Floresta negra, coração negro.

floresta negra, coração negro.

OFF:

O sol de Petalburg não era dos mais fortes, mas isso não significava que ele não faria falta; suas cores começavam a se alterar conforme Victor e Angel davam os primeiros passos dentro da Petalburg Woods, uma floresta fechada no norte da cidade de mesmo nome, e que abrigava uma grande variedade de insetos e outras criaturinhas curiosas. O brilho da Golden Hour banhava os olhos do rapaz, ressaltando ainda mais suas olheiras de noites mal dormidas e seus cabelos arroxeados, que balançavam com a brisa do fim da tarde, sinalizando que o ambiente estava começando a se preparar para a noite fria que provavelmente viria.

O objetivo dessa dupla num lugar tão incomum era... Um pouco complicado. V. para ajudar seu recém-conhecido amigo, Harvey, aceitou um trabalho como segurança para seu pai, Angel, que era agiota, mas um tanto quanto coração mole; o trabalho lhe renderia bons frutos, claro, a promessa de um item que valia uma boa grana, um Nugget. Apesar de já ter encontrado o homem, Crane se preocupava com a abordagem que usaria com a família de estelionatários descrita por Harv e seu pai; será que realmente estava roubando o homem, ou apenas não tinham como pagar? Não dava para saber, e por isso, a preocupação do garoto era compreensível.

Angel arrumou brevemente seus cabelos rosados antes de responder o rapaz, colocando as mãos nos bolsos de sua vestimenta inferior, e deixando que a brisa também o refrescasse. - Ahh, eles são estelionatários, sem dúvida. Meus contatos disseram que eles fazem parte de algo maior, alguma organização que lucra em cima de equipamentos roubados, e que estavam precisando de uma grana pra investir num projeto novo. Não sei qual projeto é esse, mas quando eles me procuraram por dinheiro, eu não pude negar a ajuda, já que o pagamento seria logo, e era uma grande quantia. - Comentou o velho, paciente como sempre. - Não tem criança nenhuma, rapaz! É só uma gente metida com coisa errada, então talvez tenha que usar esse seus bichinhos.

Talvez por isso Harv tenha contratado um treinador. Faria sentido, não?

PROGRESSO DA ROTA:

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Apesar da fala de Victor, Angel não se ofendeu. Ele sabia que isso era comum em mercenários que aceitavam esse tipo de trabalho, não dava para se confiar em todo mundo e o próprio agiota também não tinha certeza se poderia acreditar que o garoto realmente o ajudaria em qualquer hipótese, principalmente pela preocupação dele em saber se haveriam crianças pelo lugar. É claro que, a essa altura, se houvessem de fato, o agiota não falaria nada para o rapaz, para não acabar perdendo o funcionário, mesmo tendo noção de que ele provavelmente amarelaria quando chegasse a hora. A voz de V., contudo, chamou a atenção do velho quando ouviu de sua boca um fato interessante.

- Mas são uma família, rapaz. São um homem e sua esposa, os que entraram em contato comigo, mas ele citou um filho maior de idade, e uma filha adolescente, próxima dos dezesseis. É a única informação que tenho, se há alguma criança, eu desconheço. - Comentou, tirando as mãos do bolso e pegando um Rotom Phone arroxeado, que estava a tocar desde o meio de sua frase. - Oi filho. Sim, ele está comigo sim; estou sabendo da recompensa que você prometeu, e está tudo certo. Estamos entrando agora na floresta, acredito que não deva demorar. - Certamente era Harvey, preocupado com o pai.

O caminho passou a se alterar com o tempo de caminhada, aos poucos a cidade foi ficando para trás e a pradaria foi tomando conta, antes de dar lugar a floresta propriamente dita, num futuro próximo; era possível ver a frente, ainda um pouco longe, a mudança de visual que o bosque dava para a paisagem. Claramente eles teriam de caminhar mais um pouco, mas Angel não parecia nada cansado. O sol ia se pondo no horizonte, e aos pouquinhos, a noite ia dando as caras; seria uma aventura numa floresta a noite... Nada poderia dar errado, né?

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Por mais que Victor estivesse impaciente, e ansioso, para chegarem logo, ainda parecia uma eternidade. Angel não abria a boca para falar se estavam chegando ou não, então, era de suspeitar que ainda houvesse um bom caminho a frente; afinal, que tipo de pessoa morava no meio da floresta? Só fazia sentido porque eles estavam se escondendo do resto da população que eles roubaram, então era um bom esconderijo; o próprio agiota não sabia exatamente onde ficava, já que seus contatos não conseguiram falar direito do que se tratava o esconderijo deles. Poderia ser simplesmente um povo em sacos de dormir, acampando, o que certamente dificultaria a busca.

De qualquer forma, o homem ouviu com atenção o que V. tinha para dizer, e concordou ao final, assentindo com a cabeça. - Eu te entendo bem rapaz, e você deve imaginar que seja por isso que me chamam de coração-mole. Eu não faço muitas coisas que já fizeram comigo alguma vez, e por isso preciso de alguém para fazer o trabalho sujo por mim, já que essa... "Profissão", tem muita gente tentando te passar aperna. - Angel, apesar da faceta calma, era certamente um homem experiente. Sabe-se lá o que ele já viveu que não queria ser grosseiro com os outros, mas com certeza só ele e Harvey tinham consciência do tanto que sofreram para seu pai acabar num lugar como esses.

Apesar do papo, a noite tomava conta por completo, e quando chegavam a uma parte mais adentro da floresta, Angel parava de andar. - Bem, é só até aqui que tenho informações... O resto vamos ter de procurar. - Ele coçou a cabeça, claramente nervoso por ter que caçar uma família de ladrões a noite. Haviam algumas opções pra prosseguir: ele e Victor poderiam simplesmente sair andando floresta adentro e procurando pela família; poderiam procurar um posto dos Rangers, que certamente estava localizado em algum lugar próximo da entrada, ou até mesmo outras pessoas que estivessem por ali para interrogá-las. Afinal, a floresta não estava vazia, Petalburg Woods era quase um "National Park", onde as pessoas iam para acampar e entrar em contato com a natureza... Então, é. Restava a Crane ajudar seu companheiro de trabalho.

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Estava bem claro que Angel não fazia ideia de como prosseguiriam a partir dali, não só isso mas ele dificilmente sabia como fariam para encontrar o lugar exato em que a família morava; até porquê, todo dado que ele tinha se resumia aos que seus informantes passavam, eles eram a fonte de informações do agiota, e não ter a informação completa, agora, faria muita diferença. Apesar da raiva acumulada, Victori tentou pensar de maneira sensata em meios de como conseguirem encontrar os quatro, e isso deixou o velho impressionado. - Você é bom com isso rapaz... Agora entendi porque Harvey me pediu tanto que o contratasse. - Comentou, sorrindo, mesmo com a explosão do garoto.

- Hmmm, eu me lembro deles terem deixado algo sim, mas ficou na mineradora. Vamos ter que fazer do jeito manual mesmo; olha, aqueles caras ali parecem estar aqui a algum tempo, julgando pela fogueira. Podemos perguntar pra eles, o que acha? - Ele apontou com a cabeça, sem dar muito sinal, para uma dupla de homens sentados ao lado de uma única barraca, com cadeiras de praia e uma fogueira no meio; estava noite, então, era fácil eles se destacarem pela fogueira pré montada, enquanto o restante dos outros campistas apenas começara agora a acender sua própria. Um dos rapazes brincava com um Growlithe, enquanto o outro comia um espetinho qualquer, indiferente para o prosseguimento. Parecia um bom começo, e independentemente deles terem ou não informações, uma hora eles encontrariam, né? Só tinham de ser um pouco discretos...

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Angel ficou observando as atitudes do rapaz conforme ele pensava em como agir a seguir; era realmente estranho que ele não tenha nenhuma informação sobre onde os caras moravam, sendo um agiota a tanto tempo, era de se esperar que ele fosse mais bem preparado. De qualquer forma, não era trabalho do garoto julgar isso, ele estava ali apenas para fazer o trabalho dele, e para fazer o trabalho dele (e ser pago), ele precisaria descobrir onde era o esconderijo da família estelionatária, querendo ou não; sinceramente não deveria ser uma tarefa muito complicada, né? Era só fazer algumas perguntas de um jeito mais sútil, e catapimbas! Logo estariam lá.

A primeira atitude do rapaz foi de se aproximar da dupla mais "antiga" do lugar, com um plano que o velho agiota não demorou para pegar, e passou a apoiar no segundo em que entendeu. - E-É isso aí que ele falou, tamo atrás do meu primo, ele me disse que estaria por aqui na Peltaburg Woods com sua família... Ele tem um cabelo loiro, é alto e bem branco; anda com a mulher negra dele, e seus filhos tem mais ou menos a mesma idade, com o menino sendo um pouco mais velho. - A dupla encarava os dois com certa curiosidade, tentando entender aquela história direito. enquanto o Growlithe olhava pro Poochyena com uma cara de deboche.

O cãozinho não parecia de muitos amigos, e ignorou completamente Vick, mas o mesmo não aconteceu com seu dono, que sorriu e parou de acariciar o ígneo para responder a dupla; os dois rapazes eram negros com um estilo bem afro-futurista, bastante bonitos e estilosos, até mesmo com roupas mais comuns de exploração. - Ei, Montero, será que eles tão falando daqueles caras que passaram pela gente antes? - Ele questionou, virando-se para seu companheiro, que tinha o cabelo cacheado e no ombro. - Pô, os que tentaram roubar a gente? - Retrucou Montero, erguendo uma sobrancelha. - Esses comédias ai mermo, tu ta ligado que eles tão loucões ne? Passaram aqui tentando saquear metade do pessoal, se não fosse meu parça eles tinham conseguido.

Montero era o bombado dos dois, o outro de cabelo curto e crespo já era mais magrelo, mas a personalidade parecia ser trocada, já que o bombado era mais quieto e era o dono do Growlithe quem falava mais. - O que cês tão caçando com esses figura? Se ele é teu primo, tu devia dar uma lição nele coroa, ensinar a não mexer com o que não é dele. - Angel fez uma expressão de quem entendia bem a dupla desconhecida, mas depois olhou para Crane, esperando para ver qual seria o próximo passo, afinal, o plano era dele, huh?

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