Uma noite alucinante em Dewford

Lucky Star

A tropical e ensolarada Dewford possuía sensações térmicas bastante contraditórias durante a noite. Os ventos gelados que sopravam da praia carregavam o cheiro do mar e provavelmente a sua temperatura atual vinha como um brinde, com certeza os nativos já estavam acostumados com aquele contraste, mas isso deveria pegar os turistas desavisados de surpresa.

Os prédios, apartamentos e as numerosas casas de estrutura mais tradicional iluminavam a noite em harmonia com as estrelas. A cena era muito bonita, as luzes artificiais se misturavam com o brilho extraterrestre dos corpos celestiais e para tornar tudo ainda mais mágico, uma lua cheia completava a paisagem digna de fotos concorrentes aos troféus mais prestigiados do ramo artístico.

A pequena Cleffa olhava para cima completamente fascinada, a sua espécie tinha uma ligação profunda com o cósmico e qualquer evento relacionado a ele causava efeitos em seus hábitos e comportamentos. Até mesmo Gengar era afetado pela paisagem, embora esboçasse muito menos emoção que a fada.

Muitos estabelecimentos abriram naquela noite, como o de costume, e estavam sendo agraciados por um movimento ótimo para os negócios. Apesar da sensação térmica, as poucas sorveterias que se perdiam entre os restaurantes e lanchonetes estavam igualmente cheias, todas anunciavam promoções diferentes para se destacar entre as concorrentes: A primeira anunciava um combo por um preço camarada, a segunda promovia um sabor em lançamento, a terceira, por fim, exibia um cartaz de um concurso vencido junto com um certificado. Qual das opções atrairia o casal?

Lucky Star

A troca de carícias afetivas do casal não chamava atenção como o usual, pois todas as pessoas que estavam comendo ali estavam fazendo a mesma coisa, provavelmente algo relacionado à semana de “São Valentim”, prestigiando o feriado romântico e fazendo o comércio aproveitar a oportunidade para ampliar seu lucro.

O monotreinador provavelmente estava pensando em batalhas, torneios e outras competições triviais sendo anunciadas no cartaz, mas ele só exibia um prêmio que a sorveteria havia recebido: Uma estrela muito popular no mundo gastronômico, muito parecida com um Pokémon aquático nativo de Kanto também, aquilo significava que a qualidade dos produtos ali era superior à dos demais estabelecimentos concorrentes.

Em letras garrafais e decoradas com corações e pétalas de rosa havia os seguintes dizeres: Venha provar o nosso “Conquistador de Corações”, o ganhador da Staryu Michelin, por apenas 250 P$ durante essa noite.

Por fim o último detalhe do cartaz era um Slurpuff lambendo o sorvete rosado, um balão sobre a cabeça dele exibia um coração vermelho e brilhante. Provavelmente a comida tinha efeito positivo sobre a felicidade dos monstrinhos.

Lucky Star

As cores rosa e lilás predominavam na decoração do estabelecimento sofisticado, tudo era de uma linda tonalidade branca com pequenos ornamentos em prata, sendo possivelmente uma estratégia de marketing para facilitar a adição de outros enfeites de acordo com os feriados.

Dois peixinhos adoráveis em forma de coração decoravam a parede próxima dos freezers, que exibiam várias caixas abertas contendo sorvetes multicoloridos. Uma atendente vestida de um uniforme colorido, com um broche de Luvdisc, recepcionava o casal simpaticamente, ela parecia estar na casa dos trinta, mas algo dizia a Priscila que a senhora tinha bons anos a mais do que aparentava.

- Boa noite meus pombinhos, sejam bem-vindos à nossa casa. – Com um sorriso doce ela prosseguiu sua fala. – Oh! Infelizmente não temos chocolate quente, na verdade acho que nenhum dos estabelecimentos de Dewford servem isso, como a cidade é tropical os turistas que vem pra cá querem provar produtos compatíveis... – Ela balançou a cabeça pensativamente, seus cabelos negros e bem tratados acompanhavam o movimento em harmonia. – Por acaso vocês são treinadores?

Lucky Star

A pequena Cleffa chamava muita atenção por ali, não só da atendente. Algumas criancinhas que acompanhavam seus pais a olhavam com admiração e a mesma reação acontecia com alguns jovens, provavelmente fãs de monstrinhos adoráveis como aquele. Cellas começava a se sentir verdadeiramente popular ali.

- Oh! Isso não podia ser mais conveniente... – Os cabelos negros penteados perfeitamente da senhora asiática eram jogados para os lados com os seus movimentos de cabeça. – Nós estamos com pequenos problemas, algum Pokémon está comendo nossas colheres e outros equipamentos armazenados na despensa...

Ela apontou para um lugar não muito distante da sorveteria, era uma casinha simples que provavelmente servia de depósito. A única porta de aço parecia ter sofrido uma tentativa de ataque da tal criatura, já que algumas beiradas estavam derretidas.

- Eu te dou um desconto se conseguir espantar o que estiver lá dentro, o que acha? – Perguntou a senhora, olhando para a Fairy Type e a treinadora. – As duas já podem tomar um por conta da casa, enquanto você vai lá!

Lucky Star

- Muito obrigada! – Ela sorriu em gratidão, antes de caminhar para perto do balcão e retirar de lá uma chave simples. – Aqui, elas abrem a despensa, tome cuidado se precisar batalhar, não quero ter que encomendar mais utensílios.

A voz da senhora era educada o suficiente para não soar agressiva, mas era um alerta para o rapaz evitar movimentos destrutivos ou que de alguma maneira pudessem quebrar algo do estoque.

Priscila e Cleffa eram conduzidas pela mulher oriental para uma mesinha agradável com vista para o não tão distante mar de Dewford. O treinador ficou perto tempo o suficiente para ver o tal sorvete. A taça era grande e de vidro, o sorvete era branco e cremoso, mas tinha vários pedaços de frutas rosadas espalhadas e uma cauda densa e vermelha. As duas companheiras de Gray estavam atacando a sobremesa com gosto, elas se despediram do rapaz enquanto tomavam o doce, apenas acenando com as mãos livres.

O armazém não deixava transparecer muita coisa do lado de fora, tirando a porta de aço com algumas beiradas ligeiramente danificadas, nada estava fora do comum. Era realmente um Pokémon que estava causando aquilo?