Hell Kaiser
A batalha durou como foi esperado. Meltan não demonstrou nenhum sinal de resistência, a não ser talvez ter tentado se levantar após os golpes massacrantes de Gastly, que derrotaram o Pokémon em pouco tempo. Johan pensou naquilo somente como um bônus, não se importava tanto assim com o Pokémon derrotado, ou mesmo se ele ainda estava vivo. Serviu apenas para que Gastly continuasse a crescer e se desenvolver, e assim foi feito. Johan se sentia bem esmagando inimigos fracos, mas naquele momento estava indiferente. Foi tão simples, tão rápido e pouco animador que ele mal se importou com o que havia feito. Foi uma vitória perfeita, e nada mais além disso. Ele estava satisfeito, mas indiferente. Era como se algo em seu cerne estivesse descrente com o que havia acontecido, pouco se importando se havia valido a pena ou não. Claro, o crescimento de seu Pokémon era importante, mas a emoção gerada naquela batalha rápida, unilateral e sem qualquer dano sobre seu fantasma serviu somente de aquecimento, não havia produzido nenhuma sensação, nenhum vigor, nem mesmo um fiapo de animação, nada que fizesse o treinador ficar palpitante. O treinador resolveu dar de ombros e procurou alguma coisa dentro do container, que não havia nada de muito valioso, somente uma pérola legítima. Ela poderia ser vendida facilmente para que ele conseguisse um bônus em seu bolso, mas não era algo que ele via que poderia ser muito útil também.
"Serve só pra comprar comida, então." O restante do local não havia nada de muito interessante, então ele simplesmente ignorou para não continuar perdendo tempo, tanto que já estava satisfeito com os ganhos daquele pequeno "empecilho" — se é que podia ser nomeado por isso — e então já era hora de continuar com seus afazeres. Maryanne, contudo, estava um tanto quanto nervosa, aflita, sua ansiedade transparecendo. Preocupada com os ocorridos, parecia não se garantir em nada, parecia se sentir como um Ratatta num ninho de Ekans. Pobre coitada, parecia ser tão fraca e inexperiente que precisava da ajuda de um treinador sádico e surtado para conseguir uma coisa que lhe faltava. E Johan nem mesmo sabia o motivo de tanta preocupação por um pirralho, e nem mesmo por qual razão eles haviam raptado um catarrento qualquer de uma burguesa falida. Ele apenas aceitou o que tinha que fazer, afinal, talvez quisesse sentir alguns riscos para fazer com que se sentisse novamente vivo.
Despreocupado com a situação e percebendo que ninguém havia se importado com o mínimo de barulho que ele fez, logo viu o que parecia ser um iate ali perto. Uma rinha de gente rica, era nisso que ele provavelmente se meteu. Deu de ombros novamente, ainda precisava continuar seu trabalho, e seria pago por isso, além da animação que talvez lhe fosse proporcionada. Indiferente com o burburinho das conversas e a ornamentação luxuosa do que parecia ser o único ponto com gente viva naquele cais, além da dupla dinâmica entre um provável esquizofrênico e uma cortesã com bastante dinheiro. Como Johan não possuía outras pistas para procurar, e aquele ponto parecia oferecer algum tipo de prosseguir para a missão, ele resolveu que seria uma boa ideia fazer uma checagem rápida. Poderia simplesmente entrar pela porta da frente e começar a quebrar as coisas, mas como estava em companhia inexperiente, parecia estar pensando em alguma estratégia para que não ficasse sem uma recompensa ou diversão, caso a contratante viesse ao óbito. Precisava de um pouco mais de cautela, um alvoroço era o pior que podia fazer naquele momento. Além do mais, se aquele iate for um local que não tem relação com o objetivo atual, ele teria que resolver outros mais problemas. Resolveu recorrer a Gastly para fazer um trabalho bem feito.
—
Gastly, lhe parabenizo pela batalha, você está se desenvolvendo num ótimo ritmo. Moça, segure suas pontas ou você só vai causar problemas com todo esse nervosismo, guarde sua preocupação pra uma batalha de verdade. — Diria Johan antes, talvez fizesse o fantasma ficar mais confortável e interessado na vida —
Certo, vamos continuar. Preciso que você sobrevoe até aquele iate e veja se tem alguma movimentação suspeita ou algum indício de sequestro ali. Não precisa demorar muito, apenas observe de longe, sorrateiramente, e tome cuidado para não ser visto por alguém.Era uma estratégia interessante a ser pensada. Gastly ainda era pequeno e rápido, e sua forma gasosa era suficientemente furtiva, apresentando uma boa discrição e ganhando vantagem durante a noite. Johan tinha consciência que o Pokémon conseguiria se comunicar caso algo fosse percebido por ele, e suas instruções haviam sido concisas e claras o suficiente para que não houvesse confusão. Além disso, Johan gostava do fato do Pokémon ser inteligente e guardar em sua mente uma identidade própria relevante, um ego, o que facilitava para que ele conseguisse ponderar sobre determinadas situações. Talvez ele voltasse com algo para dizer, mas talvez ele voltasse sem saber o que estava acontecendo, ou constatar que aquele era só um barco com gente rica. Enquanto o Pokémon procurasse na parte de cima sem ser visto, Johan tentaria observar nos arredores se havia alguma maneira de entrar no iate facilmente, sem que precisasse aparecer diretamente no convés ou ter que quebrar alguma coisa. Esperava que aquilo lhe guiasse a alguma situação, e contava com isso, ou precisaria procurar pelo cais novamente por movimentações estranhas e pessoas escondidas. Assim que conseguisse ter uma visão de Gastly voltando, caso o mesmo trouxesse informações importante, ele já se prepararia para poder invadir o local. Esperava já ter encontrado algum meio de entrar no iate também.
—
Bom trabalho, meu companheiro... certo, agora você vai ficar na direção oposta de onde entrarmos, manter-se a uma distância do barco, mais próximo possível da água, e irá usar seu Dazzling Gleam para, como se fosse um sinaleiro, tentando brilhar o máximo possível. Isso vai chamar a atenção de quem quer que esteja dentro desse troço, e vamos poder entrar sem sermos facilmente notados. — Instruiria Johan para o seu Pokémon, esperando que ele entendesse o que deveria ser feito —
Tente manter por alguns segundos até uma boa quantidade de pessoas estar curiosa com o que acontece, e logo em seguida tente se encontrar conosco. Atravesse as paredes, observe os lugares, eu não me importo muito. Se a tentativa de invasão fracassar, mandarei um sinal.Esperava que seu plano desse certo e não ocorresse muitos empecilhos na execução dele. Também esperava que houvesse uma entrada fácil. Não se importaria de ter que saltar ou mesmo se agarrar em uma corda para ter que entrar. O problema mesmo era o seu suporte naquela missão, Maryanne não parecia ser o tipo de pessoa que precisou fazer esforço físico ou entrar em situações de risco ao longo de sua vida. Provavelmente saiu de um berço de ouro, mas eram pessoas desse tipo que contratavam inescrupulosos no meio da noite, como Johan. Se precisasse, de uma forma, usar Scizor para abrir caminho, não via problema algum em executar tal ato, mesmo se precisasse fazer alguns estrondo para abrir a carcaça do iate para que pudesse entrar. A distração de Gastly devia ser o suficiente para que ele ganhasse tempo, sua invasão não precisava ser totalmente furtiva, embora fosse um adicional importante para que ele não precisasse passar por maiores problemas e acabar defecando nos seus afazeres sem um bom motivo. Acabava que sua melhor opção sempre seria continuar com confiança em suas habilidades e esperar que sua companhia fizesse seu melhor, embora não estivesse tão preocupado com o resultado da mesma. Só precisava sentir seu sangue pulsando novamente, e a vitória escorrer gloriosamente por seu corpo, banhando-se no sangue de seus oponentes, de preferência.
—
Espero que você esteja pronta, princesinha. — Provocaria Maryanne.