#01 - Em busca de um plano

O vírus entrou no sistema.

Eu o tinha em meu jogo, mas ainda tinha que garantir que minha influência sobre ele era sustentável. Felizmente o Rocket não me deixou cair. O plano saiu bem demais e rolamos pelo chão do telhado. Uma demonstração melosa e pouco natural a mim.

- Eu estou bem longe de ser uma flor. – disse rindo – Estou mais para um peso pra você. Você me ajudou tanto até aqui. Obrigado...

Eu sentia o toque dele no meu corpo, e seu olhar afetuoso. Admito que o jovem ladrão fosse atraente e essa vibe de garoto problema era excitante, mas eu precisava de foco.

- Meu nome é Lucas. – menti. – Prazer em conhecê-lo melhor. Eu gosto da ideia mas... – eu me levanto e ajudo ele se levantar também.

Dali eles já poderiam voltar as ruas. Litio queria chegar logo no Centro, mas sem perder o contato com Dylan. Ir ao apartamento dele seria arriscado. Um ambiente fechado com alguém que ele mal conhecia.

- Tenho planos para depois. Eu estava de saída da cidade. Sabe como é. Jornada Pokémon, muitas aventuras. Yeah! Mas me conta. Como alguém bonito como você entrou para uma vida dessas? Que tal me pagar um café enquanto eu recupero o Zyos e assim podemos conversar melhor. Ou quem sabe você poderia me seguir até a próxima cidade. Seu trabalho pegou fogo, então você está em.. Férias forçadas?

OFF :

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Lítio havia conseguido mais do que esperava, um sucesso em seu plano. Além de conseguir conquistar a atenção e confiança do rapaz, também estava mais próximo de chegar ao Centro Pokémon e recuperar o seu Zyos, que lhe serviria de segurança para quaisquer imprevistos. Em resposta ao Rocket, que agora ele sabia se chamar Dylan, Jêrome inventou um nome fictício, Lucas. O rapaz havia até mesmo chamado ele para ir em sua casa, mas receoso, Lítio tratou de inventar uma desculpa para declinar a proposta.

— Tem certeza? — Comentou Dylan, saindo de cima de Lítio e levantando-se. Ele ajeitou suas roupas e as limpou, incluindo as mãos. — Meu apartamento fica bem atrás do Centro Pokémon e... Eu tenho que ir para lá MESMO! Não posso seguir outros planos agora, ainda mais fora de Mauville. Mas posso tomar alguma coisa com você por lá sim...  — Dizia o rapaz preocupado com o horário, pois não parava de ver o relógio, quase que como uma compulsão. — Queria te levar lá em casa para ficarmos mais seguros e também iria chamar o meu Chefe para dar uma olhada em você... Você tem potencial e precisamos de pessoas como você. Eu ao menos, preciso...  — Completou o jovem, com uma risadinha e depois olhando por cima do ombro para o Centro Pokémon, como se quisesse ir logo para lá.

Lítio tinha várias escolhas em mãos. Realmente seria muito arriscado ir até o apartamento de Dylan, mas ao menos o jovem teria seu Zyos contigo de novo em caso de surpresas. Além do mais, isso contribuiria para a confiança do rapaz no treinador e ele estaria a um passo de até mesmo conhecer o chefe dele. Em momentos de dificuldade, é bem provável que uma organização procure novos membros para reforças suas fileiras. Entretanto, não parecia difícil também convencê-lo de que era melhor não ir e simplesmente partir da cidade, correndo é claro, o risco de nunca mais encontrá-lo. O que o jovem faria então? ◄

Quando um vírus penetra um sistema ele precisa agir rápido, mas sem muito alarde. Qualquer mudança brusca nos protocolos do sistema alertaria o antivírus ou até mesmo o log. Isso comprometeria a posição dele, iria desfazer suas ações e o colocar em quarentena. Agora que eu tinha a confiança de Dylan eu não poderia arriscar minha posição.

- Ok. Você venceu. Eu acho que vou precisar descansar um pouco depois do que aconteceu hoje. Ou não descansar...

Eu sorri e me inclinei até uma escada emergência. Olhei para trás e joguei um sorriso charmoso.

- Vamos primeiro passar no Centro Pokémon. Zyos precisa se recuperar.

Ir à cova dos lobos não é a melhor forma de se livrar dele, mas que escolha eu tinha. Quando eu teria outra chance de me ligar a um Rocket. Ainda mais um que aparentava estar interessado em mim. A que ponto cheguei. Ao menos teria Zyos preparado para lutar.

- Mas quem é esse chefe? Será que preciso trocar de roupa para recebê-lo?

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Ainda lançando todo seu charme sobre o Rocket, Lítio acabou cedendo às suas persistentes investidas e concordou em ir até a casa dele depois de passar no Centro Pokémon. Deixando sempre um "quê" de romance no ar, o treinador foi "laçando" o criminoso de acordo com seu plano e aproveitando para fazer mais perguntas no decorrer do trajeto, como o pedido por mais informações sobre o tal Chefe dele — Ele é o melhor... Você vai ver! Ele é jovem como nós e trouxe renovação aos Rocket!. Um novo caminho! — Disse Dylan, empolgado.

Nesse instante, os dois rapazes finalmente haviam alcançado o beco ao lado do Centro Pokémon e caminhavam pela calçada do mesmo, entrando no estabelecimento através da porta automática. Os dois estavam sorridentes, mas o Rocket mudou completamente sua expressão quando viu o que tinha dentro do Centro: dois policiais acompanhados de um Electrike e um Growlithe, conversavam com a Enfermeira Joy. Imediatamente, Dylan silenciosamente empurrou Lítio para a lateral do local, escondendo-o atrás de uma pilastra — Ei! Você foi muito visado... Tá com as mesmas roupas de antes, com a mesma cara... Fica escondido! Os policiais vão te pegar e ME pegar se der bobeira  — Explicou o criminoso em sussurros, colocando uma mão sobre a boca de Jêrome, enquanto espiava por detrás da coluna.

— Desculpe... Mas precisamos ser cautelosos...  — Disse o Rocket, retirando a mão da boca de Lítio e depois fazendo um sinal de silêncio com seus próprios lábios, conforme caminhava naturalmente até o balcão entre os policiais, falando com a Joy e entregando a Pokébola para que seu companheiro fosse curado. Para ele era fácil, já que não haviam visto seu rosto e esperavam um homem vestido de Rocket e não vestes comuns, como agora. Lítio, por outro lado, não podia sair dali e para piorar ainda a situação, um outro policial entrava agora pela porta e olhava para os dois lados, vendo o rapaz de relance, mas não demonstrando ter reconhecido ele, pelo menos não por enquanto. O que o treinador faria agora? ◄

Arrisquei muito pelo Rocket. Meu rosto estava visado por alguns policiais. O que eu esperava depois de apagar um deles e enfrentar seu Pokémon. Agora eu era procurado. Tinha que sair de Mauville o quanto antes.

Abri minha mochila que estava comigo. Eu havia separado roupas para a jornada. Coloquei um casaco e um boné para ajudar a mudar minha aparência. Peguei um lenço e arranquei a maquiagem que me dava uma aparência andrógena. Agora eu parecia mais um garoto comum da minha idade e não o Lítio de sempre.

Olhei para os Rockets no balcão e depois pro Rocket na porta. Eu abaixei meu boné no rosto e fui correndo até o guarda na porta. Eu fingi uma cara de choro e desespero. Eu tentei puxar o policial para fora do Centro sem muito alarde.

- Me ajuda. Uma amiga minha foi atacada logo ali. – eu apontei uma rua próxima ao Centro Pokémon.  – Um cara estranho apareceu e disse que queria nosso dinheiro e Pokémon. Eu consegui fugir, mas ela ficou lá. Por favor, você precisa ir ajuda-la.

Eu precisava que ele saísse dali. Assim que ele fosse atrás do pedido de socorro falso eu me enfiaria num beco e esperaria Dylan sair do Centro e faria um sinal para ele me achar.

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Lítio pensou rápido, afinal estava bastante encrencado por causa do Rocket e não poderia ser visto. Estava decidido! O Treinador deixaria Mauville até as coisas esfriarem pelo menos, mas antes precisava conseguir o que tanto queria e só conseguiria se não fosse pego naquele momento. Em um movimento arriscado então, Jeromé fez uma rápida transformação em sua aparência para tentar passar o máximo despercebido por ali e aproximou-se do policial que entrava, já abordando-o de forma apressada, para que não tivesse tempo de pensar e com isso, o descobrisse — Ok! Não se preocupe... Eu mesmo resolvo isso... — Dizia o policial mais jovem, arregalando os olhos e já pegando sua Pokébola ao sair do estabelecimento — Fique para trás, eu trarei sua amiga de volta sã e salva... — Concluiu o rapaz, caminhando lentamente até o beco e dando abertura para Lítio sumir dali.

Enquanto o policial ia em direção a absolutamente nada, o treinador correu para um beco aleatório, simplesmente para se esconder e esperar Dylan sair do Centro Pokémon. Se esse seria um bom plano é difícil de saber, pois antes que Lítio conseguisse esconder-se, alguém o segurou pela mão e o puxou — Lado errado, vem!  — Disse o Rocket, com uma expressão de preocupação, arrastando o rapaz para um outro beco mais distante. Esse, em especial, fazia um L e parecia levar para uma ruela bem atrás do estabelecimento de onde saíram. Ao que tudo indicava, era o tal apartamento de Dylan, que o jovem criminoso havia dito. O Rocket puxou a escada de emergência e desatou a subir rapidamente, sem dizer mais uma palavra sequer.

Caso resolvesse subir e seguir Dylan até o seu andar, entrariam juntos pela janela e encontrariam um quarto bastante bagunçado e simples. Nas paredes, cartazes de Kanto, Unova e Alola espalhados, além de Poké Bolas vazias e bastante coisa inútil, típico de um quarto de adolescente bastante desleixado. Dylan entraria primeiro e reviraria algumas coisas, jogando-as no armário e tampando as portas abertas com velocidade para que Lítio não xeretasse. Entretanto, se escolhesse não subir, o jovem ouviria passos pesados sobre poças logo atrás de si e algumas lanternas vasculhando as paredes, sem rumo. Qual seria a decisão do treinador e como reagiria ao novo ambiente, se resolvesse subir? ◄

A estratégia foi arriscada, mas teve êxito. Antes mesmo que eu pudesse me esconder Dylan surgiu do nada me arrastando pelo caminho. Entramos em uma viela que dava num beco atrás do Centro Pokémon. Novamente o Rocket puxou uma escada para mim, já havia se tornado um habito. Então aquele era o esconderijo dele.

Não tive tempo de pensar no risco. Eu tinha que entrar, afinal ouviu passos vindos logo atrás de nós. Enfiei-me na janela e a fechei logo depois. Deparei-me com um quarto de alguém jovem. Bagunçado e atulhado de coisas. Eu estava eufórico e sem ar, então me joguei na cama de Dylan para recuperar o ar. Notei tudo em seu quarto, seus pertences e decoração. Se olhasse aquilo antes nunca diria que era um cômodo de um Rocket.

- Pode devolver o Zyos agora? – estendi a mão para a Pokébola. – Então este é o palácio que você me prometeu? Está mais para o quarto na casa dos pais. Sua mãe vai vir nos trazer um lanchinho? – eu ri para disfarçar o receio de estar ali.

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Diante dos riscos de ficar para trás naquele beco escuro, Lítio resolveu agir de forma bastante imprudente para salvar sua pele. Era melhor confiar em um Rocket que sabia o quanto era importante manter-se livre e fugir da polícia, do que cair exatamente nas garras da autoridade. Pensando nisso, rapidamente o garoto escalou a escada de emergência e alcançou a janela do quarto de Dylan, fechando-a logo em seguida e depois deitando-se despreocupadamente na cama de seu anfitrião... Ou pelo menos aparentando não se preocupar...

Além de aproveitar do quarto como se fosse seu, Jeromé ainda teve um tempinho para alfinetar o criminoso, perguntando se a mãe dele traria um lanchinho. Era evidente que Dylan ficou furioso, mas ao mesmo tempo envergonhado com a pergunta que pareceu tocar-lhe profundamente no Ego — Viver com minha mãe é um bom esconderijo... Ninguém procura um Rocket na casa de uma mãe solteira... — Respondeu o rapaz, apressando-se até um armário com a porta um tanto estragada, tentando fechar nervosamente o objeto, antes de desistir e deixar apenas uma frestinha aberta.

Lítio também fez questão de pedir seu companheiro Zyos de volta, já que havia deixado a Pokébola com Dylan para que curasse a criaturinha no Centro Pokémon. Quando ouviu isso, o rapaz deu um sorrisinho e levou a mão até o bolso, pegando a cápsula e jogando-a na direção de Lítio. — Ta aí, vou pegar um lanche pra gente... Cuidado onde pisa, fica esperto...  — Avisou o rapaz, abrindo a porta que dava para o corredor e enfim, deixando o cômodo todo sozinho para o treinador e sua curiosidade. Haviam inúmeras coisas espalhadas, principalmente algumas revistas e envelopes que saiam debaixo da cama, como se já houvessem sido entulhadas ali e não houvesse mais espaço para as novas.

Havia também um grande armário embutido, que Dylan tentou tampar, mas desistiu após a porta insistir em não fechar. Antes não era compreensível o porquê, parecia ser culpa de algum defeito. Entretanto, olhando com mais calma, Jeromé poderia notar que um fio saia de lá e caia pelo chão, bloqueando o caminho do trilho que guiava a porta. Por fim, havia uma cômoda com seis gavetas abarrotadas. Algumas delas, com meias saltando junto com roupas, pois estavam mal organizadas e emboladas. Se Lítio quisesse poderia investigar com calma esses lugares antes do Rocket voltar, assim talvez descobrisse mais sobre ele e esse tal Chefe. Entretanto, era necessário ter em mente a ordem certa de por onde começar a procurar, pois talvez não desse tempo de averiguar tudo. Lítio investigaria? Se sim, começaria por onde? ◄

Quando eu entro no quarto de um homem geralmente eu não fico tenso. Outra coisa acontece... Mas não com Dylan. Entrar em seu quarto me mostrou outro lado dele. O lado garoto, comum, vulnerável e imaturo. Era como se ele não fosse o Rocket que tinha saído de um prédio em chamas. Apenas um jovem que mora com a mãe. Me senti culpado por pegar no pé dele, mas retribui o sorriso quando ele devolveu minha Pokébola.

Soltei Zyos e olhei se ele estava bem. O Magnemite nunca foi de ficar na Pokébola e eu senti sua falta. Dei a ele uma pilha que guardei no bolso e vi-o brincar com aquilo, fazendo flutuar e sugando sua energia. Enquanto isso fitava Dylan e seu quarto com o canto do olho. Quando ele saiu do quarto eu agi.

- Zyos preciso de sua ajuda – olhei para ele serio, - Fique de olho na porta. Se o Dylan voltar me avise e tente distrair ele um pouco. Derrube algo, fique no caminho dele, mas tente ser discreto. Conto com você

Ao dizer aquilo eu pulei da cama. Olhei rapidamente para a pilha de envelopes de baixo da cama, talvez tivesse algo a se notar. Depois iria a gaveta. As meias já estavam todas jogadas, ele não iria notar que eu vasculhei a procura de algo. Por fim o armário, pois a porta estaria emperrada e eu precisaria de calma para olhar a origem do fio. Eu estava contando que Zyos me  ganhasse alguns minutos a mais para averiguar, e depois disfarçar minha investigação.

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Rocket, um tanto mais vulnerável. Entretanto, Lítio tinha seus objetivos em mente e assim que Dylan deixou o ambiente, começou a investigar um pouco mais sobre ele, no meio de tanta bagunça. Antes, ele pediu para Zyos ficasse de vigia para o caso do anfitrião voltar antes do esperado e pegá-lo no flagra. O Pokémon Metálico ouviu as ordens atentamente e concordou ao seu próprio jeito, aproximando-se lentamente da porta enquanto flutuava.

Jeromé observou os três principais focos de sua investigação e resolveu começar pelos envelopes que surgiam debaixo da cama. Não pareciam esconder nada demais, mas eram itens interessantes. Todos eles ou pelo menos a grande maioria eram endereçadas de Universidades espalhadas pelo Mundo Pokémon, ao tal Dylan. Ao menos o nome dele deveria ser esse mesmo. Abrindo um deles, Lítio poderia observar que se tratava de uma carta indicando que o rapaz não havia sido aprovado na instituição, por não corresponder ao perfil pretendido por eles. Seria por isso que ele se voltou para os Rocket? Por despeito ao mundo secular?

Em seguida, Lítio partiu para a gaveta de meias e começou a revirar o local. Felizmente, devido a bagunça, ele poderia revirar o quanto quisesse o local sem ser notado, porque era praticamente impossível lembrar de como as coisas estavam. Enquanto fazia isso, passos foram ouvidos subindo a escada logo atrás da parede do quarto, possivelmente Dylan se aproximando. Zyos, como ordenado, foi até a porta e saiu um pouco, preparado para interromper a aproximação do Rocket se fosse necessário. Mas seria o suficiente? Parece que o rapaz descobriria em breve... Quando Lítio partiu para averiguar a porta, seu Magnemite já havia até saído do quarto e agora parecia interagir com Dylan, mesmo não sendo possível ouvir o que acontecia.

O Hacker passou a mexer a porta do quarto, tentando abri-la, mas estava realmente emperrada e só era possível passar os dois braços porque Lítio era magro. Entretanto, não era o lugar mais iluminado do mundo. O fio, levava diretamente para uma prateleira interna onde havia um Notebook. Se fosse possível, era a ocasião perfeita para averiguar a vida de Dylan. Além do aparelho eletrônico, havia uma lata de tinta spray num tom metálico meio dourado ao lado e também um pedaço de madeira solta no fundo do móvel, que parecia ser removível. Contudo, antes de ter qualquer chance de averiguar em detalhes, Dylan pareceu gritar com Zyos e então levar um leve choque. Irritando-se e aproximando-se perigosamente do quarto, prestes a abrir a porta. O que Lítio faria? ◄