Para a surpresa de Alberto, Kúlkan fora totalmente sem noção, mas o que esperar de um "cérebro de passarinho"? Kúlkan apenas complicou mais do que ajudou, teria sido mais fácil tentar entender os movimentos corporais dos pokémons e tentar chegar a uma conclusão.
A única coisa que Kúlkan havia feito foi reafirmar seus pensamentos e deixar Nid irritado, não traduziu exatamente a situação, que continuava sendo desconhecida por Alberto. Isso irritou também ao seu treinador, pois não era preciso mais confusão do que já havia no momento.
- Kúlkan, que feio! Não estamos aqui para colocar ninguém numa estaca e queimar ela culpando por bruxaria. Estamos aqui para resolver esse problema pacificamente. Agora, seja maduro e peça desculpa para Nid e explique para mim porque eles estão bravos com ele, se for possível. Depois, por favor, traduza direito o que ele tem a dizer, não quero que ninguém saia daqui emburrecido.
Nosso protagonista não parecia feliz com toda aquela situação. Era bem difícil realmente, ele queria ganhar pontos com o Turtwig, mas não valia a pena perder mais pontos com o Teddiursa, então a melhor maneira seria acalmar a todos e tentar um caminho pacífico.
- KÚLKAN NÃO DESCULPA!!! KÚLKAN CERTO!!! LADRÃO MAU ERRADO!!!
Repetia o papagaio aos berros, quando repreendido pelo seu treinador. Nid continuava encarando a ave e rosnando para este, então correu para cima dele, mas antes que o pegasse o pássaro voou para o alto, ficando além do alcance do urso e continuou repetindo a provocação, dizendo que estava certo e o urso errado.
Turtwig suspirava e aproximava-se, olhava fixamente para o homem e começava à "falar" calmamente, mas era impossível para o humano compreendê-lo.
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Pelo visto, o papagaio não queria entender a situação e, mesmo muito provavelmente estando certo, ele não queria cooperar com o que seu treinador estava tentando fazer. Ele não conseguia entender que Alberto queria ouvir ambas as histórias e chegar a uma conclusão, para ele não haviam vários caminhos que poderiam levar a uma situação, mas sim uma única linha reta.
Já estressado com a atitude do pássaro, que criticava o Teddiursa, ele decide acabar com o problema maior no momento.
- Kúlkan, já chega, estando certo ou não, não é assim que devemos nos comportar, sinto muitíssimo, mas acho que é melhor ficar um pouco aqui pra esfriar a cabeça - o treinador retorna o papagaio a sua pokéball - Ufa... Ele é muito teimoso ás vezes... Peço desculpa pelo Kúlkan, vamos tentar continuar isso. Sinto muito camarada, mas não consigo te entender, vamos fazer o seguinte: eu vou fazer perguntas de sim e não, Sim, você fala "Tur" uma vez e balança a cabeça positivamente, se for Não, fale "Tur" duas vezes e balance a cabeça negativamente, conseguiu entender? Sim, "Tur", Não, "Tur Tur".
Uma boa estratégia para comunicação entre espécies foi utilizada, perguntas de sim e não são simples, mas para um entendimento melhor da situação elas devem ser específicas. Bolando algumas perguntas em sua mente, ele diria a pergunta, esperaria um tempo para a resposta do Turtwig e falaria a próxima:
- Comecemos. Esse ursinho fez algo com você? - Ele permitia espaço para a resposta, faria desse jeito em cada pergunta. fez com os Seedots?... O que ele fez, foi bater em alguém?... foi roubar a comida de alguém?... foi agir com má educação?... O que ele fez, pode ser perdoável?... ou foi um erro grave?... O mais importante, o que você diz condiz com o que os Seedots se lembram? Pode perguntar isso para eles... Obrigado por responder
Assim que finaliza a espécie de "interrogatório", o treinador se dirigiria a Nid, aonde iria lidar com ele baseado nas informações que recebeu do Turtwig.
Irritado com seu papagaio, Alberto o recolhe. Então forma uma nova estratégia para comunicar-se com os selvagens, ou melhor, com Turtwig, que ia abanando a cabeça conforme respondia de acordo com o combinado com o rapaz:
- Tur!
Ele havia entendido.
- Tur! Tur!
Nid não tinha feito nada com ele.
- Tur!
Mas tinha feito com os Seedots.
- Tur! Tur!
Não havia batido em ninguém.
- Tur!
Tinha era roubado a comida - pra variar.
- Tur!
E tinha sido mal educado.
- Tur!
Era perdoável.
- Tur!
Mas também era um erro grave.
- Tur!
E o que o jabuti dizia, condizia com o que os Seedots lembravam-se. Contudo, pareceu perguntar à esses e eles confirmaram abanando a cabeça verticalmente e dizendo uma vez o prefixo de seus nomes:
- See!
Nid continuava bravo, sentado no chão e de costas para seu treinador.
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Ao menos, algum progresso, no final das contas. Pelo que havia entendido pelas perguntas, Nid havia, novamente, roubado a comida de alguém, agora no caso dos pequenos Seedots, que não poderiam se defender, já que nem braços tinham, afinal.
Isso não foi exatamente uma surpresa para Alberto, ele já começava a perder a sensibilidade com os roubos de Nid, não que ele aprovasse, mas ele não parecia parar de fazer isso a qualquer momento e isso dessensibilizou a consciência de seu treinador. Tentando mais uma vez falar com o Teddiursa, ele decide fazer apenas uma pergunta objetiva, que concretaria o caráter daquele urso:
- Agora, Nid, é com você, venha cá, não precisa ficar irritado. Vou perguntar uma coisa, e se você for honesto, você não vai ser punido, tudo o que eu peço é que seja honesto. Esses pokémons estão todos Me diga, você roubou a comida desses Seedots?
O que o treinador pedia não era muito, mas era uma estratégia usada por pais no mundo todo para fazer o filho falar a verdade. Afinal de contas, é estranho para alguém mais novo a ideia de que a honestidade, mesmo sendo algo bom, pode lhe dar uma punição, então, por poucos, Alberto talhava o diamante bruto que era a personalidade de Nid, para que algum dia se torne uma joia reluzente.
Nid ouvia o jovem atentamente e agitava a cabeça rapidamente, de um lado para o outro, em negativa. Então passou a falar rapidamente, estava agitado e parecia desmentir. Ele corria até um ponto e pegava uma pedra, jogava-a pro alto e deixava-a cair como se tivesse caído de uma árvore. Aproximava-se caminhando, simulando o que teria acontecido, simulando que apenas ao aproximar-se teria visto a pedra, então rapidamente pega-a e coloca-a na boca, simulando comê-la. Depois cospe-a e volta à aproximar-se do jovem, falando rapidamente, desesperado tentando fazer seu treinador entendê-lo. O que Alberto pensaria desse "teatro" do urso? Ele teria tentado contar sua versão, mas o que o homem entenderia?
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Ao fazer aquele teatro, Nid não estava calmo, ele tentava fervorosamente convencer seu treinador. Isso poderia indicar que estava mentindo, mas ele era um mentiroso profissional, ele não ficava nervoso ao mentir. Isso só poderia significar duas coisas: a primeira era que estava sendo honesto, e a segunda era que ele previu o pensamento de Alberto quanto ao seu nervosismo e fingia-o para enganar seu mestre, mas esta opção era muito específica, exigiria um pensamento técnico muito grande da parte do urso, e seria preciso de um enorme brainstorm para decidir isso, então, para o bem dessa narração, consideraremos a opção mais simples como a certa, então, finja que nada disto fora dito, mas lembre-se de que ainda há a pequena possibilidade de ele realmente estar atuando, boa sorte em sua decisão.
Alisando sua volumosa barba, o treinador pensava sobre a situação. Não era exatamente a pior coisa que aquele Teddiursa havia feito, isso comparado com o que ele sabe que havia sido feito, porque não deve ser qualquer coisa que irrita uma matilha inteira. Na verdade, a única coisa ruim que ele havia feito com aqueles Seedots foi ter comido a mesma comida que queriam de uma vez, sem nem pensar em repartir e nem ao menos se desculpou pela gula. Tirando isso, ele pareceu seguir a regra do "Achei, é meu".
Era claro que o Teddiursa deveria estar levando a versão para o seu lado, mas, ele não citou os Seedots, mas a situação já estava sob conhecimento de Alberto. Então, julgando tudo, ele diz:
- Tudo bem, hora então de resolvermos isso. Primeiro, o que o urso Nid mostrou é mais ou menos a verdade, camaradinhas? - Ele se dirigia ao Turtwig e Seedots - Se sim, ele pode ter sido um pouco mal educado, mas há muitos frutos pela floresta, nada que fazer as pazes e dar um aper...
O tempo para novamente.
Havia a expressão de completo terror na face de nosso herói. Ele havia quase destruído tudo o que havia construído até aquele momento em uma única frase, era como uma experiência de quase morte.
No meio de sua sentença, ele percebe seu erro gravíssimo. Ele iria falar "aperto de mãos", porém ele novamente se lembra que Seedots NÃO possuem mãos. Ele soaria como um babaca ignorante e poderia até irritar as pinhas por sua falta de noção. Ele soava frio, ele havia desviado de um tiro de raspão, mas ele já estava no meio da palavra, e em sua mente, se ele reformulasse a frase, os pokémons o veriam como alguém mentalmente fraco, que não conseguia nem terminar uma frase. Ele não permitiria que perdesse toda a confiança que recebeu dos pokémons dali.
Não havia volta, ele deveria pensar em como contornar aquele imenso perigo, ele pensa, pensa, e pensa, até chegar a uma continuação. Então, o tempo retorna a sua velocidade normal.
- ...aper...tado abraço em grupo. Isso, é claro, se todos estiverem a favor de um caloroso contato com seus semelhantes. - "Porcaria!", ele pensa, "Abraçar também precisa de braços, espero que ninguém perceba essa mancada". Alberto mantinha um sorriso preocupante.
Respondia negativamente enquanto balançava a cabeça, negando totalmente a versão do urso que irritava-se rapidamente e começava à gritar algo com o jabuti, que mantinha-se imóvel e nem mesmo olhava para o urso.
A frase perigosa de Alberto se tornou em outra frase perigosa, o jabuti suspirou e olhou ressabiado para os parceiros "nozes", mas estes pareciam simplesmente não terem entendido nada, ou mesmo não terem ouvido, pois não esboçavam nenhuma reação, apenas continuavam encarando o urso com raiva.
OFF: Sorry a demora, ontem cheguei e morri na cama... ñ deu nem pra logar.
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Por sorte, os Seedots não perceberam a frase do treinador, pois ainda estavam irritados com o Teddiursa, que pelo visto não havia contado a história por completo, ou mentiu totalmente. Vendo que o Teddiursa estava cada vez mais nervoso com aquela situação, Alberto percebe que não demoraria muito para seu pokémon fazer alguma bobagem, e Alberto tinha a impressão de que ele estava em muita desvantagem, que aquele urso receberia uma surra como nunca recebeu antes.
O momento já estava muito tenso, ele já havia perdido muito tempo naquela discussão que sinceramente poderia ter sido terminada com um pequeno sermão, mas Alberto já tinha um plano, seria muito difícil transformar aquela personalidade de Nid, se fosse para ele respeita-lo, Alberto teria que agir do mesmo modo que o urso, mesmo que fosse pouco ético. Ele leva o urso para um pouco mais longe do Turtwig e os Seedots. Ele fica de joelhos e, falando baixinho, tenta convencer o Teddiursa:
- Tudo bem camarada, eu quero te ajudar. Eles são muitos, e alguns até mais fortes que a gente, batalhar não é uma opção, você é muito mais habilidoso na fala, vamos usar dela para sairmos dessa situação. O plano é o seguinte, voltamos lá e você conta a história verdadeira, não precisa ser para me agradar, mas aquele jabuti viu toda a situação e só vai confiar em você se for honesto, então irei fingir estar te dando um sermão, e vou pedir para você dar desculpas, comparado com o que você fez para roubar minha comida, fingir estar arrependido deve ser moleza. Então, irei dizer que iremos procurar por outra fruta igual aquela que você pegou, para eles confiarem ainda mais em nós dois. Assim que confiarem o suficiente em nós dois, irei explicar a segunda parte do plano. Mas, eu não sou tão bom nisso quanto você, eu preciso de um aliado, um mentor, para me ajudar durante isso tudo, eu proponho uma trégua temporária entre nós dois até essa situação acabar, para a vantagem de ambos. - O treinador estende a mão, como um sinal de companheirismo e de criação de um contrato - O que me diz, aceita? Ou vai querer alguma recompensa em troca?
A ideia de Alberto era perigosa, muito perigosa, ele estava, possivelmente, manipulando os dois pokémons, mas, se funcionasse, ele ganharia algum respeito do Teddiursa e a confiança do Turtwig. Como já havia dito, ele não tinha muitas opções. Ele era um homem bem longe de seu ápice, e sua única vantagem contra tantos animais com poderes destrutivos era a sua mente humana. Ele não era capaz de soltar lasers pela boca nem abrir uma fissura na terra ao seu bel prazer, mas ele poderia lidar de maneira inteligente com os seres que conseguem fazer isso, ao menos ele espera que consiga.
Nid era levado para longe e ouvia o que seu treinador dizia, então abriu um sorriso, fez deu uma olhada para o lado com o canto dos olhos e abriu um sorriso suspeito. Então encarou o homem e apontou para a boca e depois mostrou um "joia" com o "polegar" de sua mão, sinalizando que se ganhasse comida, aceitaria o trato. O que o homem decidiria? Aceitaria a condição?
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