[The Remains of an Abandonment] - Pokémon Mansion -

OFF: Quero só ver esse Tauros envenenado, hue!

A ruiva não mais deu atenção ao rapaz, pelo menos, não enquanto este não se pronunciasse contra si. Porém, a constante sensação de estar sendo fitada com insistência, ela ergueu o olhar, e parte de si alarmou-se ao ver que o homem já chegara a cruzar metade da distância que os separava. Quase que engolindo a seco e mantendo o olhar fixo no estranho, ela recuou alguns passos extras, concentrando-se por meio segundo nas falas proferidas por tal criatura.

- Você não está na minha mente para julgar o que penso ou não sobre você. Não, não conheço. Posso dizer o mesmo sobre você, isso é fato. Aliás, pare de se aproximar. Se estamos em uma batalha, posso presumir que seja para não enfrentarmo-nos fisicamente, e tal atitude seria desagradável. - As palavras simplesmente saltaram de seus lábios, chamando a atenção da gramínea a seu lado presente. Agora, esta última citada desviava o foco entre Toupeira e Mestre desta, visto que ambos poderiam reagir contra sua treinadora a qualquer milésimo de segundo e necessitaria estar preparada para um ataque surpresa, ainda que fosse apenas dando umas boas chicotadas no traseiro do infeliz.

Ainda que sua expressão permanecesse quase neutra e involuntariamente preocupada, visto que seu pobre pequenino havia trazido consigo alguns danos nesta rodada, sua alma era um turbilhão. Ela não tinha a consciência do que poderia ocorrer caso ele realmente chegasse a se aproximar, e tinha certeza de que não possuía a mínima força para revidar algo contra o homem. Ele era bem mais forte e poderia trazer consigo pokémons que guardavam a capacidade de derrubar facilmente quaisquer animais que houvesse para defender-se. Além disso, ainda havia a possibilidade de ser derrotada naquela luta e aí sim, estaria encrencada. E não tinha a mínima ideia de onde estava.

Sentia-se encurralada.

Respirando profundamente, balançou a cabeça com suavidade. E de que adiantava ficar corroendo a própria mente com tais pensamentos? Apenas pensaria no que fazer quando ocorresse, de todo modo. O que lhe restava agora era focar-se na batalha de Nidoran e também na aproximação daquele Rocket que impedia-lhe o caminho. A garota também necessitava de uma estratégia, e suas orbes acinzentadas percorriam o cômodo empoeirado. Como poderia usar o campo a seu favor, visto que pouquíssimas coisas haviam? Quer dizer, na realidade, só uma mesa, mas... Era melhor deixar isso de lado... Pelo menos, por enquanto.

- Zuby, tente novamente um Focus Energy. Desvie o máximo possível das ofensivas de Tauros, e procure acertá-lo com um Double Kick!

Sinceramente?
Estava em uma terrível maré de azar...

OFF: Desculpe, faltou inspiração e eu tinha pouco tempo aqui... Resultado? Post lixo. >:
Que tal você me descrever ele direito? u_u

Foram mais alguns passos para trás que dominaram os pés da ruiva, em simultaneidade aos avanços daquele estranho rapaz. Ela sentiu suas costas embaterem-se em um baque rouco contra a parede de madeira envelhecida, consequentemente obrigando-a a estancar no local. Para onde poderia ir? Não havia saídas, pelo menos, não que pudesse ver. Apenas a passagem que aquela toupeira desagradável bloqueava. Sinceramente, estava com a vontade de simplesmente erguer o rosto e gritar para que Arceus escutasse: "Qual é a droga da maldição que me persegue?! Não posso ter um minuto de paz?!".

No entanto, tinha a consciência de que desabafar daquele modo não mudaria os acontecimentos em sua vida. Quer dizer, era como a ruiva julgava. E, mesmo que adiantasse algo, não o faria naquele momento, na frente daquele homem, naquela maldita mansão. Não poderia permitir-se desabar, deixar suas fraquezas em exposição. Não deveria expôr seus sentimentos para um... Adversário. Alguém que sequer conhecia. Não seria nada bom se acabasse inconscientemente se expondo novamente, tal como no Club Battle de Pewter, onde se entregara às emoções e a razão deixara de tomar conta de seus atos. Onde, publicamente, perdera o controle de seu próprio emocional por uma queda onde jazia uma torrente de sentimentos correndo, tal qual um rio de correntezas furiosas.

Ela apenas... Havia cansado.

Cansado da vida, dos problemas de alto escalão que barravam-lhe o caminho. Das mágoas que era obrigada a resguardar no fundo de sua alma, forçando uma grande cicatriz a criar-se em tal localidade. Daquelas amizades, talvez falsas, que porventura perdiam-se no meio desta longa estrada nomeada vida. Do 'amanhã melhor', sempre tão esperado, mas que sempre desmoronava sob suas esperanças emoldurado no mais cruel pesadelo.

Seu interior remexeu-se em desconforto quando o Rocket estancou a seu lado, em completo silêncio, e o observou pacientemente quando o mesmo levou a mão à cabeça, tomando o quepe entre seus dedos e o retirando. Um rápido vulto de confusão percorreu suas orbes. Qual, afinal, era a intenção daquele estranho à sua frente? Suas retinas deslizaram pelas características do homem; Precisava ter certeza de que não mais cruzaria com ele. Não queria, apenas isso. Para ser sincera, ele parecia até alguém jovem, embora claramente fosse mais velho que si. Ela ergueu suavemente a sobrancelha quando o homem curvou-se, porém, seus olhos se abriram um pouco mais quando os lábios daquele ser roçaram por sua pele alva, quase em um encontro de bocas.

Um tom rubro de imediato coloriu suas bochechas em uma pincelada de impacto mediano. Por meio segundo, suas pernas bambearam antes de tornarem a se firmar como sempre deveria ser. Em momentânea paralisia ocasionada pelo choque do ato repentino de seu adversário, apenas podendo limitar-se a fitá-lo enquanto aquelas palavras precipitadas deslizavam pela garganta do rapaz. Dentro de seu peito, o coração disparava em retumbante ritmo constante.. Não tinha a certeza se era surpresa, medo, receio. Talvez todos juntos, quem sabe? De tudo o que poderia acontecer, aquela era novidade e sem dúvida algo que sequer sua mente ousara em pensar começar a raciocinar. Quem esperaria? Principalmente depois daquele belo tapa que ainda deveria estar demarcado em sua face.

Qual era a da bipolaridade daquele homem?

- Qual é o seu problema? - Murmurou quando suas orbes chocaram-se novamente contra o chão amadeirado, e seu corpo virava levemente e novamente recuava, afastando-se daquele homem. Não mais pensava no que poderia acontecer, não mais tinha mínimas noções do que seus atos poderiam revelar. Sua mente embaralhava-se em uma confusão plena, de onde buscava a saída em interno desespero.

Por outro lado, em contraste com o estado atual da jovem treinadora, uma certa gramínea quadrúpede ainda encarava ambos os humanos como se tal ato que acabara de acontecer fosse uma cena de cinema. Uma ilusão, onde tudo voltaria ao normal, com ambos em seus respectivos lugares. Dentro de si, o mais puro ódio fervia. Quem era aquele ser que julgava ter a permissão de avançar sob sua protegida de tal modo? Quem aquele maldito homem pensava ser? Como ele ousava investir em sua Mestra e Amiga de tal modo, visto que há pouco ousara ferir-lhe, coisa visível pelo formato de mão que destacava-se sob o tom rubro da jovem que com meros atos fora intimidada? Ah, não. Isso não poderia ficar assim, nem pensar. Fora um movimento automático; Uma vinha deslizou para fora do broto róseo que jazia em suas costas, e pacientemente a espécime mirou o traseiro do Rocket, tal como prometera em pensamentos. Mirou, atacou. Só restava-lhe saber se tal chicotada realmente teria algum efeito desejado...

Enquanto isso se passava, a ruiva desligara-se do mundo à volta. Suas pálpebras cerraram-se e ela buscou esquecer tudo aquilo. Ela precisava esquecer tudo aquilo. Ainda permanecia envolta em sombras quando seus lábios se moveram, em um som inaudível para ela própria, mas uma voz tremida para quaisquer um que ouvisse ao redor.

- Zuby, desvie-se das ofensivas. Ignore movimentos por enquanto, preocupe-se em se mover. Pule, abaixe-se, vá para os lados, qualquer coisa. Se precisar faça uso do único obstáculo existente neste cômodo para atrapalhar seu oponente, mas faça com que esses clones sumam - Se havia visto a situação? Talvez fora um vislumbre. Porém, as ordens, as falas do Rocket... Permaneciam frescas em sua memória, como um forte carimbo de tinta que se mostrara impresso ao papel escrito que era seu cérebro - Logo a seguir, quero que invista em um Double Kick... Também espere a aproximação de seu oponente e encerre a rodada atingindo-o com um Mega Kick. - Concluiu por fim, deixando-se envolver novamente pelo próprio silêncio.

Maldita a hora que resolvera partir de encontro àquele casarão assombrado...

Quanto menos esperava, o homem recebeu uma forte chicotada no traseiro, vindo das vinhas de Ivysaur que tentara proteger sua mestre, o impacto levou o mesmo à caminhar alguns passos para o lado oposto da chicotada, aplicando suas mãos em tal região, em seguida caindo em uma profunda gargalhada, e ainda em meio à sua crise de risos, o homem liberou mais algumas palavras de sua boca rosada:

- Esta doeu! - Risos - Se liberte, garota... Você não parece ser muito bem o tipo de garota que gosta de se expressar, não com as ações que está tendo... Não guarde seus sentimentos para si, eles a faram alguém negativa, isto a corroerá, irá machucar sua alma e seu coração... Digo isto por experiência própria, e estou pronto para dizer que este não é mais meu caminho, não mais. Alias, qual seu nome? Não me recordo de ter perguntado.

O homem após a sua frase, pôs-se a rir mais uma vez, porém desta vez em uma intensidade menor, e também com volume menor; as ações que o homem estava tendo agora, não mais se pareciam com as ações que o mesmo teria de inicio, chegando a estapear a face da jovem, que agora estavam rosadas, por uma sequencia indefinida de sentimentos. Mais uma vez o homem liberou por sua boca, mais algumas ordens à seu pokémon:

- Tauros, vamos lá, comece com seu Rage, seguido por Horn Attack.

O pokémon venenoso da garota imediatamente pôs-se a avançar contra os pokémons em campo, os pokémons não se moviam. - Talvez para confundir a garota? Para assim não conseguir detectar imediatamente qual seria o verdadeiro? - E por infelicidade da ruiva o pokémon acertou seu Double-Kick em uma das cópias, e em seguida com seu Mega-Kick retornou a atingir mais uma das cópias, destruindo ambas. Oque deixara o pokémon um tanto quanto frustrado.

Tauros após perceber uma brecha na defesa do Nidoran, agilmente aplicou contra o mesmo seu Rage, assim causando um dano de pequena intensidade, porém retornando à aumentar seu ataque, e em seguida tentara golpear o corpo do pokémon venenoso, com seu Horn Attack, que ao tentar esquivar-se, terminou por ser impactado de raspão, assim recebendo um dano menor. Novamente Tauros recebia os danos do envenenamento.

	Vs.
Nidoran (M) Zuby Trait: Poison Point Lv. 12 46% Status: +2 Critical Hit		Tauros (M) Trait: Anger Point Lv. 12 22% Status: +4 Attack + 2 cópias (contando com o original) Poison(-10)

Off: Viu, estava com tanto medo... No próximo post, certamente se conseguir aplicar mais um golpe que seja, a batalha estará acabada. ^^ Kkkk

Off2: Vá te catar Shi... Seu post está lindo, amo posts emocionais, meu char mesmo tem vários. ^^ Kkkkkkk

Retornando à sua opaca realidade após ouvir o estalo que ecoou no cômodo, parte de sua alma ocultava-se em escuridão autônoma, enquanto sua mente buscava compreender o real motivo de tal risada que percorria a garganta daquele estranho homem. No entanto, sua respiração pesou com suavidade ao reparar nas vinhas que retornavam ao broto de sua protetora inicial, que caminhou para seu lado e sentou-se ali, encarando fixamente o atrevido adversário que ali jazia. Mas que raios era aquilo? Ele era um masoquista ou o quê?

Seus pensamentos perderam-se em meio às próximas falas que dispararam de seus lábios rosados. Ele... Estava certo, afinal? Não tinha certeza, não tinha como confiar em tal criatura. E se ele falasse aquilo apenas para aproveitar-se de suas informações? Não, preferia manter-se em completo silêncio. Era o melhor a ser feito, afinal...

- Meu... Nome?... - Ela murmurou, desviando o olhar de encontro ao combate que ali travava-se, respirando profundamente - Meu nome... Ele não te importa. Não pretendo cruzar caminho com você novamente, tampouco dizer algo sobre mim... Apenas esqueça. - Permitiu que tais afirmações cruzassem seus lábios. Desejava, do fundo do coração, que aquilo se findasse, para que enfim pudesse sair daquele lugar o mais rápido possível.

Sério.

- Zuby, se concentre nestes dois restantes. Não os perca de vista, não se permita confundir mais! Apenas concentre-se; Invista contra qualquer um e faça uso de seu chifre para perfurá-lo! Um terá que ser o verdadeiro; Apenas tome cuidado com quaisquer ofensiva que seu oponente possa desferir contra ti. Vê o que acabou de atacar-te? - Ela indicou suavemente com a cabeça, em neutralidade - Avance contra ele. Faça uso de seu chifre para causar-lhe danos, e assim descobrir se é ou não o verdadeiro. Após isto, invista em um Double Kick no restante! Caso a batalha não se finde, limite-se a realizar o mesmo movimento. - Concluiu por fim, ajeitando suavemente uma de suas mechas rubras atrás da orelha.

Que a benção de Arceus guiasse os passos de seu pequenino companheiro roedor...

As bochechas da jovem treinadora adquiriram uma tonalidade rubra quando, após aderir a uma postura ereta onde suas mãos jaziam por trás das costas, o homem retrucou com simplicidade sua teimosia em manter-se como uma incógnita para ele, o que a obrigou a desviar o olhar e virar o rosto, limitando-se a ocultar ao menos metade deste citado sem que tal fato se mostrasse óbvio o suficiente para aprofundar a vergonha que corria por suas sinapses nervosas.

Ela observou o turno que desenrolava-se naquele cômodo vazio. Seu coração saltava dentro do peito no mais puro nervosismo subliminar, visto que não possuía a mínima consciência sobre o que poderia acontecer caso realmente sua derrota se firmasse. No entanto, um peso imenso esvaiu-se de seus ombros quando o espécime bovino desabou contra o chão, submergindo em inconsciência.

A ruiva sorriu, e logo abaixou-se, chamando a atenção de seu pequeno roedor que, ofegante, caminhou aos tropeços em sua direção, antes de finalmente deitar-se à frente da garota, que utilizou a pota dos dedos para acariciar suavemente a face do espécime que tanto a auxiliara ao longo do tempo.

- Você fez um ótimo trabalho, meu querido. Por favor, apenas descanse agora, tudo bem? - Pediu por fim, tomando entre os dedos a esfera bicolor do jovem animal ali à frente, tocando com suavidade seu círculo central sob a pele arroxeada do roedor. Observou com paciência seu corpo ser envolvido por um suave feixe de luz escarlate, cujo este ocupou-se com o trabalho de fazer o pequeno guerreiro desaparecer em pleno ar, retornando-o para sua usual moradia.

Em simultaneidade, pôde ouvir as duras palavras daquele homem que, ainda que dirigidas ao jovem bovino enfraquecido, foram a fagulha para a explosão de um vulcão que silenciosamente minava sua alma. Sinceramente? Fora a gota d'água dos seus dias. Estava cheia de aguentar tantas coisas que incomodavam-lhe em completo silêncio. Não era uma escrava de seus malditos sentimentos! Poderia engolir muitas coisas, mas aquele homem definitivamente ousara, inconscientemente ou não, estourar por completo o limite de paciência que a garota resguardava em sua mente. Ela retirou uma outra esfera de seu bolso, embatendo-a contra o broto de sua jovem inicial e observando o mesmo ciclo que ocorrera com Zuby, agora iniciar-se com esta. Vendo-se sozinha, poderia até ter temido, mas não o fez.

Ela cerrou os punhos, e ergueu-se novamente. Ignorou completamente as novas frases do homem, não queria dar-lhes a devida atenção no momento. Respirando profundamente, o observou por algum tempo. Poderia ser loucura, mas não ignoraria seus instintos. E estava pouco se lixando para as consequências que estes poderiam ter.

Ah, sim. E ela deu-lhe um tapa.

- Você... Deveria ter vergonha das próprias palavras. Poderia manter ao menos um mínimo orgulho sobre seu pokémon, pois ele não é obrigado a se enfiar em uma luta por algo que talvez nem seja de seu próprio interesse! - O olhou, irritada - Deveria ter orgulho da persistência dele no combate, principalmente por manter uma fraqueza contra os golpes utilizados. Precisava ao menos pensar um pouco menos em si e seu ego, ao invés de rebaixar seus aliados à escravos que precisam sempre vencer para elevar sua autoconfiança estúpida! - A ruiva jogou rapidamente uma mecha de cabelos para trás das costas - Isso só prova o que eu já sabia: Você é um completo palerma. Pelo amor de Deus, ainda tem a coragem de achar mesmo que tentaria manter alguma relação com alguém assim? - Concluiu com estas palavras, o olhando com frieza antes de dar as costas e sair andando. Ela hesitou por meio segundo ao fitar novamente aquela toupeira que jazia de guarda ao lado da porta, paciente. Porém, continuou andando como se o animal sequer existisse.

De uma coisa, a ruiva sabia:
Caso conseguisse passar por aquele animal, sairia correndo como nunca fizera na vida...

Um suspiro de alívio foi contido na garganta da ruiva quando esta reparou que o grande animal, cujas específicas partes do corpo eram compostas do mais puro aço – ou ferro, pouco importava-lhe –, lentamente moveu-se para o lado, permitindo que seu caminho agora fosse livre. Poderia seguir para onde bem entendesse, aparentemente. O que mais poderia querer? Pode apostar que não era ficar ali.

Seu corpo moveu-se sozinho em uma vã tentativa de desatar em correria, e é possível ter uma noção do tamanho ódio que invadiu o peito da Treinadora quando viu-se envolta e aprisionada por braços grandes e fortes, e um grito baixo, quase mudo, escapou de sua garganta quando foi erguida por estes mesmos músculos insistentes. Ela sentia o olhar do homem afixado em suas orbes acinzentadas, mas não reagia para tal, limitando-se a desviar o foco de suas retinas para o solo, em silêncio.

- Solte-me... – Ela murmurou, mas quaisquer outras falas que pudessem se seguir a partir daí foram cortadas pelo próprio homem, fazendo-a apenas encolher-se. Como poderia crer? Ou melhor: De que aquilo importava-lhe? Não o queria por perto. Por que esse homem não poderia compreender algo tão simples quanto uma mera afirmação? Tal fato era frustrante.

No início de seu encontro, ele mostrara-se alguém rude. Não por ofensas (talvez não apenas por isto), mas por ousar tentar manipulá-la e também chegando ao ponto de agredir a jovem. Era fato que agora esta ignorava a ardência em sua face, mas... Ficar ao lado daquele homem sujo? Daquele ladrão descarado? Ah, isso, não estava desejando nem mesmo para o fim de sua próxima vida.

Mesmo com suas falas, após ser ignorada, a ruiva buscou tentar libertar-se dos braços daquele homem. Braços estes que a incomodavam profundamente, trazendo-lhe abrupta inquietação. Ele deveria ao menos dar-se ao vergonha na cara de respeitar suas decisões, mas nem isso passava por aquela cabeça de vento! A cólera subia por suas veias, e tal como um vulcão em erupção, estava prestes a explodir.

E foi por muito pouco que não o fez.

De início, ao passarem pela porta, apenas um barulho baixo e difuso inundou-lhe a mente. De onde este provinha, não tinha certeza, mas resguardou o ódio que há pouco a guiava para que, em profundo silêncio desvendasse, caso possível, aquele som que mais lembrava um choro abafado, uma dor contida. A ruiva parou de lutar contra o rapaz que a sustentava naquele momento, focando-se por completo naquele estranho barulho que lentamente aumentava de volume, tal qual uma música ejetada para seu máximo de tom.

Por um segundo, ela ouviu.

E o resto do tempo foi voltado para seu choque e medo, ao finalmente aperceber-se o que aquela maldita melodia chorosa indicava-lhe, ainda que subliminarmente. Seus músculos ficaram tensos, e um suor gélido e ao mesmo tempo imaginário deslizou por sua face. O medo ejetava doses altas de adrenalina em sua corrente sanguínea, e sua garganta aderiu a características tão secas quanto o próprio deserto.

Não era um barulho qualquer.
Não era um alguém qualquer.
Não era um sinal qualquer.

Primeiramente ela apenas cerrou as pálpebras com certa força, desistindo de vez da luta com o Rocket ali presente, tampando os ouvidos com as mãos. Seu corpo tremia; Uma torrente de imagens invadia com brutalidade seus pensamentos, em pleno açoite psicológico. Imagens estas que há tempos a atormentavam. Imagens que faziam-lhe desejar qualquer coisa, menos a vida. Lembranças que rasgavam-lhe a alma com a feracidade de um trovão que chicoteia os céus mais escuros.

Naquele momento de tortura, ela desejou nunca ter ido àquele maldito casarão, que despertava-lhe os sentimentos mais dolorosos pelos quais passara. Aquele local que, a todo instante, a apunhalava sem um mínimo grau de misericórdia; Aquilo era a mais pura ignorância.

- Pare... – Primeiro, um murmúrio. Seu corpo, involuntária e inconscientemente, tremia em quase redenção àquela psicologia que golpeava sua – talvez? – sanidade sem hesitação. Mais alto... Mais presente... Mais perto. Encolheu-se cada vez mais, apertando os ouvidos como se, caso lhe fosse permitido, seria capaz de esmagar o próprio crânio naquele mínimo ato, desde que se livrasse daquele som tortuoso – PARE! – Gritou por fim, ao passo que as lágrimas iniciavam uma corrida por sua face, marcando trilhas quentes e salgadas sob a pele alva da garota.

Sim, esforçara-se para conter e trancar quaisquer coisas que pudessem ocorrer consigo naquele local em uma caixa no fundo de seu coração. Porém, aquela surpresa repentina, aquela transferência quase insana de lembranças esmagavam-na contra a parede como um furacão que arrebatava uma cidade inteira, se não mais. Os soluços lentamente rasgavam sua garganta, em vão buscando um tom abafado ao transpassar os lábios tremidos e avermelhados da adolescente.

Um raio de dor que partia-lhe em duas metades mentais.
Um sofrimento do qual a garota não tinha consciência de como estancar...
Porém, quem de fato guiava tais cordas invisíveis para estes choques mortais em seu psicológico?
Quem revelar-se-ia como titereiro de tal golpe mental?