrativas.

OFF:

por **Ryousuke** Sáb Dez 30 2017, 11:29

Observar que Jenny ainda respirava e estava somente inconsciente era algo aliviante, mas ainda assim a preocupação de socorrê-la se mantinha, já que aquele ferimento poderia ser perigoso.

Mas a minha atenção se moveu para o ambiente desconhecido e sem edifícios. O que estávamos fazendo ali? Eu não estava indo para a delegacia..? Não tive muito tempo de pensar nisso, já que alguém se via presente naquele lugar, acompanhado de uma criatura flutuante, que para mim, parecia ter tipagem rochosa ou coisa assim. No entanto, só consegui ficar ainda mais vacilante ao observar que ele não estava nada contente ou preocupado. Teria sido ele a pessoa que provocou o acidente, com o seu Pokémon?

Hesitante, eu o encarava com medo no olhar. O que é que ele faria se eu fosse embora..? Seria realmente o correto a se fazer numa situação daquelas? Já que eu estava afastado da cidade, talvez não teria tempo suficiente para chamar ajuda.

No entanto, não fiquei pensando muito nisso antes de agir. Imediatamente fui para a janela quebrada na parte de trás do carro, peguei a minha mochila e voltei para fora. — ...Por que seu pai foi preso? — Perguntei, enquanto abria a mochila para conferir se havia algo quebrado. Apesar de medroso, um lado meu também queria saber mais daquele conflito. Afinal, como alguém que estava sendo injustamente preso até o atual momento, eu considerava na mesma situação ter acontecido com o pai daquela pessoa. Se fosse este o caso, teria eu alguma moral para impedi-lo?

Parei para pensar ao observar as pokébolas vazias na mochila. — O-Os meus P-Pokémon... Estão com ela. P-Posso pegá-los? — Estava extremamente vacilante, mas mesmo assim eu continuava a pensar em alguma solução. Talvez o medo fosse um bom disfarce, além de que minha pergunta anterior deve ter deixado o rapaz com a guarda baixa. Como prosseguir após recuperar meus companheiros era a questão agora.

por **Sckar** Dom Dez 31 2017, 02:05

Ryousuke se sentiu aliviado ao ver que a moça ainda respirava, apesar de manter a preocupação para com toda a situação e o estado dela. Estranho o local aonde estava, mas logo sua atenção voltou-se para o outro garoto e seu pokémon flutuante.

Após ouvir o rapaz estranho que caminhava lentamente enquanto falava, Ryousuke o questionou e então o primeiro pigarreou e respondeu:

- Meu pai só fez o que era necessário para sustentar a família.
Mas isso não diz respeito à você. Então deixe isso para lá e dê o fora!

Disse ainda caminhando lentamente e com seu olhar irritado. Ryousuke explicou sobre as pokébolas de seus pokémons e pediu permissão para pegá-las. O outro rapaz parou de caminhar ao lado da janela do passageiro do banco da frente, o qual estava vazio. Pigarreou mais uma vez e com uma cara raivosa, esbravejou:

- Tá bom! Creio que esteja com ela, certo? Então vou quebrar a janela pra você, aí você pega o que for teu. Depois dê o fora logo! Você não vai querer ser testemunha disso e muito menos vai querer ficar no meu caminho. Certo?!

Ele então olhou para trás, por cima do próprio ombro direito e assobiou. Assim que fez isso, um som de casco trotando foi ouvido e uma rena saiu de trás de uma árvore próxima de onde o rapaz estava quando Ryousuke o vira pela primeira vez.

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Imagem meramente ilustrativa.

- Stantler, quebre a janela da motorista e deixe o garoto pegar o que precisa. Depois a gente acaba com ela!

Dizia ainda irritado, mas com um sorriso malicioso. A rena aproximou-se do garoto iniciante calmamente, inclinou a cabeça para baixo e deu uma leve pancada na janela rachada, despedaçando parte desta e abrindo um buraco. Aparentemente não feriu a oficial mais do que já estava.

- Pronto, pegue e dê o fora!

Esbravejou novamente enquanto a rena afastava-se de Ryousuke, o que ele faria?

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