A ideia não tinha dado certo. Apesar de seu enorme tamanho, Sandygast ainda não era pesado o suficiente para destruir partes da fina torre de madeira que sustentava o tanque d’água. Abra flutuava ao lado do fantasma tentando procurar soluções imediatas para o grande problema, sem muito sucesso também.
Meu nervosismo já estava à flor da pele, não sei o que poderíamos fazer para ajudar quem estava preso na cabana. Caí de joelhos no solo terroso com meus olhos lacrimejando e apertei a barra do meu vestido com toda força que possuía dentro de mim: O poder de impotência era enorme, bem como a raiva de não ser forte o suficiente para pensar em uma solução rápida ou lidar com o fogo diretamente. Fechei os olhos e comecei a socar o chão com toda minha força, era evidente que eu tinha problemas não resolvidos com os sentimentos de ódio e invalidez. Meus punhos agora sangravam, com diversas aberturas que aumentavam consideravelmente de tamanho a cada soco que continuava dando no chão. Os machucados pouco me importavam, minha única dor era emocional.
— Será que mais alguém vai ter que morrer por que sou uma incapaz? Será que não bastou todo mundo que eu já amei na vida? — continuei desferindo socos e mais socos com toda minha força no solo.
— Por quê eu estou sendo punida dessa maneira?Eu precisava me recompor. Parte do meu subconsciente sabia disso, mas o desespero tomava conta do meu ser. A sensação de culpa, de frustração serviram como gatilhos que eu não estava preparada para lidar no momento. Respirei fundo, parando quase que abruptamente todas minhas ações; foi como se meu corpo desligasse de repente e só minha mente funcionasse. Após poucos segundos abri os olhos com uma expressão surpresa, em meio lágrimas que escorriam pelo meu rosto misturadas ao suor do calor. Meu desespero parecia ter sido suprimido e substituído pela mais pura frieza. Olhei diretamente para Abra, que me olhava preocupado e amedrontado.
— Não se preocupe comigo. Sushi, se afaste um pouco e use Round quantas vezes puder na direção do tanque. — levantei do chão e limpei meus olhos com a barra do bolero
— Vamos tentar novas ideias até conseguirmos acabar com esse fogo de uma vez por todas.O psíquico começou a desferir diversos anéis tricolores na direção do tanque, que aumentavam de tamanho toda vez que dois ou mais se juntavam no ar. Em meio seus ataques, surgira de repente dois animais selvagens com uma intenção não muito boa; era possível ver mesmo lá de baixo que a mariposa dava diversos rasantes na direção do psíquico e do fantasma, com a intenção de atrapalhar os mesmos. Nossos Pokémon não poderiam lutar de cima da caixa d’água, era perigoso demais e poderia destruir a única coisa que solucionaria o problema do fogo.
— Abra, use Teleport com Khaki e venham aqui para baixo. — disse já correndo para baixo do tanque d’água, escalando a cerca metálica que o cercava apesar das aberturas na mão
— Estaremos em desvantagem aí em cima.Ambas minhas mãos já estavam repletas de sangue, bem como toda a trilha que fiz de onde estava até embaixo da fina torre de madeira. Enquanto escalava a pequena cerca, minhas mãos ardiam absurdamente devido a pressão de segurar, que rasgava as feridas na parte de cima dos meus dedos aumentando as aberturas. Como sempre fui acostumada a subir em árvores, trilhas e muros em Olivine City, consegui subir pela cerca rapidamente sem muitos problemas. Os machucados pareciam ainda mais profundos e o sangue continuava escorrendo mão abaixo, mas era como se nada estivesse acontecendo: meu único foco ali era destruir aqueles selvagens de uma vez e dar continuidade com o maior problema em cena.
Com a cabeça que eu estava, batalhar agora não seria o ideal, meus pensamentos e ideais eram turvos e eu estava completamente cega de raiva; não só de mim, mas também dos Pokémon selvagem que por pura maldade vieram atrapalhar. Parte de mim ali faria o possível para lidar com isso o mais rápido possível, mesmo que tivesse que sujar minhas próprias mãos.
Abra e Sandygast chegavam embaixo com
Teleport e o psíquico me olhava um pouco esquisito. Minha expressão era de puro ódio. Fechei meus punhos de raiva, o que fez com que o sangue escorresse ainda mais rápido do topo de minhas mãos até o chão. Sequei um pouco do suor do rosto com uma das mãos, deixando minha testa coberta de sangue e não fazendo questão nenhuma de limpar depois.
— Não vou deixar ninguém morrer de novo por minha causa. — olhei por um mero segundo para a cabana em chamas, franzi a testa e estreitei os lábios
— Sushi, use Round duas vezes no Zangoose.O psíquico flutuou novamente agora na altura da minha cabeça, abriu sua boca e começou a emitir o som agudo que, apesar de ensurdecedor, Tábata e Khaki já estavam acostumados a ouvir. Aos poucos, os seis anéis vermelhos, azuis e amarelos reluzentes foram formados. A fumaça do local tirava um pouco do brilho do ataque, agora o mesmo parecia um pouco fosco, talvez devido à disponibilidade de oxigênio não ser tão grande assim por ali. Assim que terminou de formar os anéis sônicos, Abra os enviou na direção de Zangoose.
Off :
Peço perdão por toda presunção no último post, acontece que como você só adicionou a caixa d’água como novo elemento narrativo, combinado com o alastro do fogo, imaginei que era para lidar com a situação de imediato… Enfim, me desculpe novamente, foi um erro idiota que não pretendo repetir.