Pokémon Mythology RPG
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Entrar

[Remember] - Route 111 -

3 participantes

description[Remember] - Route 111 - - Página 2 EmptyRe: [Remember] - Route 111 -

more_horiz
Let's get started :

Emotional Storm

Ambas finalmente se percebem, não como uma manifestação de seus pesadelos, mas simplesmente como Natalie e Karrina, duas jovens que embora muito amigas e cheias de sonhos na infância, hoje estavam emocionalmente esgotadas. era claro que ambas haviam tido muitas dificuldades em sua jornada e tinham muito o que conversar uma com a outra. enquanto Karrina era a primeira a agir, acreditando cagamente que o estopim de tudo de ruim que vivera até então era Natalie. A ruiva por sua vez parecia sentir uma saudade avassaladora e abraçava em uma tentativa de parar com os flagelos que a loira infligia em ambas.

Enquanto isso no céu, a chuva que havia sido orquestrada mais cedo começava a entoar seus primeiros arpejos, de forma lenta como a interação das duas. Gotas de chuva começavam a compor o cenário de lamúrias. Ah água, lagos, o mar... tudo ali remetia as duas á um passado que parecia tão distante. Talvez não exatamente pelo tempo decorrido desde então, mas pela enorme mudança que tinha ocorrido desde então. dizer que haviam mudado era um tremendo eufemismo... sera que as duas garotinhas que buscavam refúgio dos turistas em uma rocha afastada, de onde apreciavam Mantine se reconheceriam naquele momento? e aquele sentimento de cumplicidade e admiração, onde invejavam até mesmo o tom de cabelo uma outra... É, alguém la em cima queria saber se ainda existia tais sentimentos, e guiado aquele encontro como um jogador meche as peças no tabuleiro de xadrez.

Ambas pareciam gritar que se sentiam vazias, mas transbordavam por aquela úmida paisagem que as acolhia. Transbordavam sentimentos, lembranças, emoções, lágrimas, socos e abraços. talvez como o pulmão de um asmático, que insistia em ignorar o fato que estava cheio e brigava para enfiar mais ar dentro de si, ambas estavam tão cheias de lamurias, rancores, abandonos abafados, ignorados, acumulados e repreendidos uma verdadeira tempestade que mesmo que dissessem que não, estava ocupando todo o ser das duas.


PROGRESSOS DA ROTA - Karrina :

PROGRESSOS DA ROTA - Shianny :

_________________
[Remember] - Route 111 - - Página 2 VSWdYgV

description[Remember] - Route 111 - - Página 2 EmptyRe: [Remember] - Route 111 -

more_horiz

remember.


As intensas gotas que escorriam pelas bochechas remetiam-me ao alto mar e, naquele momento, estava perdida em uma maré tão alta que não há como remar contra ela. Os soluços impediriam qualquer som que tentasse sair das cordas-vocais; digo, não que quisesse falar algo, mas a incapacidade de fazê-lo torna tudo ainda mais complicado. As mãos, rubras e doloridas, agora juntavam-se sobre o rosto, na falha tentativa de esconder aquilo que já não era segredo para ninguém: estava quebrada e destruída como um brinquedo defeituoso. O negro, vazio e nebuloso do âmago agora lutava espadas contra a raiva e a tristeza que tentavam tomar seu lugar à força...

Se antes não era preenchida por nada, agora restava a mim uma Escolha de Sofia entre o ruim e o pior.

A já anunciada tormenta começava a tomar forma: conseguia sentir os pingos d'água recaindo sobre os trêmulos e desnudos braços e não poderia me importar menos. Torcia por um dilúvio instantâneo que tirasse meu corpo daquela situação e fizesse com que esquecesse tudo que aconteceu nesse intervalo de vinte minutos. Sequer conseguia erguer a cabeça para fitas as acinzentadas janelas que, sem sombra de dúvidas, olhavam de volta em curiosidade - já sem esperanças do que fazer, a mente solucionou o dilema: se já não há o que consumar, torne a fazer o que aliviava a dor. Os punhos cerraram-se novamente e mais e mais socos foram desferidos nas rochas.

...

... O quê?

...

A já baixa pressão do corpo pendeu-se ao extremo do desmaio: senti os uma-vez-tão-íntimos gélidos braços envolverem em abraço meu trêmulo corpo. O resto de força que sobrava focou completamente os punhos, na esperança de que o consciente afastasse de imediato o fantasma que cismou em impedir a auto-destruição de prosseguir. Os braços ergueram-se rentes ao corpo por alguns segundos, mas os ossos e falanges em carne em viva queriam somente descansar... a desilusão do que foi um porto-seguro enganou a mente em perfeição: ergui a cabeça e deitei-a sobre o ombro direito de Natalie, levando os braços até suas costas e abraçando-a de volta.

...Depois eu brigo.

...Depois esperneio.

...Depois bato.

Depois.


A tormenta natural começava e lá estavam duas mulheres já adultas largadas no que parecia uma cena de crime. A chuva caía sobre nossos corpos como se lavasse nossas desoladas almas, o sangue abaixo de nós começava a se dissipar e a inquieta mente continuava a martelar uma das perguntas que antes não fiz.

— P-Por que fez...
— lutava contra o débil corpo na tentativa de formular uma única frase Argh. — a água recaía sobre os dedos e ardia as abertas feridas.

— Por que fez isso comigo?




remember

_________________
Bônus:
- Especialista II Psychic;
- Gestora Rocket:
- Skill Rocket: Queimando a Largada! (+3 Atk; +3 Sp. Atk para Pokémon em batalhas);
- Skill Rocket: Aprendizado Prático. (20% a mais de EXP em batalhas durante uma Missão Rocket);




[Remember] - Route 111 - - Página 2 WCU65Ru
Awards :

description[Remember] - Route 111 - - Página 2 EmptyRe: [Remember] - Route 111 -

more_horiz
Ainda não tinha certeza se a ausência de um roteiro que tão bem conhecia se prostrava em tal reencontro amaldiçoado justamente por ele ser a maior expectativa que mantinha sobre toda a situação; Ora, a partir do momento que a vítima já possui consciência de todos os passos arquitetados por um demônio e à todos reage com apatia, que graça resta à ele, afinal? Em realidade, a permissão do tecer de toda uma nova ilusão que, por mais sangrenta que fosse, parecesse minimamente segura - oh, ela sim era perigosa; Existem poucas coisas piores para uma existência, independente de quão fragmentada ela já esteja, que o efetivo alimentar débil de uma esperança esquizofrênica pouco antes da puxada de tapete bem sob seus pés.

Dito isso, é compreensível o temor que sufocou-lhe o coração não somente diante da ameaça que a loira desenhou para ganhar a capacidade de lutar contra sua prisão, mas de sua desistência e aceitação ao contato aparentemente semi-indesejado; Ao mesmo passo, o aconchego dos braços trêmulos - provavelmente tanto quanto os próprios - da Dama do Lago trabalhava na necessidade de dispersar seus pensamentos conspiratórios, segundo após outro. Em contrapartida, foi em silêncio sepulcral que ouviu as palavras engasgadas da outra, e o orbes acinzentados se desviaram para os céus escuros, digerindo as informações atiradas de ocasiões que há muito escapavam de suas lembranças.

Não soube respondê-la, de imediato; Não sabia como, nem mesmo o quê. A massa cinzenta aprisionada no crânio trabalhava para compreender as acusações que a outra repousava em seus ombros, com o mesmo peso do sangue que manchava seus dígitos e pelos cascalhos abaixo de ambas. Chegou à um ponto que o próprio aperto que as unhas induziam contra o dorso da própria mão não mais era sentido por si - e ainda perdurou por alguns segundos antes que se afrouxasse, dando lugar à ardência e marcas fundas na área em que haviam se hospedado.

— ...Eu... — Murmurou, as palavras contando a si próprias enquanto um inconsciente distante berrava para que censurasse quaisquer sílabas que tencionasse pronunciar naquele exato instante e, por bem ou mal, as cordas vocais não chegaram a obedecer-lhe. — ...Eu não sei se sei o que eu fiz. — Admitiu, a voz falha em receio diante da reação ou fúria que poderia invocar do desespero de tão longínqua companheira. A respiração veio e foi, num peso retorcido, e o aperto em suas costas aos poucos perdeu a garra que tentava induzir; Uma tola guarda baixa com a ausência da ira da moça, independente de por quão poucos segundos aquela falsa calmaria se permitisse perdurar. — ...A maior parte, não... — Vacilou, o olhar vagarosamente se baixando das nuvens para o horizonte enevoado. — ...É um branco. — Sussurrou, em perdição quase invejável. — ...É por conta disso, esse clima? — Murmurou, dessa vez mais para si mesma que para a outra. — ...Como se passassem corretivo por cima de uma linha que não deveria estar lá. — Disse, simplesmente, sem saber ao certo se faria sentido ou não - mas, bem, talvez fosse capaz de organizar os pensamentos, quem sabe?

...Era muita coisa, muita informação para que pudesse absorver de uma vez só, principalmente com o coração balançado dentro do peito.
Você entende, não é?
Não é?

_________________
O amanhã é efeito de seus atos. Se você se arrepender de tudo que fez hoje, como viverá o amanhã?
[Remember] - Route 111 - - Página 2 Zeu0QEE
Me :

Virtuum :

Awards :

description[Remember] - Route 111 - - Página 2 EmptyRe: [Remember] - Route 111 -

more_horiz
Emotional Storm

Após o ímpeto de raiva inicial Karinna se percebia exausta ao ter seu corpo envolvido em um abraço que com suas últimas forças tentava rejeitar um abraço estranho á imagem que havia sido construída da pessoa que o ofertava. Sua vontade falhava, enquanto se rendia a uma memória mais antiga que validava o abraço, se permitindo até mesmo se aconchegar desprovida de qualquer vontade de brigar. Mas as indagações pareciam estar apenas aguardando um minimo de fôlego para se mostrar presente

Do outro lado do drama, Natalie lutava contra seus temores ao enfrentar com afeto o enredo do reencontro que tomava por certo que seria daquela maneira. Provavelmente por este motivo que o mesmo lhe assombrava, era quase como se o imaginar de cada cenário, de cada reação sua não lhe desse sossego algum... e certamente isso havia acrescentado algum poder a mais ao choque de surpresa ao se deparar com o inesperado. sua confusão era nítida em suas palavras soltas, desencontradas, proferidas em meio de tentativas vãs de compreender as acusações que acabara de escutar.

Os céus pareciam se aproximar, o que começou como um chuviscado, havia em pouco tempo se tornado uma tempestade extremamente volumosa, era quase como estar de volta á rota 121, o clima de fato estava parecido, se não fosse pelos relâmpagos e trovões mais contidos. Certamente um abrigo seria bem vindo, e talvez até tivessem se levantado e feito menção a tal tentativa, mas com um forte clarão ambas perdem a consciência, o que viam começava em um completo branco, que aos poucos ia moldando em uma figura sem rosto que dizia com um sorriso no rosto...

-mostrem-me do que são capazes, e enfrentem seus medos, sentimentos e verdades se quiserem sair juntas
[Remember] - Route 111 - - Página 2 QFgv1ek

mas como assim? estavam em um espaço aberto... á beira de um lago... mas enquanto essas duvidas surgiam em suas mentes, sentia algo as envolver, despertavam então em uma cama, com uma sensação que haviam desmaiado de cansaço em camas confortáveis, apesar de extremamente desgastadas, ainda cumpriam seu papel.

Caso parassem para observar, observariam que: a)estavam em selas separadas por grades b)estavam de pijamas c)não parecia haver mais ninguém naquele lugar d)tinham um colar de corda com uma chave como pingente e)suas roupas estavam aparentemente secas, limpas e passadas do lado de fora da cela, perto delas os coldres de pokebolas e suas mochilas e demais pertences, que pelo volume, estavam todos la... a pergunta é... o que fariam?



PROGRESSOS DA ROTA - Karrina :

PROGRESSOS DA ROTA - Shianny :

_________________
[Remember] - Route 111 - - Página 2 VSWdYgV

description[Remember] - Route 111 - - Página 2 EmptyRe: [Remember] - Route 111 -

more_horiz

remember.


Parte de mim se incomodava com tamanha facilidade que foi jogar toda raiva acumulada para escanteio: apesar da gigante amargura antes mencionada, o anseio de sentir-me em casa era maior que qualquer outra coisa. Sabe-se lá o dia que poderia sentir cada célula do corpo alargar em conforto novamente; uma felicidade com prazo de validade, claro, mas para quem sentiu somente desgosto anos a fio, esse feixe de luz sobreporia qualquer sentimento negativo, certo? O desespero por algo que trouxesse de volta a inocência e a dignidade da Karinna de anos atrás sempre será prioridade na mente insalubre.

Os pingos d'água agora encharcavam nossos corpos que repousavam ali, petrificados no tempo. Sentia o corpo querer afastar Natalie, mas pedir internamente em aflição "só mais alguns segundinhos". O dilúvio introduzia-se de verdade e com ele a ardência das mãos ensanguentadas e o incômodo da água encharcando completamente as roupas. A ruiva dizia não saber o que fez de errado e senti aquilo terminar de afundar as facas que há tantos anos estavam fincadas nas costas...

... Como é possível não saber?

Você não tem consciência?

— Você sumiu. Sem se despedir. — a voz firmava-se em grave, aprendendo finalmente a falar dentre os intermináveis soluços que aos poucos iam cessando — Fiquei anos achando que você tinha morrido. Que algo tinha acontecido de verdade. — balancei a cabeça negativamente algumas vezes, afastando-a do colo de seus ombros, finalmente encarando Natalie de frente — Até que vi que... não. — rangi os dentes, bufando enquanto limpava a água da chuva que incomodava os olhos — Você só foi. Nunca se despediu. Nunca escreveu. Nunca procurou. — a lembrança do abandono e a dissimulação da ruiva despertavam a raiva novamente — Será que ao menos você admite o que fez? Ou vai ficar se fazendo de maluca? — o tom de voz irritadiço já tomava conta e os olhos cerravam-se o máximo possível sem fecharem de fato — Patéti-

E um clarão que tomou conta de todo ambiente impediu o término da frase. Os cerúleos olhos retorceram-se em dor: as íris arderam com a mudança brusca de luminosidade e em reflexo fecharam-se por completo, abrindo novamente poucos segundos depois, somente para se deparar com algo... Monstruoso? De outro mundo? Arceus rege minha vida conforme seu nível de sadismo, então, flertar com a insanidade era um ritual diário. Não tive medo da abominação, mas não posso dizer que não senti meu corpo gelar por inteiro ao perceber que não possuía olhos. Respirei fundo e encarei-o enquanto proferia suas palavras...

...

... Tsc.

Enfrentar meus medos? Meus sentimentos? Porra, o que acha que faço há tantos anos? Não é mais fácil deixar me matar logo de uma vez?

— Dessa vez você se superou. — reclamei com o onipotente Pokémon, cerrando os olhos mais uma vez, não só para falar diretamente com Arceus, mas também para parar de olhar para aquela criatura em minha frente — Que inferno.

Aos poucos a consciência foi deixando o corpo e, quando dei por mim, estava esticando as pernas e abrindo os olhos despertando em cima de uma confortável cama. A seca garganta arranhou enquanto erguia a cabeça aos poucos para tentar desvendar onde estava. Senti o coração palpitar um pouco mais rápido ao perceber as grades prisioneiras que cercavam onde estava. Será que descobriram o que fiz com aquele homem e finalmente me prenderam? Não, não é possível. Como explicar para os Rangers que o que fiz foi legítima defesa? Antes tivesse morrido de verdade... Terminar na prisão era o último dos meus planos.

Levantei aos poucos, somente para me deparar em um lugar inóspito e extremamente decadente. Meus pertences poderiam ser vistos à distância, bem como os de outra pessoa... Talvez Natalie? Mas... O que será que ela fez para estar aqui? Nada além do merecido, imagino. Bem feito.

Eu disse que depois brigava, depois esperneava, depois batia.

Afinal, como posso perdoar algo que ela finge que não sabe que fez?

— Acorda. — ao ver que a ruiva repousava na cela ao lado bati levemente com as pernas nas barras de ferro — Ficar presa aqui logo comigo... Que castigo, né? — a rispidez já havia tomado conta, a dissimulação em relação a algo que praticamente mudou minha vida fez a raiva manifestar-se de vez — Preciso da sua ajuda para sairmos daqui.

Se existe algo que a experiência de quase-morte com Maxima me ensinou foi que todo minuto conta: se você está em uma situação desfavorável e ainda não encontrou uma solução para sair dela, você já está perdendo e não sabe. Senti um cordão pesar no pescoço, algo que antes não estava comigo... E curiosamente seu pingente era uma chave. Claro, a solução era óbvia. Talvez óbvia demais.

— Essa chave nos nossos pescoços devem abrir as celas. Ahhhh. — bocejei, espreguiçando logo em seguida — Tenta você primeiro. Vamos lá, é o mínimo que você pode fazer. — abri um sorriso claramente debochado — Se eu sair primeiro capaz de colocar fogo na sua cela com você dentro.


remember

_________________
Bônus:
- Especialista II Psychic;
- Gestora Rocket:
- Skill Rocket: Queimando a Largada! (+3 Atk; +3 Sp. Atk para Pokémon em batalhas);
- Skill Rocket: Aprendizado Prático. (20% a mais de EXP em batalhas durante uma Missão Rocket);




[Remember] - Route 111 - - Página 2 WCU65Ru
Awards :

description[Remember] - Route 111 - - Página 2 EmptyRe: [Remember] - Route 111 -

more_horiz
Foi em sepulcral silêncio - com o qual já estava praticamente se acostumando, para ser sincera - que a ruiva se limitou à escutar as palavras de Karinna, enquanto testemunhava a divisão e passagem de seus sentimentos entre ira, tristeza, acalento e, até então, frustração, pelo pouco que podia perceber. Escutou, mas não tinha certeza se, de fato, ouviu; Reservou-se à quietude, simples e somente, enquanto as explicações - e acusações - ásperas escorriam pela garganta da outra, envolvendo a atmosfera há pouco nostálgica e, em aperto esganado, sufocando-a. Observou, sem lutar, quando a outra se afastou em alguns centímetros, e foi quando finalmente a treinadora pôde perder-se em seus vibrantes olhos marinhos, que berravam a mescla confusa que parecia se apoderar não só do coração da loira, como de seu próprio ser.

Naquele momento, e só nele, que realmente se viu capaz de compreender. Talvez pela percepção de que as janelas d'alma da outra não gritavam opacidade fosca, mas rugiam lamúrias, rancores, incompreensão - e, acima de tudo, enxergou, aprisionada em suas íris, a imagem de uma criança que clamava redenção: Existência essa que poderia ser facilmente a responsável de outra carga para seus pesadelos, se assim o permitisse. Inquieto foi o tremor que instantaneamente subiu por sua espinha, e seus dedos tremularam por detrás do aperto frouxo que ainda mantinha passado pelos ombros de sua assombração quando, enfim, percebeu que ela não o era; Fora de seu controle, a garganta perdeu a umidade quando a percepção de que a imagem à sua frente era verdadeira finalmente a atingiu, em pancada violenta de realidade - ou, pelo menos, a moça se convenceu do fato, independente de por quanto tempo tal conclusão seria capaz de perdurar.

Com sutileza, os dígitos pressionaram a derme alva de Bley, em necessidade de firmar âncora para sua própria existência. A respiração tremulou tal qual seu corpo, e foi com graça masoquista que se deu conta de que, mais uma vez, era acusada de algoz e insânia: Considerou responder, e de fato precisaria fazê-lo, porém, o universo sorriu e dedilhou as teclas da melodia de seu singelo show de marionetes ao, sem mais e nem menos, tragar não só a si, como também a outra (saberia) para inconsciência fugaz - e tal paisagem logo se retorceu em vasto mundo nevado - com o porém de que não existia superfície gélida cobrindo seu plano de realidade -, localidade esta em que o subconsciente da moça captou as palavras distantes de uma figura desconhecida que, feliz ou infelizmente, não chegava à ser tão caótica ou assustadora quanto às tantas as quais já havia testemunhado no passado.

O conforto do colchão, claro, foi novidade.

Em primeiro instante, não chegou a abrir as pálpebras. Refletiu em silêncio à respeito de todas as cenas que dominaram-lhe o cérebro há pouco e, sentindo a ausência de umidade que a chuva a havia concedido, martirizou-se com a ideia de que tudo não passava de mais um pesadelo doentio que seus demônios tanto insistiam em tecer nas noites de sono perdido. Questionou-se se algum dia teria possibilidade de repousar sem que os fantasmas de seu passado arranhassem suas tentativas retorcidas de sobrevivência - e muito provavelmente se perderia em tais reflexões, não fosse a voz que cortou, ríspida, o ar há pouco inabalado.

Então, acordou. O olhar foi liberto, confuso, e precisou de alguns segundos antes que enfim o corpo acatasse em se erguer - além disso, a consciência tomou algum tempo refletindo sobre o local e posição em que se encontrava e, em silêncio, a ruiva encarou a imagem da frustrada loira na, percebeu, cela ao lado... E, bem, foi devagar que se ergueu, os orbes acinzentados passeando pelas barras de ferro que as separavam do exterior antes que, enfim, repousassem sobre o peito da outra, onde a chave pendia de seu colar - e, diante de sua exclamação, os dedos encontraram a própria, e a retirou do pescoço em silêncio.

Silêncio, silêncio, silêncio.
Que cruel.

— ...Não. Não castigo. — Respondeu, enquanto os olhos passeavam serenamente pelos detalhes da chave aprisionada ao colar, indiferente à ameaça que a loira havia cuspido em sua cara. Respirou uma, duas vezes, e os dedos se apertaram na superfície metálica antes de, enfim, arriscar sua chance em abrir a própria cela com tal relíquia: Não saberia se funcionaria, mas, caso não, não se demoraria em estender a chave que mantinha consigo para que Karinna pudesse tentar abrir a outra fechadura. Afinal... Talvez precisassem, de fato, trabalhar juntas, não é?

...

— Se eu explicasse alguma coisa, qualquer coisa, você se dignaria a ouvir - ou melhor, se daria ao luxo de acreditar? — Perguntou, o olhar enfim arranjando coragem para encará-la: Não em repreensão, de maneira alguma!... ...Só... ... ...Desanimado, talvez? — Se você só diz disso, então eu sei o que aconteceu. — Uma pausa. — Ou melhor... Talvez não. Talvez eu não tenha uma resposta que você se contente, e você nem sequer chegou a perguntar nada. — Balançou a cabeça, inquieta. — ...Eu não simplesmente fui embora, Karinna.

_________________
O amanhã é efeito de seus atos. Se você se arrepender de tudo que fez hoje, como viverá o amanhã?
[Remember] - Route 111 - - Página 2 Zeu0QEE
Me :

Virtuum :

Awards :

description[Remember] - Route 111 - - Página 2 EmptyRe: [Remember] - Route 111 -

more_horiz
Emotional Storm
click-me :


O rancor de Karinna parecia ter tomado o tempo necessário para descansar... e mesmo antes do clarão se via dividida entre um corpo que implorava por aquele acalanto e sua mente que rejeitava completamente sua origem, e brandia inconformada... afinal, em sua mente era claro como água, e a ruiva não teria como não saber! ou tinha? o fato é que aquelas palavras refletiam um cenário tido como verdade, cravado em pedra, tendo em vista que nada durante a jornada da mono treinadora havia refutado uma palavra sequer, muito pelo contrário, a visão da ruiva que assim como ela seguia em jornada extinguia a única pequena chama de dúvida sobre a inocência da jovem pela qual outrora tivera tando apreço. o corpo então cansado cedia á mente insistente que se punha a lançar inúmeras acusações de abandono e desafeto. possivelmente continuaria por horas a fio, mesmo com Natalie ouvindo aquilo tenha entendido os motivos daquelas acusações, e parecia até mesmo desejosa de explicar. Ainda que disposta, esteva temerosa de atrair para si mais um fantasma para povoar o já tão populosos pesadelos.

Mas aquela conversa teria lugar em um cenário bem diferente, embora não menos obscuro, muito pelo contrário, pois se tratava de um calabouço medieval, se viam atrás das grades, e logo a especialista em psíquicos se perguntava qual a acusação tão grave que havia lhe colocado naquela situação. Enquanto aos seus olhos a outra bem que merecia tal castigo... e se dirigia mais uma vez com rispidez, demandando que ela tentasse primeiro abrir a cela, quem sabe temendo alguma armadilha... Ou como ela mesmo proclamava dando uma chance de escapar da furiosa tempestade que se formava em sua mente. a Jovem ruiva, no entanto a treinadora de cabelos ruivos observava tudo um tanto aturdida pelo medo, cansaço... quem sabe mais o que... Limitou-se a obedecer, e olhando atentemente a chave, parecia combinar com a rústica fechadura da cela, até mesmo encaixava no lugar, mas não girava... erguendo a chave, com algumas palavras e uma certeza em sua mente.. não dariam sequer um passo além daquelas grades se não concordassem em colaborar.


PROGRESSOS DA ROTA - Karrina :

PROGRESSOS DA ROTA - Shianny :

_________________
[Remember] - Route 111 - - Página 2 VSWdYgV

description[Remember] - Route 111 - - Página 2 EmptyRe: [Remember] - Route 111 -

more_horiz

remember.


E talvez o que aquela figura abominante tenha dito seja, de fato, verdade: após ver Natalie falhar, as doloridas mãos forçaram o máximo que puderam na fechadura e nada da chave funcionar. Os olhos reviraram-se, tanto por ter sido derrotada pela cela quanto pelas palavras um tanto ríspidas da ruiva; ha, ela poderia enganar a quem quiser, mas conheço seus trejeitos o suficiente para saber que meu comentário havia deixado-a um pouco irritadiça. Um meio sorriso ainda mais debochado que o anterior desenhou-se no rosto: quem diria que aquela adolescente que tinha dificuldade em responder as pessoas hoje estaria desse jeito...

... Diferente de mim, talvez o tempo tenha feito bem a ela.

— ... — reservei-me ao direito de escolher bem as palavras antes de proferi-las; não por importância, mas sim para ser mais o transparente possível — Não que faça muita diferença agora, não é? — juntei as madeixas, prendendo-as em um despojado rabo-de-cavalo — O único motivo de você estar se explicando agora é por ter me encontrado por acaso. — as mãos acariciavam uma a outra, tentando confortar a dor que a pele aberta trazia — Ou vai dizer que algum dia passou pela sua cabeça tentar descobrir se eu estava viva? Não é como se te faltou tempo para fazê-lo. — os olhos ergueram-se e encararam os acinzentados de Natalie — Mas tudo bem. Eu te via como a irmã que nunca tive, não foi justo julgar que você achava o mesmo, afinal, se tem algo que descobri nesses anos é que consideração não se pede. — o tom de voz era calmo e não acusativo como anteriormente; dei de ombros, puxando o cordão do pescoço e arremessando a chave nos pés da ruiva — Tente abrir a sua cela com a minha chave.

As orbes azuis agora começavam a escanear onde estávamos presas... Uma masmorra, como assim? Quem teve força para trazer duas mulheres já adultas e todos seus pertences de um lago até aqui? Será... será que já estamos no deserto? Dizem os rumores que diversas cavernas existem enterradas embaixo da areia, mas ainda assim acho difícil de acreditar. No máximo poderia ser obra de nossas mentes e, bom, depois de reencontrar minha finada família na rota cento e vinte e um, acho que tudo é possível, né... Não é como se Arceus brincasse nas peças que decide pregar para tirar o que me resta de sanidade.

— Sinta-se livre para explicar o que quiser... Não que fará muita diferença, acho.
— encostei em uma das barras, abaixando a cabeça e observando as lesionadas mãos uma vez mais por alguns segundos — ... — o estômago revirou-se em orgulho, sabendo que o que sairia pela boca não era nem de longe o que sentia, mas sim o certo a se fazer dadas as circunstâncias — ... Desculpe pelo soco. — os lábios apertaram e as sobrancelhas ergueram-se juntas em contrição — Foi no calor do momento e... — os pulmões encheram de ar como se fossem falar algo a mais, mas o consciente impediu que a frase continuasse — Er... — cocei a garganta — Você está um pouco... diferente. Mais madura, acho. O que consegui assistir na sua batalha contra o Katakuri e um outro lá mostrou bastante disso. — a intenção era simplesmente mudar de assunto, mas sabia muito bem que o fato de observá-la há alguns dias talvez a assustasse; não que me importe, claro — Você ganhou, né?



remember

_________________
Bônus:
- Especialista II Psychic;
- Gestora Rocket:
- Skill Rocket: Queimando a Largada! (+3 Atk; +3 Sp. Atk para Pokémon em batalhas);
- Skill Rocket: Aprendizado Prático. (20% a mais de EXP em batalhas durante uma Missão Rocket);




[Remember] - Route 111 - - Página 2 WCU65Ru
Awards :

description[Remember] - Route 111 - - Página 2 EmptyRe: [Remember] - Route 111 -

more_horiz
Era complicado.

Ouvir palavras acusatórias, de indiferença ou meramente de uma mágoa distante que talvez se afogasse no peito da loira - por isso já esperava, independente se pela teoria certa ou errada. Com o olhar ainda se dispondo à analisar a chave que detinha em mãos (mesmo que a atenção estivesse voltada às palavras da outra, por bem ou mal), descobriu que o silêncio era um fator delicado e viciante com o qual já estava mais que acostumada, afinal, mais uma vez permitiu-se mergulhar em seus braços enquanto a possibilidade de uma atmosfera pesada e vazia era suprimida não só pelas sílabas proferidas pela outra, como também por conta de sua atitude em arremessar o próprio colar, objeto que logo captou o foco da moça graças ao seu tilintar ecoado (e meio abafado, para ser sincera) em consequência ao impacto contra o piso.

Mesmo com seu pedido, porém, a ruiva não se moveu, inicialmente. Dispersos, os orbes passearam pelo objeto largado no solo, pelas grades que as prendiam e separavam e, principalmente, pela imagem de Karinna, enquanto a loira se acomodava contra as barras de ferro e encarava as mãos que há pouco espancavam seixos afiados à beira de um lago coberto por nevoeiro. Chegava a ser engraçado - novamente, por tendências masoquistas - refletir sobre a maneira como, mais uma vez, reencontrava um passado distante enquanto a falha de aperceber nele um momento de aconchego se tornava verídica e pontual. Se pensasse pelo menos um pouco à respeito, certamente acharia estranho o fato de terem praticamente se teletransportado num estalar de dedos - entretanto, por bem ou mal, já nem mais lhe era esquisita a ideia de desaparecer de seu plano de existência e surgir em uma área completamente diferente e, bem, de certa forma, essa podia ser um bom efeito colateral entre as tantas desgraças que a abateram ao longo da frustrante jornada que seguia desde Johto, Kanto, e atravessando ambos até finalmente repousar em Hoenn.

Ainda em silêncio, se abaixou, devagar - logo após um riso baixo, sem humor, quando a consciência captou a menção à Katakuri -, e recuperou a chave lançada pela loira, brincando com seu colar entre os dedos e observando-as de perto em busca de alguma diferença mais explícita que pudesse estar encravada nos objetos; Não demorou-se muito no trabalho, porém, antes de se encaminhar ao lado oposto da "parede" onde a moça se escorava, aproveitando uma das barras para apoiar o ombro direito, o olhar percorrendo não só seu rosto, como a profundidade do alheio.

...

— ...Seu olhos. — Foi o que sussurrou, primeiramente, a cabeça se encostando de maneira displicente na barra em que já se apoiava. Em avanços tímidos, as lembranças se arriscavam em adentrar território que há muito desconheciam; Talvez fosse incapaz de medir consequências disso naquele instante mas, oh, quais poderiam existir que a desgraçariam mais do que o próprio destino já não havia feito? — ...Eles ainda refletem o mar. — Pontuou, sem encontrar necessidade de aprofundar-se mais em tal tola afirmação - confiou, simplesmente, que Bley seria capaz de compreendê-las sem que o fizesse.

Não era como se sua memória falhasse ou, pelo menos, acreditava que não. Ainda se recordava de um dos primeiros encontros que tivera com a loira e, dentre os tantos gestos perdidos, as gargalhadas e pose forte que a outra esbanjava em tentativas talvez de sobrevivência e auto-proteção, uma de suas maiores ousadias provavelmente havia sido a penetração cega em sua armadura tão delicadamente construída, com não muito mais que a praia e o oceano de testemunhas - seus olhos, Karinna, eles são como o mar.

"São, porque ninguém discute, por um momento, a imponência dele. Tem quem ame, quem fique com raiva, quem confie e quem tenha medo. Só que, ao mesmo tempo que todo mundo conhece bem a fúria das águas e reconhece a beleza, ninguém para pra pensar em como é fácil só... Entrar nele, você entende?", foi o que dissera um dia. "Quer dizer, se eu me jogar na água aqui e agora, o que ele vai fazer? Talvez uma onda, talvez a correnteza puxe um pouco, mas é só uma margem. Eu posso sair e tudo fica bem!", comentara, com um sorriso talvez infantil e gestos exagerados para o horizonte oculto no oceano. "...Mas, aí, é fácil entrar e sair, sentir a água no tornozelo e fingir que tá tudo bem. É fácil ficar longe do oceano quando a superfície agita, né? Como se ele gritasse pra ficar longe, pra se proteger de alguma coisa besta ou, bem, talvez não tããão besta!"

"..Quando a gente fica aqui, eu não consigo deixar de pensar. Mesmo quando a superfície tá agitada, é normal que o fundo fique... Tranquilo, né? Eu acho. Mas aí, também tem outra coisa: Quando tudo tá calmo, ainda sobra aquelas coisas desconhecidas lá no fundo, beeeeeeeeeeeem no fundo, que a gente nem sempre sabe, mas que pode incomodar ou, sei lá, simplesmente continuar existindo, sabe?", e, nesse momento, as palavras já teriam se perdido. Sabe-se lá quanto tempo teria levado para se tentar fazer entender mas, oh, ainda não era o fim das partes que importavam; Não, ainda não. "...Mas, você sabe qual é o maior problema?"

"O maior problema, eu acho, é quando a superfície parece calma. A gente para pra ver e admirar, às vezes só passa por cima ou pelo lado, deixa pra lá, sei lá, acho que é normal, né?", uma pausa, tão merecida quanto agora também o era. "...Mas aí, se você parar pra testar ou pra prestar mais atenção, talvez dê pra perceber que não é bem assim. Dá pra ver a maneira como as correntes se movem, às vezes, por baixo d'água - quer dizer, eu consigo, quando passo um tempo na praia. Como elas se agitam, como puxam. Quando tudo parece sob controle, de repente, nada mais está e ai BAM! CAOS!", seria um grito perdido para intensificar as próprias palavras, pouco antes de se acalmar outra vez. "...E não tem ninguém que dê um abraço no mar, porque acho que não tem como? Talvez por não perceberem! Não sei bem. Acho que deve ser dureza parecer calmo quando tem um turbilhão lá no fundo, sei lá. Enfim, o que eu quero dizer é que..."

"...Seus olhos são como o mar, Karinna. E eu acho que eles refletem muito; Talvez até mais do que deviam!", teria concluído, com um olhar direto nas profundezas do da outra - provavelmente em uma cena bem parecida do que a da atualidade, para ser sincera. Talvez até com uma atmosfera menos séria, pesada - e como não, huh? "...Só que, ao contrário do mar, acho que você tem como pedir um abraço, quando precisa. E sabe pra quem??? E-u-z-i-n-h-a aqui!", acrescentaria, com um sorriso talvez bobo; Oh, não julgue, já teria sido uma filosofia tão grande para alguém tão nova - não é como se sua conclusão seria alguma descoberta das Américas ou algo do tipo. "E seeeeeeempre vai ter! Mesmo quando pareça que não!", teria afirmado, sabe-se lá se logo após ou muito tempo depois. Qualquer dos jeitos, é difícil reconstituir tão antiga memória; Deixemos assim, por enquanto.

...
E então, no presente, distante de toda uma coletânea de memórias antigas, um sorriso parvo. Se prestasse atenção, talvez ainda seria capaz de sentir o rosto dolorido, proveniente do golpe com o qual a outra lhe havia acertado em primeiro encontro - além de, é claro, a ardência dos joelhos provavelmente cortados, por conta da violência com que arriscara se arremessar no chão para acolhê-la; Qualquer das maneiras, tais fatores pareciam irrelevantes o suficiente para que fossem mencionados em tal ocasião, principalmente pela ignorância da ruiva para com eles.

Quando se destroça o psicológico, de que importa o físico, afinal?

— ...Eu consigo lembrar da última vez. — Murmurou, o olhar se arriscando desviar por um momento para vislumbrar o teto de sua prisão que, por enquanto, ainda não sabia dizer se seria ou não temporária. — Acho. Mais ou menos, quer dizer. Nós tínhamos combinado de procurar conchas no dia seguinte, não é? E apostar quem ia encontrar um, ou mais, Shellder's primeiro. — Divagou, um riso rouco e perdido escapando da garganta - suave, balançou a cabeça e as pálpebras se cerraram, o peito subindo e descendo em ritmo lento, apesar de inquieto. — ...E então, eu fui pra casa. — Um sussurro perdido, acompanhado por pausa desconfortável. — ...Ou ia? — Sussurrou, balançando a cabeça em um bailar atribulado. — Quer dizer, eu não lembro de chegar. — Riu, um riso oco - como os tantos que já estava acostumada. — Não importa quantas vezes eu tenha repassado na cabeça, quantas vezes pense sobre, quanto tente. Tudo é nublado, cinza, como um rascunho borrado que nunca quiseram terminar. — Foi o que disse, com uma respiração profunda. — Tudo o que consigo pensar é em um arrastar de pés e em um disco. — Comentou, displicente, as pálpebras se entreabrindo e os dedos desenhando um formato redondo no ar, sem nenhuma precisão e tampouco firmeza, pequeno o suficiente para se passar por um donut - ou um CD, quem sabe? — E, independente do quanto eu tenha pensado, nunca chegou a fazer sentido. — Sorriu, sem emoção. — Depois, não sei quanto tempo ou por quê, eu lembro de ver o mar. — Acrescentou, esfregando a bochecha com uma das mãos, um suspiro fraco marcando o fim da ação.

— Ainda não tenho certeza se era barco ou navio, mas eu sei que tinha uma cama no mar. Eu sentia, pelo jeito como balançava - ou talvez eu tenha só imaginado, não sei bem. — Suaves, os dedos se estalaram, uns nos outros. — Lembro de pensar sobre os Shellders, mas não lembro o quê. E, foi só. Não sei se dormi, mas acho que isso não importa. — Deu de ombros, e os encolheu em ritmo manso. — ...Quando acordei, não tinha mar, nem Olivine, nem Johto. Eu não sei o porquê, e acho que nunca vou. — Disse, balançando a cabeça mais uma vez e arrumando vagamente uma das madeixas atrás da orelha. — Meus pais me levaram de lá, mas nunca quiseram explicar o motivo. E, acho que não posso dizer que foi por falta de tentativa. — Riu, e respirou profundamente mais uma vez. — Talvez seria válido perguntar de novo, mas não acredito que tenha como. Eu nem sei onde eles estão, ou se estão. — Divagou, balançando os ombros e, enfim, desencostando as costas (tinha se virado, afinal) das barras, volvendo a atenção para a loira. Tinha consciência de que talvez não fosse um "relato" lá que contentasse alguém - ora, ela mesma havia admitido há pouco tempo atrás...

Mas, não era como se estivesse com um compromisso de hora marcada, huh?

— ...Não sabia que você estava lá. Na Battle Tower, digo. — Comentou, num balançar de cabeça vago. Chegaria a questioná-la sobre por qual motivo a loira não a teria abordado durante a competição mas, oh, seus atos e palavras até o momento haviam deixado tudo claro o suficiente para que precisasse fazê-lo. Não precisaria pensar muito sobre como aquele encontro provavelmente não era nada, nada do agrado de Bley, mas...

...mas...

Mas, queria tanto que fosse.

...

— ...É difícil não ganhar quando jogam um recém-nascido pra batalha. — Afirmou, dispersa e sem vontade - e com um gosto amargo na boca ao lembrar do quão patética aquela vitória fora. Num novo e último balançar de cabeça, a ruiva alcançou a própria chave e a pendurou pelo cordão na barra de ferro à frente, deixando-a ao alcance de Karinna para caso a moça desejasse pegá-la. — ...Aí. Acho que você também vai querer tentar. — Concluiu, num encolher de ombros antes que os passos se voltassem e, lentos, afastassem. Por fim, agora com a chave dada pela loira em mãos, realizou uma nova tentativa de destrancar a porta da cela que a aprisionava.

De qualquer jeito, não tinha pressa.
Qual a diferença de ficar presa atrás de grades, se quando fora delas seu coração e psicológico ainda se mantinham trancafiados?

...
Maldição.

_________________
O amanhã é efeito de seus atos. Se você se arrepender de tudo que fez hoje, como viverá o amanhã?
[Remember] - Route 111 - - Página 2 Zeu0QEE
Me :

Virtuum :

Awards :

description[Remember] - Route 111 - - Página 2 EmptyRe: [Remember] - Route 111 -

more_horiz
Emotional Storm
click-me :


O orbes azuis tal qual águas tão profundas quanto o mar, ao fitar os orbes cinzentos como uma nuvem carregada, havia se tornado revolto tal como numa tempestade... mas nada resiste ao tempo, aquele que a tudo corrói, faz passar, transforma... não que ele tenha tido muito trabalho, para sermos justos, cansadas de suas batalhas internas como estavam o esforço havia sido mínimo se é que houve algum. Aquele azul se acalmava, recuperando quem sabe um resquício de admiração que outrora sentia pela ruiva, ao ver a maturidade com a qual lidava seja com a situação atual, com o modo com o qual lidou com um oponente que havia sido irresponsável o suficiente (para dizer o mínimo) de por um recém nascido em uma luta oficial de extrema importância como aquela, ou simplesmente, por ter conseguido, ao menos aparentemente, seguir com sua vida depois que se separaram... Pelo menos aos olhos da loira

Os orbes cinzentos por sua vez buscavam refúgio no vazio do silêncio. Aquele cenário tempestuoso ja era esperado, era um dos fantasmas que assombrava os sonhos da ruiva, mas por mais que quisesse evitar o confronto com seus anseios o destino havia armado um cenário do qual não poderia escapar dele... sádico? Talvez apenas não masoquista, ja que um problema adiado acaba por gerar juros, e cresce tal bola de neve morro abaixo, e ele estivesse ja cansado e sem ter como serurar mais o problema, que era definitivamente pesado. tanto que apenas seu vislumbre exauria as duas jovens que se encontravam naquele calabouço. os olhos de Natalie mesmo sob a acusação de masoquismo buscavam nos orbes azuis, agora com águas mais calmas, permitiam Vislumbrar um passado tão distante quanto provavelmente as duas poderiam lembrar... carregava o peso da distância e mudanças combinados á lhe enterrar.

Ah a memória... tão geniosa quanto necessária... insiste em fazer birra, e sumir com as respostas de uma prova importante... ou seus caprichos de nos fazer lembrar de cenas aterradoras quando estamos no meio da noite, nos preparando para dormir. mas é fato que sem ela não teríamos laços, vínculos, amores apegos... Lembranças... ao lançar a chave com rispidez, um último ato rude antes de Karinna engolir o orgulho, que lhe caia mal no estômago e começava a se tornar mais aberta e colaborativa, ao perceber isso, Natalie conseguiu algum vislumbre de tempos mais felizes e leves sobre os quais começava a falar, e explicar que fora arrebatada daquele lugar, daqueles momentos, daquela felicidade, com os quais dividia com a, agora, mono treinadora psíquica. Os pais a arrancaram de lá e não sabia nem o porque, não sabia nem se havia alguma vez questionado... tal era o vácuo de memoria que tinha daqueles momentos de sua vida.. e nem se teria uma oportunidade, pois o paradeiro dos pais era uma incógnita para a treinadora de olhos cinzentos

Natalie, agora de posse das duas chaves, buscava experimentar a chave que antes estava com Karinna, que era bem parecida, exceto por uma leve mudança na parte que se encaixava na fechadura, ao tentar abrir, enfim sucesso, um sonoro "clang" da velha fechadura se abrindo, unido ao silencio e ecos fazia aquele som tão banal para lhes dar um susto se não tivessem atentas... parecia mesmo que iriam acordar um quarteirão inteiro com aquele som. e antes mesmo de pensar em sair da cela, estendeu, segura pelo cordão, a chave que estava consigo


PROGRESSOS DA ROTA - Karrina :

PROGRESSOS DA ROTA - Shianny :

_________________
[Remember] - Route 111 - - Página 2 VSWdYgV

description[Remember] - Route 111 - - Página 2 EmptyRe: [Remember] - Route 111 -

more_horiz
privacy_tip Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos