.001 - Arrival

As duas confirmaram com a cabeça a pergunta de Anthony, estavam tão sincronizadas que já pareciam ser amigas à tempos. Infelizmente não sabiam muito bem como responder a segunda pergunta, mas em geral pensaram em coisas óbvias e bobas, sem nenhuma responsabilidade com a carreira de treinadora das duas:
- Acho que a gente podia tomar sorvete, curtir o mar, jogar conversa fora e se conhecer melhor - Falou Roma - Você é de maior? Acho que dava pra tomar uma cerveja.

É engraçada a incoerência das duas personagens que eu mesma criei; ao mesmo tempo que viviam na casa dos trinta, eram treinadoras nada focadas, quebrando completamente o estereótipo de mulheres de meia idade, indo contra qualquer noção de maternidade e responsabilidade que deviam ter. Ao contrário de foco no "sonho de qualquer treinador", o objetivo delas eram simplesmente se divertir; talvez por isso escolheram para si a vida nômade nessa idade incomum. Algo aconteceu na vida de cada uma como um marco, mas não era a hora de Anthony questionar isso, ele só precisava responder se topava ou não.

- Nossa uma cerveja cairia bem........... - Falou Jenny, com um suspiro bem charmoso ao final.

OFF: Desculpa pela demora, semana complicada @_@

As duas mulheres se entreolharam entusiasmada; pode até ser que Anthony tivesse rosto de um garoto de maior, porém para duas mulheres muito mais velhas, essa diferença entre "jovem" e "adolescente" era muito dificilmente traçada, elas já não se preocupavam mais com isso à décadas, e só com a resposta do rapaz tiveram suas dúvidas sanadas. Agora era hora de botar o plano em ação; já com o consentimento de todos, Jenny foi a primeira a exclamar algo entusiasmada e sair de vez do estabelecimento, correndo à praça e indo ao ponto de ônibus mais lotado, felizmente a garota de Hoenn entendia muito bem o funcionamento do transporte público local, então não seria um problema para nosso recém formado trio chegar até lá.
- Bem, aqui os ônibus urbanos são gratuitos, é uma das poucas vantagens em ser morador de Slateport! Transporte completamente gratuito pela cidade, você só paga pelas ligações inter-urbanas. Já já passa um para o litoral, não conheço lá ainda, mas deve ser bastante didático.

De fato, Slateport era uma cidade extremamente turística! Por ser grande, ter belíssimas praias e um (aero)porto tão grande, quase todas as pessoas que vinham de cruzeiros ou de pontes aéreas paravam ali. Além de ser o centro econômico de Hoenn, era o centro de coordenadores e um local com várias ofertas culturais para o público em geral, sendo assim, a cidade precisava ser projetada para atender esta demanda, e era! Só no andar para o ponto, nosso grupo viu passar três à quatro ônibus que serviam para o que queriam e, quando chegaram lá, não demorou mais de dois minutos para passar um quinto, com os escritos "Zona Sul - Praia de Laranjeiras" (a falta de criatividade do sujeito chega à níveis exorbitantes). Jenny, como nova líder, dera o sinal sem consultar e chamou os dois turistas para entrar.

Era só agora que Anthony podia reparar nas características próprias de cada uma; ele já sabia que Jenny era uma moradora local, ruiva, branca porém com um corpo pouco padrão, enquanto que Roma, em contra partida, tinha seus cabelos loiros-manchados-de-sol e a pele bastante bronzeada, provavelmente comuns de Alola. Ainda que soubesse dessas características por alto, ainda não havia reparado nas ondulações grandes que as mechas de Jenny faziam, que chegavam até metade das costas, muito menos na lisura dos curtíssimos fios de Roma, que mal passavam do meio do pescoço. Não havia visto o quão mais alta a menina de Alola era, ou no quão mais "desarrumada" estava. Enquanto a branquela estava com uma bermuda jeans e uma blusa de corte preciso, justo e elegante, que escondia um pouco os "pneus" de sua cintura, a visitante tinha shorts de pano completamente largos, segurados por um elástico bastante confortável, e uma blusa completamente fresca,  quase como um pedaço de pano grande, bem aberto, que revelava seu biquíni como peça essencial do look. Aos pés Anthony podia perceber que a praiana carregava típicos chinelos, enquanto Jenny se mantinha no sapatênis padrão, e essa era uma questão muitíssimo importante: Dos três, a única preparada para ir à praia era Roma, isso seria um problema? Jenny não parecia questionar isso por hora, mas talvez tenha alguma muda de roupa na bolsa. Na pior das hipóteses, este seria, aparentemente, o maior dos white people problems que teriam que lidar.

OFF: MENINOOO acabei tendo uma recuperação mais complicadinha e fiquei na casa da minha tia o resto da semana, 1001 perdões por isso, o importante é que VOLTEI.

A praia não era tão longe dali, então não ficariam tempo demais no ônibus; era o suficiente para alguns diálogos, mas nada que pudesse ser lá aprofundado. Anthony fora o primeiro a iniciar assunto; não via como começar de outra forma, e dera certo, porque Jenny respondeu-o de gaiato:
- Oh, você é rapaz, tira a blusa e puxa a calça pra cima, anda descalço, é fácil pra ti - Exclamou, já resolvendo o problema do rapaz em algumas poucas conversas - Tenho uns topes de ginástica e shorts largos. Não vai ser um problema pra mim, só preciso de um banheiro... Sou do interior então praia não é muito meu forte, mas a gente da um jeito - Falou
- Além do mais, a gente só deve sentar e tomar uns litrões... Não me parece ser uma cerimônia que exija roupas de praia, só tomar cuidado para não morrer de insolação ou calor que ta ótimo - Completou Roma.

As duas meninas pareciam estar se entendendo muito bem, dando risadas juntas de um tema pouco comum entre pessoas que acabaram de se conhecer. Anthony podia até responder-lhes com o mesmo assunto, mas logo mais a estrangeira engatou um novo assunto, agora querendo dizer de suas vivências:
- Lá em Alola roupa de praia é quase um uniforme... É difícil sair sem se sentir fresco e com um tubo de protetor solar na bolsa. Por causa da umidade, é muito abafado, é impossível vestir um terno - Reclamou - Acho incrível como aqui é tão comum calças jeans, as vezes me sinto até deslocada, mas confesso gostar muito dessa moda de Alola, sempre verão.
- Oh, eu não me sinto tão bem dessa forma, esse lance de se expor demais não é comigo, não tenho tanta segurança assim... além do que, os homens da cidade urbana são complicados de lidar - Também reclamou Jenny - Sei lá, acho que você vai demorar se acostumar com aqui, mas já já se sente em casa.

A conversa se estendia, mas como falei, logo mais chegara o ponto do nosso trio, fazendo Jenny pular em um susto e dar sinal; quase perderam o local de parada, mas era ali que eles desceriam.

Desceram do ônibus entusiasmado; Jenny como esperado fora a primeira e, já ao chão, todos olharam para a menina, que desta vez estava tão perdida quanto os outros dois, ou talvez até mais. Saber andar pelo seu mundo ela até saberia, mas sendo uma menina do interior, não sabia muito bem sobre funcionamentos de praia então ao pisar em terra firme, travou. O que fariam agora? Bem, era o momento de passar a bola para Roma, que sem dúvidas saberia melhor o que se fazer em uma praia; Alola só tem isso. Não precisara pedir para a menina assumir, seu silêncio para o questionamento de Anthony foi o suficiente, e agora a turista já assumia a fala:
- Vamos andar pela orla, impossível não achar um quiosque com litrão barato próximo da faixa de areia - Instruiu, e assim fizeram.

Como era de se esperar, fora tão fácil quanto achar um ônibus. Quiosque não faltava ali! E por ser dia de semana, tinha espaço de sobra para sentar, a praia estava vazia! Era a segunda experiência de Anthony no local, e a segunda também que não enfrenta tumultos, comuns nos finais de semana e verão. Oh verdade, estavam ao meio do inverno e isso talvez explicaria o ônibus vazio, os quiosques desanimados e a maré alta, mas de qualquer forma, ainda era ambiente mais que perfeito para sentar e conversar.

Agora estavam a menos de cem metros do local e Roma já ia a frente, pedindo ao garçom uma garrafa da cerveja mais barata e três copos, sentando na mesa mais próxima à faixa de areia possível:
- E você Anthony, como é da onde você vem? - Indagou a menina de Alola.

OFF: CARAAA eu tava aqui pensando que você construiu o seu personagem em um continente sem pokemons né, isso é tipo o universo de nárnia e isso é muito legal, tipo, tem os lugares que tem os animais falantes/inteligentes, ai tem os lugares que o humano imperou sobre as outras espécies e isso tornou "evoluir" ruim, ai eles regrediram e não tinham mais poderes..... e é isso, q doido né vamo gastar nisso.......... dsclp to empolgada

A cerveja já chegara e com ela os copos, agora todo mundo tinha um bom gole para dar, mas não sem antes brindarem alguma coisa sem muita importância e só então responder o que Anthony tinha a dizer:
- Acho que essas multinacionais que fabricam itens para batalha já tivessem dominado o mundo... Que engraçado pensar que não é bem assim - Respondeu Roma
- Mas tem pokemons domésticos? Ou sei lá, usados como meios de locomoções ou coisas assim? Me parece estranho pensar num lugar sem centro pokemon, é a referência de todas as cidades dos quatro cantos do mundo... - Continuou Jenny

Sem dúvida, pensar na ideia de FIora era algo completamente estranho para quem vivia no mundo pokemon; um país de cultura completamente diferente que recusa tais tecnologias aparentava ser um retrocesso, mas era este o caso? Nada disso parecia significar que o continente tinha algum desnível em relação à saúde, educação ou informática, mas saber desse modo de vida era bastante perturbador:
- Deve ter muitas espécies diferentes de pokemon por lá... Nenhum treinador sai daqui e vai para lá praticar caça? É ilegal? Pesquisam essas espécies? - Jenny metralhou-o de perguntas mais uma vez - Pensando bem, nem sei se sabe responder essas coisas, eu provavelmente não saberia...
- É, acho que essas coisas não são tão relevantes quanto aqui, pra ficarem comentando sobre o assunto quase como fofoca. Todo o movimento diferente, Swarm, imigração é comunicado de forma global quase, Hoenn lota toda vez que algum tipo de pokemons mais incomum surge, e os caçadores são quase incontroláveis.

OFF: AAAAAAAAAAAAh, faz sentido também, fica mais interessante ainda gastar nisso