Encontros e Atrapalhadas

A loira continuava saltando sem parar, a velocidade crescente se tornando um desafio até mesmo para ela. Fazia algum tempo desde a última vez que havia brincado daquela forma, talvez um ou dois anos, não sabia dizer. Sentia um principio de fome e, após a aceitação de todos, parecia não ser a única que estava querendo um pequeno descanso.

Seu pequeno anjinho, aparentemente desprovido de sentimentos, em conjunto com sua pequena aranha, que tinha um sério transtorno bipolar e constantemente preocupava a criadora, continuavam trabalhando em conjunto e aumentavam a dificuldade de Vini e Torchic. Apesar disso, ambos se saiam muito bem e trabalhavam perfeitamente em conjunto. A dupla estava tendo um excelente resultado.

Seviper e Budew, por outro lado, não pareciam ter gostado da corda aumentar a velocidade. Melissa motivava seu pequeno Pokémon, conseguindo fazê-lo se manter na brincadeira e voltar a se divertir, mas o mesmo não podia ser dito da serpente. A loira não conseguia não olhar a encenação da Pokémon venenosa, piscando algumas vezes enquanto tentava entender como existia um Pokémon assim. Ethan suspirava desanimado, murmurando um “Melodramática”, referindo-se a Seviper.

-Er... Em breve vamos lanchar... – Melissa dizia, tentando animar a Pokémon caída no chão, como se estivesse morrendo. Como resposta, Seviper apenas gesticulou com a cauda, como se estivesse vendo alguma luz. Juan pareceu ficar impressionado com a atuação.
-Querem lanchar agora? – Maya perguntou. Seviper se ergueu no mesmo instante, acenando de forma positiva.
-Esse treinamento será longo... – Ethan murmurava, se perguntando como faria para treinar sua Pokémon.

Todos se reuniam, dando uma pausa no treino. Maya e Ethan organizavam algumas coisas, formando um piquenique ali, enquanto Melissa vigiava os monstrinhos e os trigêmeos, que agora brincavam com a Torchic da rosada.

-Tudo pronto! – Ethan chamava, não sendo preciso mais do que isso para reunir todos ao redor da toalha, onde diversos lanches estavam acomodados.

Juan mostrava seu lado mais guloso, com a cara enterrada num pote cheio de pequenas frutas. Utau encarou, censurando o comportamento, mas após ver os trigêmeos realizarem comportamento semelhante, suspirou, se focando em sua refeição. Todos se serviam e conversavam calmamente.

Controlar tantos monstrinhos esfomeados e trigêmeos, estando em menor número, não era lá uma tarefa fácil... Nem mesmo com a ajuda de Utau os monstrinhos e crianças se aquietavam. Por sorte, Ethan e Maya conseguiam terminar os arranjos e as coisas estavam prontas.

Muitos se lambuzavam, comendo sem se importar com que os outros pensariam. Seviper atuando mesmo na hora da refeição, algo que atraia olhares, mas apenas Juan se emocionava com a atuação. A conversa corria com calma, Melissa descobrindo que os dons culinários de sua amiga eram de alto nível. No entanto, o assunto principal era o treinamento. Havia sido produtivo, mas o que mais poderia ser feito? A pergunta do ruivo fez a criadora pensar, se encolhendo um pouco quando não teve ideia, ficando em silencio.

-Você está sem ideias, não é lindinha? – Ethan dizia. Melissa se manteve em silêncio, parecendo murchar mais um pouco, tendo a ponta de um sanduiche na boca. – Em breve aparece algo para ser feito, não se preocupe.

Melissa observou o ruivo, sorrindo de leve. Ele estava certo, em breve teria alguma coisa para fazer e que serviria de treino. Talvez alguém aparecesse e quisesse treinar, ou um Pokémon selvagem, quem sabe? Continuaram o lanche e conversando calmamente, tentando ter alguma ideia de como prosseguir.

Ethan parecia se divertir irritando a criadora e deixando a rosada constrangida. A loira parecia ter encolhido um pouco após a pergunta do ruivo, apenas confirmando o que ele já sabia. Pelo menos, após a provocação, Ethan consolava Melissa. As coisas sempre pareciam acontecer para a criadora, tanto que chegava a ser estranho a falta de movimento.

Pensando novamente na movimentação, Rachel se focou mais no parque. Aquele lugar estava estranhamente calmo, chegando a ser sombrio. Um pressentimento ruim surgia, mas a garota tentava ignorar. Maya parecia sentir-se incomodada também, Ethan mantinha o temperamento brincalhão, mas sem que as outras notassem, vigiava ao redor. Melissa torcia para que fosse nada, mas não demorou muito para que gritos fossem ouvidos.

Maya tremia, Melissa e Ethan trocaram olhares, se perguntando o que estava acontecendo. A criadora foi a primeira a se erguer, querendo verificar o que estava acontecendo. Utau já ao seu lado, com as orelhas erguidas e atentas. Maya ficava perto dos trigêmeos, segurando firmemente as mãos de dois deles.

A loira se perguntava o que estava acontecendo, olhando com curiosidade e cautela. A rosada tremia, se encolhendo atrás do ruivo, retornando sua Torchic enquanto Ethan retornava Seviper. Melissa, seguindo o exemplo, mantinha apenas Utau, Cass e Ariana fora das esferas. Os orbes róseos se fixaram no lado, estranhando o movimento e se aproximando. Maya deu um pequeno pulo com a aproximação da mulher, dando um grito quando viu o Gyarados e se encolhendo atrás de Ethan. Melissa se encolheu, era a primeira vez que via esse Pokémon. O ruivo apontava a Pokédex, tendo um olhar sério.

-O-o-o que d-da pra fa-fazer? – Maya gaguejava, tentando pensar em algo. Ethan olhou para o Ralts, que se mantinha indiferente, enquanto Melissa ainda olhava o lado.
-Se o Gyarados estiver de mau humor, vai ser perigoso. – Ethan dizia, já prevendo o que a loira pretendia.
-Cass já acalmou outros antes, e até me ajudou a ver o que estava de errado, para que pudesse ajudar... Além disso, ele é minha melhor opção. – A criadora dizia, respirando fundo e se preparando para dar o comando.
-Mel... – Maya chamou. – Acho que tenho dois Pokémon que podem ajudar... – A rosada dizia, embora se encolhesse e tremesse de leve. Melissa acenou, observando o ruivo.
-Talvez o meu ajude para defesa. – Ethan respondia. O trio logo assentia.
-Vamos tentar ajudar. Ariana, cuide dos trigêmeos. – Melissa ordenada a pequena aranha, que logo escalava um dos meninos e ficava escondida no cabelo do mesmo. Maya e Ethan se aproximaram, enquanto a loira se abaixava, ficando próxima do Pokémon sentimento. – Cass, consegue identificar os sentimentos do Gyarados? Use Flash para chamar a atenção dele e, dependendo do que ele estiver sentido, pode falar com ele? Tente acalmá-lo. Se não tiver jeito, use Confusion para tentar imobilizá-lo. – A loira comandava, virando-se para Maya. – Enquanto Cass o distrai, seus Pokémon podem ajudar a criança?
A rosada assentia de forma positiva, lançando duas esferas, revelando Wingull e Spearow. As duas aves observaram, ambas confusas, mas logo se assustando com o Gyarados no lado. – Er... Preciso que vocês voem lá e tentem trazer aquele menino de volta pra cá... – Maya comandava, claramente sem saber exatamente como comandar. A dupla observou o garoto, acenando e tentando se aproximar, para depois tentar puxá-lo de volta a margem do lago. Ethan mantinha-se sério, a Pokébola de Leafeon em sua mão, pronto para materializa o Pokémon e ordenar um ataque, caso necessário.

Melissa nunca achou os Gyarados muito simpáticos, e as informações da Pokédex não ajudaram muito para tentar mudar seu ponto de vista, muito menos a situação atual... Mas isso não importava no momento. O trio tinha que achar uma forma de parar aquela serpente marinha, ou alguém poderia sair ferido. O problema era como fazer isso... A loira não queria batalhar, mas não estava vendo muitas opções.

A criança continuava no meio do lago, negando a ajuda. Ganhava crédito pela coragem, mas era arriscado demais. Seu pequeno anjinho tremia levemente, após ver as emoções do Pokémon furioso, preocupando ainda mais a criadora. Quando o Gyarados quase devorou os Pokémon de Maya, o que causou pânico para a rosada, Melissa ordenava sem pensar.

-Castiel, use Teleport para resgatar a criança e os Pokémon de Maya! Traga eles para cá! – A loira comandava seu Pokémon psíquico, pegando a pokébola de Vini e o materializando, olhando em seguida para sua Glaceon. – Vini, localize Gyarados com seus olhos. Utau, quando Vini o localizar, tente usar Icy Wind, mas apenas para tentar chamar sua atenção e evitar que ele ataque o Cass.
-Lindinha, não tem nada para acalmá-lo? – Ethan perguntava, a pokébola de Leafeon ainda em sua mão, enquanto a outra ficava no ombro de Maya, tentando acalmar a garota, que apesar de tentar se mostrar mais corajosa, claramente segurava o choro.
-Para acalmar, não tantas quanto gostaria, mas tenho algumas para tentar pará-lo, com sorte ele se acalma e me ouve. Se não tiver jeito, então vou derrotá-lo. Tem alguns que só escutam desse jeito. – A criadora respondia a pergunta, atraindo o olhar de Maya.
-Você acha que consegue? – A rosada perguntava, surpresa.
-Bom, pelas atuais circunstancias, se nada acalmar, parar ou derrotar ele, o pior que pode acontecer é ele continuar destruindo tudo e devorar todo mundo... – Após um olhar assustado de Maya, Melissa se apressou em continuar. – Nós vamos conseguir resolver. Nunca vi um Pokémon se enfurecer por nada, deve ter algo, mesmo que banal, que está o incomodando, quando for resolvido, ele não terá mais motivos para destruir. Tenha um pouco de fé.
-Como consegue ser tão positiva? – A rosada choramingava.
-Porque ninguém é totalmente mal.

A criadora encerrava a conversa, olhando para seu Pokémon Sentimento, rezando para que este conseguisse trazer a criança e as aves em segurança para a margem do lago. Um novo olhar para Utau, toda uma conversa em apenas aquela troca de olhares, e Melissa já sabia que sua Pokémon estava pronta para atacar para valer, se fosse necessário. A Glaceon sabia, que se houvesse uma luta, não seria a escolhida. Seria dada passagem para Juan ou Vini, mas sempre teria que ficar atenta e interferir se saísse do controle. Aquela não era uma situação amistosa.

A lealdade de Utau nunca era questionada. Apesar das implicâncias, mordidas e algumas brigas, a Glaceon sempre estava lá quando Melissa mais precisava. Da mesma forma que a jovem criadora sempre estava perto para a Pokémon. Era até estranho a forma como se entendiam, havia vezes que Melissa esquecia que Utau era uma Pokémon, não que isso interferisse no carinho que a criadora tinha por sua companheira.

A Pokémon Neve Fresca ficava pronta, enquanto Venonat usava seus olhos. Ao mesmo tempo, Ralts começava a operação resgate, começando pelos monstrinhos de Maya. A rosada suspirava aliviada e abraça sua Spearow. Utau congelava uma parte do lago, algo que Melissa não questionou. Se ela estava fazendo aquilo, havia um motivo. A surpresa de ver a serpente tão perto só não fora maior que o choque de ver o ataque tão próximo, explodindo e deixando todos desnorteados. A loira se aproximou de sua parceira, tentando ver se ela estava bem, enquanto Wingull retornava.

-Alguém tem Protect? – Ethan perguntava, se levantando e esfregando de leve a cabeça.
-Wingull sabe, porque a pergunta? – Maya perguntava, tentando entender o que o rapaz queria. Ethan assumia a liderança, liberando seu Pokémon e atraindo os olhares das jovens.
-Maya, pode mandar Wingull usar Protect, para evitar que Gyarados machuque alguém? – O ruivo perguntava. A rosada olhou surpresa, virando os olhos para seu Pokémon voador, que concordava com a tarefa. – Ótimo. Lindinha, Leafeon vai ajudar sua Glaceon, mas acho melhor se apressar no resgate.
-Não precisa nem falar. Utau, Vini, acham que podem continuar? – A loira perguntava, recebendo uma afirmação da dupla, virando-se em seguida para o Ralts. – Cass, só precisa de mais um Teleport, para deixar aquela criança em segurança perto da mãe. Você consegue. – Melissa encorajava seu Pokémon, apesar de não ser preciso.
-Leafeon, fortaleça o ataque da Glaceon com Helping Hand.

O comando de Ethan era simples, mas seria útil. Wingull ficava pronto para usar Protect a qualquer momento, para tentar impedir que os ataques do Pokémon furioso causassem estragos. Vini e Utau continuavam com a mesma tarefa, tentando distrair Gyarados e permitir que Castiel salvasse a criança. Depois que todos estivessem seguros, seria mais fácil pensar no que fazer.