PvPzin da rapeize

prologue: pacify her

Deixando a noite quase me engolir, em minha mente vinha a lembrança do que acontecera da ultima vez em que caminhei sozinho por estas ruas de madrugada; ser teleportado para uma outra dimensão (ou o que quer que fosse aquilo, certamente me marcara de uma maneira não tão positiva. Mesmo assim, eu não tinha certeza se era este o motivo de sentir algo inacabado ao meu redor, talvez fosse apenas o treino que eu parei no meio, ou a aventura que não percorri por ter de ir voando até o teatro, a fim de participar do evento; fosse o que fosse, eu não deixaria de lado meus sentidos, costumava me dar bem quando os obedecia e dessa vez não seria diferente.

O tempo fechara de repente, num relance tudo estava escuro e a chuva começara a espancar minha face com seus ventos fortes e gotículas grossas; aquele deveria ser um bom presságio, de onde eu vinha acreditávamos que sempre que o tempo se fechava era algum ser superior testando se conseguiríamos enfrentar os temores do céu para encontrar nossa recompensa maior, e este era meu exato pensamento enquanto continuava a andar. Algumas janelas se fechavam, tanto por conta da chuva quanto pela figura suspeita que eu fosse a meio dela, com as roupas já encharcadas e pesadas e o casaco preto cobrindo quase toda a minha silhueta, era fácil desconfiar de mim, admito. Foi então que, meio a todos os acontecimentos anteriores, uma rajada de vento (pouco mais forte que as anteriores) me atingira na face, fazendo com que um reflexo rápido de virar e desvirar o rosto fosse executado; dando tempo suficiente para que eu não visse quem, mas o que havia acontecido. Dois  segundos fora o tempo para que um fio se rompesse e caísse próximo a poças d’agua que haviam ali, de uma maneira nada suspeita.

Não sabia de fato o que havia causado aquela situação, mas alguém (o destino que fosse) estava tentando me prejudicar de alguma forma; não estava preparado para enfrentar bandidos caso necessário, quer dizer, até estava mas não tinha as melhores condições ao meu lado e tinha consciência disso. Contudo, e temendo o que viesse a acontecer, acabei por liberar um de meus Pokémon para me acompanhar por ali; não era um de minha powerhouse, mas Ichi faria um bom trabalho em me defender caso algo surgisse do flanco. Diante da situação, era claro também que não poderia continuar a frente, correndo risco de ser eletrocutado então, busquei um trajeto alternativo apenas para desviar do obstáculo a frente e continuar minha busca. Não havia nenhum objetivo especifico em minha mente, mas caso encontrasse aquela luz cegante de antes, estaria preparado para enfrentar seu labirinto desta vez.

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Logo depois de desviar do caminho, pude sentir o tempo melhorar, pelo menos um pouco; a chuva perdurava, mas os ventos e as claridades haviam deixado o céu, o que indicava uma melhora eminente e que provavelmente ainda demoraria um pouco. Tudo parecia muito estranho, exatamente como antes, sendo esse antes não muito confortável para mim; da ultima vez, acabei por parar próximo a um beco e ser teleportado para um lugar estranho com algumas portas e que eu ao final voltei ao mundo real, quase como uma ilusão, mas nunca descobri se era causada por um Pokémon ou apenas coisa da minha cabeça. De fato, não tinha tanta vontade de voltar para aquele local esquisito, mas se fosse necessário para acalmar meus sentidos, o faria sem pensar duas vezes; mesmo que isso significasse correr perigo. A noite baixava e o sol ia se pondo aos poucos, trazendo ainda mais a situação antiga a minha mente, mas não o suficiente para me assustar ou impedir que continuasse meu caminho pela cidade. A chuva continuava a surrar minha face desnuda enquanto encharcava ainda mais minhas roupas e isso continuaria por bastante tempo, imaginava eu.

Não demorou para que algo suspeito acontecesse, um Swellow sobrevoava ao meu redor, no meio da chuva como se aquilo sequer estivesse ali; era claro que isso poderia explicar o corte suspeito no fio de energia eletrica que antes tentara me atingir, mas não poderia tirar conclusões ainda. Meus olhos seguiam o Pokémon conforme eu andava e ele ia diretamente para mim e me atingia com uma lufada de vento exatamente igual a de antes, o que me fez proteger o rosto com o antebraço e ouvir meu Koffing grunhir e colocar-se a frente; o pássaro partiu para alguns metros de distância, nada muito longe, mas o suficiente para eu e Ichi corrermos atrás dele até darmos de cara com sua dona. Uma garota, claramente bem mais nova que eu, gargalhando como um verdadeiro vilão de filmes e com roupas tão suspeitas quanto eu andar sozinho em meio a este tempo; não demorou para que seu comparsa aparecesse, na outra saída que eu e minha esfera de poluição teríamos pra sair sem uma perseguição. Uma voz em relance passou por minha mente, e esta me lembrou de uma garota no Centro Pokémon comentando sobre uma gangue que estava aterrorizando a cidade;  a principio eu pensei ser a ER, e por isso sequer me preocupei com o fato, mas agora certamente era sobre eles que ela se referia. Olhando para os rostos macabros de antes, minha única opção se mostrava ser perigosa o suficiente para me matar, mas não o suficiente para que eu não tentasse executa-la.

- Fumaça Ichi, agora! - Exclamei baixo para o monstrinho, esperando que ele usasse seus gases pouco depois de eu começar a correr. Era claro que meu objetivo não era fugir, mas sim, atrai-los para um local mais aberto e que eu pudesse usar o terreno ao meu favor, e não lutar num beco onde eles me bloqueavam os dois lados. Intuitivamente eu não buscava mata-los com o uso da habilidade de meu venenoso, mas caso acontecesse, não seria má ideia para mim roubar ambos;  de qualquer forma, não arriscaria um 1x2, a essa altura já havia aprendido a não ser cabeça dura e usar a situação a meu favor, mesmo em casos como esse.

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Os dois garotos me cercavam como lobos prontos para atacar sua presa, pouco antes de todo o acontecimento com Koffing; a unica coisa que pensava era na possibilidade de enfrentar 12 Pokémon de uma vez só, e isso não me agradava nem um pouco. Tentava identificar de onde eles poderiam ter vindo e o que queriam comigo ali, não era como se quisessem lutar, pareciam mais interessados em partir para algo mais... sutil; inclusive, este era o exato sentimento que aquela garotinha transbordava. Uma verdadeira gatuna se prostrava a minha frente, e atrás de mim não estava nada diferente com o companheiro da treinadora de Swellow. Toda essa situação havia sido causada mais uma vez por algo espreitando a noite, e isso estava começando a me fazer questionar meu gosto por ela.

Assim que Ichi usou sua fumaça, eu corri, pelo meio dos dois como quem quisesse fazê-los ter de se encontrar para me pegarem, mas não tive tanto tempo para analisar meus próximos passos; de uma forma extremamente estranha, a garota começou a gritar para me pegarem, e só então eu entendi qual era seu plano. Olhando para trás vi uma garota comum, que tinha cabelos rosados bastante chamativos, mas aquilo não passara perto de me fazer parar; não tive a mesma sorte por muito tempo, num choque violento contra meu corpo, o solo se levantou e começou a tremer como jamais havia visto. Aquilo, claramente me fez cair e ralar uma parte do braço contra o cimento da rua, mas não me deixou por baixo durante muito tempo; sem esperar qualquer outro ataque, me levantei a tempo para lançar a pokébola de Fang ao alto e me posicionar em direção contrária a recém-chegada.

- Não sei o que está fazendo mas eu não sou a ameaça aqui. – Era claro que tentaria manipula-la também ao meu favor; se tivesse a ajuda daquele Teddiursa e seu outro monstrinho, de certo conseguiria derrotar ambos os garotos sem muitos problemas. Não esperava que fosse suficiente para convence-la, mas sim para provoca-la a me atacar primeiro; se fosse ter uma batalha, teria de ser com a dianteira, e sabe exatamente como me defender dos golpes dela. Minha Growlithe e meu Koffing mantinham-se lado a lado, pouco à frente de mim, apenas esperando por seus comandos tardios. – Se quiser me impedir de fugir, tente a sorte; quando menos esperar, eles dois lhe apunhalarão pelas costas. – Completei, me colocando já em posição que indicava uma batalha. Talvez não fosse o melhor jeito de conhecer pessoas, tinha que trabalhar mais minha abordagem; se continuasse assim, provavelmente nunca teria amigos.