[The Pursuit of Happyness] – Route 114 –

Acredite, um peso enorme saiu de seu coração assim que reparou que o golpe comandado fora desferido com sucesso. O nó se desfez na garganta e o suspiro aliviado veio no automático - encolhendo os ombros, arriscou pegar uma das esferas bicolores avermelhadas que mantinha consigo e a lançar na serpente. Era... Uma serpente. E provavelmente uma boa aquisição.

Feito isso, zuniu para perto de sua pequenina e a pegou nos braços, tocando de levinho a ponta de seu focinho úmido com o indicador e sorrindo quando a observou fungar e balançar um pouco a cabeça, escondendo o dito cujo na curva do braço da treinadora. Afagou com suavidade a pelagem da menor - os orbes se desviaram para o lago, buscando algum vestígio de Caroline... E também para a esfera de captura. Estaria ela bem sucedida, ou deveria tentar novamente?

Se fosse preciso, o faria.

Apesar de ter dado bastante atenção para a serpente até sua queda, a ruiva não incomodou-se exatamente em relação à possível captura ou falha desta. Sua mente estava focada em outras coisas bem mais importantes - afinal, para que se preocupar com uma víbora se tinha sua pequenina nos braços (que, aliás, sofrera bastante nas mãos daquele bicho) e também a ansiedade relacionada com o fato da sutil demora que Caroline estava tendo lá embaixo. Estaria tudo bem ou ela teria algum problema em suas mãos, tal qual ela própria tivera na superfície?

Não foi preciso pensar nisso por muito tempo, visto que a mulher em breve retornou do fundo do lago. O coração se aliviou quando pôde observar a perturbação nas águas e pôde vê-la emergir sã e salva. Bom, tudo bem que, aparentemente, seria bem complicado para que ela acabasse em apuros por ali - podia estar enganada, mas o lago bem que poderia ser uma segunda casa para a mais velha, pelo que pudera observar até o momento.

Momentaneamente, ela não reagiu quando a outra se aproximou - apenas encarou a caixa dourada com curiosidade, apoiando de leve a ponta de dois dedos em seu material - os orbes acinzentados se desviaram para os alheios por alguns segundos e ela respirou fundo, assentindo de leve com a cabeça quando ela expôs seus pensamentos.

- Mas o que é o quinto passo, se você vai abrir a caixa usando o que encontrar no quarto? Não faz muuuito sentido, faz? O que deve ter aí dentro? Alguma chave pra algum lugar? - Franziu de leve o cenho e encolheu os ombros. Bom, seria uma teoria interessante. Não conseguia imaginar para que serviriam cinco dicas se apenas quatro já foram suficientes para chegar àquele projeto de baú.. Mas, daria pro gasto - Você vai deixar a caixa na cabana ou vai levar junto? - Questionou, caminhando novamente para a cabana logo após retornar a pequena canina nos braços para a esfera bicolor novamente... Fez o mesmo com Nidoking assim que adentrou o local, após um rápido agradecimento para com o animal pelo auxílio à distância. - Hey, Marill! Acredito que você possa nos ajudar também, agora. Quer vir? - Um sorriso de canto quando a coelhinha saltitou para perto de seus pés... E a pegou no colo, apoiando-a entre os braços e voltando a atenção para a monotreinadora - Onde é essa cachoeira? Vamos lá. Quem sabe se a gente não encontra algo inesperado, certo?

Que tipo de coisa o pai daquela mulher deixaria para ela, com tantas pistas no encalço? Hm...

off:

Se a garota não estava animada para uma coisa... Essa coisa seria dormir naquele exato momento. Quer dizer, não era como se estivesse realmente cansada - infelizmente, não poderia fazer nada a respeito da loira. Poderia até supôr ir sozinha na cachoeira para adiantar as coisas, mas não tinha noção do quão arriscado poderia ser. De toda maneira, também não estava muito ansiosa para caminhar até a cidade no escuro - então, limitou-se a fechar a porta.

- Bom, eu te faço companhia, então. Amanhã a gente vai. - Encolheu os ombros... Teve de retornar Marill, já que não valeria muito deixá-la ali fora - no entanto, libertou seu pequeno pokémon fantasma. A aquática necessitava descansar... Rotom, já não sabia. Ele parecia sempre tão elétrico, o tempo todo!...

Hah.
Haha.

Enfim! O animal a encarou por momentos quase infindáveis - mas não precisou de muito para a intimidar e fazê-la esquivar os orbes acinzentados um pouquinho. Não sei se o espécime sorriria com aquilo, mas inclinou-se com sutileza e permaneceu quieto quando a ruiva o pediu para vigiar o local durante a noite - e que a acordasse caso ouvisse/visse alguma coisa esquisita.

Quase achou que o bicho ia negar... Mas aí, ele começou a se teleportar em movimentos rápidos aqui e ali, flutuando pela cabana e se aproximando do teto amadeirado naquela pequena brincadeira. Como resposta, a garota apenas sorriu de canto - também libertou Nidoking a seguir e pediu-o para mudar a vigília com Rotom, caso fosse necessário. O roedor arroxeado piscou algumas vezes antes de sentar no chão, atrás da porta, num barulho abafado de sua poupança contra o chão.

Já ela? Respirou fundo e arrumou mais ou menos as suas coisas por ali. Retirou o casaco, dobrou-o e usou como travesseiro bem pertinho de Zuby, descansando e encarando o teto, vigiando os movimentos apressados e quase animados de Rotom, que mantinha sua expressão eternamente congelada. Uma hora, querendo ou não, adormeceria, certo?

Agora, era esperar o dia seguinte, nee?

A pior parte de se acostumar em dormir numa cama era ter de abandoná-la numa situação daquelas. Talvez devesse começar a carregar algum saco de dormir ou um colchão para encher durante a noite? Poderia pensar melhor sobre isso depois. Esse foi o maior problema - afinal, não se incomodou quando a mulher a acordou. Quer dizer... Nem bem dormira. Fora mais um cochilo, sinceramente. Não morreria caso levantasse de vez - na verdade, talvez acabasse sendo até melhor, certo?

Ela retornou tanto Rotom quanto Nidoking para suas respectivas esferas. Eles mereciam um bom descanso depois daquele trabalho noturno - e isso poderia acontecer ali dentro, certo? Isto feito, focou-se em trocar de roupa para a oferecida pela loira, agradecendo meio sem jeito e se ocupando em fazer um rabo de cavalo usando os próprios cabelos até mesmo como "liga".

- Que tipo de coisa você acha que nós podemos achar lá? E... Podemos ir, acho. - Encolheu os ombros. Apesar de tudo, levemente ansiosa. Aiai...

Já podia anotar o segundo incômodo matutino: Aquilo não era uma cachoeira fofinha. Era uma torrente de água a ponto de sofrer uma solidificação para congelar até mesmo a alma dos mais inocentes desavisados que pudessem acabar passando por ali. Marill não parecia se incomodar - mas também, era uma aquática! Sério, não compreendia como Caroline poderia se divertir com mergulhos naquele estilo (pelo menos, não por enquanto). Ela era algum tipo de masoquista ou algo assim?

Enfim, feito o mergulho, a ruiva refletiu alguns segundos em relação às opções que a loira sugerira. Como dizia o passo? "Exatamente onde a água cai"? Se fosse ao pé do pé da letra, não tinha como considerar o fundo do lugar, apesar de ter ficado tentada à seguir para ele. Encolheu os ombros e indicou as rochas - não gostava muito do pensamento de se aproximar delas... Entretanto, já estavam embaixo d'água e não teria tantos problemas para evitar as afiadas, certo?

Deveria estar lá.