Chapter Three: Gunslinger.

Cause with all these things we do, it don't matter when I'm coming home to you.
Música tema: aqui.


As excêntricas aventuras da Rota 30 me foram propícias, ou nem tanto. Apesar de ter capturado Miki e ter o ovo de Teddiursa, tinha um problemático Sudowoodo com crises de furor todo o tempo, que não sabia dosar o seu ódio e atacava até mesmo para matar. Enquanto calcorreava pelas trilhas de terra rumo ao novo destino, meu pensamento se esvaía para os problemas futuros que iria enfrentar com Onoki; apesar de tudo, criá-lo-ia com o máximo de amor e empenho.

Com o sol já em seu ponto mais alto, meus passos se direcionavam as copas das grandes árvores que margeavam a estrada de terra batida com algumas pedras esparsas na superfície. Alguns pokémons grunhiam de várias direções, indicando que seria um dia azafamado. Ao som do emaranhado de vozes entoando seu som, sorria feliz por estar em uma jornada.

Mergulhei em meus pensamentos, me imaginando agora já em Violet, enfrentando o respectivo líder de ginásio, Falkner, especializado na espécie voadora. Não estava ainda completamente preparado, ainda havia muito a se fazer antes de desafiá-lo, pois o mesmo possui um leque de Pokémons poderosos, e, apesar do laço que eu havia com minha equipe, eles não eram fortes o suficiente ainda.

A Rota 31 tinha duas alternativas, a Dark Cave e depois apenas a cidade de Violet. O antro, localizado no meio da via ainda não podia ser explorado por mim, e, se eu conseguisse explorá-lo, seria apenas superficialmente; então eu a ignoraria e seguiria para a cidade, onde seria colocada à prova toda a minha experiência adquirida como treinador por estar ante um monotreinador tão forte que conseguiu a nomenclatura de líder de ginásio.

Sacudi minha cabeça, com meus áureos cabelos indo de um lado para o outro, retornando à realidade. Continuava andando despreocupadamente, contudo, todos os meus sentidos estavam mais aguçados que o normal. Por se tratar de um local repleto de criaturas selvagens, tudo que pode acontecer é imprevisível. Contudo, caso alguma peripécia batesse à porta, eu abriria para a mesma e a enfrentaria sem ao menos relutar.



OFF.:

Cause with all these things we do, it don't matter when I'm coming home to you.


Em meio a devaneios, torno à realidade bruscamente, com um grito feminino que partia de algum lugar no interior da mata. Meus olhos corriam para todas as possíveis direções, encontrando nada então. Em seguida, um fragor foi audível, e graças a este, alguns pássaros saíam de suas árvores com medo do que acontecia. Com o soído, fui capaz de encontrar o local graças à minha aguçada audição.

Volteei meu corpo o mais rápido possível, açodando-me para o lugar onde eu consegui identificar de onde viera o barulho. Meus passos eram largos e rápidos, pois com a tonalidade da doce voz que ouvi, a situação não era das melhores, assim como o meu pressentimento. Disparei tão rápido a ponto de minhas pernas protestarem por alguns segundos, mas voltando ao normal depois – adquiri um condicionamento bom enquanto delator.

O céu se tornava cinza e o vento friccionava meus cabelos áureos, balançando-os de um lado para o outro. Definitivamente, o que encontraria pela frente era ainda pior do que eu já imaginava.

Cause with all these things we do, it don't matter when I'm coming home to you.


A cena tratava-se de uma garota jovial, caída no chão, com um Pokémon corpulento de coloração cinza com seus olhares fixados na garota com a expressão de furor. A princípio, pensei que ele não faria nada à mesma, contudo, seu semblante era capaz de contradizer tudo que pensava. A melhor maneira de averiguar o que acontecia, apesar de ser da maneira mais ilógica possível, era inquirindo a ambos.

— O que está acontecendo por aqui, menina? — indaguei a mesma, sacando duas Pokéballs por precaução, caso Machoke tentasse investir contra mim. Todo o meu corpo já estava alerta, já que um Machoke, principalmente em estado de cólera, era imprevisível.

Cause with all these things we do, it don't matter when I'm coming home to you.


O âmbito não era das melhores, e pelo que a menina falara, aquilo seria uma questão de tempo. Machoke acabara de evoluir e acabou mudando a sua personalidade, se tornando alguém desobediente e hostil. Ainda segundo ela, o Pokémon lutador teria atacado seu Cyndaquil levando-o a nocaute, indicando o quão perigoso ele era agora.

Machoke encarou-me como se estivesse sendo desafiado, talvez por ver as esferas bicolores em minha mão. Suspirei fundo e as guardei, porém ainda mantive-me alerta caso o Pokémon da garota tentasse me surpreender. Fui até ela, erguendo o meu braço destro, ajudando-a a levantar. Em seguida, encarei-a com um semblante aprazível, jogando meu cabelo áureo – que insistia em tentar cobrir meus olhos – para o lado esquerdo com minha mão canhota.

— Bom, os problemas de evolução, em muitos casos, são tardios para se resolver. Por enquanto, tente mostrar a ele que apenas quer o seu bem, e aos poucos vá adquirindo a confiança nele. — fiz uma pausa sucinta. — Em casos extremos, ele talvez tenha um ego grande e precise passar por ocasiões não muito oportunas, então ele verá que precisará da sua ajuda. Consequentemente, irá confiar em você e passará a obedecê-la. Se quiser, eu até posso ajudá-la.

Ditas tais palavras, tentava passar a mais sincera vontade de subsidiá-la à reconciliação com seu Pokémon. Apenas aguardava a resposta com um sorriso.

Cause with all these things we do, it don't matter when I'm coming home to you.


Infelizmente, a garota não podia comandar um Pokémon como Machoke naquelas horas. Era uma garota que não possuía a personalidade de uma treinadora, principalmente por seu pulso fraco e por ser temerosa, entrando em estado de choque ao apenas encarar o rosto do lutador. A mesma pedia minha ajuda. Encarei a criatura corpulenta, e apenas balançando a cabeça, mostrei a garota que a auxiliaria.

— Bom, primeiro nós temos de reconquistar a confiança de Machoke — exprimi, tirando do bolso de minha mochila uma porção exígua de ração, indo até Machoke.

Ao chegar ante o Pokémon corpulento, que outrora se recuou a tornar à sua Pokéball, estiquei minha mão com a comida para o mesmo. Pokémons são capazes de sentir as emoções das pessoas apenas por seu gesto, nesse caso, deixei em ênfase a vontade de subsidiá-lo a recuperar os laços com sua treinadora; também não deixando nenhum traço de hostilidade.

Aguardando a resposta do grandalhão, fiquei com os olhares cravados para o mesmo, com todo o meu corpo alerta; afinal, todos os pokémons eram imprevisíveis, ainda mais em uma ocasião como aquela.