Não conseguia deixar de ficar surpreso com a habilidade de minha pequena Pokémon em ser sociável. Spheal sempre demonstrou ser do tipo atenciosa, mas começava a perceber um forte sentimento sendo emanado por ela. Para a pequena parecia que a união com o próximo era algo importante.
Sobre os Pokémon que Spheal estava a socializar, Cleffa aparentava ser um pequeno bebê, tanto em aparência como em atitude; Timburr, pelo que percebi, era mais convencido e seguro de si. Daquele tipo que sempre esboça um sorriso de malandro ao fim de suas frases. Mas independente ou não de suas personalidades, Spheal estava conseguindo lidar eles e pareciam se divertir.
Entre a frase de Emily e Carl, eu não tive muito tempo de réplica. O rapaz de macacão parecia ser o mais experiente ali e mais forte, segundo ele mesmo, parecia querer assumir o papel da liderança. Não me manifestaria contra sua vontade de tomar as rédeas. Eu e Emily trabalharíamos juntos na montagem de algumas tendas. Carl logo tratou de pegar as vigas que eram a base das tendas e montar suas estruturas.
Enquanto não havia tendas armadas, tomei um tempo para conversar com a treinadora que trabalharia comigo na arrumação interna. Certamente minha curiosidade era em como aqueles dois, de personalidades tão distintas, haviam se conhecido e qual era a relação de ambos. Também enfatizei o fato de que estava iniciando agora minha jornada como treinador, mas que Spheal e eu já possuíamos uma história juntos. Cheguei até mesmo a mencionar os minutos que passaram desde o momento que me tornara um 'viajante'.
Enquanto conversava com Emily não vi o Pokémon que se aproximava de minha pequena Spheal até ser tarde demais. Sou interrompido do meu dialogo com a treinadora quando minha Pokémon, rolando, bate em minhas pernas, me fazendo fraquejar por alguns segundos. Parecia que a solução que ela encontrara foi se afastar do outro de sua espécie.
- Spheal, olha só! Um outro Spheal! – disse surpreso. Certamente a pequena não tivera muito contato com os de sua espécie após vir morar em minha casa. Sugeri para que ela fosse brincar com ele, para se conhecerem, mas quando vi o olhar apaixonado do segundo, e a face de sofrimento de minha Pokémon, entendi o que estava acontecendo.
De repente os problemas começaram a aparecer. Precisava cuidar das barracas, pensar em uma maneira de distribuir a comida e ajudar minha Spheal. Spheal era a que receberia minha atenção primeiro, pedi para que Emily cuidasse da decoração da tenda sozinha por alguns segundos. Meu foco, no momento, era finalizar com aquele trabalho e cuidar para que tudo ocorresse bem. Pensando nisso fui falar com Spheal, que estava escondida atrás de mim - como se isso fosse possível.
- Spheal, me desculpa, mas a única maneira de você escapar do seu namoradinho é entrando em sua Pokébola. Quando ele sair das redondezas eu te coloco para fora de novo. – disse isso agachado, olho no olho, para que ela não se sentisse diminuída. Spheal pareceu aceitar, embora sabia que ela preferisse o ar livre.
Voltei minha atenção para a tenda. Contei para Emily minha ideia de organização. Lembro que assistira alguns programas de competição culinária enquanto em casa. E uma maneira de organizar bem os pratos era simplesmente montá-los e deixá-los prontos sobre a bancada. Os clientes, em uma fila indiana, viriam e pegariam seu prato. Claro que para isso seria necessário uma linha de produção eficiente, que não deixasse os pratos acabarem.