Pokémon Mythology RPG
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Entrar

[01] Após a tormenta

2 participantes

description[01] Após a tormenta - Página 5 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz


Após a escolha muito bem calculada da minha treinadora, andamos por mais um tempinho antes de achar qualquer coisa relevante. A garota já não abria a boca para dizer nada, exceto que estava com sede. De fato, todos estávamos. O passeio no deserto com certeza deixou seus efeitos colaterais… Até Poochyena tinha parado de correr de um lado para o outro, agora só acompanhava os passos de Yoshiro, andando próximo aos pés dela. Para o nosso azar, as chances de se achar água dentro de um labirinto como aquele não eram nada altas… não é?

Na teoria, sim. Por isso, foi uma grande surpresa quando chegamos a uma câmara circular, ainda feita da mesma cerca viva que compunham as paredes do labirinto. No seu centro, havia a última coisa que esperávamos encontrar ali - uma fonte. O rosto de Yoshiro se iluminou assim que a viu, e Poochyena começou a latir de alegria. Os dois correram naquela direção, nem me esperaram. Minhas pernas são curtas, poxa! Quando consegui alcançá-los, encontrei ambos fitando algo que se equilibrava debilmente no topo da fonte, parecendo na iminência de cair caso qualquer movimento brusco fosse feito perto dele. Aquilo era mesmo…

- ...Um ovo? - Yoshiro inclinou a cabeça, tão confusa quanto eu. O que ele estava fazendo ali, sozinho? Se ficasse lá por muito mais tempo, podia acabar caindo! - Coitadinho… quem será que o deixou em um lugar tão perigoso?

Aproximando-se bem devagar, com muito cuidado para não derrubá-lo, a garota pegou o ovo nos braços. Poochyena começou a pular, tentando cheirá-lo, mas a humana teve o bom senso de não deixar o cãozinho chegar perto demais. Estavam tão focados no ovo que nem se lembraram de ficar decepcionados por não terem achado água nenhuma na fonte. Tampouco perceberam de imediato a sombra gigantesca que começava a projetar-se de uma das saídas da câmara. Fiquei travado em um primeiro momento, sem acreditar no que estava vendo. Aquela figura enorme… tinha chifres!?

Yoshiro, Yoshiro!” Comecei a gritar para chamar a atenção dela, tentando fazê-la notar o perigo que estávamos correndo. Acabou nem sendo necessário - aquela risada voltou, vindo da mesma direção daquela sombra. Senti meu corpo todo arrepiar, aquela gargalhada nunca tinha soado tão assustadora. Ela fez os outros dois notarem o que estava acontecendo. Minha humana empalideceu na mesma hora, recuando alguns passos com as pernas trêmulas. Parecia travada demais para tentar fugir, paralisada pelo medo que estava estampado em seu rosto. Eu não estava muito melhor… no entanto, sabia que precisava tirá-la de lá. “Rápido, temos que sair daqui!

Tentei empurrar as pernas da garota com a cabeça, mas não consegui nem fazê-la se mexer. Sem escolhas, dei uma cabeçada mais forte nela, assim como tinha feito na praia. Funcionou tão bem quanto da primeira vez. A treinadora soltou um sonoro “ai!”, contudo, pelo menos acordou do transe em que estava. Ela me olhou, segurando o ovo que tínhamos encontrado com firmeza, parecia decidida a protegê-lo.

Vamos logo!” Não foi preciso pedir outra vez. Ela correu para a saída mais distante daquela em que a sombra vinha, tomando cuidado para que o ovo não caísse e com Poochyena guiando o caminho. Antes de ir atrás deles, usei meu Water Gun no chão da cúpula, queria deixá-lo escorregadio o bastante para atrasar aquela… coisa… se ela viesse atrás de nós. Yoshiro não conseguiria correr por muito tempo, cansada e com sede como estava. Então qualquer distração que eu conseguisse seria útil.

Não acredito que isso está acontecendo... Aquele não podia ser mesmo o minotauro, não havia chance… era só uma lenda, não era? Contudo, não seria a primeira vez que uma história que Yoshiro conta é incorporada por aquele lugar insano. A diferença foi que aquele pássaro não tentou nos assustar! Raios, sabia que ficar contando história de terror não era uma boa ideia..

description[01] Após a tormenta - Página 5 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz


A waterful start
Route 110


A confusão com o deslocado ovo parecia sobrepor o suposto desânimo por não ter encontrado água. O que faria ele ali? Bem, já não importava mais, uma vez que Yoshiro cuidadosamente retirava-o de lá, preocupada. Quem em sã consciência deixaria-o ali? Bem, não era como se as coisas naquele lugar (que lugar era mesmo? Rota 110, deserto, floresta...?) agissem de acordo com a razão, só para constar.

E infelizmente, parecia que o universo insistia em atormentá-los, não dando um momento de paz ou descanso. Nem tiveram muito tempo para pensar nos diversos "por quês" do lugar. Uma enorme e... Corneada figura aproximava-se, vindo por uma das aparentes saídas do lugar, acompanhada pela mesma risada. Era impressão deles ou esta estava mais macabra que nunca? As peças que nossa mente prega em nós...

Apenas a sombra foi o bastante para paralisar Yoshiro no lugar em que estava. Provavelmente não estava tremendo por completo (apesar de estar, em partes) por conta do ovo que agora segurava. Provavelmente, se não fosse pelo assustado mas decidido a não morrer Sapphire, a garota teria ficado ali mesmo, congelada, vendo o que quer que fosse aquilo aproximar-se. Aproximar-se, em casos como aqueles, não era algo interessante a se fazer.

Não, aparentemente a melhor medida era tomar distância. Assim que foi trazida de volta ao plano material (onde ela definitivamente já não estava mais) por seu pokémon, fez questão de correr para a saída à esquerda; tentando evitar ao máximo aquele ser. Mas afinal, que ser era aquele?! Maldito Minotauro e sua lenda em labirintos...

Então, novamente assombrados por figuras mitológicas, correram, com o Mudkip tentando deixar o chão atrás deles liso, procurando atrasar ao máximo seu possível perseguidor. Cansados, sedentos e assustados. O que poderia ser pior? Provavlemente, o fato de estarem em um labirinto, correndo com um ovo e as encruzilhadas estarem ficando mais complicadas.

Felizmente, caso olhassem para trás, não veriam nada a persegui-los, o que era bom. Mas talvez não fosse muito inteligente dar-se ao luxo de abaixar a guarda, certo? Tal como surgira repentinamente antes, poderia fazê-lo de novo. E ah sim, a outra encruzilhada. Espere... Encruzilhada?

É, o caminho não tinha saída. Mas talvez eles só fossem perceber isso tarde demais, quando já tivessem entrado na área mais ampla que levava até lugar nenhum. No centro daquela área, haviam três cogumelos, um rosa, um azul e um amarelo. E o mais estranho, pareciam haver figuras inscritas na superfície destes.

No rosa, um raio. No azul, um tridente. No amarelo, um capacete de guerra ao lado de um escudo e um pergaminho. Mas o que será que significariam? Curioso, no mínimo. Talvez fosse um mistério a ser solucionado. Talvez... Afinal, parecia que as paredes ali tinham ouvidos. Hórus, Minotauro... E se realmente estivessem sendo vigiados?





PROGRESSO — HANAKKO :

description[01] Após a tormenta - Página 5 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
Off :




Como eu esperava, minha treinadora realmente não conseguiu correr por muito tempo. Ela parou antes de acharmos a terceira bifurcação, sem fôlego e sedenta, além de ainda mostrar sintomas de gripe. O estado dela estava me preocupando, não parecia nada pronta para escapar de um monstro mitológico em um labirinto possivelmente assombrado. E logo agora, os caminhos tinham ficado tão mais difíceis e confusos! Encruzilhadas para todos os lados, era impossível saber para onde estávamos indo. Os caminhos pareciam todos iguais para mim, não tinha nada que pudesse nos guiar. A única notícia boa era que não tinha minotauro nenhum no nosso encalço.

- Sapphire… será que o seu Water Gun dá para beber? - A pergunta me pegou de surpresa, isso nunca tinha nem passado pela minha cabeça. Eu não fazia a mínima ideia se a água do meu ataque era própria para o consumo de um humano… para ter sugerido algo assim, Yoshiro devia estar realmente com sede, fiquei com pena dela. Uma garota que sempre teve uma vida tão luxuosa com certeza não estava pronta para enfrentar tantas adversidades.

Melhor nem tentarmos…” Se eu lançasse o ataque diretamente nela, a machucaria. E, se jogasse para cima como fiz no deserto, Yoshiro ficaria encharcada. Nenhuma das opções era boa para a saúde dela… então só nos restava uma alternativa: procurar água. No meio de um labirinto. É, nossas chances não eram nada animadoras.

Ao invés de água, o que achamos foi um belo beco sem saída. Não dava pra acreditar que tínhamos andado tanto para não chegar em lugar algum! E não é nem a primeira vez que isso acontece hoje. Estávamos dentro de algum tipo de câmara, sem saída alguma além daquela pela qual tínhamos entrado. No seu centro, três cogumelos, um rosa, um azul e um amarelo. Cheguei mais perto, só para verificar se não havia nada estranho com eles, como nas estátuas. E de fato havia. Uns símbolos que com certeza não deveriam estar em cogumelos selvagens.

Poochyena também ficou curioso sobre os cogumelos e chegou mais perto, apenas Yoshiro ficou para trás. A menina havia se sentado próximo à entrada, ninando o ovo em seus braços como se quisesse acalmar o bebê que estava ali dentro. Francamente, se alguém ali precisava se acalmar era ela. Quando minha humana resolveu ir atrás da voz, certamente não achou que veria a sombra de um minotauro prestes a nos atacar. Aquilo a tinha assustado bastante, dava para ver como ela estava tensa, não sobrava nenhum resquício da animação que tinha demonstrado há apenas alguns minutos. Parecia ter finalmente notado que não era nenhuma protagonista de desenho animado. Afinal, protagonistas não fogem com o rabo entre as pernas. Se não tivéssemos cuidado, aquele local poderia acabar nos matando.

- Tem alguma coisa aí? - A voz dela soava mais fraca, mais hesitante. Mesmo assim, a garota levantou e andou até nós, curiosa para saber o que tanto olhávamos. Em um dos cogumelos, havia o símbolo de um raio; no segundo, um objeto de três pontas que eu não reconheci; no terceiro, um tipo de papel e um capacete. Para mim, não faziam sentido nenhum. Todavia, o olhar de Yoshiro ganhou mais vida ao vê-los, como se os reconhecesse.

Você sabe o que são?” O sorriso discreto no rosto da humana foi resposta suficiente. Yoshiro olhou para cada cogumelo, apontando enquanto falava.

- Zeus, Poseidon e… Atena? Ainda bem, se o último fosse Hades eu estaria perdida. - A menina guardou cuidadosamente o ovo dentro de sua mochila, envolvendo-o com panos para garantir que ficaria seguro. Provavelmente para o caso de o chão se abrir do nada de novo, isso já tinha virado normal. Então, aproximou-se do cogumelo amarelo e o tocou. - Quando Teseu matou o Minotauro, ele se tornou o herói de Atenas. Deve ser essa a resposta.

description[01] Após a tormenta - Página 5 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
OFF :




A waterful start
Route 110


Com as coisas ficando mais complicadas, medidas desesperadas passaram a ser cogitadas. Particularmente, eu acho até que interessante a ideia de beber água de um Water Gun, mas não parecia ser a melhor naquela situação. Até por que, apesar de eu não estar enfatizando no momento, Yoshiro está resfriada. Não incapacitada, por enquanto, mas já debilitada.

É óbvio que a primeira coisa a ser feita ao notar-se que estavam presos em uma câmara natural-artificial era checar os nada suspeitos cogumelos dispostos bem no centro desta. E apesar de os símbolos neles inseridos serem avançados demais para a compreensão anfíbia de Sapphire, sua treinadora mais uma vez mostrava que detinha um vasto cabedal de conhecimentos normalmente inúteis, mas incrivelmente essenciais naquela situação.

Pelo visto, a garota não só tinha prestado atenção nas aulas de história, mas em alguns peculiares livros de garotos-filhos-de-deuses. Ou não. Às vezes apenas tinha informações de criaturas mitológicas armazenadas aleatoriamente em seu cérebro. O fato era que Yoshiro deu sua resposta com velocidade, após brevemente analisar suas opções, "clicando" no cogumelo amarelo. Os computadores de hoje em dia estão cada vez mais estranhos...

Bem, de fato Teseu fora um herói para a cidade de Atenas, mas não era apenas isso. Várias relações poderiam ter sido feitas. Atena também fora quem ordenara o início dos sacrifícios das crianças de sua cidade, irritada com Minos. Poseidon fora quem fizera a esposa do rei da ilha apaixonar-se por um Tauros, assim gerando a monstruosidade bovina. Zeus provavelmente estava ali apenas de bonito mesmo, para confundir mentes distraídas.

Então, se ela estivesse em algum teste... Provavelmente tomaria um meio acerto. Não era uma questão por completo, mas ainda assim, era melhor que um zero. Assim sendo, a cerca viva começou a movimentar-se bem debaixo de seus olhos. Desfazendo-se, remontando-se. O caminho pelo qual eles haviam chegado estava de volta, e um outro começava a surgir lentamente na frente.

Mas veja bem, caminhos não foram a única coisa a aparecer. A grande sombra voltara, podendo ser vista vindo por trás. Provavelmente não estaria nada contente com a bagunça molhada que Sapphire havia deixado-lhe. E caminhava até eles, em largos mas demorados passos. Tão demorados quanto a cerca frontal, que desfazia-se preguiçosamente. Será que ela estaria completamente desfeita à tempo? Tempo era justamente o que pareciam não ter!

Seria este o preço por uma resposta incompleta? Parecia que sim... Mas quando parecia que as esperanças estavam por acabar que um pássaro avermelhado surgiu nos céus com um ecoante grasnar. Rápido como um raio, passou sobre Yoshiro e os pokémon, sumindo logo em seguida. Mas não fizera essa aparição apenas para exibir-se: aquela única parte da cerca que parecia querer não se abrir agora caía no chão gramado, queimada. Interessante, no mínimo.

Mas é claro que não seria tão fácil assim. Mesmo sem se mover, a garota podia ver que o caminho ramificava-se em sua frente, uma rota à esquerda e outra à direita. Pois bem, que andassem — ou melhor, corressem — afinal, a sorte não está à favor dos tolos.

E nem o relógio.





PROGRESSO — HANAKKO :

description[01] Após a tormenta - Página 5 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
Off :






A resposta da minha treinadora deve ter feito pelo menos algum sentido, porque as paredes do labirinto começaram a se mexer. Desfazendo-se, remontando-se, até que uma outra passagem começou a se montar à nossa frente. O ritmo era lento, lento até demais, o que me deixou meio temeroso. Tudo desde que entramos na mansão havia sido tão dinâmico, mas logo agora a passagem nova estava demorando tanto para se abrir. Será que Yoshiro tinha feito alguma coisa errada? Minha resposta chegou, impiedosa e chifruda. A mesma sombra de antes reapareceu, vindo pelo mesmo corredor que tínhamos usado para entrar ali.

Yoshiro, você respondeu isso direito…?” A sombra continuava se aproximando, em um ritmo constante, mas lento. Tão lento quanto a passagem que estava se formando… se essa parede não se apressasse, estaríamos perdidos! E pressa era tudo que ela não parecia ter. Será que um Water Gun ajudaria…? Duvido muito, eu não estava nem perto de ter poder suficiente para quebrar aquela cerca.

- Eu… errei? - A voz de Yoshiro tremeu um pouco, e no início achei que fosse só de medo. Todavia,  tinha outro sentimento junto… olhei pra menina, e vi que o rosto dela estava muito vermelho, e não parecia ser só pela gripe. Ela estava com raiva por não ter acertado? Só podia ser, pois a garota começou a fazer a coisa mais insensata possível: reclamar com aquela sombra monstruosa. - Vai mesmo me culpar por não lembrar da história toda!? Raios, eu tinha que me focar nos assuntos das provas! Quem pensa que eu sou, a Annabeth!?

Você é doida!? Pare de brigar com monstros!” Essa humana não tinha nenhum juízo? Irritá-lo mais era a última coisa que deveríamos fazer! Nem me preocupei em refletir sobre quem era essa tal de Annabeth, só queria fazer aquela maluca calar a boca. Por sorte, a gripe fez isso por mim. A garota começou a tossir, e tive a impressão de que estava mais forte que antes. Forçar tanto a garganta realmente não é algo que ela deveria estar fazendo.

Não faltava muito - só um pedaço da cerca que teimava, não queria abrir de jeito nenhum. Talvez eu até conseguisse passar, no entanto, não podia deixar minha dona ali. Nem Poochyena, que não tinha obrigação nenhuma em ficar ali, tentou abandonar Yoshiro. Estava próximo às pernas dela, esfregando a cabeça nelas, como se acreditasse que assim ajudaria a crise de tosse da menina a passar. Estávamos lascados… totalmente lascados. Maldita cerca, é tão difícil assim abrir!?

Pelo visto, sim. Pois foi preciso que um pássaro vermelho, saído sabe Arceus de onde, voasse sobre nossas cabeças e queimasse o que restava da parede por nós. Em um primeiro momento, nem consegui reagir, aquilo foi uma surpresa enorme. Contudo, finalmente uma surpresa que veio nos ajudar! Com o caminho livre, tínhamos a chance de fugir daquela sombra, só precisávamos ser rápidos. Bem rápidos… acertei minha cauda de leve na perna da humana, só para despertá-la, porque ainda não tinha superado o choque do aparecimento daquela ave. Felizmente, ela acordou na mesma hora, e nós três corremos para a saída.

É claro, tinha mais uma encruzilhada. Não dava tempo de pensar direito sobre para onde ir, então só escolhemos arbitrariamente a direita. Qualquer coisa era melhor que ficar ali, com certeza. Até Yoshiro, que antes parecia tão cansada, agora estava parecendo cheia de disposição de novo. Nada como ser perseguido por um monstro mitológico para renovar as forças. Assim que saímos daquela câmara, com o pássaro já desaparecido, bradei a última coisa que esperava dizer um dia:

Valeu, Hórus!

description[01] Após a tormenta - Página 5 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
OFF :




A waterful start
Route 110


Salvos pelo gongo. Ou pelo pássaro. Ou pelo deus. Como preferir. O fato era que, apesar da frustração de Yoshiro por, aparentemente, não ter acertado a pegunta por completo, eles ainda precisavam seguir em frente. Sim, seguir em frente, e não voltar-se para trás e gritar com a figura que estava vindo atrás de você, falando de uma tal Ana Berta misteriosa.

Afinal, não havia Ana nenhuma ali, para salvar-lhe com planos, bonés invisíveis ou qualquer outra coisa. Eu disse bonés invisíveis? Esqueça. Isso é loucura demais, até para os padrões do Mundo Pokémon. Ainda assim, receberam uma outra ajuda misteriosa, com o voo de um pássaro escaldante.

Assim que o choque inicial passara, eles continuaram em frente, embora talvez fazendo uma prece silenciosa à uma divindade há muito esquecida. E com razão. Por algum motivo, eu diria que eles não receberiam uma outra benção flamejante, ao menos em breve.

De fato, nada como ser perseguido por um monstro mitológico para renovar as forças. Com o que parecera ser uma explosão de energia, eles correram até o caminho da direita, sem demorar-se com a escolha da bifurcação. Que fosse o que deveria ser, então.

Eu havia citado a umidade relativa do ar mais intensa? Pois bem. Enquanto embrenhavam-se no labirinto vivo, Sapphire provavelmente era capaz de sentir uma região que estava mais úmida que a outra. Mas, sempre que pareciam estar caminhando até tal direção, que parecia ser o coração do labirinto, as cercas subitamente mudavam de direção, indo ao lado diretamente oposto.

Estranho.

O Minotauro havia sumido mais uma vez, não se via aquela imensa sombra em lugar algum. O que viram, no entanto, era o que parecia ser uma poça d'água surgindo bruscamente em seu caminho. Por detrás dela, mais dois caminhos. Um ia na direção do coração do labirinto, e o outro, para o lado contrário. Só que... Não cheirava como água.

A poça parecia exalar um odor ácido, que feria as narinas do trio. Pobre Poochyena, se os narizes ultrapassados de Sapphire e Yoshiro sofriam, como estaria o do lupino, tão desenvolvido? Talvez a grande cobra que estava mergulhada na poça soubesse de algo, visto que levantou-se assim que viu a treinadora e os pokémon. Ergueu seu corpo, fazendo-se maior e mais assustadora, como se já não fosse o bastante antes.

SSSSSS! — anunciou ela, visivelmente nada contente com a presença de não-convidados. Suas escamas Brilhavam em uma combinação estranha e assustadora. Mas isso não era o pior. Nem de longe. — O que vocêsssss fazem aqui, invasoresssss? — proclamou, sibilando com sua língua bifurcada. Ah, que maravilha. A cobra tenebrosa falava.

[01] Após a tormenta - Página 5 Arbok





PROGRESSO — HANAKKO :

description[01] Após a tormenta - Página 5 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
Off :



Só nessas últimas 24 horas eu vi muitas coisas esquisitas, mas esse labirinto conseguiu ser o mais estranho de todas. As paredes dele mudavam sua formação do nada, como se tivessem vontade própria. Sempre que parecíamos estar chegando a algum lugar, os caminhos se refaziam, nos levando na direção oposta. Se não fosse pela diferença de umidade, eu acharia que essas mudanças são aleatórias. No entanto, o labirinto estava tentando nos afastar de um lugar específico… um lugar onde a umidade era mais alta que no resto. Devia haver algo importante lá.

Pelo menos não vimos sinal do minotauro. Contudo, nossos problemas estavam longe de acabar.  No meio de mais uma bifurcação, encontramos uma poça que parecia de água, mas realmente não cheirava como se fosse. O odor que exalava era ácido, machucava nossos narizes, principalmente o de Poochyena. O coitado do cãozinho estava deitado, ganindo enquanto tentava cobrir o focinho com as patas. Todavia, a pior parte não era o cheiro. Longe disso. Era a cobra medonha que se ergueu da poça, nos encarando de forma nada amigável.

- Você… fala!? - Minha treinadora exclamou, o choque visível em seu rosto.

Espere aí, você entendeu?” Como raios aquela cobra conseguia falar na língua humana? Eu convivi com humanos minha vida toda, e ainda assim eles só escutam “mudkip mud” toda vez que digo algo! É frustrante, nunca conheci espécie com audição pior. Mas, se Yoshiro tinha entendido a Arbok, era melhor termos cuidado redobrado. Significava que, como tudo naquele lugar, ela também não era normal. “Desculpe a Yoshiro, sabe como humanos ouvem mal.

Tentei me dirigir à Arbok, embora o olhar dela estivesse me deixando bem nervoso. Não era fácil interagir com um Pokémon que podia me abocanhar a qualquer hora, eu não estava com a mínima vontade de virar petisco de cobra. No entanto, alguém tinha que fazer a mediação, e eu sou quem tem menos chances de estragar tudo. Eu acho...

Não queremos invadir seu território, só acabamos perdidos aqui dentro. Estamos atrás de uma forma de voltar para casa. Pode nos ajudar, por favor? Sabe onde fica a saída?” Escolhi as palavras com cuidado e tentei usar um tom tranquilo, na esperança de que a Arbok se acalmasse. Yoshiro estava quieta, provavelmente ainda tentando se recuperar da surpresa de ter achado uma cobra falante. Eu achava ótimo, aquela humana podia acabar dizendo algo errado, então preferia que continuasse calada. Infelizmente, não continuou.

- E-eh… uma sombra muito grande e estranha nos assustou até aqui… e ouvimos risadas também. Desculpe se nossa presença aqui for uma ofensa para você, não queremos invadir nada. - A menina fez uma reverência para a Arbok, para mostrar que sentia muito. Que esquisito… sempre achei que humanos fossem mais orgulhosos. Não é da natureza deles se curvar, principalmente para um Pokémon. - Aliás… tem mesmo um Minotauro aqui dentro? Acho estranho que até agora só vimos a sombra dele...

description[01] Após a tormenta - Página 5 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
OFF :




A waterful start
Route 110


Bizarrices havia tornado-se comum desde que Yoshiro e Sapphire encontraram-se. Cobras falantes estavam incluídas nesta lista. Ainda assim, era difícil saber quem estava mais chocado: a humana, não acreditando em seus próprios ouvidos; ou o anfíbio, confuso por sua treinadora, normalmente analfabeta em "pokemonês" ter compreendido a mensagem.

Normalidade para que, afinal (esta frase fica ainda mais reflexiva ao notar que, ao longo de tudo isso, Yoshiro não havia encontrado um único pokémon de tipo Normal.)? Arbok não pareceu muito surpresa com nada que ouviu. Nem mais contente. É, talvez ela não gostasse muito de bater um bom papo ou de ser acariciada.

SSSSSSILÊNCIO! ESSSSTOU FARTA DE TANTOSSS QUESSTIONAMENTOSSSSS! — sibilou a cobra, aparentemente irritada e sem paciência para picuinhas. — Esssstou maissss que consssssciente de vosssssa ssssituação. — céus, chegava a ser irritante a maneira com a qual falava.

Poissss bem. Já não tenho alguma diverssssão há algum tempo... — a cobra disse, como que hesitante. Se tivesse mãos, talvez estivesse coçando seu queixo de maneira maquiavélica. Espere, cobra possuem queixo? — Vamossss fazer um jogo. Ssssse ganharem, responderei-lhesss uma, e apenassssss uma, pergunta. Sssse perderem, ssserão meu jantar.

Sem dar ao trio mais tempo para qualquer coisa, Arbok prosseguiu com seu monólogo. — Batalharão contra meu ssssservo. Um contra um, nada maisssssss. — proclamou então, em voz alta e imponente. Após um breve intervalo, contado impacientemente pela cobra, uma forma esférica esverdeada surgiu.

Parecia hesitante, e tinha algumas cicatrizes em seu corpo. Não parecia querer lutar, mas mudou rapidamente de opinião quando Arbok dirigiu-lhe o olhar, passando a cauda ao redor do corpo do verdinho. Parecia que precisariam ganhar aquela batalha se quisessem continuar. Será que consssssssseguiriam?

[01] Após a tormenta - Página 5 Gulpin





PROGRESSO — HANAKKO :

description[01] Após a tormenta - Página 5 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
Off :




Não era só na aparência que aquela cobra era assustadora. A atitude dela combinava perfeitamente com sua postura de vilã maquiavélica. Quando nos propôs o jogo, eu soube que, se perdêssemos, ela não hesitaria em nos dar o destino que prometeu. Se quiséssemos sair dali com vida (e eu lhe garanto que nós queríamos), a única alternativa seria enfrentar esse tal servo. Nesse intervalo em que aguardamos nosso oponente aparecer, fiquei tentando imaginar como ele seria. Eu esperava algo grande, medonho, com presas venenosas e garras compridas… afinal, vindo daquela cobra, eu esperava qualquer coisa.

Ahn, pensando bem… qualquer coisa, exceto uma bolinha verde com uma pena na cabeça. Pisquei um par de vezes, só para garantir que era aquilo mesmo. Por um lado, não era nem de longe assustador como eu estava imaginando, o que era bom. Por outro, eu me sentia mal em batalhar com aquele pequenino, que parecia mais digno de pena do que de medo. Pela cara da minha treinadora, supus que ela também não tinha gostado da ideia de enfrentá-lo. Afinal, estava bem claro que ele não queria briga, estava sendo forçado àquilo.

- Precisamos mesmo…? - Yoshiro começou a questionar, olhando com piedade para a bolinha verde, mas um olhar da Arbok a fez se calar. Era simples: ou lutar, ou virar almoço. Não era uma escolha difícil. Minha humana estremeceu, visivelmente assustada com aquela situação. Ela parecia perdida, tudo estava acontecendo rápido demais para a menina. Não faz nem um dia completo desde que a conheci, e já perdi a conta de quantas vezes algo tentou nos matar, fosse o oceano, o calor do deserto, a sombra de um minotauro ou uma cobra psicótica. Yoshiro não estava conseguindo processar tanta coisa de uma vez só.

Pode deixar. Eu cuido disso.” Dei um passo à frente, e senti o olhar da minha treinadora sobre mim. Retribui seu olhar, tentando transmitir alguma confiança a ela. Já tínhamos chegado até ali, não seria agora que algo nos deteria. “Confie em mim, vai ficar tudo bem.

Ela pareceu mais calma ao me ouvir, e acenou com a cabeça, mostrando que estava pronta. Um bom tempo atrás, Daisuke me disse que poucas coisas são tão fortes quanto o elo de um treinador e seu Pokémon inicial. Eu nunca acreditei nessas visões romantizadas, é claro. Contudo, vendo a forma que Yoshiro reagia ao que eu falava, mesmo sem compreender uma mísera palavra… eu estava começando a acreditar que, talvez, tivesse alguma verdade naquilo. O fato era que minha humana confiava em mim, e eu não podia decepcioná-la. Perder não era uma opção. Eu iria tirá-la daquele lugar, e os jogos daquela cobra não me impediriam.

- Dessa vez… eu vou te ajudar, tá? - A menina mexeu na mochila, parecia procurar por algo, até tirar de dentro uma pequena máquina colorida em rosa e preto. Apontou-a para mim e um pequeno “bip” foi ouvido. - Certo, entendi. Sapphire, vamos começar com Growl, ok? Depois, Water Gun!

Admito, foi uma surpresa ouvir um comando consistente dela. Acho que me ver batalhar com Diglett ajudou-a a entender como combates funcionam. Estava finalmente começando a agir como uma treinadora de verdade… aquela bolinha verde que se cuidasse, porque nós não a deixaríamos vencer.

description[01] Após a tormenta - Página 5 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz


A waterful start
Route 110


Pobre Gulpin. Nem ele nem seus adversários queriam aquela luta. Mas afinal, o que poderiam fazer? Estavam todos sob o olhar frio de Arbok. Um passo em falso e... Melhor nem pensar. O dia não estava sendo fácil para eles. Aliás, será que ainda era dia? Difícil dizer. E se o tempo passasse de modo diferente naqueles lugares também...? Poderia ter passado uma semana e ninguém teria notícias deles.

...

É, definitivamente era melhor parar com aquele pensamentos e focar na batalha, mesmo que esta fosse tão trágica quanto tais pensamentos. E bem, pareciam dispostos a ganhar, pelo bem de suas próprias vidas. Sapphire colocou-se em posição de combate, e para sua surpresa, Yoshiro ditou algumas ordens após checar um estranho aparelho róseo.

Pokédex escreveu:
Mudkip, o Pokémon Peixe de Lama
A barbatana na cabeça de Mudkip age com um radar altamente sensível. Usando esta barbatana para sentir movimentos da água e ar, esse Pokémon pode determinar o que está acerca de si sem usar seus olhos.


Estranho. Mas tudo bem. Então começou a batalha. Sapphire começou. Seguindo as instruções de sua treinadora, emitiu um grito em direção à bolinha. Esta já não estava lá muito afim de lutar, e com o grito, pareceu ficar ainda menos disposta. Assim assim, aproximou-se com um pulo, dando um fraco tapa (-2). Apesar de terem uma velocidade semelhante, o aquático parecia mais determinado, então começou o turno mais uma vez.

Usou o golpe que estava mais acostumado até então. Water Gun, o potente jato d'água. Acertou Gulpin em cheio, que mal teve tempo para reagir (-4). O venenoso estava com tanta vontade de batalhar que até mesmo bocejou em pleno combate, quando Arkbok desviou o olhar. Um bocejo daqueles até dava sono, poderia afetar Sapphire depois...

Esta sim parecia uma primeira batalha. Mas como deveria, não parecia tão simples. Será que eles dariam conta de ganhar? Quais ordens Yoshiro daria a seguir?








Gulpin:
-1 Attack
Hold Item:
~x~
Trait:
Sticky Hold

lv08 Gulpin


25/29
[01] Após a tormenta - Página 5 Gulpin
[01] Após a tormenta - Página 5 Mudkip
lv08 Sapphire


16/26
Trait:
Torrent
Hold Item:
~x~
Sapphire:
Drowsy

Campo: Um espaço um tanto quanto apertado no meio de um labirinto de cerca viva. Há uma poça com algum tipo de ácido ou veneno nos fundos. Uma grande cobra vigia a batalha.


PROGRESSO — HANAKKO :

description[01] Após a tormenta - Página 5 EmptyRe: [01] Após a tormenta

more_horiz
privacy_tip Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos