Reconstruindo os primeiros passos

Chegaram e assim que possível Mimi desceu, mais uma ve arastando Daisuke pelo braço. Olhou para ele com um olhar triste e disse com toda a calma que não tivera nos últimos minutos:
- O que você vai ver pode te machucar muito - Afirmou a menina - Você vai ter que ser forte - Finalizou com um abraço longo.

Ao fundo haviam dois homens vestidos completamente de preto e com máscaras de pano sufocantes, porém não pareciam se importar muito com o uniforme. Um deles carregava na mão uma gaiola que, dentro, havia um pokemon desanimado. Olhando ao chão Petilil saia da gaiola e se posicionava centralmente no pátio da igreja abandonada, ainda não sabia quem era seu desafiante mas sabia que não seria uma experiência agradável mais uma vez. Mimi ainda não havia visualizado os dois mercenários no fundo, sua posição no abraço não permitia uma visão panorâmica muito boa, porém Daisuke? Este sim já havia reparado nos dois, e não só isso, reconheceu também Petilil antes mesmo dele sair da gaiola.


O taxista já havia ido; só agora Mimi soltava o abraço apertador para ver as notificações do celular, nela estava escrita as regras da batalha;
"Proibido itens e golpes de cura
Não é possível a troca de pokemons
B.O ou denuncias serão tratados como traição
Tudo feito aqui é autorizado por você, em caso de quebra de regras retiraremos Petilil do campo imediatamente."

Ao se dar conta de que o desafiador era Daisuke, Petilil correu de volta para a gaiola, se recusando a lutar. Não só por não querer enfrentar seu antigo dono como também por ainda estar bastante magoada por ter sido deixada naquele local por tanto tempo. Se por um lado a pokemon tinha esperança de ser resgatada, por outro ela sentia uma pontada de raiva; não fora só perdida, como também abandonada. Os dois homens não entenderam a reação do pokemon, claro, não sabiam quem era Daisuke! Mesmo sem entender, e sem a mínima intenção de tentar, um deles agarrou a pokemon pelas folhas e a puxou com força, como quem arrancava uma cenoura da terra:
- Você vai lutar sim - Dito isso, jogou a pokemon no campo como um objeto qualquer.
Ao ver isso mimi engoliu o choro e virou de costas, se recusava a olhar o que aconteceria em seguida; se não bastasse toda aquela cena, Daisuke ainda teria que machucar a pequena pokemon. Bastante sofrida, a gramínea levantou, evitando olhar para o ex-treinador, e focando em Fletchinder, tentou pensar que seria só mais uma luta, porém bem mais difícil que o normal; querendou ou não, Fletchinder já estava muito forte a essa altura do campeonato.

- Use Toxic e Safeguard - Ordenou o homem mascarado mais próximo.
E então tudo começou; a vantagem de tipo de Fletchinder era extremamente vantajosa, por mais forte que Petilil estivesse, a pokemon ainda tinha um leque de golpes pequeno e não havia muito como tirar vantagem do pássaro. É plausível afirmar que a última batalha que Daisuke travou com Roberto só fora equilibrada porque o pokemon estava em processo de aprendizagem. Agora que já se sentia mais livre, já podia alçar voo e dar o primeiro rasante em Petilil que, sem muita reação, tomou o golpe em cheio, apenas revidando com seu Toxic.
Em seguida o veloz pássaro pegou altura, sumindo da vista de todos, enquanto isso Petilil segurava as pontas usando Safeguard. Ao fim, o veneno afetara Fletchinder que chegou a perder um pouco a altura, porém nada de fato preocupante.



- Logo que ele descer use Leech Seed e depois Giga Drain

Graças ao item equipado em Fletchinder, o desejo de Daisuke havia se tornado realidade: A batalha fora extremamente rápida. Em um rasante extremamente rápido, o pássaro derrubou Petilil com um só golpe, no fim, esta foi a batalha mais fácil que o treinador enfrentou em toda a extensão de Rustboro, mas é claro, graças a Roberto! Mimi nunca imaginara que um simples desconhecido pudesse ajudar tanto os dois; se não fosse pela experiência e golpes que o garoto os emprestara, talvez Fletchinder sofreria para o veneno do Toxic e até perdesse. De qualquer forma, parabéns aos vencedores, a esta hora Petilil já estava no chão, desacordado, com uma expressão pacífica, completamente contrária aos dois dois mascarados atrás.
- Perdeu em dois golpes. Como essa droga estava até agora com a gente? - QUestionou o primeiro
- Acho que ninguém queria - Respondeu o segundo, voltando o gramíneo a esfera e arremessando o objeto para Daisuke.

Os dois apenas deram de ombro e andaram até desaparecer de vista. Daisuke podia tocar na esfera de Petilil, porém a única coisa que ela faria era se teleportar para o Storage.


- Ao que parece, nosso trabalho acabou por aqui... Quero sair dessa cidade o mais rápido o possível e não voltar tão cedo - Reclamou Mimi - Mas ainda temos que ir naquele médico... Que droga.

EXP: Fletchinder ganhou 3812 de EXP, passou para o level 27 e pode aprender Razor Wind.

O plano agora consistia em pegar o primeiro Taxi que passasse e ir correndo ao hospital local. O primeiro taxi felizmente nã demorou passar, porém a viagem até o estabelecimento fora mais demorada que o necessário. Já era noite, o trânsito estava caótico! Para nossos amigos ainda conseguiu parecer mais longo do que deveria, quaisquer minutos a mais naquela cidade pareciam horas, porém como tudo nesta vida, a viagem finalmente teve fim, chegando ao destino desejado. Desceram apressados e foram a recepção; era a mesma mulher, na mesma posição e com as mesmas falas, fora fácil passar por ela. Minutos depois já estava na sala do doutor de outrora, aquele velho estudioso que, neste exato momento, aparentava ter acabado de despertar da soneca da tarde, de qualquer forma, forçou um sorriso e entregou alguns envelopes para Daisuke:
- De fato o que eu pensava se confirmou - Pôs todas as imagens na mesa e apontou rapidamente os detalhes importantes, no fim, nenhum dos dois entendiam sobre o assunto - Você está fazendo um grande esforço do Hipocampo para se lembrar de algumas coisas, mas detesto dizer isso, você realmente não vai conseguir ter mais que momentos nostálgicos e relembrar sensações. O lado bom é que o crescimento desta área está ativa e você não deve passar pelo mesmo problema de novo; ou ao menos, não na mesma intensidade.

A medida que explicava, pegava mais doces e entregava aos dois convidados; copos d'água eram oferecidos, com gás e sem gás; os meninos eram bastante confortados antes da próxima fala:
- Bem, por fim detesto tre que dizer isso mas o acidente do passado te colocou em um quadro epiléptico. Você tem muita atividade elétrica excessiva no seu cérebro e isso é um mal sinal - Informou o médico - Talvez este seja o estopim para suas crises de perda de memória, por isso é muito importante que você evite qualquer surto. Evite psicotrópicos como alcool e outras drogas psicoativos; evite irritações corriqueiras e pressa demais. Tristeza, felicidade, raiva são sentimentos normais, mas ansiedade e estresse decorrem da má relação que você tem com esses sentimentos; desabafe sempre que precisar. E bem, outra coisa importante é, tome este remédio constantemente, um por dia, você encontra em qualquer posto de saúde de graça - avisou, dando ao menino duas caixas cheias das pílulas e gratuitas; aquilo duraria muito tempo.

Era agora que o doutor levantava, pegava um papel e uma caneta, e começava a escrever um laudo, colocando dentro do envelope cheio de exames e relatórios de casos:
- Agora você tem um laudo; conseguira o remédio com isso sempre, além do que, fiz um relatório, para que outro médico possa te tratar caso necessário, tendo todas as informações que consegui do seu caso. Em qualquer caso extremo, entregue isso ao doutor - Instruiu - E aconselho que você refaça os exames de dois em dois meses por enquanto; é importante acompanhar este seu caso epiléptico, até porque, talvez o remédio não faça o efeito necessário.

Após todo este discurso, o homem levantou e coçou a cabeça, olhou atentamente o rosto dos dois e disse meio entristecido:
- Desculpa não vir só com notícias boas, mas ao menos entendemos melhor o que se passa com você; quero te ver de novo um dia e saber seu quadro. Não fuja de mim sempre por favor - Disse, levantando para abraçar tanto Mimi quanto Daisuke, já se despedindo - Infelizmente preciso ir agora, não esqueça de ler seu diário sempre. Desejo tudo de bom para vocês dois.
E enfim saiu apressado; ao que parece, não ter marcado a visita previamente significou algo rápido e corrido por parte do médico que, como um funcionário em um hospital bem grande, não tinha muito tempo. Agora sim o casal estava livre para ir, mas antes Mimi precisava sorrir e liberar sua cota de otimismo:
- Bom, parece que temos como evitar esses quadros de novo - Disse, um pouco contente com as notícias - Mas você precisa ser muito mais cuidadoso do que estava sendo. De qualquer forma, podemos conversar isso na viagem? Só quero ir embora daqui e dormir em uma cama bem macia em algum centro pokemon distante.