[01] Sinfonia do Novo Mundo

    Em outra ocasião, Evelyn teria ficado no mínimo perturbada após assistir uma desconhecida entrando à força na casa de alguém. No entanto, em uma situação como aquela, a única preocupação da garota foi constatar que a dona da moradia realmente não estava lá.
     Como a curandeira não estava presente, coube à mulher que guiara Evelyn até ali tratar Taillow. Embora ela estivesse visivelmente se esforçando, a Lancaster temia que as habilidades da mesma não fossem suficientes. Afinal, ela havia tranquilizado-a antes dizendo que conhecia a melhor curandeira do vilarejo. Não falara nada sobre seus próprios conhecimentos.
     A treinadora andava de um canto ao outro do cômodo, inquieta, enquanto Hazel seguia com o olhar cada movimento da dona. Sentia-se mal pela menina, que não estava acostumada a passar por aquele tipo de sufoco, e pior ainda pelo pássaro ferido. Cubone, que geralmente tinha qualquer situação sob seu controle, estava ficando frustrada por não poder fazer nada para ajudar.
    Ou será que ela podia...?
    Correndo para a porta que levava à rua, o Pokémon de natureza ground olhou veemente para os lados, em busca de qualquer um que aparentasse ser a pessoa à qual a mulher se referira. Sem obter resultados positivos, mas ainda determinada a encontrar aquela curandeira, Hazel emitiu uma sequência de grunhidos para chamar a atenção da dona.
    - Uhn...? - Evelyn voltou seu olhar para sua pequena acompanhante, parecendo surpresa ao encontrá-la na saída da casa. No entanto, a compreensão se espalhou pelo rosto da Lancaster conforme ela compreendia as intenções de Hazel. - Moça, desculpe-me, mas não acho que seremos úteis por aqui... a senhora quer que procuremos pela curandeira? Sabe onde ela pode estar?

    Com as novas informações, a jovem sentiu sua confiança renovada. Percorreu o bairro por mais alguns minutos, ignorando o protesto dos seus pés doloridos, e enfim viu-se diante de uma pessoa que se encaixava perfeitamente na descrição dada. Evelyn e Hazel trocaram olhares vitoriosos, a maior sorria como uma criança que acabara de ganhar seu presente de Natal.
    Sem demora, as duas correram na direção da mulher, parando bem em frente à mesma. A loira, sem fôlego, apoiou as mãos nos joelhos e fez um gesto para a curandeira, sinalizando que tinha algo para falar. Quando enfim estava em condições de dizer algo coerente, começou a explicar o ocorrido.
   - Com licença, a senhora é a Dolores, não é? - Começou, para garantir que não estava abordando a pessoa errada. - Por favor, nós precisamos muito da sua ajuda...
    Da forma mais sucinta que pôde, Evelyn narrou os acontecimentos daquele dia. Contou o que acontecera com Taillow; o perigo de vida que o pequeno pássaro corria; a ajuda que uma piedosa mulher (nesse momento, a loira sentiu-se envergonhada por nem sequer saber o nome dela) prestara... e, por fim, disse que precisava da ajuda de Dolores para que Taillow se recuperasse.
    - E foi isso... - Concluiu, apressada. - Podemos contar com a senhora, por favor?