Dias de treinamento com todo o vigor

OFF: Hey, pessoa nova.

Eis que uma nova sequência de eventos ocorria em consequência da presença de Daisuke na belíssima e também movimentada cidade de Sootopolis. Aquele rapaz era simplesmente como um alvo humano a atrair pessoas, vez que aparentemente cada vez mais treinadores voltavam-se a ele como limalha de aço ao imã. Desta vez, uma nova garota surgia em cena. A tal garota se tratava de Winnie, que por sua vez aparentava uma maturidade certamente maior que Karinna, com quem Daisuke batalhara lado a lado ainda a pouco. Apesar do primeiro contato da garota em questão ter sido realizado face a Daisuke, seus olhos pareciam voltar-se inconscientemente ao outro rapaz naquele mesmo ambiente: Matthew. Os olhares de ambos se cruzavam e instantaneamente um fluxo de emoções e sensações envolvera os treinadores cujas memórias pareciam remetê-los a um passado um tanto distante.

Winnie estava imóvel, paralisada, o que certamente dificultava a situação para Daisuke, que apesar de parecer confortável ao lado de uma pessoa do sexo oposto, aparentava também estar preocupado com a reação que a jovem tivera após o esbarrão... Isto é, até que tudo fora respondido pela atitude de seu amigo. Matthew dera a entender que conhecia aquela jovem, mas ainda assim não explicava o por que daquela intensa reação. Contudo, o delicado contato que Matthew promovera, ao fazer com que seus dedos tocassem os da garota, explicara ao jovem que certamente se tratava de um vínculo indubitavelmente profundo. Afinal... Não é todo dia, nem com qualquer um, que se pode ter uma interação como aquela sem que haja muita emoção envolvida, mesmo que ele desconhecesse de tal história.

Enfim. O proprietário do estabelecimento parecera um tanto preocupado com Winnie, mas ao ver que um dos jovens a conhecera e fora até esta, o homem se acalmara e assim voltara a realizar suas tarefas corriqueiras, apesar de garantir que seus olhos gravassem a tudo que ali ocorria para evitar preocupações maiores. De qualquer forma, como o trio reagiria aos eventos que acabavam de ocorrer? Especificamente, como Winnie reagiria agora que Matthew a reconhecera, promovendo assim o encontro que a tanto tempo o destino havia agendado?

Sentia como se estivéssemos numa sintonia só nossa diante da situação não planejada. E era muito louco pensar que aquela encontro que nunca aconteceu estaria rolando por ação cósmica ou do destino. Isto é, poderia ser melhor se eu já não estivesse acompanhado de um amigo. Ainda assim admirava esse momento. E a ela, tímida e pequenina. Estava confortável até ela fazer a primeira pergunta.

— Ah... o contest... - preocupei-me com o elemento que unia nossos interesses.

Por mais que Daisuke fosse meu melhor amigo, não tinha tomado coragem de contar a ele que havia entrado para os concursos como o mascarado. A essa altura já não era mais por medo de julgamentos, e sim a forma como contaria. Não queria chegar de forma brusca e revelar algo tão intimo assim. Com Winnie foi inevitável. Fora ela a primeira batalha de Thito num contest, sem contar que a guria era bem mais esperta que Daisuke, que já tinha visto a fantasia de Cisne antes mesmo de ter sido usada num Hall. De toda forma, levei algum tempo raciocinando o que diria à Winnie sem mentir e evitando de me expor naquele momento. Sentia as palpitações em meu peito aumentarem em velocidade e minhas têmporas pulsando tentando encontrar respostas. Depois de alguns segundos eu decidi assentir e dizer:

— Na verdade eu vim na expectativa de conseguir me encontrar com Wallace, mas não foi dessa vez. Ao invés disso eu acabei encontrando com meu melhor amigo, Daisuke e... o universo me proporcionou encontrar com você. Eu tenho treinado demais e sem focar nos meus objetivos. Decidi tirar um tempo pra pensar e criar metas objetivas. Pretendo, ao me despedir de Sootopolis, desafiar 3 ginásios...

"e depois focar nos concursos" - completei, apenas gesticulando os lábios.

Nisso sentia ela responder ao meu toque durante a conversa e me acalmava mais os sentidos enquanto animava outros. A sutileza no tato ao aperto e entrelaçar de mãos me deixava contente, fazendo esvoaçar um sorriso um tanto quanto tímido. Queria saber mais dela e como tinha passado o tempo depois que nos afastamos e não conseguimos nos encontrar. Provavelmente tinha grandes histórias e mais viagens na conta, afinal, ambos éramos naturais de Johto. Todavia, não gostaria de fazer Daisuke esperar uma vida, pois bastava a intromissão de Ruby e Will no nosso dia.

— Faz bastante tempo sim... Gostaria de ouvir o que tem feito, mas na verdade eu estava indo ajudar meu amigo numa batalha... Se não estiver ocupada, quer vir conosco e assistir? Posso te ouvir enquanto andamos e um jantar depois, se não for muito pretensioso, o que acha?

Off: Desculpa qualquer erro, to no celular hehehe.

Fui respondida com uma insegurança inicial, demorei reparar na besteira que fiz; o próprio Matthew como participante de Contest é um segredo. Num flashback relembrei a dificuldade que fora confirmar que ele fora meu oponente e, quando fiz, ele ficara completamente desarmado. Parece bobo à princípio mas era nesses detalhes que concentravam meu apreço pela delicadeza de Matthew. Engoli a seco e matei o assunto, o próprio gesticular de lábios já era suficiente para entender que a resposta era sim e não precisava mais de muito.

Pressionei um pouco mais forte sua mão e, a medda que a língua soltava, garganta molhava e rosto esfriava, fui aliviando o apertar. Agora eu conseguiria realmente falar; a reciprocidade do toque fora algo que nunca havia experimentado antes e, como primeira vez, era incrivelmente acalentador. Respirei fundo com sucesso pela primeira vez; a respiração curta e ansiosa ainda era lei mas, ao menos, tinha um furo ou outro. Sorri mais espontânea e, a medida que o tocava, abria mais a postura; minha falsa devensiva cessara e meus ombros estavam relaxados o suficientes para caírem. Nosso aperto de mão já não era mais aperto e sim carinho.

Recebi seu convite com um pequeno questionamento. Será que essa noite acontecerá? Bem, a resposta a princípio era óbvia; só acontecerá se eu me permitir. Esbocei um sim com a boca mas não o concluí, isto pelo motivo mais simples de todo: estou certa de que prometi algo a Nicholas. O que era mesmo? Lembro que estávamos atrás de Netero e talvez por isso estejamos aqui. Decidi confirmar só com a cabeça a princípio, averiguando o fato de que o acompanharia durante sua batalha mas deixando em aberto o jantar, pretendia decidir isso nos próximos segundos, a resposta tomaria conta das minhas próximas falas mas eu precisava pensar. O que de fato me ocuparia a noite?

Sei que aceitarei o convite; não faz sentido algum recusar mas eu deveria ao menos notificar Nicholas para que ou me esperasse ou que fosse sem mim. Acredito que o rapaz não sinta minha falta ou sequer se dê conta do meu sumiço, ainda assim, me sentia responsável por avisar; nunca gostei muito de desencontros e, ao mesmo tempo que tinha a chance de consertar isto com Matthew, não adiantaria nada perder minha parceiria com Nicholas nesta troca. Peguei minha PokeDex e procurei o contato do rapaz, estava preparando algum tipo de texto escrito para avisá-lo mas desisti de o fazer agora. Não há essa necessidade de imediatismo, né? Dei de ombros, se o rapaz nem sequer viera comigo ao centro pokemon quem dirá sentirá minha falta tão de imediato. "Depois eu aviso", pensei.
- Oh, seria ótimo jantar contigo mais tarde. Prometo não desaparecer dessa vez - aceitei o convite e, junto dele, a culpa - Aqui em Sootopolis mesmo?

Enquanto falava me preocupei em andar com o rapaz até o campo, lá soltaria sua mão e sentaria em algum meio fio mais limpo.

Gostava de vê-la bem, mas parecia ainda atordoada com nosso encontro, quiçá confusa. Não soube ler muito bem os olhares distantes tal como seus pensamentos, provavelmente. Contudo, ela aceitava meu convite para jantar. Ficava contente e animado para mais tarde.

Nisso, ela cumprimentou decentemente Daisuke, que já estava preparado para a batalha. Winnie se arrumava num banquinho para assistir quando chegou um moleque, que ela parecia conhecer. Tomei um susto, mas achei engraçado. Eu teria dito não só pra zuar com ele.

— Dai, deixa Alicia com Winnie por enquanto. Eros, faça companhia a elas! - revelei o famoso Sylveon, que conhecia a garota e parecia encantado com a pequena Vulpix albina. - BRB. - piscava para Winnie enquanto me afastava devagarinho.

Me posicionava então diante dele, no lugar reservado ao treinador e chamava uma dupla que provavelmente levaria um caldo daquela dupla aquática, mas não estava me importando com isso no momento.

— Pig, vamos ajudar Chi a ficar grandão também, mas também treinemos durante essa batalha. Aprimore seu Earthquake pisando firme no chão até abalar a terra! Rhydon, quero que absorva a eletricidade ao redor e transforme isso em potência para um Wild Charge! Provavelmente não conseguirão de primeira, mas repitam no segundo turno, não importando o alvo.


Ao ser materializado para o exterior da esfera bicolor, o Sylveon dava a graça e o brilho ao lugar. Enérgico como sempre, este enlaçava o braço do mestre e ouvia que deveria fazer companhia para as fêmeas enquanto "Matthew" batalhava. Eros gostava de seu pai, mas preferia Thito por ser sempre divertido e emocionante como ele. Todavia, ao dispor os olhos sobre a criatura cor de neve nos braços da humana, o Sylveon ficou em transe por alguns segundos, aquietando-se. Caminhou tímido até o banco, mas não subiu. Esperou ser convidado, mas tinha vergonha de olhar diretamente nas pérolas azuladas da Alolan Vulpix.

O Sylveon nunca tinha ficado tão agitado por dentro quanto agora. Sabia do que se tratava, pois já sentira as emoções de Matthew pelo toque, só não imaginou que aconteceria consigo.