Pokémon Mythology RPG
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.001 - Arrival

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Ao fim de sua longa caminhada, o jovem treinador começava a perceber gradualmente a cena que o esperava no local de seu destino. O que primeiramente eram apenas silhuetas distantes na visão do garoto, logo foram sendo reconhecidas como pessoas bem definidas e, por fim, foi possível ver a verdadeira face da cena que ocorria em frente àquele simples casa verde: uma tristeza profunda, em meio a um clima de vazio incontestável.

"O que... está acontecendo aqui?" -Indagava em seus pensamentos- "Essa é Érica chorando na calçada?!? Mas o que...?"

Não sabia o que encontraria se buscasse saber mais a fundo sobre o que acontecia, mas com certeza não poderia ser nada que fosse se sentir confortável em saber. Já estando ali, Anthony sentia que sua única opção era continuar em frente e falar com a garota que estava em prantos na beirada da rua, apesar de se sentir extremamente desconfortável e deslocado, como se fosse um fator que a muito não deveria estar ali. Era como se cada um de seus passos pesasse uma tonelada, carregando consigo um medo do que encontraria.
Ao chegar próximo às duas figuras, era perceptível que elas nem reparavam em sua presença ali ou, no mínimo, não se importavam o suficiente no momento para lhe lançar um mero olhar. Por falar nisso, quem era aquele homem de expressão vazia que encarava o asfalto da rua? Pelo que podia entender, deveria estar num estado de choque tão grande quanto Érica, apenas reagindo de uma forma diferente.

"Eu... deveria falar com eles?" -Anthony era inexperiente com tais situações, mas muito empático- "Não vai ser nada fácil, mas... Depois de tudo que passamos, Érica já é uma amiga, não posso simplesmente deixá-la assim."

Considerando a maneira com a qual as pessoas naquele local ignoravam completamente sua existência ali, o treinador sentia que se quisesse poderia virar as costas e fingir que sequer havia visto aquela cena sem que eles sequer se tocassem que ele esteve lá. Sabia, porém, que aquela realmente não era a ação certa a se tomar e, de alguma maneira, com uma coragem que ele sequer sabia de onde vinha, sentou-se ao lado de Érica e apenas ficou lá enquanto as lágrimas e soluços eram colocados pra fora continuamente. Em uma das pausas que ela viesse a inevitavelmente fazer em seu choro, o jovem dizia:

-Érica... O que aconteceu por aqui?

Não disse muito, e tentou ser o mais suave possível em sua voz, visando trazer a maior quantia possível de conforto mesmo em meio a uma situação daquelas. Seu papel ali, mais importante que entender completamente o que lhe rodeava, era de acalmar e confortar a amiga, seja lá qual fosse o motivo de sua aflição, e por isso tentava se mostrar disponível para ela mesmo caso precisasse apenas de um ombro para derramar mais lágrimas.
Apesar de não ter certeza do que acontecera em sua ausência, o jovem voltava a pensar no que havia se metido, e em como as coisas provavelmente haviam conseguido mudar para algo ainda pior apesar de todos os seus esforços para consertar as confusões do dia. Seja lá o que estivesse ocorrendo, muito possivelmente significava que o fim daquela história ainda estava distante de chegar. Ou pior, talvez houvesse chegado cedo demais...


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Ainda que ao lado de Érica, a moça não parou para olhar Anthony. Não o questionou nem lhe perguntou como havia prosseguido o plano. Ela sabia que José havia chegado em casa e nada mais importava além disso; o foco não era o treinador. Abraçou mais forte os joelhos e tombou aos poucos sob o novo amigo, como quem só queria um apoio para desabar mais devagar. Calou-se completamente; não se importou em responder ou não a pergunta do rapaz, apenas caíra sobre seu colo aos pouco e, quando enfim tocou uma de suas pernas com a cabeça, ficou ali. Em alguns segundos o menino já sentia sua perna molhada pelas lágrimas da garota, que mal emitia sons. É possível chorar tanto sem soluçar? Érica segurara tanto os sons na garganta que, nem se quisesse, poderia falar. Doía. Doía tanto quem já não sabia se a intensidade de seu choro era pelo nó excruciante na garganta ou pelo que aconteceu. Aos poucos se perdia entre o peito dolorido, o estômago embrulhado e o nariz entupido e este era o melhor momento; até esquecia o real motivo do seu choro para levantar um pouco o rosto, esfregar a cara e, só então, voltar a chorar. Fora isso, parava apenas para pegar fôlego vez ou outra; não era tão necessário assim quando não se expira entre lágrimas.

Vendo que a moça não estaria preparada tão cedo para responder a indagação do garoto, o velhote tomou a responsabilidade para si; alguém tinha que fazer. Levou a mão para o cabelo e coçou a cabeça pensativo, no fim, sabia tanto da relação de Anthony com Carina quanto sabia sobre a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha. Abaixou a mão aos poucos, secando-a na blusa verde-turquesa de algodão, seu suor nada mais era que ansiedade transformada em sintoma corpóreo, até porque, a noite estava gelada. Ainda um pouco travado, estendeu o braço e tocou o ombro do treinador, passando um pouco de energia negativa para o rapaz sem querer; estremecera e, ao fim do calafrio, se pôs a falar:
- Ela se foi - Explicou, sem conseguir falar nada mais complexo ou melhor que isso. Reparando na ineficácia de suas palavras, respirou fundo e tentou de novo - Ela se foi... A equipe médica até chegou e agiu bem rápido. José chegou na hora certa também mas é o que dizem... Quando chega sua hora não há muito o que fazer - Discursou.

Dito isso, afastou-se do meio fio em um pulo; tirou a mão dos ombros do rapaz e andara para longe como quem não queria ver o impacto que suas palavras causariam. Deu de costas e fingiu não saber que o choro da garota se intensivara. Agora Érica levava um dos braços por baixo do rosto, tocando a perna de Anthony e apertando-a; aquilo podia machucar um pouco, mas a menina não pensava nisso agora. Um soluço ou outro começava a escapulir e aos poucos a menina parara de se importar em reprimir aquilo.

OFF: Eu ando com preguiça de revisar meus posts e isso acaba perdendo muita qualidade, desculpa por isso :<

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O Mahiro é o melhor do mundo <3

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Naquele momento, o jovem se encontrava em meio ao momento mais rodeado de tristeza pura e pesar que já havia visto em toda sua vida. Por mais que ainda não soubesse realmente o motivo de toda aquela comoção, os atos de Érica o faziam se sensibilizar rapidamente com tudo de uma maneira que nem mesmo ele sabia que era capaz. O fluxo contínuo de lágrimas de sua amiga parecia não terminar nunca, fazendo com que cada segundo ali parecesse uma eternidade, sabendo que provavelmente não havia nada que pudesse fazer para remediar tamanho sofrimento.
Sua pergunta, tentando compreender o que acontecera no local para reagir de uma forma mais adequada, aparentava ter sido completamente ignorada pela garota. Não a culpava, claro, seja lá qual fosse a resposta certamente seria algo amargo demais para que ela pudesse expressar em palavras. O treinador fazia naquele momento o que estava ao seu alcance, que era meramente oferecer seu corpo como apoio para a amiga, sem se importar com as lágrimas que já encharcavam algumas partes de suas roupas naquele momento.

"Ela... Algo muito forte aconteceu aqui, isso é praticamente um estado de choque." -Olhando com pesar para a figura completamente desestruturada de Érica, tentava entender o contexto no qual estava inserido- "Será que...? Não me diga que aconteceu algo com Ca..."

Não fora necessário para Anthony concluir o pior em seus pensamentos, pois a realidade fizera a ele esse favor. O senhor de expressão vazia que se mantinha de pé ao seu lado, de repente tomou a si a responsabilidade de explicar a situação, mesmo sem fazer a menor ideia de quem era o garoto que perguntava ou o porquê do mesmo estar ali. Falou com Anthony por meio de um toque frio e palavras sem vida, mas o que mais atingiu o jovem sem dúvidas foi o conteúdo do que foi dito: a morte da frágil garota que conhecera mais cedo.

"Quê?" -O olhar do rapaz mudara completamente de uma hora para outra- "Não, ela... Mas..."

Queria pensar em algo. Uma solução, algo para dizer. Nada. Sua mente estava completamente vazia, não sabia lidar com isso. Mal conhecia Carina e estava completamente chocado com aquela notícia, e de repente as estranhas reações das pessoas em seu redor faziam todo o sentido do mundo. Estavam todos perdidos, ainda mais que ele. De fato nunca passara por uma situação de falecimento de alguém conhecido, e era a última coisa que esperava encontrar em seu primeiro dia de jornada.
Naquele momento, quando seu olhar também se tornou bastante vazio ao ouvir aquelas palavras, tentou pensar em alguns detalhes daquela situação que ainda não entendera completamente. Quem era aquele homem que falara com ele? Onde estava José em meio a tudo aquilo? Algumas peças ainda não se encaixavam perfeitamente, e nem era sua prioridade agora descobrir tudo. No momento, se sentindo mais impotente que nunca, viu a única, apesar de pequena, diferença que podia fazer ali. Desse modo, usou as forças que ainda tinha para confortar a garota em seu colo do jeito que desse, sendo em um abraço ou apenas em aguentar a dor que ela o causava ao apertar sua perna. Por um momento, o mundo ao seu redor não importava tanto, precisava de um tempo para pensar a absorver tudo aquilo.

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Por mais alguns minutos Érica ficou por ali, na mesma situação de antes, porém se mostrando cada vez mais intensa. O choro não cessou em momento algum, muito pelo contrário, parecia pior! Porém sua mão já não arranhava mais o rapaz, sua boca já emitia sons grossos e sua respiração começava a poder ser contada. Os soluços saíam e a garota ia cada vez mais soltando tudo que estava preso na garganta. Fora realmente alguns minutos para que pudesse falar de novo; claro que não saberia por onde começar. Defender-se? Imagino que ninguém - além da própria - achara que Érica tinha alguma culpa; definitivamente ninguém queria ouvir dela um pedido de desculpas, ainda assim o fez:
- Ela começou... Ela começou a piorar e piorar e piorar e piorar - Repetiu incessantemente, sem pausar o choro - Não sabia o que fazer. Não sabia quem chamar. Não sabia... Liguei pro mundo, mas não consegui... Não consegui. Desculpa - Finalizou, finalmente levantando um pouco o rosto e olhando em volta.

De início a garota nada viu; só agora reparou que passou o crepúsculo todo em prantos e o sol já sumira. Respirou fundo e deixou que os quatro ou cinco últimos soluços passassem, olhou para o homem de costas e lhe disse com os olhos todo o pesar possível que poderia. O homem então se virou, caminhou até a menina e pegou em sua mão, chamando-a para levantar. Abraçaram-se por um bom tempo, ora mais apertado, ora menos. Pôs no seu ombro a cabeça da moça e balançaram para lá e para cá por um bom tempo. Só ai o velhaco desabou; os dois começavam uma valsa lenta e as lágrimas de medo começaram a cair. Não era tristeza; mal deu tempo de sentir saudades ou cair a ficha do que acontecera, porém tinham muito medo de todo o sentimento que teriam que lidar quando isso acontecesse. As mudanças que estavam por vir, o silêncio que teriam que aguentar. Nada lhes parecia mais assustador que o futuro. Nunca quiseram tanto quanto agora parar por ali. Contrário a isso vinha a vontade de ver um ao outro reerguer, talvez por isso continuavam em valsa, andando rítmicos, sem de fato parar, porque se um para, o outro desiste.

O choro simbólico e a dança de continuidade era um espetáculo para Anthony, que via sem entender muito bem o significado daquilo, mas sem ter dúvidas de que algum significado tinha. Aos poucos se soltavam e separavam, olhando um para o outro e dizendo, em um ritual bobo porém cheio de significado:
- Seja forte - Desejaram um para o outro em sincronia.

OFF: QUE??? SUA NARRAÇÃO É MÓ BOA NEM VEM AAAA........ Inclusive amore, viajei pra SP pra ir pro Lolla esse próximo fim de semana. Vou te narrar pouquinho até segunda, desculpa por isso ): Juro que quando voltar dou uma adiantada!!

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À medida que cada um dos aparentemente infinitos segundos passavam, o jovem treinador era capaz de perceber cada vez mais as nuâncias que residiam nas mudanças de reação da garota que se lamentava em seu colo. As lágrimas caiam continuamente, mas com um ritmo nada uniforme que, assim como seus eventuais soluços, se manteve inconstante até, por fim, dar espaço a palavras. Claro, não era quaisquer palavras, e pelo jeito a moça optava por se defender, tentar explicar que nada pôde fazer diante da situação que se apresentara em sua frente.

"É claro que ela não tem culpa..." -Anthony olhava para Érica. Sua simples imagem tão desestruturada e em prantos daquela maneira trazia até mesmo ao treinador uma certa vontade de derramar algumas lágrimas- "Ninguém... tem..."

Apesar de pensar dessa maneira, o conteúdo daquele testemunho não poderia passar batido pelo garoto. Ele também estivera envolvido, e se Érica sentia que tinha parte da culpa para si... Será que ele também não deveria? E se não tivessem intervido no caminho de José mais cedo, será que ele poderia ter ajudado melhor a irmã na hora que sua situação chegou ao estado crítico? Pelo que sabia, os médicos disseram que nada poderia ter sido feito, de fato, mas...
Naquele momento seu coração apertou. Era como se alguém houvesse amarrado uma corrente em volta e agora estivesse puxando com toda força. Sabia que a conclusão lógica a se tomar era acreditar nos especialistas, que confirmaram a inevitabilidade daquele evento, mas ele estivera ali mais cedo, e era difícil de acreditar que nada realmente poderia ter sido diferente. Talvez realmente essa fosse a realidade, e todos os envolvidos naquela história fossem completamente impotentes, porém... A percepção da impotência humana diante a eventos como aqueles não era um sentimento nem um pouco mais agradável.
De repente o treinador se via, ainda sentado na borda da calçada, olhando para o asfalto e derramando algumas lágrimas de seu rosto. Percebeu que não se dera conta de que sequer estava fazendo aquilo enquanto organizava aqueles pensamentos em sua cabeça, e muito menos notara o que acontecia ao seu redor. Quando olhou para seus arredores, percebeu que sua amiga não mais estava junto dele, mas sim em meio à rua, abraçada aquele senhor que explicara toda a história para ele anteriormente.
A lamentação combinada da dupla em sua frente era ao mesmo tempo uma das coisas mais bonitas e mais tristes que já havia presenciado. Duas pessoas, cujas ligações para ele eram desconhecidas, davam forças um para o outro, apesar de não ter forças o suficiente nem para si próprios.

"Eles tem uma forte ligação, eles querem se ajudar, mas... Nada pode ser feito?" -Pensar era difícil, mas era também tudo que lhe restava- "Eu também quero ajudar, eu prometi ajudá-la, como acabou assim? Por que tem que ser assim?"

Serrava os dentes enquanto pensava nisso, o sentimento de impotência agora dominando-o quase que por completo. Havia começado essa jornada por novas oportunidades, para ser o protagonista de sua própria história, e mesmo assim... Via que às vezes nada podia ser feito. Essa era a vida, e nela nem tudo sai como planejamos.
Aos poucos, tentava se recompor. Não havia chegado nem perto de um estado de completa descompostura como Érica, então claramente para ele seria bem mais fácil. Tentava lentamente se levantar, não haviam mais motivos para permanecer sentado naquele local sem sua amiga ao seu lado. Enquanto isso, procurava olhar melhor ao seu redor, procurar entender mais ainda a situação, pensar. Qualquer coisa, pois sinceramente, sequer sabia mais o que fazer.


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A dança cessara junto com os soluços dos dois, agora restavam apenas algumas lágrimas e muita dor de cabeça para a garota, que sentia-se como se tivesse bebido a noite toda; tudo rodava, sua cabeça doía, seu corpo fraquejava. Andou um pouco bamba até a porta da casa e sinalizou para Anthony dizendo que já voltava; era difícil dizer se aquele sinal significava 'venha comigo' ou 'já volto', o importante é que a moça abrira a porta que separava o privado do público, caminhara até a cozinha chocha e procurara um copo qualquer para tomar água. Não olhou em volta; os detalhes daquele local lhe trariam lembranças desnecessárias e, por isso, preferiu passar em esfregar os olhos, vendo tudo embaçado.

O homem em contra partida continuou do lado de fora, agora mais próximo de Anthony, porém sem nada fazer. Vez ou outra olhava para o gramado e pensava no quanto queria tomar uma cerveja porém, no quanto era importante que estivesse sóbrio. Tínhamos agora dois planos; a garota entristecida dentro de casa, e o homem confuso e raivoso por fora. Um queria muito indagar ao protagonista qual a relação dele com Érica, porém não o fazia por sentir que seria invasivo e só pioraria o clima. Não tinha coragem de se intrometer. A outra se jogaria no sofá, aconchegando uma ou outra memória; não tinha muito o que fazer para além disso.

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Não era nada fácil para o treinador assistir sua nova amiga naquele estado que, com uma dor psicológica refletida em seu corpo físico, tinha dificuldades para fazer até mesmo uma pequena movimentação em direção à casa. O gesto que fez para Anthony ao entrar não era nada claro, e nem era esperado de ser, dadas as condições nas quais a garota atualmente se encontrava. De qualquer modo, ainda cabia a ele interpretar a expressão corporal ambígua de Érica.

"Oh, será que eu vou lá dentro falar com ela?" -O jovem olhava para a porta não muito distante de si, ainda entreaberta- "Não... Se ela quisesse falar comigo agora teria vindo pra cá, deve ter ido beber água lá dentro, algo do tipo. Ou talvez tenha mais alguém dentro da casa que ela tenha ido se se encontrar com essa pessoa... Talvez José? É estranho não tê-lo visto até agora..."

Em meio à seus pensamentos sobre o que deveria ser feito, Anthony começou a prestar mais atenção no homem que, a pouco tempo atrás, dividia a grande carga emocional com sua amiga. Não sabia quem era aquela pessoa, mas não tinha dúvidas de que sentia demais a dor que envolvia aquele local, indicando uma forte conexão com as pessoas dali.
Até certo ponto, o jovem de Fiore se encontrava relutante sobre uma possível interação ali, afinal, aquele definitivamente não era o momento ideal. A ideia de ficar ali, parado na calçada ao seu lado sem tentar ajudar com uma palavra sequer, porém, agradava ainda menos o treinador que já tinha que contar com a sensação de impotência diante de tudo aquilo. Tentando superar uma barreira e quebrar o silêncio mórbido que assombrava aquela rua, se dirigiu ao mesmo:

-Hmm... Oi, é... Eu sou Anthony, amigo de Érica. Estive com ela aqui hoje mais cedo tentando ajudá-la, estava voltando agora e não fazia ideia que... -Nesse ponto, o treinador já se confundia demais nas suas palavras e não sabia sequer porque continuava a falar ou se começar aquela conversa havia sido uma boa ideia em primeiro lugar- Enfim, achei que pudesse gostar de saber para que eu não pareça tão deslocado por aqui. Apesar de eu provavelmente estar, de certo modo...

Logo após dizer essas palavras, o jovem logo se perguntava o porque de ter feito isso. Iniciar uma conversa nem fazia tanto sentido, e agora tinha deixado tudo ainda mais confuso. De qualquer modo, não conseguia pensar tão bem devido ao momento, então por acaso essa deveria ser a motivação. Sinceramente, naquele momento apenas queria sair dali e esquecer tudo (provavelmente como todos os outros), mas sabia que não seria o certo a se fazer com sua amiga.

OFF :

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Optara por deixar a moça ir sozinha para casa e, devo avisar-lhe, ela não iria para fora tão cedo. O homem, em contrapartida, preferia não entrar tão cedo; tinha lembranças demais de lá para sentir-se confortável, então tirou do bolso uma box conhecida e deste puxou seu vício principal; um cigarro branco. Colocou-o na boca com habilidade; não fumava a meses, porém estava mais que claro que hoje era um bom dia para uma recaída. Ouviu Anthony com uma orelha e focou-o com um dos olhos; com o outro lado, focou em visualizar o isqueiro a um palmo do nariz e ouvir o riscar do disco. Com afinco respirou fundo e tragou a primeira vez. Prendera o ar nos pulmões e deixou que assim ficasse por mais um tempo; entendeu tudo que o menino falara, mas não responderia até apreciar aquela primeira tragada depois de sete meses na seca.

Guardou a fumaça por tanto tempo que perdera o limiar entre consciência e desmaio e, depois de uma queda brusca de pressão e um início de teto preto expirou. Aquele era um hábito tão maligno que nem sei por onde começar; poderia citar o quão perto o homem chegou de cair ou como sua garganta ardera no processo, ou ainda o apodrecimento de seus dentes, mas não o farei, apenas direi que ele sabia. Ele sabia muito bem o que aquele trago significava, ainda assim não parou. Tirou o veneno da boca e levou-o para o lado, na altura da cintura, batendo uma, duas, três vezes o dedo, derrubando ao chão toda a cinza que produziu. Agora sim se sentia confortável para responder, depois de um silêncio abismal que, muito provavelmente, constrangeu Anthony ao ponto de fazê-lo pensar em tudo que falara até agora.

- Sou Jeremy - Começou - Tio e padrinho de José e Carina. Quase pai, digamos assim. A história dos dois é complicada e, como você pode ver, não tem melhorado. Tem certeza que é amigo de Érica? Nunca vi você com ela ou José. Pensei que fosse algum amigo que ajudasse Carina ou algo assim, que estranho... - Comentou pensativo; não estava duvidando do que Anthony falara, só de fato estranhara muito essa amizade. José sempre foi muito possessivo e ciumento para deixar que Érica tivesse um homem tão próximo de si; ter alguém assim nesta casa, consolando a garota, era no mínimo estranho - De qualquer forma, José deve voltar logo mais. Ele não tem mais o que fazer no hospital, me pediu para separar alguns documentos e roupas de Carina que logo mais passaria aqui. Você deve conhecê-lo, né? - Finalizou.

Tais frases foram faladas pausadas, porém entre essas pausas nenhum trago fora dado; o cigarro queimara mais em sua mão que em sua boca. Ótimo, né? Não! Comemorando cedo demais; logo Jeremy levava mais uma vez o vício a boca e repetia o mesmo processo prejudicial. Inspirava, segurava, quase desmaiava e, só então, expirava.

OFF: TO ESQUECENDO DE RESPONDER OS OFFS, DESCULPA ): Enfim, o post tava ótimo, voltei renovada, vamos ahazar nesse plot aqui, to tentando ter responsabilidade psicológica q não cagar desgraçamento de cabeça e drama na rota, juro.

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Por um momento, as palavras de Anthony não pareciam suficientes para quebrar o silêncio e clima mórbido do local. A resposta à sua introdução era, inicialmente, apenas uma grande tragada em um cigarro por parte do homem em sua frente. O treinador tinha que admitir que não gostava muito de proximidade àquele tipo de coisa, tendo um certo desgosto principalmente pelo cheiro e fumaça gerados, mas naquele momento não fazia a menor questão, era importante que cada um usasse tudo em seu favor para amenizar a dor latente daquela situação. Se preocupou, por um tempo, com a intensidade da tragada que o homem dava de uma só vez, imaginando o tipo de efeito que ele visava ao tomar uma atitude como aquelas.
Eventualmente, o ato de auto-destruição que via em sua frente veio ao seu fim, e após mais uma breve pausa que parecia durar horas, o jovem finalmente pôde obter algumas das informações que desejava. O homem, de identidade agora conhecida, questionara por um momento a amizade de Anthony e Érica, considerando um fato deveras estranho, o que fazia com que o treinador se pusesse a pensar. Talvez fosse um tanto quanto apressado dizer que eram amigos, afinal, meramente se conheceram pela manhã daquele dia. Depois de tudo que passaram juntos, porém, o treinador não poderia negar que sentia que aquilo era verdade.

"Tudo isso, e agora sabendo quem ele é... Esse cara deve estar devastado." -Não era uma conclusão difícil de se tomar, vendo desde antes o vazio nos olhos daquele homem- "E aparentemente José foi para o hospital, nossa, ele deve ter ficado ao lado dela bem no momento em que... Ah, porque isso tem que doer tanto?"

Com o ar parecendo cada vez mais pesado ao seu redor, Anthony também não fazia questão de responder rapidamente à fala de Jeremy. Não poderia fazer isso mesmo que quisesse, pensar era uma atividade custosa em seu atual estado, e falar não era menos desconfortável.

-É, eu não sou um amigo tão próximo na verdade... Mas acabei por acaso me envolvendo nisso com ela. -Tentava relevar os fatores por trás disso, se direcionando logo ao segundo questionamento- Ah sim, eu conheço o José também. Na verdade, nós não estivemos nos melhores termos recentemente, coisa boba, mas depois de tudo isso... -Suspirava, pensando nas possibilidades em sua frente- Eu sequer sei se ele gostaria muito de me ver por aqui, sinceramente.

Não sabia ao certo se mencionar tais fatores ao tio do jovem era realmente uma boa decisão a se tomar. Na verdade, apenas se lembrara desse fator e acabara expressando-o em voz alto em meio à sua conversa. Por mais que José tivesse sido rudo com o treinador mais cedo, nocauteando duas vezes seu pokémon, não merecia ser incomodado mais ainda depois de passar por algo desse porte.
Ao tomar essas conclusões, Anthony sentiu-se ainda mais desconfortável e ansioso. Não queria ter de se encontrar com o irmão de Carina agora, não mais por medo de enfrentá-lo, mas agora por real empatia ao jovem, que poderia vir a sentir-se mal com sua presença ali.

-Eu não sei... -Por algum motivo, continuava a dialogar, fitando a dura calçada em meio às falas- Estou bem perdido, eu prometi à Érica ajudá-la mais cedo, mas... -Hesitava em sua expressão facial antes que pudesse começar a falar, seriam palavras que realmente doíam em si- Tudo está bem pior, e não há nada que eu possa fazer. Agora parece que só vou piorar as coisas.

Com a clara dor daquela realização estampada em seu rosto, o jovem de Fiore se questionava sobre o porquê de sequer estar dividindo tudo aquilo com o homem recém-conhecido na rual. Provavelmente ele não tinha nada a acrescentar e, sinceramente, com certeza não se importaria nem um pouco. Por outro lado, era a única outra pessoa ali presente, e o treinador realmente precisava de um momento para ao menos expressar aquela sensação de falha que corroía seu peito.


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Como diziam mães; para bom entendedor, pingo é letra. Com o pouco que falara Jeremy já havia entendido que Anthony havia caído naquela história toda de paraquedas e, como toda história triste vivida por acaso, criara um vínculo irracional e forte com Érica. Claro que tais ações mexem conosco de modo desproporcional e que isso normalmente é bastante mútuo. A presença do garoto balançaria não só o próprio ou Érica, mas também José. Isso é de todo ruim? Não há como responder. Só podemos dizer que ele se tornara um ponto de tensão entre o casal; isso é inegável até para Jeremy, que acabara de o conhecer.

O velhaco então coçou a cabeça; não podia dizer o que o menino devia fazer e nem podia adivinhar o comportamento de José. Não havia como saber! O menino podia desde não lembrar da história à lembrar-se vividamente; podia ir do surto à bonança. Sem saber o suceder, deixou a sua opinião guardada para si e, em contra partida, pensara em Érica. Era verdade que a menina se tornara uma agregada da família e que sua relação com José se encontrava em estado quase insalubre. Depois da piora considerável de Carina a moça foi afastada, pelo próprio namorado, daquele ambiente familiar, o que deixou-a quase alheia ao problema; reencontrar a caçula naquela situação fizera tudo isso ainda mais deplorável, era de se esperar que estivesse tão mal! Aquela perda não significava apenas falta e saudade, mas tudo que José escondera dela nas últimas semanas. Carina significava vários dias e noites conturbadas. Várias incertezas, inseguranças e paranoias. Perder Carina era uma explicação àquilo tudo, porém era também um acontecimento simbólico que, para ela, tinha poucos outros significados para além de sua própria insignificância, e Jeremy sabia dessa interpretação. Carina não se sentia só de luto, mas melancólica! Tudo isso se passou por debaixo dos panos e, em nenhum momento, fora consultada, almejada ou informada. Era quase uma namorada fantasma.

Coçara a cabeça mais uma vez para começar a dizer algumas palavras, sentia que precisava dizer algo, por mínimo que seja; aquele silêncio constrangedor não ajudava em absolutamente nada. Tragar seu cigarro; agora bem mais casual que outrora e expirou dizendo:
- Hm... Isso faz bastante sentido - Dera um único comentário sobre o que foi dito antes; não quis adentrar mais que isso sobre a relação dos dois - Não há muito o que fazer de fato. Acho que você foi chamado para outro tipo de trabalho, esse não há o que fazer - Repetiu, enfatizando seu viés - De qualquer forma, não saia sem deixar seu contato com Érica. José e Carina se mudaram para a cidade grande atrás de tratamento especial para a menina; é provável que ele volte para Odale em poucos dias e Érica fique sozinha por aqui. Um amigo é bem importante nessas horas; imagino que um que sabe exatamente o que se passou, seja ainda mais.

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