2 - A rota dos Electrikes

Iris estava desesperada e parecia que a cada instante as coisas pioravam, não sabia a que distância ficava a cidade mais próxima, esperava que não estivesse longe, mas não conseguia ver nada. Não sentia o cansaço e sabia que era só por causa da adrenalina que seguia em frente.

Não podia parar, no momento que parasse suas forças acabariam, esperava que isso acontecesse depois de achar algo que pudesse ajudá-la. Olhou uma saída da ciclovia, que dava na floresta, era tudo que conseguia ver. Não conseguiria pedalar tão rápido na floresta. Haveriam muitas árvores para desviar, não sabia se haveria outra cidade por perto, poderia se perder na floresta, na ciclovia tinha certeza que chegaria na cidade.

Mas seria à tempo? Esperava que sim, por hora seria sua melhor opção. Em Kanto ela saberia o que fazer, lá saberia por onde andar, como chegar em qual cidade, tinha ouvido tantas histórias que tinha o mapa inteiro de Kanto na memória, em Hoenn tudo era novo. Não sabia o caminho de nada, era parte do charme daquela jornada. Não imaginaria que a falta desse conhecimento se faria sentida tão rápido.

Por hora tudo que poderia fazer era seguir em frente na ciclovia, ela chegaria em uma cidade, isso era certeza. Não haveria caminho mais propício por hora, não em suas condições. Apertou o passo mesmo contra vontade de seu corpo. Torcia a cada respiração já ofegante para que desse tempo de ajudar a garota em suas costas.

Iris não conseguiria mais transportar a menina, em meio a um ataque não poderia mais andar com ela por aí. Desamarrou a garota de suas costas e se afastou o mais rápido que fosse. A corda continuava amarrada na garota e a treinadora decidiu puxá-la cuidadosamente até a saída para a floresta, decidiu por deixar ela perto da saída em um lugar que não pudesse se bater em alguma coisa por perto.

Soltou Adália de sua pokebola e pediu para o pokemon ficar de olho na menina e gritar caso algo acontecesse. Não queria deixar o cubone sozinho, mas precisava de alguém para ficar de olho na garota, falou então para Adália gritar se visse alguém chegando.

Olhou rápido à sua volta, procuraria alguém ou alguma coisa que pudesse ajudar. Talvez alguma pessoa por ali tivesse um antídoto ou algo assim. Também sabia que pecha berrys curavam envenenamento, torcia para que tivessem uma ali. Queria que sua mãe estivesse ali, ela saberia muito melhor o que fazer.

Iris não acreditava no que via. Uma árvore grande de pechas berry. A garota estava feliz, havia uma chance! Ela olhou para o pokemon que ficara protegendo a menina, ela parecia nervosa, a treinadora também não estava contente com a situação, mas logo ela estaria de volta.

-Ada! Eu vou pegar pecha berry! Tem uma árvore aqui! Já volto!

E então correu em direção a árvore. Nunca estivera tão feliz de conhecer berries. A cada momento ela olhava para trás para se certificar de que Adália estava bem. Corria com tudo, quando chegasse lá escalaria a árvore, pegaria uma pecha berry, voltaria, faria uma papinha e daria para a garota.

Pensava em sua mãe e nos remédios caseiros que ela fazia com as frutas. Se arrependia de não ter prestado mais atenção, achava que teria mais tempo para aprender aquilo. Mas por hora estava feliz de saber como ajudar a garota, ou no mínimo ter uma ideia do que fazer. Apertou o passo.

Iris olhou fundo naquele olhar ameaçador e continuou árvore abaixo. Se perguntara o que eram aqueles olhos, que tipo de pokemon seria aquele, será que ele se sentia ameaçado? Será que atacaria?

Já de pés no chão começou a correr de volta. Por hora não poderia enfrentar aquele pokemon, além de não ter tempo para isso não poderia se defender. Se pôs em movimento ouvindo atentamente se algo viria atrás de si. Pensava em Adália sozinha e na moça envenenada. Era bem possível que levaria o pokemon até elas se ele a perseguisse.

Pedia desculpas mentalmente, torcia para não ser verdade e corria. Não parava de correr nem por um instante e quando o caminho estava livre olhava para ver se havia algo vindo. Só queria poder dar a berry em paz para a garota que tanto precisava.

Iris se encontrava numa situação difícil, o pokemon que estava ali era muito mais forte do que ela imaginara pelos olhos. E muito mais rápido também. Devia ter imaginado pela ameaça que aqueles olhos lhe passavam. E agora a cobra lhe olhava como quem tinha achado o almoço.

A garota tentava se mover, mas era inútil perto da força do pokemon. Olhou na direção que corria e viu não tão longe Adália gritando por ela. Ela balançava os bracinhos preocupada, a treinadora teve um pequeno momento de esperança, lembrou-se da batalha que presenciara no dia anterior e teve ideia. Sabia que logo ficaria sem ar, reuniu suas forças e o resto do ar que tinha em si.

-Adália! Bone Club!

E assim se foi todo o ar de seus pulmões. Seu corpo doía pela pressão que o pokemon exercia na menina. Não conseguia fazer mais nada. Olhava e esperava que o cubone pudesse lhe ajudar.