004 - BRACCAE

Com o fim da conversa, Karen saiu da casa de Nara indo em direção ao centro pokémon, ainda havia tanta incerteza em sua cabeça, ela só queria uma luz, não sabia o que era certo ou errado de se fazer, só queria encontrar Mei para entender melhor o que poderia fazer. Ela chegou e entrou no saguão, estava vazio, exceto pela enfermeira e... Uma garota roncando toda torta no sofá. Não preciso dizer quem é, né?

A televisão estava ligada no noticiário, pelo visto havia uma feira na cidade com uma exposição de pedras, havia vários arqueólogos no meio falando sobre algo nada interessante para Karen, o ânimo não estava muito bom para ouvir sobre coisas das quais não entendia.

O pequeno Vulpix dormia ao pé do móvel, era como um bebê. A enfermeira avistou Karen e aproximou-se dela.

-Boa noite. Deseja um quarto? Você parece meio cansada. Temos alguns vazios, recomendo dormir em uma boa cama, é melhor do que ficar jogada no sofá igual a garotinha aqui.

No momento, Karen tinha outras coisas para resolver, então não podia parar para dormir agora. A moça retirou-se quando a especialista pediu por um momento para conversar com a dorminhoca torta, não quis assustá-la, portanto apenas cutucou Mei que acordou lentamente, deu um bocejo e notou a presença de sua colega.

-Oh... É você... Como foi a conversa? Eu...

Mei caía no sono de novo só pra ser cutucada por Karen mais uma vez. Percebendo a burrada que cometeu, ela salta do sofá e fica de pé para não acontecer de novo. No processo, Vulpix acorda assustado, correndo para baixo do sofá.

-Ok, ok, desculpa. Estou acordada agora. O que você precisa?

Foram juntas para um quarto para conversarem a sós, Karen só começou a falar as coisas quando confirmou que estavam sozinhas, não queria que ouvidos curiosos soubessem do que a conversa se tratava. O pequeno Vulpix se colocava ao pé da cama e voltava a dormir enquanto as garotas tentavam resolver aquele pequeno problema.

-Então, o que rolou lá na casa dela?

Mei ouvia atentamente tudo o que Karen falava com a mão no queixo e olhando para baixo, estava pensativa sobre tudo aquilo, ela sabia que Nara usava de vários artifícios para caçar os pokémons, mas não imaginava que tentaria usar uma pessoa que acabou de conhecer para ajudar em seus planos. Ao terminar de ouvir Karen, a treinadora fechou seus olhos por um momento e os abriu junto de um sorriso.

-Karen, nem sempre temos como resolver tudo, certo? Mesmo se a gente tentar mudar as coisas, do que vai adiantar se for só naquele momento? Eu posso te garantir que mesmo se você fizer algo agora, ela não vai desistir e vai tentar fazer isso de novo e de novo.

Mei levantou-se e foi em direção à janela e ficou encarando a paisagem do lado de fora por um momento, então colocou sua mão de forma que tocasse suavemente o vidro -Quando a gente começa, começamos a pensar que ~podemos fazer o que quisermos através de pequenos feitos, mas chega uma hora em que nos deparamos com uma situação complicada que nos deixa sem saber o que fazer.

Ela retorna para perto de Karen colocando a mão em seu ombro -Você não precisa se esforçar demais, não vai te fazer bem. Só diga para você mesma, o que você acharia certo? Pegar um Scraggy para você? Proteger eles o máximo que puder? Você só precisa ser sincera com você mesma, faça aquilo que for o melhor... Mas não deixe ninguém decidir para você, não tem nada pior do que fazer algo e viver sem ter certeza do que fez foi o melhor.

Ela não parecia nem um pouco com a Mei que Karen conheceu, talvez esse fosse seu verdadeiro lado.

A decisão veio, Karen podia não ter uma resposta concreta sobre a atitude da caçadora, mas ela tinha certeza do que ela queria e do que não queria, não faria nada que machucasse a si mesma, mesmo que fosse para ganhar algo com isso. Não só a si, mas também aos outros, talvez os anos repressivos tivessem influência em sua decisão. Com essa resposta, Mei sorriu.

-Então... Eu vou te ajudar. Poder ter certeza que eu vou.

Mei tirou a mão do ombro da garota e afagou sua cabeça -Boa garota - deu uns passas para trás e ficou próxima à beliche enquanto ouvia a dúvida de Karen sobre o que deveria fazer -Se você não quer mais que ela vá atrás de você pra te fazer ajudar, então é melhor falar que não vai ajudar. Se não fizer, é capaz de não ter sossego.

A jovem pegou uma folha e uma caneta e anotou seu contato, entregando à especialista -Aqui está. Se tiver qualquer problema, saiba que pode contar sempre comigo... - bocejou, ela estava realmente cansada, afinal o dia foi todo cansativo -Acho... Melhor dormir... Vou acordar cedo amanhã pra visitar as crianças de novo... E fazer outras coisas.

Ela simplesmente se jogou para trás, caindo de costas na cama de baixo da beliche e mantendo os pés no chão, dormiu ali mesmo, torta como no sofá. É, Karen tinha algo a mais para fazer?

O recado para Nara foi enviado por mensagem de texto, Karen não ligou, sentiu-se mais segura assim, provavelmente seria melhor assim, ela não conhecia a moça muito bem e não tinha como prever a reação dela, naquela situação seria melhor evitar qualquer tipo de discussão desnecessária, já que não tinha cabeça para isso.

Ela cuidou para que Mei tivesse uma boa noite de sono e garantiu que teria a sua. Aos poucos pegou no sono e teve uma noite relaxante. No dia seguinte, acordou cedo, não por estar descansada, mas pelo despertador que Mei colocou para que pudesse levantar às sete da manhã.

-Só,,, só mais duas... mais duas horas...

A garota pedia um tempo a mais para que pudesse acordar, como se sua mãe tivesse tentando tirá-la da cama. Por sorte,a mãe dela não precisou aparecer no quarto, ou teria de percorrer um caminho enorme para isso, quem se deu o trabalho foi seu pequeno Vulpix que a puxou pela calça até o chão, aos poucos ela acordada. Deu um bocejo assim que despertou.

-Bom dia, Vulpix! - de sonolenta para animada. Ela já estava acostumada com essa rotina -Lala lala lalalalala lala la lala... - Ela cantarolava enquanto se trocava rapidamente e pegava o material para fazer a higiene, momento depois retornou com tudo pronto, sem perceber que Karen havia acordado. Ela parecia estar com pressa. Pegou um papel e caneta e escreveu um bilhete para a especialista, colocando na cabeceira de sua cama, mas...

-Ah... Bom dia - percebeu que Karen estava acordada -Eu vou visitar as crianças daqui a pouco. Quer vir comigo?