Floresta negra, coração negro.

floresta negra, coração negro.

É, parecia que o plano tinha miado, mas provavelmente eram esses caras mesmo que Angel e Victor estavam atrás; seria muita coincidência se não fosse, mas eu não seria um narrador tão ruim para manda-los numa busca sem fim. Aliás, eu queria mais é que eles encontrassem logo, mas aí, perderia a graça da coisa. De qualquer forma, a dupla de campistas pareceu estranhar o fato de V. ter negado se tratar dos "parentes" de seu companheiro, mas não se intrometeram; apesar de desconfiar, eles não poderiam sair acusando eles de qualquer coisa que fosse, e era melhor só deixar essa história em paz.

- Pô, eu vi eles indo pra lá no meio da floresta, mais pro lado de Rustboro do que de Petalburg. Acho bom ficarem por aqui mesmo... Se quiserem podemos até dividir uma cerveja, temos de sobra aqui, né não Montero? - O colega só assentiu com a cabeça e cruzou os braços, sem esboçar muita reação. Angel já havia negado com a cabeça, e tratou de se posicionar antes mesmo de Victor. - Ah, imagina! Muito obrigado, mas vocês já foram de grande ajuda, impedindo que nós acabassemos no meio dos bandidos. Vamos tomar cuidado daqui pra frente, agradecido! - Ele sorriu, fazendo uma reverência tipicamente japonesa algumas vezes, e já começando a caminhar para longe da dupla.

Agora eles tinham uma direção para ir, pelo menos.

PROGRESSO DA ROTA:

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A situação inteira era uma grande merda, pra ser sincero, Victor se enfiou em um bagulho que ele nem fazia ideia do que era, e que agora que estava se desenrolando, certamente seria bom repensar; quer dizer, ele não abandonaria agora, mas talvez se ele tivesse pensado um pouco melhor antes, poderia estar evitando essas coisas. Mas, não adiantava ficar se martirizando agora, afinal, ele já estava ali, e tinha um trabalho a fazer independente de qual fosse ele; mesmo se tivesse de usar a força, ele sabia que teria condições para isso, e que o faria sem pensar tanto. Se o que Angel falava fosse verdade, não seria necessário, contudo.

Era esperar e ver.

De qualquer forma, Angel parecia mais relaxado agora que estavam longe da dupla e que tinham uma direção para ir; o caminho seria um pouco longo, de fato, a floresta não era o melhor lugar para procurar por alguém que não queria ser encontrado, mas eles dariam um jeito, tenho certeza. O ambiente ao seu redor se transformava aos poucos, a floresta ia tomando conta de tudo e o clima ia ficando cada vez mais escurecido; talvez pela falta de luz da própria noite sem lua, ou talvez pelo excesso de árvores do lugar. Fato era: parecia um belo filme de terror, e provavelmente o Leatherface sairia detrás de alguma copa a qualquer momento.

Enquanto o slasher não aparecia, a dupla prosseguia em silêncio, com a quietude reinando de um jeito estranho; o que chamou a atenção dos dois, contudo, foi uma luz estranha acesa na direção leste, parecida com um Pokémon próximo do chão ou outros campistas com fogueiras. Quem sabe? Talvez fosse importante seguir, mas haviam alguns outros sons da natureza que pudessem ser checados, alguns Pokémon poderiam rondar o lugar, ou outros treinadores. Muitos mistérios rondavam a Petalburg Woods por enquanto, restava aos dois descobrir o que tinham de interessante ali dentro...

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Angel ouviu a voz de Victor lhe chamar a atenção para a chama misteriosa no meio da floresta, e ele assentiu, sabendo que a melhor opção era ir atrás do negócio brilhante mesmo. Quer dizer, que outra opção eles tinham? O lugar era um breu, além de pouquíssima informação sobre os arredores, ainda tinham menos informação ainda sobre o habitat natural dos Pokémon que moravam ali; quer dizer V. não tinha essa informação, já que o velho provavelmente deveria conhecer quais eram os residentes da floresta, com toda certeza, depois de morar ali por tantos anos.

Fato era que, Victor não era um treinador experiente, que tinha conhecimento dos ecossistemas do mundo Pokémon e de que tipo vivia em cada lugar... Na verdade, até ontem ele mal sabia como lutar, então, era de esperar que essa info estivesse faltante para ele. Até que ponto essa história ainda parecia crível? Angel era um agiota tão mal preparado assim? Ou estava levando o rapaz para alguma armadilha? Nunca se sabe, fato era que, o caminho até a "chama", levou os dois para o meio do nada na floresta, já que enquanto eles iam atrás dela, ela simplesmente desapareceu... Como isso era possível? Era alguma pegadinha? Bom, agora, eles haviam desviado do caminho, e para a infelicidade dos dois, estavam completamente perdidos no meio da floresta.

O que quer que tenha aparecido ali, não estava mais lá...

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Victor deixava sua raiva extravasar, mas posso garantir que isso só iria piorar a situação; eles estavam no meio de uma floresta, no escuro, porque brigar com o cara que botou ele ali, agora? Não fazia sentido, e nem ajudaria a resolver o caso deles; o que quer que ele estivesse pensando, teria que aprender a se controlar se quisesse realmente resolver esse caso. - Olha, eu acho que você deveria falar direito comigo. Não obriguei você a fazer nada, você aceitou o trabalho porque quis, e nem mesmo agora to te obrigando a ficar. - Retrucou o homem, claramente irritado com a atitude egoísta de Crane. Mesmo que ele se identificasse bastante com o garoto, ele nunca foi imprudente com as palavras dessa maneira, e por isso cobrava dele o mesmo.

De qualquer forma, Cassandra parecia entender bem o que seu treinador queria, já que no momento em que ele terminou de falar, ela soltou uma risadinha e virou-se para um lado não identificável; então, a fantasminha começou a flutuar e ir a frente, como uma verdadeira lanterna natural. Quer dizer, ela não tinha luz própria, mas seus gases certamente não se camuflavam ao ambiente, o que fazia com que os dois homens conseguissem enxergar bem onde ela estava. Assim, ela seguia adiante, esperando que seu treinador a seguisse, junto de Vick e Angel, para sabe-se lá onde; andaram por bastante tempo. Muito tempo mesmo, de maneira incontável já que no meio da floresta tudo parecia meio distorcido; talvez tenham sido minutos, talvez tenham sido horas. Fato era que, ao longe, eles enxergavam uma outra luz...

Essa era mais natural, avermelhada como uma boa lâmpada vista a noite; e ela não estava só, eram várias pequenas chamas ao horizonte, o que provavelmente significava casa, ou, acampamento coletivo. Se decidissem se aproximar - Não que eles tivessem escolha, já que Cassa apenas seguia em frente sem esperar outro comando - Eles encontrariam um casebre, velho, sombrio e até mesmo fúnebre; não havia sinal de vida por perto, mas a Gastly parecia apontar para algo ali dentro. Talvez fosse um Pokémon, talvez uma alma penada, o que restava era a dúvida: eles ousariam invadir o lugar? Se tivessem assistido O Massacre da Serra Elétrica de 1974, certamente passariam longe do lugar, mas a fantasma parecia determinada a querer entrar...

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Ah, meu querido narrando, posso garantir que Cassandra não estava nem perto de estar cansada; ela não fazia esforço algum para flutuar, ela só era simplesmente mais leve do que o ar, por isso, não se "cansava". Além de que ela não tinha músculos, seu corpo era feito de puro gás, então, é mais um motivo para ele deixar de se preocupar com ela; agora, o mesmo não pode ser dito do pequeno Vick. O coitado, apesar de estar acostumado a viver na natureza, não tinha a mesma aptidão (ou a falta dela) que a fantasma tinha para continuar em frente, e ele provavelmente ficaria cansado uma hora ou outra, mas ainda não havia nada com o que se preocupar.

Bem, Angel prestou atenção em V. apenas porque não tinha outra opção a não ser ficar calado, mas digo que ele estava morrendo de medo da casa; ele tremia um pouco, talvez por ser pouco acostumado com esse tipo de ambiente, já que ele sempre mandava seus capangas para fazer o trabalho o sujo; ou por simplesmente não gostar de filmes de terror. Para infelicidade de Angel, que queria evitar a qualquer custo aquele lugar, Crane saiu pisando fundo até a porta, e arrombando-a com um único pé; era bem bonito de se ver, e ele provavelmente estava bastante másculo fazendo isso... Mas continuando, o velho ficou de longe observando, deixando que ele fosse na frente, para identificar o que quer que houvesse ali dentro.

Depois de quebrar a porta, caso Victor entrasse, ele encontraria um verdadeiro cenário macabro; a casa em si, naquele começo da porta, era pacata e silenciosa, até demais. Não havia sinal de uma alma viva sequer ali; repare bem no que eu disse, alma VIVA. Depois de alguns passos dentro do casebre, ele veria que havia muita coisa estranha por ali; a mobilha era feita de ossos, não identificáveis em sua maioria, mas alguns eram claramente tirados de humanos. Quando o agiota viu que não tinha com o que se preocupar, adentrou o lugar atrás do seu companheiro, apenas para encontrar aquela cena horrenda e quase soltar um grito de susto.

Foi nesse momento que a porta, de algum modo, se fechou. Sim, a porta quebrada se fechou atrás das costas deles. O primeiro cômodo - a sala, que tinha sofás, uma TV velha e algumas outras penteadeiras, todos com detalhes mórbidos de cadáveres - acendeu-se quase que instantaneamente, com todas as lâmpadas brilhando perfeitamente, quase que convidando-os a se sentar. Mas é claro, eles não fariam isso, e isso fez com que, no centro da sala surgisse em meio a chamas (a mesma que eles viram anteriormente) aparecesse um Pokémon; era um ser amorfo com cabelos estranhos e um colar de contas escurecidas. Ele tinha olhos azulados esquisitos que emanavam mistério e magia, e soltou uma risadinha simples, desaparecendo no segundo seguinte.

Do fundo da sala, numa escadaria que levava para baixo, era possível ouvir um som de algo resmungando e se mexendo de um lado a outro... Seria prudente verificar?

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