[The Remains of an Abandonment] - Pokémon Mansion -

Como o silêncio seguiu-se no cômodo, a ruiva optou por não mais pronunciar-se, principalmente por não ter a mínima noção do que poderia falar naquele momento. Além disso, também havia o fato de que não era lá muito íntima com o homem e preferia não revelar muitas coisas, embora realmente houvesse alavancado nas palavras quando o mesmo sofrera a consequência de um baleamento.

Naquele momento, a única coisa que passava por sua mente era a grande capacidade de Zorua contra aquele tipo de pokémons. Quer dizer, aparentemente ela mal havia sofrido com danos, entrando em completo contraste com os claros ferimentos espalhados pelo corpo do jovem Elgyem.

Ela questionava-se se poderia ver-se livre daquele combate muito em breve, afinal, ainda necessitaria descobrir o caminho de saída do assombrado casarão. E tomar o máximo de cuidado possível para não cair ou ceder a outras armadilhas parecidas com as quais o extraterrestre pregara-lhe.

Respirando profundamente, olhou o campo por uma última vez, antes de simplesmente retornar seu olhar para a jovem raposinha bicolor, mordendo suavemente o lábio inferior.

- Repita os movimentos anteriores; Dois Pursuits. Tente finalizar isso nesta rodada...

Zorua logo após ouvir a doce voz de sua treinadora dar suas ordens, logo partiu para a ofensiva, retornando a golpear o corpo do pokémon com a aparência relacionada à um disco voador com seu Pursuit. Movimento que causara um grande dano ao pokémon; deixando-o extremamente fragilizado e com uma grande brecha em sua defesa, brecha que Zorua usou para retornou a atacar com mais um de seus Pursuits, movimento que levou o pokémon à sua derrota.

Com a derrota de Elgyem, o corpo do mesmo caíra ao chão lentamente, pousando sobre o solo amadeirado, assim dando chance para a doce porém frustrada garota a captura-lo. De fato o pokémon misterioso fora valente em sua batalha, mas oque o mesmo não contava foi que a garota teria um Zorua, pokémon que possui uma grade vantagem à seu tipo.

Após o termino da batalha, o silencio no local foi interrompido pela voz de Richard, que pareceu feliz por Natalie, naquele momento a garota provou para ele que poderia cuidar de si, até mesmo em situações não muito boas:

- Tenho que admitir... Você e Zorua, parecem ser bons parceiros, não é Excadrill? - O pokémon parecia não ser muito familiarizado com seu treinador, mas sabia que mesmo por uma pequena fração de segundos sentia algo de afeto pelo mesmo. - Pois bem... Agora temos que sair daqui... Mostrou ser capaz de cuidar de si própria, "Mon Amour"... Quer dizer, Natalie. Mas existem muitos outros perigos acerca desta mansão, coisas que não imaginaria nem mesmo em seus pesadelos; e digo. Sacrificaria minha vida para vê-la sã e salva fora daqui.

Após tal frase o homem permanecia apoiado sobre Excadrill, simplesmente esperando a resposta de Natalie quanto à captura de Elgyem, para assim buscar a saída daquele local, o mais breve possível.

-Parabéns, Zorua recebeu 738 de EXP por vitória, assim elevando-se para o lvl 13 e recebendo 3 pontos de felicidade.


Zorua ♀
Lvl13 [453/500]
Trait: Illusion
Hold Item: ~x~
Happiness: 3
MoveSet
- Scratch
- Leer
- Pursuit
- Fake Tears

Zorua pode aprender Fury Swipes, deseja ensinar?

Respirando profundamente após o término do turno, um suave sorriso emoldurou os lábios da ruiva. O orgulho por sua pequenina raposa que demonstrara grande agilidade - visto a velocidade com que os ataques foram desferidos - corria em suas veias, mas ela permanecia em silêncio. O corpo de seu oponente, inerte, lentamente recaía sob o solo, antes de pousar-se ao mesmo em um sepulcral silêncio.

A ruiva ignorou aquele fator por meio segundo, caminhando até a parede onde jazia seu aparelho avermelhado em infeliz abandono temporário, abaixando-se apenas para recolhê-lo e logo ouvindo o timbre quase rouco provindo do rapaz que ali permanecia. Como... Um vigia. Não era lá a melhor das comparações, mas fora a primeira coisa que serpenteara por entre os pensamentos da garota.

Sem entrar em contraste com seus longos fios avermelhados, a face alva da Treinadora adquiria uma tonalidade rubra com aquelas palavras, fato este que ela buscou ignorar - ou ocultar, quem sabe? - ao virar o rosto e focar-se apenas no pequeno extraterrestre caído.

Ela o observou; Aquele animal, agora, parecia tão mais frágil. Sinceramente, penalizava-se com o estado do espécime, visto que ele possivelmente estaria agindo assim apenas por culpa da influência psíquica de MewTwo, porém, não poderia aceitar que uma derrota a atingisse, mesmo que o cérebro do pokémon estivesse sendo controlado. E, aliás, por que não poderia resolver aquele fato apenas tirando-o do casarão? Seria uma boa pedida, não?

- Não sei se posso confirmar isso, mas obrigada... E, por favor, pare de falar em sacrifícios. Já basta o que aconteceu. - Afirmou, enquanto se abaixava perto do animal nocauteado, tocando gentilmente sua cabeça e retirando-a do solo, apoiando seu corpo contra si. Ela retirou uma esfera bicolor da mochila, hesitando por uns segundos antes de, por fim, embatê-la com singular suavidade na epiderme de seu ex-oponente, fitando-o ser envolto e absorvido por um feixe de luz, cuja tonalidade destacava-se no mais puro escarlate. O objeto passou a balançar consecutivamente de um lado para o outro, brilhando vez ou outra entre sua cor normal e o vermelho, enquanto a ruiva apenas aguardava.

E, em oposição à ela, Zorua apenas espreguiçou-se, dando um grande bocejo antes de encolher-se no solo, deitando-se ali e relaxando, aguardando quaisquer coisas que poderiam vir a seguir.

Ainda se passaram alguns segundos quando a esfera bicolor finalmente estancou seu ciclo de movimentações leste-oeste, fazendo a garota emitir um baixo suspiro aliviado. Ela também retirou uma pequena esfera bicolor das já utilizadas, expandindo-a e aproximando o objeto da jovem raposinha bicolor que, com uma rápida reação, saltou para trás, negando com a cabeça e olhando a esfera com uma careta injuriada. Natalie hesitou por alguns segundos, mas optou por guardar aquele objeto e erguer-se, pouco antes de ouvir as mais novas "reclamações" de Richard, por assim dizer.

- Não se julga um livro pela capa, sabia disso? E eu sugiro que pare de tentar me entender mesmo, pode ser melhor para sua sanidade mental - Ela sorriu de lado, antes de chamar a raposinha com a mão e seguir o tão teimoso Rocket - assim como seu Excadrill -, afinal, não poderia abandoná-lo ali sozinho, ainda que aquela toupeira permanecesse próxima a ele. Atrás, a pimpolha Zorua saltitava, feliz da vida por ter livrado-se daquela inconveniente prisão esférica, seguindo sua treinadora que agora insistiria em cuidar daquele que provavelmente salvara sua vida ao meter-se frente à linha de tiro.

Ela permaneceu alguns segundos em silêncio, observando-o, antes de morder suavemente o lábio inferior e respirar fundo, finalmente permitindo-se o luxo de olhar em seus olhos.

- Richard... Por que você participa dessa organização? - Questionou-lhe, ajeitando suavemente uma de suas mechas teimosas atrás da orelha. Afinal, deveria existir um motivo... Não?

O grupo de humanos e pokémons caminhavam por entre os corredores da grandiosa e não muito iluminada mansão, o clima não era de melhores, era de fato noite, uma chuva de intensidade mediana começou a cair sobre o telhado da mesma. Richard pareceu perturbado com a pergunta de Natalie, não gostava muito de comentar sobre aquele assunto, mas mesmo assim liberou algumas palavras de sua boca, enquanto caminhava apoiando-se em excadrill, com sua cabeça baixa:

- Por que eu virei um Rocket? Bem... É uma história um tanto quanto comprida, porém tentarei resumi-la. - Respondeu Richard, passando uma de suas mãos sobre seus fios de cabelo, negro. - Eu tinha em média uns... 8 anos, quando minha mãe morreu, ela era a base para o controle da família, era doce, gentil e... Quando te vejo, algo em você me faz lembrar dela. - Uma breve pausa era feita. - Meu pai trabalhava na torre de rádio de Goldenroad; ele era um tanto quanto explosivo. Admito, após o trágico acidente de minha mãe ele se tornou mais estranho e sombrio que o normal... Tempos depois, quando já tinha 12 anos, descobri o uniforme de Rocket de meu pai, ele havia entrado para esta facção.

Após tais frases, o homem continuou a liberar mais uma sequencie de palavras, que se encaixavam com as anteriormente ditas, enquanto caminhava até o salão de entrada:

- Nada que eu fazia deixava-o feliz... Não tenho outros parentes vivos a não ser meu pai, então a unica saída que encontrei foi ocultar meus sentimentos, minha raiva, ódio e até mesmo repúdio por meu pai, pelo que havia se tornado. Meu pai já não sorria... Não me dei conta de que estava fazendo, estava simplesmente agindo para buscar uma forma de faze-lo feliz. O único modo que encontrei foi entrar para os Rockets; foi o único momento após a morte de minha mãe que o vi sorrir... Mas agora estou certo que esta foi a atitude mais incorreta que já tive.

Por fim, o grupo já estava quase na metade do caminho para o Hall de entrada da mansão, algumas gotas passavam por entre as camadas de concreto da mansão, chegando a cair uma breve e unica gota sobre o ombro da garota no exato momento em que um trovão surgia, ocasionando um forte estrondo.

Mal o questionamento fora feito, o barulho da chuva impactando-se contra o telhado, o solo, as janelas... De repente, uma garoa havia iniciado-se. Aquilo atiçou um instinto dentro da ruiva que denunciava que não era algo bom que iria escutar, afinal, o céu não estava tão limpo anteriormente? Ela engoliu a seco, desejando secretamente nunca ter feito aquela pergunta para relembrar ao rapaz alguma lembrança possivelmente ruim.

E ela estava certa quanto àquela intuição.

Em silêncio absoluto, limitou-se a escutar todas as palavras que jorravam como afiadas facas que transpassavam seu coração. Mordendo suavemente o lábio inferior, seu olhar baixou-se, pensando em todas as palavras que rasgavam a garganta do rapaz.

Sua reação final? Bem, poderia dizer que foi a que mais evitara naquele tempo todo. Ela chegou a hesitar, não minto, mas acabou aproximando-se do rapaz e o abraçando levemente na altura dos ombros, ignorando completamente o local onde estavam. Como poderia ignorar aquele sofrimento silencioso? A resposta: Não poderia. Nunca que conseguiria.

- Não fique assim... Sei que não são as melhores lembranças que alguém pode ter, mas... - Ela tocou suavemente sua bochecha com a ponta dos dedos em uma tênue carícia - Se você apenas olhar para o passado, nunca vai conseguir realmente seguir em frente... Você acha que valeria a pena ir contra todos seus princípios, contra tudo que vocês haviam construído antes, por um obstáculo no meio do caminho? - Suspirou levemente, sentindo o conflitar das respirações, consequência da proximidade meio exagerada - Nem sempre se deve agir por impulso, como se não existisse nenhuma outra saída... Nenhum outro caminho a trilhar. Sempre há uma outra solução, ainda que não enxergue. - Beijou suavemente sua bochecha, afastando-se um pouco - Se é o que quer, desista desse cargo... Ele não combina com você. - Finalizou, segundos antes de um clarão seguido de um estrondo iluminasse o cômodo por completo, ofuscando-a por um tempo. Ela se apoiou em uma das paredes, encolhendo-se meio atordoada pelo fenômeno abrupto.

Mas, pelo menos... Havia dito o que queria.
Não?

Ainda que meio ofuscada pela iluminação abrupta e buscando novamente acostumar-se com a escuridão que novamente pairou por sob o cômodo, seus sentidos não haviam sido completamente bloqueados para que não pudesse ouvir a próxima frase que escapou da garganta do homem. Antes que pudesse sequer pensar em responder algo para este, o contato úmido de ambos os lábios cerrou definitivamente a linha de raciocínio da jovem que, estática, apenas pôde sentir uma das mãos opostas deslizarem por entre seus fios rubros, estremecendo quando esta tocou-lhe a nuca, obrigando os pelos do local a se eriçarem. Em um inconsciente instinto, seu próprio corpo fez o 'favor' de responder àquele contato, ainda que por apenas pouquíssimos milésimos de segundos e de modo desajeitado pela... Bem, pela há pouco perdida virgindade labial.

Um turbilhão das mais diversas situações desembocavam em sua mente e também em sua alma, trazendo à ruiva um conflito interno do qual ela mesma não tinha a consciência de como escapar. Por meio segundo, suas pernas bambearam, e um mecanismo de auto-defesa involuntário fez-lhe recuar assim que viu-se solta, pregando um belo tapa na face do homem que ali estava. Algo que talvez não quisesse fazer, tendo como consequência um desvio de olhar da garota, que tocou fracamente o próprio lábio inferior, estremecendo e encolhendo-se. O que ela poderia dizer quanto àquilo? Nada. Pelo menos, não até onde sabia.

A pequena raposa bicolor, antes entediada e até mesmo sonolenta, agora encarava a situação ali com a alma sacudindo em um quase frenesi, como se buscasse o real desfecho daquela nova reviravolta. Sua cauda balançava-se suavemente de um lado para o outro, quase como um predador que observa com tranquilidade suas vítimas, mas ela era apenas telespectadora de tal cena de teatro.

Em contrapartida, a garota apenas afundava-se em uma tormenta silenciosa, na mais pura perdição. Ela afastou a mão daquele local, e não ousou encarar novamente o Rocket ali presente antes de se afastar em passos hesitantes para trás, pouco antes de embater levemente na parede oposta.

- Desculpe... - Sussurrou, antes de simplesmente virar-se e sair correndo daquele local. E a raposa, sem alternativas, correu atrás de sua treinadora. Sinceramente? Já deveria ter feito isso há muito mais tempo. Fora completa tolice pensar que deveria ter feito o oposto. Sociabilizar, não era consigo, fim.

Mas... Um beijo? Aquela era novidade.
Uma que trazia-lhe uma inquietante sensação dentro do peito...
Uma sensação que não sabia definir e que também não queria descobrir seu significado.
Apenas desejava ir embora... E rápido.